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História Doce Vingança - Ties


Escrita por: UchihaSpadari

Notas do Autor


Vai ter gente querendo me matar depois????? Vai ssiiii hehehe

Capítulo 14 - Ties


 





     -- Preciso que confie em mim.


  Sasuke sussurrou de maneira calma e afável aos ouvidos de Mikoto enquanto, de maneira lenta, desciam a escadaria daquele prédio bastante deteriorado, tanto por estar situado onde estava, quanto pelo tempo de existência do mesmo em estados precários e carregados de risco. O elevador quebrado, os degraus bastante comprometidos para qualquer pisada em falso, enquanto ambos os paramédicos seguravam as laterais da maca cuidando para que a mulher não sofresse nenhuma escoriação.

  Lembrava vagamente, enquanto seu peito ainda batia acelerado pela situação, de como andava de mãos dadas a ela quando ainda era bem pequeno. Os sorrisos doces que ela lhe dava, sempre vestida de maneira maravilhosa enquanto chegava da empresa e na escolinha primária do pequeno. Passavam na padaria da esquina, cruzavam as estradas sorrindo das histórias animadas do menor que, mesmo sendo bastante sério hoje em dia, esbanjava animação e felicidade na época. Radiante.

  Seu peito desalinhou assim que cruzaram a entrada do prédio, os mesmos homens a cobriram com edredom bastante grosso, afinal a neve era forte nesse fim de madrugada, guiaram a mulher até a parte interna da ambulância enquanto Sasuke parou meio trêmulo na entrada olhando as janelas abrindo aos poucos na vizinhança, em grande parte pelo barulho das sirenes.

 

  Correu os dedos pelos braços arrepiados, tanto pelas lembranças nostálgicas que o tomavam, quanto pelos ventos que cobriam seus poros. Bufou contra aquela manhã que clareava aos poucos, guardou as chaves do apartamento, o celular fora deixado no balcão de sua casa sabendo já ter avisado Sasori para o mesmo buscar Hinata na Time's Square.


  Logo apertou o passo até a ambulância entrando. Sorriu para Mikoto, todos sabiam que deveriam ser rápidos, ainda mais pelas máquinas que tiveram de ser desligadas, e por aviso do moreno mais novo, sabiam ter pouco mais de vinte minutos até a clínica, sendo assim nenhum momento era mais propício que a madrugada silenciosa.


     -- Sa... Sasuke, estou com medo. -- O sussurro dos lábios secos pelo frio soaram arrastados, o moreno pressionou os dedos na carne das mãos também sentindo medo, evidente que não como ela, mas qualquer possibilidade de perdê-la acabava lhe corroendo aos poucos. Respirou fundo, se muniu de toda força restante dessa madrugada em claro e sorriu falsamente, teria de dar forças para a mulher que lhe deu a vida.

     -- Como você esteve comigo, eu também estou.



  Segurou a mão fria de sua mãe enquanto o tempo parecia demorar, olhava para a porta branca do automóvel e batia os pés na superfície da lataria. Estava próximo, o futuro de sua mãe estava próximo. O tempo encurtava, o barulho dos automóveis ao redor apenas soava mais alto enquanto finalmente sentiu o estagnar da ambulância seguida da pressa dos paramédicos em abrir as portas puxando a maca para adentrar as portas da clínica.

  Foram de pronto amparados, enquanto cuidavam da mulher, Sasuke apenas se dirigiu ao fronte sendo atendido por uma bela moça que cuidava da introdução de Mikoto no ambiente, dariam a entrada no tratamento, e o moreno prontamente mantinha o dinheiro necessário. Esperaria apenas até o horário de sua entrada no trabalho, e levando em conta que ainda eram cinco da manhã, acabaria conseguindo ter noção da maioria das coisas sobre a situação. Estava cansado, mas evidentemente feliz por estar dando o primeiro passo para melhorar as coisas.









  O vento entrava pela janela entreaberta daquele quarto, que antes tão quente e febril, agora apenas resfriava pelas longas horas de abertura ao longo da madrugada. Os lençóis bagunçados ainda deixavam evidentes as marcas secas que compunham as linhas e traços dos fios brancos dos lençóis e cobertores que deslocavam de maneira suave pelos pisos gélidos pelo início da manhã.

  Como uma pintura.

 

  Os fios longos e loiros se misturavam aos cabelos negros, que mesmo estando presos pela amarra, ainda defasava desalinhando e inundando toda a cama ao redor. O lençol branco escorria pelas nádegas dele como se fosse o único meio de aliviar o frio insistente durante as horas de neve. Os braços dele se mantinham abraçados ao dorso da menor enquanto a mesma também o cobria com os membros superiores de maneira possessiva e carinhosa. Suas pernas entrelaçadas e o rosto do mesmo afundando nos seios da loira que sozinha desfrutava dos travesseiros abaixo de sua cabeça com cabelos tão espalhados que beiravam a queda do colchão.


  Um gemido carregado de cansaço tomou os lábios do moreno, que ainda exausto e manhoso roçou o rosto na pele delicada da menor sentindo a maciez, e a nudez que estando em meio ao sono esquecera de ter vislumbrado. Suprimiu os olhos meio segundo para os abrir finalmente e se deleitar com a visão mais que perfeita abaixo de seu corpo. Os mamilos rosados, ainda aparentando a irritação que foram castigados, as marcas labiais que subiam aquele pescoço alvo e tão vermelho quanto a descida do tórax.

