E lá estava o loiro, sentado embaixo de uma grande árvore, com um livro qualquer no colo. Sua respiração estava tranquila e lenta, como a de um bebê, seu peito enchia-se completamente e esvaziava, de forma bem compassada.
Além do oxigênio, uma paz inigualável preenchia-lhe, sentia-se puro, como uma criança que acabara de nascer.
O vento fraco beijava sua face e mexia em sua franja já bagunçada por suas mãos ansiosas.
Fechou os olhos para poder graciar-se mais com a brisa, e quando respirou fundo sentiu um aroma maravilhoso, reconhecia aquele perfume de qualquer lugar. Abriu os olhos lentamente e viu, ao fundo, um homem se aproximar, era alto, esbelto, possuia um sorriso lindo, acompanhado de duas covinhas delicadas e um óculos quadrado e preto escorregando por seu nariz. Trazia em suas mãos dois sorvetes, um de morango e um de chocolate, que, visivelmente, já havia sido lambido.
O homem se aproximou e se ajoelhou devagar para não derrubar os sorvetes, quase moles por conta da, um pouco grande, distância percorrida do sorveteiro até a árvore.
Entregou o de morango ao loiro e sorriu-lhe com doçura, esse que foi retribuído pelo outro com carinho.
O homem então jogou-se ao lado do loiro para poder se encostar no tronco.
Palavras sem sentido, risos e beijos molhados eram audíveis, mesmo com o atrapalhar do vento.
Quando o sol baixou, deitaram-se na grama meio úmida e ganharam a visão do céu, num azul magnífico e com algumas nuvens bem branquinhas pinceladas nele.
Viam animais, e viam seres mitológicos, e viam corações, e viam pessoas, e viam o mundo, e viam eles mesmos.
Mas um baque foi ouvido, fazendo Seokjin despertar de seu belo sonho.
Abriu os olhos e viu o criado-mudo com o pote de lubrificante e as algemas com a chave na fechadura, flashs da noite vieram à tona e não pôde evitar de abrir um sorriso bobo. Virou-se para o meio da cama a procura de Namjoon, ele não estava lá. Jin estranhou e então levantou-se preguiçoso, seguiu até o banheiro e lá viu o seu homem, no box, tomando uma ducha. Jin retirou sua roupa, o outro, avoado, nem percebeu.
Quando o maior virou-se de costas para porta, Jin aproveitou o momento e abriu a porta, o abraçado por trás, sentido todos aqueles músculos delineados, molhados e, ainda, levemente ensaboados, colados em seu corpo franzino.
- Bom dia. - disse em seu ouvido, deixando Namjoon sorridente.
- Bom dia, meu amor. - Namjoon se virou e o beijou, logo o puxando para debaixo da água gelada e fez Jin ter um calafrio e resmungar.
- Aish, seu mau. - Se afastou tentando fugir da água.
- Você que invadiu meu banho. - Namjoon riu e o segurou forte contra seu corpo, enquanto Jin se debatia contra.
Riam um do outro, pareciam verdadeiras crianças a brincarem. Até que resolveram parar e finalizar o banho para que não gastassem mais tanta água (Todo mundo nessa fic gasta muita água, não sigam esse exemplo). Sairam e se enrolaram na toalha. Bom... Jin se enrolou na toalha. Namjoon simplesmente umideceu a sua com a água do chuveiro, enrolou e pôs-se a dar chicoteadas em Jin, que corria desesperado pelo quarto.
Doia, mas a diversão era tanta que nem sentia a dor tão forte. Namjoon apenas parou de chicotear-lhe quando notou que esse havia se encolhido num canto do quarto, como se estivesse com medo.
- Jin? Eu... eu te machuquei? - A expressão de preocupação era evidente em seu rosto.
Jin apenas encolheu-se mais, prendeu um riso que quase escapara-lhe e esperou o mais novo aproximar-se mais. Quando feito, atacou-lhe, foi em sua direção e o derrubou no chão.
Quando Jin viu-se sentado sobre a barriga de Namjoon e com as mãos espalmadas em seu peito, lançou-lhe um olhar desafiante, que fez com que o maior ficasse indignado.
