(N/A " Não senhora, não lhe quero mal.)
"Para Miranda, Amélia era apenas um fantasma de Andrea" Digitou a menina na tela do computador. Sentindo o estômago revirar.
-Babygirl!- chamou Nigel, tocando no ombro direito da menina a frente do monitor, a mesma apenas esquivou o corpo
-agora não Nigel- disparou a mesma, fazendo o homem mais velho recuar
-Emilly!- o sotaque soou da sala fechada, e a ruiva foi ajeitando sua saia para dentro do escritório
-preciso de saias, da Versace- disparou Miranda folheando a edição anterior da revista
-Claro! Vou pedir para eles mandarem mais algumas da atual coleção- sorriu Emilly internamente, com os dedos formigando de tanto precionar a caneta. Até que ouviu o bufar da mais velha
-não quero as da coleção atual, quero as da próxima coleção- As palavras da mais velha, fizeram Emilly suspirar profundamente e repetir seu mantra, mais de 10 vezes por minuto
-Mas, Miranda...-
-isso é tudo Emilly- cortou Miranda, levantando e indo até a janela, com a revista em mãos
A ruiva saiu correndo da sala se equilibrando em seus saltos, sentando-se correndo e digitando rapidamente em seu computador.
-Ela quer as saias da coleção que nem saiu Nigel, ela tá com o diabo- resmungou Emilly dando um telefonema
-isso não é do meu departamento ruiva- comentou Nigel saindo de fininho
-cabeças vão rolar... e será a minha- comentou a ruiva com o telefone no ouvido
Os passos de Miranda fizeram Emilly soltar o telefone e levantar-se, Amélia continou sentada, a ruiva sempre ajudava Miranda com o casaco e a bolsa, enquanto ela simplismente ignorava a morena. Miranda nunca reparava em Amélia, hoje não seria diferente.
-Meu casaco e minha bolsa...- começou a mais velha, passando em longos passos, até enclinar sua cabeça a esquerdar e pegar uma Amélia distraída e digitando coisas bestas em uma documento no computador
-Amélia levará o livro hoje Emilly- formolou a mais velha, após passar alguns segundos apenas sorvendo o cheiro doce que exalava a mais nova. Colocando o casaco com ajuda da ruiva e sua bolsa de pulso.
-Mande as saias por ela também, e a menos que alguém tenha morrido ou esse escritório tenha pegado fogo. Não me ligue.- terminou a mais velha, fazendo um bico torto e adentrando o elevador.
Amélia arqueou uma das sobrancelhas e olhou assustada para Emilly, que cruzou os braços abaixo do peito e respirou fundo, Murmurando;
"Eu amo meu trabalho, eu amo meu trabalho, eu amo meu trabalho"
Horas depois:
-preste atenção, bastante atenção, você vai ficar aqui e esperar o representante da Versace e a redação acabar o livro. Aqui está a chave- a mulher entregou-lhe uma pequena chave dourada
-guarde com a sua vida- completou antes de deixar a morena guardar a mesma no bolso da camisa
-coloque as saias no closet, e o livro na mesa com flores... não fale com ninguém, não olhe e se possível, nem respire- terminou a ruiva, recolhendo seus pertences e saindo do escritório já vazio.
20:30:
Nem as saias nem o livro, Amélia jogou-se para trás na cadeira e massageou seu pescoço. Tirando os sapatos de saltos, e trocando por um simples sapatênis cor salmão e com um pequeno cadaço branco formando um laço.
21:00:
As saias chegaram, Amélia nem se deu o trabalho de lhes dar uma espiada, deixou a sacola cor prata e com o nome "Versace" em preto e em itálico. Pegando sua bolsa e indo até o banheiro, tirando a blusa social e a calça escura. Trocando por um macacão jeans desbotado, com uma blusa de mangas longas, com listras vermelhas e azuis. Retirando a maquiagem formal e colocando apenas um batom cor da boca, predendo o cabelo em um rabo de cavalo e deixando duas mexas, cada uma de um lado e as colocando atrás da orelha. Tirando os brincos e gargantilha, colocando um pequeno brinco de pérola e guardando as roupas na bolsa.
22:30:
Os redatores finalmente terminaram o livro, e Amélia deu graças a todas as divindades existentes. Pegando a sacola e o livro, saindo o edifício e pegando um táxi desocupado. Entregando o endereço ao motorista e soltando um bocejo, olhando diretamente para o céu nada estrelado da cidade que nunca dorme.
Poucos minutos depois Amélia estava na frente da enorme mansão Priestly, pagando o motorista e subindo as escadas da entrada.
Abrindo a porta branca com fechadura dourada, sentindo suas mãos suarem e seu estômago revirar em protesto. Tendo que enxugar as mãos no jeans do macacão para finalmente girar a maçaneta. Apenas para ouvir gritos vindo do segundo andar.
"Quem você pensa que é pra falar comigo desse jeito?" -" era a voz de Miranda?"