 

  Sustentou os braços nas laterais dela enquanto o perfume da mesma ainda se fazia presente, mesmo após o suor que os tomou durante e após aquele ato regado a tensão e prazer desejoso por ambos. Mesmo que quisesse mentir não poderia, afinal somente sua insistência mental em se manter deitado o denunciava. Queria tê-la todas as horas, os mesmos toques que sentiu na madrugada, escutar os gemidos sôfregos que ela mantinha abrindo os lábios enquanto, corada e banhada a êxtase, balançava com suas estocadas estaladas pelo suor de ambos.


  Passou as mãos pelos cabelos assim que se ergueu, dor nas costas denunciavam sua postura fadada e meio errada, mas tinha de se levantar, afinal se continuasse deitado e pensativo sobre o que fizera acabaria se excitando novamente. Entrou no banheiro pensando na situação de sua mãe nesse momento, o relógio do quarto o anunciou assim que acordou, eram dez da manhã, e obviamente a essa hora estariam na clínica. Terminou o banho sentindo o clima frio que o fizera arrepiar, colocou uma roupa enquanto saiu da suíte secando os cabelos.


     -- Pretende sair sem avisar?
 

 

  Deslizou a toalha pelos cabelos, agora totalmente soltos, e que fatalmente eram apreciados pela loira ainda deitada e manhosa rente ao travesseiro. Era lindo e excitante daquela maneira, e se pudesse escolher por ele, acabaria querendo que o mesmo sempre os deixasse soltos. Todas as tatuagens eram mantidas pelos orbes safira enquanto lembrava de tê-las arranhado uma por uma, e eram óbvias as marcas de unhas pelas costas dele.

 

  Sorriu para a loira enquanto sua mente apenas voltava ao corriqueiro martírio que era segurar tamanho sentimento, e agora, unido ao ato enfim concluído, acabava o machucando somente por pensar em seu egoísmo arrancando toda a felicidade que Ino construiu. Todos os sonhos, sua carreira. Suspirou sentando na beirada da cama enquanto seus ombros foram envolvidos pelos braços dela, os seios espremidos nas costas enquanto ela apenas deslizou os lábios quentes desde o osso das costas até subir a nuca arrastando a língua. O gosto era tão aprazível quanto o cheiro inebriante.



     -- Precisava esfriar a cabeça, só isso. -- Sussurrou enquanto a mesma mordiscava seu lóbulo esquerdo subindo a língua bem devagar em meio a carícia quente. Suas unhas arrastavam no peito dele enquanto os seios arrepiavam suas costas pelo roçar dos mamilos rígidos.

     -- Já que esfriou, posso esquentar de novo?



  Caso sua mente não estivesse naquele processo de depreciação absurda, acabaria cedendo aos instintos que a mesma lhe causava com tantos toques. Os dedos subindo e descendo em uma carícia absurdamente anestesiante, os lábios quentes, os cabelos de cor dourada que escorriam por seus ombros a cada movimento que ela fizera até o envolver sentando novamente em seu colo.

  Olhou os orbes safira, não era justo.

 

  Não negou o suspiro quando a mesma ergueu as mãos finas alisando cada lateral do seu rosto em um carinho carregado de afeto e seguido pelo beijo lento na lateral de seu rosto. Fechou os olhos enquanto a mesma o envolveu no abraço afundando o rosto em seu pescoço. Estava nua, completamente nua enquanto ainda se encolhia envergonhada quase entrando no corpo dele pelo abraço apertado. Suas mãos subiram instintivamente até os cabelos dela enquanto deslizou os dedos bastante receoso quanto as próprias atitudes. Como queria, como tinha de o fazer. Entretanto, ainda era tão errado, lembrar o que fizeram, ter a sensação magnífica e injusta da pele dela passando pela sua e apenas o arrepiando.


  " Eu te amo, Itachi. "

  Lembrava, meio que por arrepios, as palavras apaixonadas da menor enquanto gemia e revirava os olhos, totalmente entregue e deliciada enquanto instintivamente enrolava os dedos entre os seus com o amor que sentia. Toda a maneira que ela o olhava, os orbes marejados e encantados enquanto sorria arqueando as costas e arfando. Ino lhe amava. O ser humano mais perfeito que conhecia mantinha esse sentimento, e era óbvio não ser apenas um delírio sexual, ou palavras ditas no calor da emoção e tensão, ela mostrava em cada vez que suas salivas se trocavam, quando suas línguas enrolavam quentes, suas unhas lhe arranhavam, os dedos pressionavam os cabelos. Conseguia sentir. Contudo, era o que ele mais poderia temer, porque, mesmo que se negando diariamente e desvirtuando a própria atenção, também mantinha tal sentimento recíproco.

  Mas, era certo?



     -- Ino. -- Sussurrou sentindo o aroma doce dos fios dela enquanto olhava a descida das costas da mesma, bastante avermelhada chegando a região da cintura onde se iniciavam as marcas avermelhadas de suas mãos. Como doía, era pesado apenas mentalizar tais palavras. Errou, sabia ter cometido seu maior erro essa madrugada, envolver a loira em sua escuridão e solidão, e por um impulso carnal prendê-la em meio a seus demônios. -- Sobre ontem...

     -- Sobre ontem? -- O sorriso da menor nasceu imediatamente enquanto o moreno percebeu toda sua insegurança e temor para concluir a frase. Não conseguiria dizer essas palavras, não agora, não enquanto ela sorria daquela maneira mais que perfeita, nua e sobre seu colo. Conseguia apenas desejá-la mais, mesmo que sua mente o prendesse na batalha cruel entre o certo e o agradável.