- Eu sei, eu atuo muito bem, tenho pensado em entrar numa universidade de Artes Cênicas. - Disse colocando uma mão no queixo e apoiando esse braço em pé com o outro, deitado, e olhando para cima.
- Acho uma ótima ideia. - Namjoon pronunciou invertendo as posições num movimento rápido, ficando entre as pernas do loiro, assustando o mesmo.
Seokjin, por vingança, impulsiona seu quadril para cima, o grudando ao de Namjoon, que geme brevemente e lança-lhe um olhar enfurecido, fazendo o loiro gargalhar e apressar-se para sair de debaixo dele.
Levanta rapidamente, veste uma boxer, uma calça moletom larga e uma regata branca também larga e com manchas de tinta.
Corre para a cozinha ainda rindo e decide fazer o café. Abre a geladeira e se assusta ao ver a quantidade de garrafas de vinho e de soju.
- NAMJOON! VOCÊ QUERIA ME EMBRIAGAR?? - Berrou quase impaciente.
- SE VOCÊ NÃO QUISESSE SER AMARRADO EU TERIA QUE TER UM PLANO B, NÃO ACHA? - Berrou de volta e então riu e foi em direção a cozinha, onde Jin o encarava batendo o pé no chão e segurando uma das garrafas de vinho. Namjoon riu mais um pouco.
- Por a caso você é um palhaço? Tá sempre rindo de tudo. - Falou e não aguentou sua própria frase, acabou rindo baixo.
Namjoon se aproximou sorrindo e tirou a garrafa da mão do menor, beijou-lhe a testa e guardou o objeto.
- Sabia que eu amo quando você banca a barrequeira? - Pôs seus braços ao redor do loiro.
- COMO É QUE É? EU SOU BARRAQUEIRA? - Gritou fazendo Namjoon gargalhar mais alto. - Eu também te amo, Namjoon, muito mesmo. - Cedeu e retribuiu o abraço tendo o cuidado de alisar, por inteiro, as costas do maior.
Namjoon o apertou mais forte e ouviu Jin suspirar com o aperto repentino e bater em seu braço três vezes em sinal de saída.
- Deixa eu fazer o café agora. - Cochichou ao ter os braços ao seu redor afrouxados. Namjoon assentiu e sentou-se na bancada e ficou a observar Jin.
Movimentava-se, alcançava potes, misturava alguma coisa, cantarolava, tudo com a mesma delicadeza. A mesma que Namjoon viu na primeira vez em que viu o loiro, nunca largou de Jin, sempre acompanhou-o e pelo visto sempre o acompanhará.
- Jonnie? - Jin aproximou-se da bancada com os pratos, inclinando a cabeça para lado ao ver Namjoon encará-lo tanto.
- Oi... ah... obrigada... - Pegou prato da mão de Jin e tratou de comer, enquanto observava Jin sentar ao seu lado com duas xícaras de café na mão. - Jin, isso tá maravilhoso. - Se referiu às panquecas feitas com frutas cobertas de Chantilly.
- Eu sei que tá. - Disse convencido ao dar uma garfada em uma de suas panquecas. - Ah, deixa eu te contar antes que me esqueça. - Namjoon o olhou e mexeu sua cabeça indicando que continuasse. - Eu tive um sonho muito fofinho. Eu tava sentado embaixo de uma árvora com um livro na mão, a sensação era tão boa... tão tranquila... tão... uau... foi um dos sonhos mais reais que tive, eu consegui sentir seu perfume, acredita? - Namjoon o olhou levemente espantando. - Então eu vi você se aproximando, estava com dois sorvetes e...
- Mas você só pensa em comer ein. - O interrompeu.
- Me dá licença? - Elevou a voz e fechou a cara
- Toda. - Respondeu e tomou um gole de seu café.
- Continuando... - Enfatizou essa palavra e o fuzilou com os olhos. - Ai você vinha até mim com os sorvetes nas mãos.- Voltou a sorrir e a olhar para o teto novamente. - Ai você me deu um e sentou do meu lado. Ai você me abraçou. - Seokjin abraçou a si mesmo. - Me beijou. - Fez um biquinho fofo de olhos fechados.