Pensava Amélia, recuando, e quase desequilibrando nas escadas. Amélia tinha duas opções... Entrar e deixar as coisas aqui e voltar para casa, sem ser vista ou ouvida.
Ou, esperar as vozes baixarem.
Com a mão na maçaneta, a menina respirou fundo, xingando-se mentalmente e voltando para a porta. Sentando-se na escada e desbloqueando a tela do celular
22:57:
Amélia estava cansada, com dores no corpo todo, com o estômago machucado e com a cabeça girando. Mas no fundo no fundo, ela só queria saber o motivo para Miranda estar alterada daquela forma, nitidamente se percebia a raiva na voz da mulher mais velha. E apesar daquela porta grossa e da estrutura da casa, ainda dava pra ouvir um pouco da voz de Miranda, e de uma outra pessoa.
Tirando uma latinha de coca cola de dentro da bolsa, Amélia enfiou-lhe um canudo e encostou-se no primeiro degrau... sugando o conteúdo doce da latinha e respondendo algumas mensagens pendentes em seu iphone branco.
Com o livro no colo e a bolsa da Versace do lado direito, a menina esperava paciêntemente as vozes sumirem.
23:28:
A essa altura, Amélia estava folheando o "livro" e lendo as palavras complicadas sobre tipos e tipos de roupas, mas oque realmente importava para a jovem eram as fotografias e os ensaios fotográficos, o olhos da jovem brilhavam ao ver os traços delicados e as posições nada delicadas das modelos magras e sensuais.
Os olhos da mais nova estavam pesados de tanto sono, seus músculos estavam muídos e ela só pensava em sua linda e macia cama.
00:38:
Ou Amélia estava imaginando coisas de sono, ou tinha mesmo pessoas descendo as escadas. A mais nova apenas continou lendo alguma notícia em seu celular e esperou que quem quer que fosse, saisse logo para que ela pudesse fazer seu trabalho.
Em minutos, a porta pesada foi aberta e um jovem rapaz desceu os degraus...
-oh, desculpe garota!- a voz grossa soou após pisar no pé da morena, o mesmo estendeu a mão, que a mais nova negou e continuou sentada.
-tá tudo bem, eu mal estou sentindo meus pés- comentou Amélia dando de ombros
O homem devia ter seus trinta e poucos, cabelos negros e lisos deixados para o lado, olhos verdes e porte forte. Usando uma polo azul e uma calça jeans. Ele tinha um sorriso bonito, Amélia não poderia negar.
-a gente se vê gatinha!- o rapaz piscou gentilmente descendo os degraus e entrando em um Fox preto estacionado do outro lado da rua, e logo desapareceu na escuridão.
Amélia estreitou os olhos, deu um bocejo e revirou os olhos.
-Amélia?- a menina não saberia esplicar se fora o vento frio que passou ou a voz conhecida que causou o forte arrepiu em seu corpo magro.
A mesma bloqueou o celular e o guardou no bolso da frente do macacão, fechando o livro e segurando a sacola da Versace com a mão livre. Ficando desajeitadamente de frente a editora, Miranda tinha os olhos inchados, menores que o normal devido a falta de maquiagem, seus cabelos estavam menos arrumados que normalmente. A mesma trajava uma camisola de seda cor cinza e um rob grosso da mesma cor por cima.
A mais velha olhou a menina dos pés a cabeça, fazendo Amélia quase perder o controle das pernas.
-oque você está fazendo aqui a essa hora menina?- questionou Miranda, curta e fria
-eu, bem, eu ia entrar mas escutei algumas vozes e não queria atrapalhar porque Emilly disse que eu não deveria ser vista, então sentei e esperei as vozes pararem... e- a jovem tentou explicar, revisando as palavras mentalmente
-a senhora está bem?- a pergunta da menina fez Miranda respirar profundamente, engolindo a seco.
Miranda nunca havia visto Amélia vestida assim antes, apesar da pouca idade a mesma sempre se vestiu formamelmente e aceitávelmente bem para o trabalho, e agora, ela estava vestida como ela mesma, como uma menina. Com um macacão jeans desbotado na altura da sua coxa, com uma das alças arriadas e com uma blusa vermelha e azul de mangas longas. E nós pés, um sapatênis salmão. O rosto agora livre de maquiagem e apenas com um rabo de cavalo.
E mesmo assim, ela ainda é a coisa mais linda vista por Miranda em toda sua vida.
-se eu estou bem?!- repetiu a pergunta, mais para si mesma
-você acaba de passar as ultimas, 2 ou 3 horas sentada na escada de uma rua deserta, neste frio e sem comer nada?! E me pergunta se eu estou bem Amélia? Não seja ridícula menina- terminou Miranda, fazendo a sobrancelha da menina arquear.
Amélia respirou fundo. Contou de um até três.
-eu não estou com a minha sobrancelha sangrando, nem com uma mancha roxa na clavícula e muito menos com meu pulso machucado Miranda- disparou a mais nova, mordendo o interior da bochecha.