 

     -- Me perdoa. -- Tremeu ainda cabisbaixo, quando os dedos da mesma arranharam seu abdômen subindo vagarosamente até que os mamilos, que se encontravam vez ou outra sobre os seus. Engoliu seco, olhando nos olhos dela enquanto a mesma inclinou a cabeça dando uma risada.


     -- Itachi, eu jamais o perdoaria. -- Mordiscou os lábios dele de uma maneira tão provocante que sentiu as mãos dele envolvendo sua cintura de maneira automática. -- Jamais o perdoaria se não fizesse.


  Murmurou de maneira sugestiva enquanto o aperto, antes suave na nuca do mesmo, se tornara um toque aprofundado pelas unhas grandes que penetravam a carne ainda meio molhada, graças aos fios meio encharcados, pelo banho que acabara de tomar. Sentiu sua cintura sendo apertada gradativamente de maneira mais forte, sabia, percebia toda a carga tensa e pesada que transbordava o corpo dele, os arrepios, os tremores e espasmos leves que falhavam os músculos quando ela, de maneira vagarosa e carregada de maldade, iniciava o rebolar de sua pele ainda nua sobre o colo do Uchiha calado, que deixava ainda mais evidente o prazer quando seus lábios entreabriam no gemido rouco.

  Sentia suas pernas tremendo quando a mesma acabava por esfregar demais a região contraindo seu membro, aos poucos mais ereto, e seus testículos espremidos pelo contato casto e vagaroso. Gemeu alto, e era inevitável não o fazer quando sentia a carne quente e sensível da menor entre seus dedos, agarrava o pescoço, prensava os seios, suprimia cada tecido das costas lisas enquanto sua língua afundou de maneira providencial a mucosa quente e apertada da menor. O tremor a tomou, mesmo que já experimentado, ainda era recente, e era tudo o que sempre quis. Segurou os fios opacos agarrando a nuca, penetrou de igual modo sua língua até que ambas enrolassem e sentissem toda a saliva sôfrega uma da outra. Os gemidos se inciavam quando o afastar era notório para amenizar o semblante ofegante, e apenas se perdiam quando uniam novamente os lábios molhados naquele selar deslizante.



     -- Não posso me atrasar, mas eu quero. -- Sussurrou arrastando as unhas no osso superior daquele tórax que acabava se perdendo por tantas imagens unidas. Fincou as unhas nele quando finalmente sentiu as mãos do mesmo descendo para desenhar cada nádega de maneira vagarosa, mas que apenas causava pressão e arrepio quando ele enchia ambas as mãos agarrando a região e aumentando os movimentos sobre o próprio colo.

     -- Sou um paciente bastante egoísta.










  Enquanto abruptamente o automóvel em que estavam situados acabou parando, Hinata poderia apenas sentir seu interior esfriar aos poucos por estar tão próxima de sua tão adorada instituição, e que há dois ou três dias não aparecia. Em parte, ou até mesmo no todo, culparia Naruto por essas coisas, o homem que fingiu lhe estender as mãos apenas por intuistos carnais, e isso apenas a machucava a cada minuto que lembrava. Pensou que poderia, que teria uma chance, uma evidência.

  Mas sorriu consigo mesma quando o motorista abrira a porta do lado de fora, Sasuke estava lhe proporcionando tudo isso, e mesmo que as máculas que o Uzumaki lhe deixara ainda doessem, conseguia sentir que pouco a pouco elas acabavam cicatrizando somente pelo fato de estar junto de seu porto seguro. Passou pela porta e sorriu, era extremamente educada, ainda mais com os empregados, sendo assim acabava sendo a favorita facilmente para os mesmos.

  Olhou de soslaio os ombros relaxados da mais nova, que estava dispensando comentários nesse início de tarde, mas afinal sua beleza e elegância sempre foram uma marca pessoal. Subiram os degraus que iniciavam o grande restaurante, cuja presença das mesmas era apenas evidente pela proposta, quase que ordem, de Neji para um almoço em família.

 

  O Hyuuga mais velho colocou o óculos escuro na descida de seu colarinho, até mesmo gerando pensamentos de ambas quanto a isso, afinal de contas estava nevando. Duas mulheres sorriam automaticamente quando passaram pelo perolado que apenas virou a face se dirigindo ao atendente do restaurante, se existia algo que Neji odiava era ser assediado constantemente, em parte entendia as mulheres solteiras por tal ato, então elas também entenderiam o seu, era muito bem casado.

 

 

     -- Nossa mesa.



  O perolado comentou puxando a cadeira da mais nova enquanto o atendente lhe auxiliou com o lugar de Hinata. Se sentaram na mesa até mesmo grande para os três. O restaurante cinco estrelas ainda mantinha uma rica decoração dourada nas paredes, como um salão de arte, ou um palácio com lustres e quadros estampados em cada parede com luminárias agradáveis e uma música perfeitamente posta pelo cantor do segundo andar.

  Os olhares se encontraram. Pressionou os lábios tentando abaixar instintivamente ao ver Hanabi meio indecisa e constrangida com a situação, a mesma, de igual modo acanhada, apenas desceu os orbes até o celular fitando a tela brilhosa até o mais velho puxar de maneira rápida o guardando imediatamente no bolso interno do blazer.



     -- O intuito desse almoço, caso ainda não saibam, é esclarecer de uma vez essa situação patética em que as duas estão. -- O Hyuuga comentou enquanto olhou ambas revirando os olhos de igual modo. Querendo ou não, eram mais parecidas do que pensavam.

     -- Isso é uma grande perda de...