- E então nós transamos?
- Caralho ein, tu só pensa em fuder?
- Se for você... Hmmm... o tempo todo... - Ergueu as sobrancelhas.
- Deixa eu continuar, seu tarado. - Namjoom riu de seu novo apelido. - Ai a gente deitou na grama e ficou olhando o céu. E ele estava tão bonito. - Suspirou.
- Não tanto quanto você. - Namjoon disparou, o olhando intensamente enquanto apoiava o queixo numa mão, e fez Jin corar. - Garoto. Garoto. Como você consegue me conquistar todos os dias? - Aproximou seu rosto do tomate personificado.
Esse que abriu a boca para dizer algo, mas acabou que suas cordas vocais simplesmente não emanaram som algum e, então, abaixou a cabeça corado e com um sorriso pouco perceptível nos lábios. Namjoon sorriu com essa reação inocente do mais velho. Adorava vê-lo assim. Apenas dizia-lhe os mais verdadeiros pensamentos, e ele sempre ficava assim. Vez ou outra que se gabava, mas era raro.
O fato é que Seokjin é tímido de mais, então chega Namjoon, que lhe metralha as mais belas palavras e orações, e é aí que Jin se derrete por dentro, sente o coração bater mais rápido, sente suas mãos suarem, sente seus pelos se eriçarem, sente seu corpo esquentar, mesmo que não fosse no sentido libertinoso.
É como se as palavras de Namjoon fossem algum tipo de substância, injetadas em seu corpo, que reage com outras substâncias do corpo de Jin e a acabam liberando as reações químicas mais quentes e gostosas.
- Namjoon, como você faz isso? - Pergunta-lhe olhando no fundo de seus olhos, como se analisasse seus pensmentos.
- Isso... o que, Jinnie? - Perguntou e depositou uma das mãos sobre a do outro, que tremeu com o toque.
- Isso. - Apontou para os pelos eriçados. - Isso. - Virou a palma da mão para cima, essa que estava suada. - Isso. - Pegou a outra mão de Namjoon e guiou-a até seu peito, a pondo na direção de seu coração, que batia desesperado com toda aquela situação.
Namjoon sorriu e, vendo o loiro respirar pesadamente, não pensou em mais nada, apenas direcionou a mão que estava no peito do corpo alheio até o queixo do mesmo corpo, o aproximou e selou-lhe os lábios com delicadeza, como se estivesse refletindo Jin.
Aprofundou o beijo mais um pouco e, então o findou. Colou as testas, não apenas para não quebrar o contato corporal, mas, também, para sentir a respiração pouco descompassada e quente sobre seu rosto.
- E pensar que na primeira vez que você me viu eu estava coberto de farinha. - Soltou um riso soprado e fez o outro gargalhar ao lembrar-se da cena inusitada.
- Você ainda estava lindo, sabia? - Roçou os narizes.
- Eu sempre sou lindo. - Disse, retirando seu cabelo invisível de cima de seu ombro num ato metido. E fez Jin gargalhar novamente.
- Você é muito bobo. - Beijou-lhe a ponta do nariz.
Levantou e recolheu toda a louça, a levando para a pia. E pôs-se a lavar. Namjoon seguia-lhe com o olhar até que ele parasse mover-se pelo cômodo. Foi até o outro e abraçou-lhe por trás, da mesma forma como fora feito antes, apenas com as posições trocadas.
Jin suspirou ao sentir um queixo encaixar-se em seu ombro e braços rodearem sua cintura num abraço apertado. Essa sensação era realmente boa, semelhante a do sonho. Tranquilidade, calma, paz lhe envolviam, assim como os braços do maior.
Não poderia estar mais feliz.
Terminou de lavar e chacoalhou as mãos para remover o excesso de água, secou-as num pano que havia pendurado na parede e então virou-se para o maior. Abraçando-lhe.
- O que quer fazer hoje? - Jin perguntou fazendo círculos com os dedos em suas costas.
- Eu já estou fazendo... Estou com você...
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