A editora teve que se segurar na porta, encarando a mais nova com força, e se xingando mentalmente por ser sempre tão dura.
Tocando involuntáriamente a sobrancelha e vendo seus dedos voltarem manchados pelo sangue fresco...
-saí daí antes de sermos assaltadas- declarou Miranda, entrando de volta na casa e deixando a porta aberta.
-eu não vou mandar novamente Amélia, entre de uma vez- cuspiu a editora, fazendo a mais nova entrar na casa novamente e fechando a porta atrás de si.
Colocando o livro na mesa com flores e indo abrir o closet...
-o que está fazendo?- questionou Miranda do escritório
-Emilly disse que deveria colocar as saias no closet e o livro em cima da mesa com flores- se defendeu a morena
-traga-os até aqui Amélia- a mais nova fez o que foi mandando, passando pela porta de madeira do escritório
Entregando a sacola e o livro para a editora sentada na poltrona, e ficando em pé um pouco afastada com as mãos no bolso.
-A senhora... teria um kit de primeiros socorros?- questionou a menina, olhando para o chão. Miranda estava folheando o livro, quando escutou a pergunta da menina.
-no banheiro a sua esquerda- respondeu sem dar muita importância a mais nova
Amélia correu até o banheiro todo em branco e azul, abrindo o ármario espelhado e pegando a pequena maletinha vermelha com uma cruz branca na frente. Fechando a porta e voltando para o escritório, apenas para encontrar uma Miranda alanisando as saias recebidas.
-eu posso?- questionou novamente a mais nova, atraindo os olhos atentos da mais velha
-pode oque?- rebateu Miranda
-uma vez eu fiz um curso de primeiro socorros, e eles ensinaram a fazer alguns curativos, eu poderia ajudar com os machucados...- a voz fraca da menina fez Miranda ter que se esforçar para ouvir a frase completa
Silêncio.
Amélia estava quase se virando para sair daquela situação desconfortável, quando Miranda finalmente fechou o livro e chegou para o lado no pequeno sofá de dois lugares.
"Sabia que você fica ainda mais linda com essa roupa? E que eu sou muito grata por sua tentativa de ajuda"
Amélia se sentou no braço do sofá, deixando a bolsa no chão e colocando a maleta no colo. Tirando um pouco de algodão de dentro da mesma e molhando com um antibiótico... para então, finalmente olhar para a editora. Que tinha os olhos fixos no seu, o rosto abatido e os olhos inchados.
-isso pode arder um pouco e...- tentou Amélia
-faça logo- cortou-lhe Miranda
"Não, não... desculpe. Eu estou nervosa, a horas atrás eu estava tentando te manter longe de mim e para o meu fracasso. Você está mais perto que o recomendado"
A morena finalmente pressionou o algodão molhado na sobrancelha da editora, usando um outro algodão seco para limpar o sangue ainda ali, até o corte parar de sangrar. Em seguida a mesma colocou um curativo de gaze e esparadrapo no corte recém limpo.
"Céus como você pode cheirar tão bem?" Questionávasse Amélia
-posso ver seu pulso?- perngunto a mais nova, fazendo Miranda acomodásse novamente e respirando fundo.
A mais nova estendeu a mão, e Miranda ficou por mais ou menos 2 minutos encarando a mão da sua secretária. Até finalmente colocar a mão em cima da mão da mais nova...
Amélia girou um pouco o pulso da editora, e analisou as manchas roxas.
-doí?- questionou a mais nova, enclinando o pulso um pouco pra trás.
-um pouco- sussurrou Miranda
-a senhora deveria procurar um médico amanhã, mas por hora, coloque uma bolsa quente- terminou Amélia, colocando a mão da chefe de volta no colo da mesma.
A mais nova jogou as coisas usadas no lixo e o resto trancou novamente na maleta, e guarda-la no ármario novamente, apagando a luz e fechando a porta do banheiro.
Pegando sua bolsa no chão e respirando fundo.
-eu já vou- começou Amélia, seguindo para a porta.
-Amélia, apenas não... comente com ninguém, sobre oque você viu e ouviu. Foi apenas uma briga e...- Miranda tinha a voz arrastada e a mais nova não sabia se era devido ao sono ou a dor que estava sentindo no corpo
Amélia mordeu o lábio.
"Como você pôde deixar ele fazer algo assim com você? Porque Miranda?"
-Fique tranquila senhora, oque aconteceu aqui nunca será comentado por mim, mas...- A mais nova finalmente encarou os olhos vermelhos da editora
-a senhora tem um telefone em suas mãos, existe uma delegacia a menos de 10 quarteirões daqui, e isso... é crime-
"Obrigada, obrigada e... me desculpe por tudo isso, por tê-la metido nisso tudo"
-boa noite Miranda- terminou Amélia, saindo da casa e seguindo para um ponto de táxi.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.