     -- Querem agir como crianças? Pois bem, também as tratarei dessa forma. Quando saí do país pela última vez, vocês estavam mais distantes que o habitual, mas o que está acontecendo agora, isso é ridículo!



  Neji passou tamanha serenidade e seriedade em em seu tom, que a caçula apenas desvirtuou os olhos da expressão calma, porém firme do primo. Caso não soasse um insulto, diria que o mesmo poderia facilmente se passar por líder da empresa, afinal era inteligente, repleto de caráter e firmeza excessiva quando necessária. Sendo assim, acabaria sendo um presidente melhor, e ainda mais cotado para uma chance na política Norte-americana.

  Hinata, com as mãos abaixo da mesa como sempre fazia, apenas engoliu o excesso de saliva tentando não encarar a mais nova por tanto tempo. Queria acabar com tudo isso de uma vez, odiava a forma como era tratada, a frieza da caçula, os medos que a cada dia aparentavam ainda mais os trejeitos do patriarca Hyuuga. Lembrava perfeitamente de como a pequena era amável, mesmo após a morta de sua mãe, afinal sendo uma criança ainda era imune ao ressentimento, investidas capitais e influências pessoais de Hiaishi.

  Contudo, em parte tinha culpa, quando descobriu sua doença, acabou por manter toda sua atenção única e exclusivamente sobre a mesma, negligenciou os sentimentos da menor sendo egoísta para si mesma. Hanabi precisava de uma mãe, precisava sentir o carinho que um dia a mais velha sentiu. Sendo assim, o tempo correu, e enquanto a primogênita tentava conviver com seu próprio algoz, a solitária e agora mais fria Hanabi apenas seguiu os passos de seu pai. Poucas amizades, amores deixados, carinho quebrado e sentimentos sem qualquer evidência. O que restava de Hikari dentro dela fora trancado, restando apenas o caos que Hiaishi significava.

 

 

     -- E o que pensou? Que um almoço mudaria tudo? -- Olhou a feição da menor, voltara a ser aquela sempre posta quando cruzava os portões da empresa. Séria, mãos alinhadas da maneira mais política possível enquanto respirava de maneira desinteressada quanto a tudo.

 

     -- Ele tem razão! -- Silêncio. Somente as mãos de Hinata subiram até o tecido que cobria a mesa enquanto manteve uma compostura ereta e mais interessada na conversa. Raramente sua irmã tentava impor qualquer coisa, afinal Hinata sempre fora doce e calma, entretanto, sabia pelo olhar dela que estava farta quanto a situação. -- Não sei quando isso começou, mas temos que encerrar de uma vez. Como Neji disse, somos irmãs, e nos tratamos como se nem mesmo fossemos conhecidas.


     -- Irônico, talvez por você sempre me deixar sozinha cuidando de tudo! -- Suas mãos apertaram enquanto olhou de maneira séria para a irmã mais velha. Era muito fácil para ela concordar com o primo, ainda mais por sempre se ausentar quando necessário, deixando a empresa, a campanha, tudo em suas costas. Não que fosse algo ruim, seria apenas melhor que o tempo fosse dividido com ela, conseguiram juntas, mas Hinata pensava apenas na maldita escola de música, sempre assim, sempre sozinha.

 

     -- Então esse é o problema? Estar sozinha? -- Suas mãos tentaram segurar as dela enquanto a menor apenas retirou o punho de sobre a mesa mantendo a feição séria. O mais velho apenas olhava ambas em silêncio e Hinata, calada e atenta, somente deslizou os fios para trás da orelha esperando a resposta, que infelizmente não seria dada. Tanto por orgulho, quanto pela verdade consentida.


     -- Isso nunca foi um problema.

     -- Não precisa mentir, Hanabi.

 

 

  O perolado comentou enquanto ainda permanecia naquela mesa, mesmo sabendo que por um momento ambas esqueceram de sua presença. Suas primas sempre foram muito unidas, isso claro quando Hikari ainda era viva. Lembrava com detalhes a maneira como ambas caminhavam de mãos dadas a cada lado da mais velha, andavam aos sorrisos enquanto o garoto permanecia na mansão Hyuuga ao lado dos gêmeos. Eram tão lindas, pareciam extremamente radiantes naquelas imagens passadas.


  Hoje, sequer resquícios daquilo restavam.

  Preferiu o silêncio, ao menos teriam de se olhar por mais de alguns minutos. Bebeu um copo d'água enquanto, a cada cinco segundos, olhava o enorme relógio de madeira ao canto do salão, tudo deveria acabar até o horário em que Hinata fosse se encontrar com Sasuke. De certo ela iria falar com ele, mais cedo alertou ter um compromisso às quatro da tarde, certamente era com ele. Pelo visto o terrorista não estava ameaçando a menor, até porquê a mesma estava o buscando de livre e espontânea vontade, mas com toda certeza havia outra coisa envolvida nessa história.



     -- Uma conversa não vai mudar as coisas. -- Hanabi tomou a palavra tentando sair daquele esquema armado pelo primo, queria apenas sair daquele restaurante e se afogar nos seus costumeiros papéis. -- Somos irmãs, mas isso não significa que tenhamos de ser amigas, certo? Então ótimo! Consigo viver assim, a Hinata também conseguirá.

     -- Totalmente errada. -- Nesse instante a mais velha apenas mantinha o silêncio olhando o primo que tomara a palavra. Queria entender a gravidade de tudo isso, certamente falhou abandonando a caçula, mas nunca imaginou que ela pudesse acabar possuindo tamanha frieza e aversão com o tempo. Hiaishi era bem mais infeccioso do que imaginara.

     -- Primo...

