Dentro do elevador, Camila se coloca atrás de mim e me abraça, a boca dela roçando a minha orelha, o peito dela grudado as minhas costas, o membro dela roçando em minhas nádegas... Tudo muito sutil, mas que me parece muito indecente, muito excitante e sinto vontade de ser possuída outra vez.
Saímos do elevador e ela segura a minha mão. Vamos até a minha vaga, abro o carro sem qualquer cerimônia. A música está em um volume bom, acho isso ótimo porque assim não precisamos conversar. Até queria, contudo, não sei por onde começar ou o que dizer, pois tenho receio de estragar tudo. O que fizemos foram as minhas maiores travessuras. Quero guardar isso como uma coisa preciosa, fantasiar do meu jeito, sem qualquer interferência da realidade.
Ela me diz o seu endereço e repousa a mão sobre o meu joelho, o polegar acariciando-o sobre minha calça. E eu que não sabia que o joelho tinha uma conexão direta com a vagina, porque ela reage, fica acesa e faminta.
Chegamos rapidamente, ela mora perto de mim, uns cinco quilômetros apenas de distância. Estaciono em frente ao seu prédio, ela abre a porta do carro, mas não desce.
– Você vai subir? Pode dormir comigo hoje? – pergunta, e fico surpresa.
O que é mesmo que estamos fazendo? Quem é essa mulher? O que ela quer de mim? Quem ela pensa que eu sou? Que situação mais surreal!
– Acho melhor eu ir pra casa – respondo um pouco sem graça.
– Então, ta. Espere aqui que eu vou lá em cima rapidinho pegar uma muda de roupa, eu posso dormir com você na sua casa.
– Como é que é? – essa sou eu completamente atônita.
– Opa! Desculpa. Nem perguntei se você mora sozinha – diz e acho que sem noção se esqueceu de fazer algumas outras perguntas, como se eu gostaria que ela fosse, por exemplo.
– Moro sozinha sim, mas talvez seja melhor a gente se despedir. Acho que por hoje já nos vimos o suficiente. – jogo um balde de água fria na situação.
– Bobinha. Estou tentando descobrir quando esse suficiente vai acontecer por enquanto ele ainda não deu as caras. Vou lá pegar a minha roupa e volto já. – ela sai do carro e me deixa boquiaberta.
Sei que posso ir embora, é só ligar o carro e partir. Acontece que essa tal de Camila se sente tão à vontade comigo e eu com ela que preciso ver no que isso vai dar. Talvez seja bom eu me decepcionar logo, cair do cavalo, quebrar a fuça, porque senão ficarei pensando no que poderia ter sido e não foi por causa da minha covardia.
Se eu contar para alguém o que está acontecendo, essa pessoa vai me internar. Logo eu que sempre fui tão prudente, tão responsável, a filha mais velha, o orgulho dos meus pais, a mais equilibrada do meu grupo de amigas... Logo eu agindo assim. E o pior é que estou gostando de viver essa aventura. Estou me sentindo como da primeira vez em que andei em uma montanha-russa, com medo, mas achando a sensação maravilhosa, libertadora, emocionante.
A demora começa a me incomodar, talvez ela não volte, talvez nem more aqui. Será que estou fazendo papel de besta? Será que ela está rindo de mim e da peça que me pregou?
O meu celular toca, desconheço o número, mas atendo.
– Oi, estou quase descendo, desculpa a demora, é que resolvi tomar um banho rápido. Beijo. – Camila explica, reconheço a voz e a situação, claro. Ela desliga assim que termina a frase, e não tenho tempo de dizer um ai.
Como é que ela sabe o meu número de telefone?
Ah, já sei! A minha secretária deve ter dado um cartão par ela. Procedimento de praxe, o número para emergências.
Ela chega, abre a porta e entra. O cheiro dela de banho tomado invade as minhas narinas. Observo-a de cima a baixo. Está usando jeans e camiseta, calçando tênis, segurando uma mochila e toda alegrinha.
Não consigo me conter e dou uma gargalhada. Ela nem se abala. Ri também. A situação é tão descabida que chega a ser cômica. Dou partida no carro e sigo par ao meu prédio.
******
Aperto as pernas em torno da cintura de Camila e ela se afunda um mais em mim, amo senti-la tão profundamente.
– Para de remexer assim, doutora. Você sabe que sou louca por esse seu quadril hiperativo. – ela ri, e rio também.
– Perca o juízo, minha cheirosa. Deixa-me fazer o que bem quiser em você.
– Já faz, baby. Você me governa desde a primeira vez que encostou em mim.
– Então mete, com vontade, me faz gozar um monte de vezes. Deixa eu me sentir feliz por você bagunçar a minha vida, por ser tão intrometida.
Camila desliza para cima e para baixo, quase saindo de mim para logo depois se enterrar completamente.
A nossa sem-vergonhice é sempre muito boa, adoro essa mulher, principalmente quando está nua, quando me possui como se nada mais no mundo importasse para ela. Também adoro a maneira que ela me faz me sentir bonita apenas com um olhar demorado me percorrendo dos pés a cabeça.
O que estamos vivendo não tem rótulo. Não a apresentei para minha família, ela não me apresentou para a dela. Os meus amigos só sabem da sua existência quando nos encontramos por acaso, e eu a defino apenas como uma amiga minha, Camila. Ela faz o mesmo quando nos deparamos com algum conhecido dela, me chama de amiga, diz meu nome, mas sempre segurando a minha mão ou abraçada a mim.
Todas as noites ela me busca no consultório, e me deixa lá novamente de manhã. O meu carro quase não sai da garagem. Um dia dormimos no meu apartamento, no outro no dela. Passamos os finais de semana juntas, quase o dia inteiro, vamos ao cinema, ao mercado, ao shopping, à livraria e nos divertimos muito juntas.
Talvez seja por isso que dois meses passaram tão rápido. Em nenhum momento me senti insegura, ou ansiosa, ou preocupada. A nossa convivência é leve, todo dia aproveitamos a companhia uma da outra como se fosse o nosso último dia juntas. É sempre bom, intenso na medida certa e tão compensador como nunca imaginei que estar com alguém pudesse ser.
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