 

     -- Hikari as criou para que, acima de irmãs, fossem como melhores amigas. Entendo que não teve muito tempo com sua mãe, Hanabi. Contudo, transferir a culpa da sua solidão pra sua irmã é no mínimo imbecil, e conhecendo você eu sei que não é nada imbecil. -- O mesmo continuou apertando a mão da menor para dar segurança, e ao mesmo tempo não a permitir retroceder no carinho. -- Enquanto pôde, Hinata tentou ser como uma mãe pra você, mas se coloque no lugar dela. Conseguiria manter um sorriso no rosto todos os dias sendo portadora de uma doença degenerativa? E acima disso, sendo essa doença a culpada por destruir a cada dia seu maior sonho?



  Em uma imagem não tão clara, conseguiria vislumbrar tudo o que ele dissera, mas não gostaria de dar o braço a torcer. Hinata sempre cuidou, na verdade, sempre tentou. Quando sua mãe morreu, sua irmã tentava se aproximar enquanto Hiaishi as afastava cada vez mais. Conseguia lembrar de certas injúrias que o mais velho fazia afastando e menosprezando a primogênita, culpando de certa forma pela morte de Hikari.

  O laudo, as consultas. Lembrava de sua irmã, que sempre tão doce e sorridente, agora quieta e mais silenciosa em seu quarto, trancada, afastada e solitária. Nem ao menos tentava mais uma aproximação, as brincadeiras morreram, seus momentos existiam apenas nas lembranças e fotografias. Hinata se trancou em seu mundo e nem mesmo a convidou para acompanhar, e entre tudo isso, encontrou alento com Hiaishi. Certamente na época não entenderia, jamais conseguiria entender o que se passava na mente de sua irmã, e nem mesmo compreender o que a motivava tanto a persistir esse sonho, agora tão defasado e distante, ser uma grande violinista.



     -- Se a vida não foi justa com ela, a culpa não é minha.

     -- Nunca disse isso. -- Neji interrompeu a menor a olhando com mais dureza, lembrava um pouco do passar dos anos. Quando acabava por visitar Nova York, Hinata trancada em seu quarto com o som melódico e melancólico do violino soando nas paredes solitárias. E em contrapartida, Hanabi sentada no escritório de seu pai escutando suas longas histórias e metas capitalistas, a chamando de " herdeira ", como se a caçula sequer pudesse diferir o certo do errado após ser tão impregnada de resentimentos e manipulações. Mas era seu tio, não o confrontaria, apenas tentaria agir pelos bastidores, e agora ele percebia o quanto falhou. -- Só porque Hiaishi lhe ensinou algo, não significa que toda essa concepção seja verdade.

     -- Hanabi, eu...

     -- Calados, os dois. -- Sussurrou apertando os dedos do mais velho como se quisesse os livrar de sua mão. Mesmo que fosse apenas um toque, ainda quebrantava aos poucos suas barreiras emocionais e criadas a base de ideais patriarcais. -- Querem que fique contra meu pai? Diferente de você Hinata, ele nunca me afastou, diferente da mamãe, ele nunca me abandonou. Se não fiquei sozinha, isso é graças à ele!

     -- Só porque ele estava lá, não significa que esteve ao seu lado de verdade. -- Escutar aquilo fizera de pronto a menor ranger os dentes e afastar as mãos do mais velho. Hiaishi sempre lhe alertou, dizia que um dia tentariam os afastar, mas que como ela conseguia ver, sempre seria a única pessoa que se importou com ela.

 

 

  Respirou fundo e afastou a cadeira quando suas mãos empurraram a mesa. Estavam querendo lhe dizer o quê? Que seu amado pai era na verdade um aliciador e aproveitador de sonhos? Ele lhe deu forças, se era forte hoje, isso era graças aos sonhos que ele alimentou. Deslizou a bolsa pelo braço até chegar ao ombro enquanto olhava os dois silenciosos, mas estranhamente aquilo lhe causava estrago a cada passo que iniciava após a saliva descer de maneira forçada.


  O pior de tudo era seu primo, que sempre as deixou sozinhas e agora estava de volta achando ser o mais sábio ou aconselhável para lhe encher de lições. Seus passos eram firmes até atravessar o automóvel da família sem olhar para o motorista, que acostumado com as crises arrogantes da menor, apenas se dirigiu ao volante saindo do restaurante.

  Hinata, ainda ao lado de dentro, apenas olhou meio entristecida para o mais velho que esboçou um sorriso lateral. Jamais pensou que seria fácil no fim das contas, eram distantes, repletas de inseguranças que tentavam disfarçar a cada dia. Segurou o punho do primo tentando forçar um sorriso, mas era até mesmo difícil ele não sair naturalmente, afinal lembrava que seu porto seguro acabaria a fazendo esquecer os problemas, como vinha sendo nos últimos dias.



  " Sasuke ".









  O barulho da respiração aprofundada revelou a constante tentativa do Hatake em se manter com sanidade naquele ambiente tão ridículo. Olhou novamente a cabeleira loira do sueco ao seu lado enquanto o mesmo era cercado por duas belas jovens de cabelos amadeirados que sorriam várias e várias vezes. Tão fúteis, se fossem tão maduras quanto talentosas, ou soubessem seu próprio valor acabariam não soando tão desesperadas ou ridículas agarrando o Uzumaki a cada palavra que ele dizia.

  Sendo quem era, Kakashi apenas tentava dar o seu melhor, afinal caso essa orquestra fosse um fiasco tudo acabaria caindo sobre sua cabeça, era o mais experiente e confiável, e por azar acabara dividindo tudo com a pessoa mais inconsequente e aproveitadora da instituição.

  Se manteve sentado em sua cadeira enquanto apenas balançou a cabeça para tentar não os dar atenção. Estavam nas poltronas frontais ao palco, e mais de vinte moças mantinham os instrumentos parados em mãos. Eram os últimos preparativos e ensaios, nada poderia sair errado, isso é claro, se Naruto não pausasse tudo de cinco em cinco segundos para levar uma das moças ao canto e lhes " ensinar " a maneira correta. Contudo, suas anotações acabariam funcionando perfeitamente caso toda a apresentação fosse um fiasco, afinal seriam usadas para a demissão do mesmo.



     -- Continuem. -- Bufou com os olhos no costumeiro revirar enojado, escutou o sueco ordenando a continuidade do ensaio, e mantinha seu silêncio ainda maior que nas demais vezes. Queria apenas acabar aquele ensaio frustrante, mesmo sabendo que amanhã seria de igual forma, e em todos os dias até a grande festa. -- Quero sair daqui antes das três.

     -- Seria mais rápido se não parasse tantas vezes. -- O Hatake comentou com as pernas cruzadas enquanto os cabelos platinados se mantinham no padrão arrepiado e lançado ao lado esquerto. Estupidamente atraente, ainda mais agora que o mesmo deixara de usar aquela máscara hospitalar. O tratamento do mesmo demorou alguns meses, então estava finalmente livre, e ainda melhor para quem o olhava. Não possuía sequer um defeito facial, incrivelmente atrente.

     -- Não sabe o elas dariam por uma noite com você. -- Naruto comentou passando as mãos pela nuca enquanto olhou no palco as jovens se preparando. Realmente era irritante a quantidade de alunas que tentavam um relacionamento com o Hatake, até mesmo falavam com o loiro para ele as ajudasse.

     -- Trabalho é trabalho, deveria pensar assim.

     -- Não seja tão chato.



  O unir de tantas habilidades resultava apenas na óbvia perfeição audível de inúmeros instrumentos. Todas eram exuberantes e muito talentosas, e Kakashi sabia serem ótimas demais para implorarem diariamente migalhas do sueco aproveitador. Manteve a compostura, olhava cada detalhe com seus famosos olhos críticos, pois mesmo com um ótimo desempenho, ainda falhavam e isso se tornava audível a cada vez que tentava prestar um pouco mais de atenção.


     -- O que é isso? -- O costumeiro tom desinteressado mudara para algo apreensivo e buscante de uma resposta. Soou até audível para o loiro que o olhou de soslaio de maneira brusca, notava a feição apática do grisalho que se levantou de imediato em meio a tantas cadeiras de cor vinho. -- Parem.

     -- Kakashi, o que...

     -- O segundo violino. Esse erro está grotesco.

 

 

  O loiro antes sorridente apenas fechou o semblante engolindo toda a saliva de maneira arrastada. Olhou novamente para o palco enquanto a bela moça que manuseava o mesmo parou dando dois passos adiante. O Hatake era bem conhecido e respeitado, afinal fora bastante aclamado por ser uma das maiores figuras da academia nacional de música erudita, em Londres.


  Conheceu grandes nomes, além de é claro fazer parte de uma das maiores turmas da época, onde ao acaso conhecera um músico cuja habilidade e talento para qualquer instrumento de cordas lhe traziam memórias até hoje. Alguém, que mesmo não obtendo sucesso ou fama, ainda era considerado em sua simples opinião como o mais talentoso músico de cordas contemporâneo. E sua escolha para essa vaga lembrava perfeitamente essa pessoa, Hinata era uma espécie de retrato do ruivo, que mesmo não lembrando o nome, ainda se fazia presente pelo dom e esforço.


     -- O que aconteceu com aquela moça? Que manuseava o segundo violino, Hinata. -- Estalou o dedo assim que o nome viera a sua mente. Fora sua escolha colocar a violinista mais talentosa do terceiro bloco, a tímida moça portadora de Parkinson que o deixava boquiaberto a cada apresentação ou aula, e somente ele sabia na época sobre sua debilidade. Conhecera a Hyuuga quando a mesma fora sua aluna há três períodos, onde a mesma o deixou estupefato com tamanho talento, e certamente se tornou uma grande escolhapara seu arsenal de grandes talentos.

     -- Hi... Hinata?

     -- Sim, o segundo violino que recomendei para a orquestra de inverno. Ninguém na instituição possui tamanho talento para essa ocupação.

     -- Não penso dessa forma.

     -- Não perguntei como pensa, Uzumaki. Essa era minha recomendação, quero o motivo de tê-la retirado da orquestra.

     -- Hinata faltava os ensaios, se tornou negligente para os assuntos, atrasos, inconsequências. Não encontrei melhor forma de puní-la que não fosse essa. -- Naruto retrucou apertando os dedos no estofo da cadeira. Tentou ao máximo ocupar a vaga da Hyuuga doente, mas pelo visto, mesmo sendo uma garota estúpida e repleta de flagelos, ainda era mais difícil de substituir do que imaginou.

     -- Para o seu bem nessa instituição, é melhor que seja verdade.

     -- Isso é uma ameaça? -- O loiro se levantou inclinando a cabeça na típica feição desentendida e debochada.

     -- Não faço ameaças, eu apenas aviso.



  Segurou suas folhas contra as mãos enquanto saiu pela escadaria esquerda. Teria de rever imediatamente tudo isso, essas faltas que Naruto acabara de lhe dizer. De certo somente uma coisa rondava sua mente, o loiro teria tentado dormir com a Hyuuga e falhado miseravelmente, afinal lembrava da maneira como o loiro a olhava quando se conheceram, mas também lembrava perfeitamente de como Hinata era dedicada e esforçada, até mesmo várias vezes mais que os demais alunos da instituição. Sendo assim, tiraria essa história a limpo.

  Sentou em sua cadeira enquanto boa parte da instituição aparentava ter sumido, mas levando em conta o horário de almoço soava aceitável. Puxou os registros manuscritos, afinal sendo o maestro e principal professor do corpo docente, possuía referências de todas as turmas, matrículas, fichas, cadernos de presença e afins.

  Seus dedos se mantinham ávidos sobre o teclado enquanto pensava em como as coisas estavam acontecendo. Sem dúvida alguma a versão de Naruto era controversa a Hinata que conheceu e possuiu afeição. Toda a luta, o sonho, sua meta, todoo esforço que injetava diariamente em meio aos obstáculos. Certamente ela não teria sido inconsequente.

 

  Dois baques na madeira. Bufou pensando na possibilidade de um aluno lhe retirando a paciência que restara. Somente balbuciou algo que ninguém entenderia, mas dera certeza a pessoa de fora que estava presente. O girar da maçaneta fora meio receoso enquanto o grisalho apenas pensou duas vezes em subir os olhos ou não. Mas assim o fez, e certamente não se arrependeu ao observar os fios rosados que espalhavam pelo balançar nos olhos de cor esmeralda, caindo lentamente pelas bochechas até chegar a camisa de tecido sedoso e branco que constratava da saia lápis marrom bastante farta pela descida do quadril visivelmente bem atraente.

 

 

     -- Maestro Hatake, podemos conversar?
 











 

 

     -- Contou pro Itachi?
 


  O tom mais apreensivo quanto ao assunto inundou os ouvidos da loira que apenas acariciou o rosto da Uchiha deitada e sedada. Era evidente que não contaria, afinal mesmo após o ato casto que cometeram na madrugada e no início dessa manhã, ainda era certa a incerteza. Não possuíam nada, nenhum vínculo certo, relacionamento ou algo para ser nomeado, sendo assim não deveria inundar a mente do mais velho com suas preocupações pessoais.

  Sorriu deslizando os dedos pelos fios de Mikoto, a mesma estava dormindo nas últimas quatro horas, e Sasuke permaneceu no hospital ao longo disso. Nem mesmo acabou passando no trabalho, cuja falta nem mesmo fora retrucada por Tsunade, estranhamente a mesma ainda lhe alertou que deveria ficar o tempo necessário. Estava um tanto complexa, ainda mais nesse dia.



     -- Eu sei me cuidar, Sasuke. -- Ino sorriu beijando o rosto do moreno enquanto olhou mais uma vez as flores que deixara, afinal era o que sempre fazia. Estava de plantão, deveria ser rápida para voltar ao seu hospital, mas apenas quis fazer uma visita.

     -- Sensações podem ser mais que reflexos. Se está se sentindo assim, de certo pode estar realmente sendo seguida, Ino.

     -- Não diga nada ao Itachi, isso é coisa da minha cabeça.

     -- Se cuida.



  O moreno sorriu de maneira meio preocupada enquanto apenas observou a loira acenar e sair pela porta de vidro do quarto onde estava. Certamente não existia um motivo plausível para que a Yamanaka fosse seguida, mas jamais era aconselhável desacreditar de tais situações. Contudo, seu cansaço a essa altura falava mais alto. Passou as últimas horas escutando possibilidades quanto ao estado clínico de sua mãe, mas que seriam esclarecidas apenas no próximo dia.

  Sentou no sofá branco ao canto. Provavelmente a essa altura Hinata estaria em casa após o início de suas aulas com Sasori, confiava no Akasuna o suficiente para creditar nele a maior parte de seu plano. Hinata conseguiria o apoio dele, e estaria apta para a orquestra ainda antes do ensaio final para a apresentação. Sorriu consigo mesmo alinhando os fios negros que caíam pela testa, não tendo muito o que fazer acabara passando as horas com coisas triviais e sem qualquer propósito.



     -- Sasuke. -- Sua atenção fora roubada pela voz de Mikoto, ainda mais fraca que o costumeiro, o vento gélido do ambiente ainda atrapalhava um pouco causando certa rouquidão. Ela se mantinha deitada e coberta enquanto o moreno, ainda sentado, somente sorriu para a mesma. -- Pensei que fosse trabalhar.

     -- O doutor me disse que deveria te acompanhar por essas horas. Liguei pro trabalho, Tsunade entendeu.

     -- Sua vida não precisa parar, Sasu. Obrigada, mas precisa descansar. -- Mikoto sussurrou com os lábios ressacados enquanto alisava a face meio cansada do moreno. Os olhos mais fundos e bastante abalado, visivelmente nem deveria ter almoçado.

     -- Eu disse que preciso cuida...

     -- Bo... Boa noite.



  Suas costas relaxaram no mesmo instante em que Mikoto o largou tentando olhar pela porta de vidro. Mas Sasuke, ainda atônito e desentendido, nem mesmo precisaria olhar para decifrar aquele tom doce e que inundava seus ouvidos de uma maneira quase que arrebatadora. Sentiu o peito contrair, um esfriar repentino no estômago, tudo tão rápido que suas pernas apenas se mantinham meio paralisadas.


     -- Hinata. -- Sua voz quase que nem saiu pelos lábios meio abertos. Permanecia com um embolar na garganta e o queixo rígido, como se até mesmo houvesse esquecido como deveria se manter de pé. -- O que faz aqui?

     -- Não queria incomodar. -- Sussurrou tentando não focar tanto na feição desacreditada do moreno quanto ao assunto. Suas mãos ainda seguravam as da mãe enquanto queria parecer surpreso, mas aos poucos apenas o que diferia em sua face, era o estranho ânimo. -- Sasori me disse que estaria aqui, então quis fazer uma visita.

     -- Não incomoda. Na verdade, estávamos falando de você.



  O rubor ardente aos poucos tomou a face da menor enquanto escutou a voz fraquejada de Mikoto ao fundo, totalmente sugestiva e debochada, nem mesmo aparentando estar na situação em que estava. Sasuke olhou para a mulher meio vidrado e estarrecido, realmente sua mãe não possuía limites nessas questões.

  Limpou a garganta ainda tentando se portar da maneira correta, mas era inevitável nesse momento, Hinata naturalmente acabava mexendo de alguma maneira consigo, mas aparecendo sem qualquer aviso prévio apenas o deixava ainda mais nervoso e desconcertado. Obteve o sorriso tímido da menor enquanto engoliu seco vendo a mesma andar lentamente em sua direção. Observava os leves tremores que ela mantinha nos dedos das mãos enquanto, visivelmente corada e nervosa, mantinha uma passada lenta e agora mais arrastada. Estava ainda mais envergonhada pelo frio de seu estômago, passara as últimas horas apenas pensando se era correto, até que finalmente uniu toda sua pouca coragem e entrou em um táxi até o hospital.



     -- Meu filho está bastante cansado. -- Suas mãos seguraram as da maior enquanto estava com suas costas há poucos centímetros do moreno ainda inerte. Segurou os dedos da mulher sabendo pelos olhos da mesma que toda sua vergonha fora descoberta. Tremeu enquanto a mesma envolveu sua mão de uma forma tão segura e aconchegante que sorriu alinhando os fios atrás da orelha com a outra mão. -- Mas é orgulhoso demais pra admitir. Então pode me fazer um favor?

     -- Cla... Claro, dona Mikoto! -- Sussurrou sentindo o rubor aumentar ainda mais, era estranho como sua laringe falhava apenas com ela, talvez porquê internamente quisesse impressionar a mulher de uma maneira estranha, tentava ser o melhor possível, sem errar ou paracer fraca. Nem ela mesma entendia essa apreensão absurda em parecer segura e forte.

     -- Leve meu filho pra casa, e cuide dele essa noite.



  Seu interior tremeu quanto escutou essas palavras, que mesmo não passando de uma preocupação materna, ainda causaram tamanho estrago em seu interior despreparado. Mordiscou os lábios enquanto observava o sorriso da mais velha enquanto envolvia suas mãos, obviamente já entendendo sua doença, como queria que ela não soubesse. Talvez Mikoto pudesse pensar que era fraca demais, e mesmo não entendendo o porquê de querer agradar a mais velha, ainda sorriu tentando não sentir as bochechas mais quentes do que estavam nesse instante.

  Sua garganta parecia apertar a cada vez que intentava da uma resposta para a mais velha, sendo assim apenas assentiu com o rosto ardendo em febre corporal. Suas mãos falhavam puxando as da mais velha em alguns instantes, e observava o sorriso dela quando enfim encontrava toda sua vergonha nos olhos.

 

  Sasuke, que ainda tentava manter toda sua postura após escutar isso, apenas correu os olhos pela cintura da menor vendo a maneira como a mesma escondia as pernas, e até mesmo apoiava os joelhos nas hastes de ferro da cama. Provavelmente tentando esconder os tremores, mas isso era tão efêmero quando seus olhos encontravam a cintura descida daquela saia tão bem moldada pela fartura da pele cálida e encoberta, seria ela tão sensivel quanto o restante do corpo da menor?


  Bufou saindo de seus pensamentos.


     -- Confio em você, agora vão, tenham uma boa noite.

     -- Mãe, a senhora não est...

     -- Hinata, obrigada.



  Mikoto sorriu puxando o antebraço da menor enquanto lentamente beijou a face da pequena, que agora apenas respirava com dificuldade pela estranha felicidade que apertou seu estômago e embolou ainda mais sua garganta. Olhou nos olhos da mulher, que eram a perfeita representação dos de Sasuke, e escutou o sussurro baixinho e carregado pela risada gostosa da mais velha.

 

  Seu coração disparou. Suas pernas tremeram de uma maneira tão absurda que apenas se manteve de pé para não soar humilhante na frente do moreno, que ainda atrás de seu corpo parecia lhe olhar com voracidade. Se afastou enquanto, ainda anestesiada pelo que escutou, simplesmente obteve o sorriso da mais velha e a feição do moreno de aceitação enquanto beijou a testa da mesma.


  Pararam um ao lado do outro, Sasuke desligou a luz do quarto com a garganta seca enquanto andou mais alguns passos ao lado da menor, o suficiente para estarem diante do elevador. Ambos em silêncio, e de um lado o Uchiha apreensivo e repleto de remorso por ter tantos pensamentos castos com a filha do homem mais cruel que conheceu. Como também do outro, permanecia apenas uma Hyuuga de pequena estatura, isso se comparada à ele, quieta e totalmente ruborizada com as palavras que rondavam sua mente, e que fatalmente lhe acompanhariam até que chegassem na casa do moreno.

 

  " Ele gosta de você ".


Notas Finais


Palmas para Mikoto, o maior cupido que você respeita hqhqha


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