História Doctor Oh - Paciente Zhang Yixing

Acordei com os cornos virado no Natal. Nevava lá fora mas dentro do meu escritório parecia o inferno, e eu xingaria aquele tal Kyungsoo que entrara ali alguns dias atrás, pensava na possibilidade de ele ter deixado uma macumba atrás da porta ou um galo preto na esquina do hospital.

Por isso eu levantei do sofá improvisado que dividia com o Pou de orelhas e o empurrei pra fora do meu escritório. Eu estava todo suado e morrendo de calor, não precisava mais dele.

Acendi alguns incensos pelos cômodos e rezei uns pai nosso. E que qualquer espírito do mal que estivesse ali, fizesse o favor de se manter distante. Acabei sentindo uns treco e dando uns tremeliques de leve ao começar acender as velas.

Ouvi um três toques na porta que me fizeram dar um pulo e fazer o sinal da cruz. Deols eu nunca te fiz nada de errado.

- Entra. - eu estava preparado para mandar o demônio de volta com o meu pingente de cruz apontado pra entrada do escritório.

Mas diferente do que eu pensei, quem entrou foi apenas um rapaz loiro de covinhas e cara de otário. Ele estava rindo pro nada.

- Prazer, Zhang Yixing. - ele disse baixo, como se não quisesse incomodar.

Inclinei um pouco a cabeça para o lado com o cenho franzido mas tentei ignorar sua presença, passando a vela que estava em mãos pelos cantos do escritório, apenas para iluminar as almas ruins que ali estivessem.

- Você tá ouvindo esse barulho? - sussurrei pro cara que parecia mó brisado.

- O do meu pé batendo no chão? - perguntou sorrindo, então notei que eu estava sendo idiota demais e tive de me recompor. Ajeitei minha postura e sentei-me em minha cadeira de frente para o paciente.

- Eu não tenho seu nome aqui na ficha de pacientes.

- Ah, não tem problema não. Eu não me importo. - sorriu.

- Não vou poder te atender, você não marcou horário, sua anta.

- Eu não sabia que tinha que marcar horário pra tomar passe. - franzi o cenho em desentendimento.

- Tomar passe?

- Sim. Me benzer.

- Mas isso é um hospital. - ele deu uma risadinha, como se eu estivesse brincando.

- Eu não sou bobo, senhor Xangli.

- Eu não me chamo Xangli e você não é bobo, é uma mula.

- Não senhor, eu não sou uma Mula - olhou para si mesmo. - Bom, pelo menos eu acho que eu não sou... - revirei os olhos, aquele cara só podia ter sido jogado contra uma parede assim que nasceu.

- Cara, o que você quer?

- Me benzer.

- Mas porra, isso é o cacete de um hospital! - gritei sem paciência e ele olhou em volta.

- Bom, não parece. - pareceu confuso, apertei a caneta que tinha em mãos e estava me controlando para não furar seus olhos.

- Olha, vá embora.

- Mas senhor Xangli eu-

- NÃO ME CHAMO XANGLI, PORRAAAAA! - berrei de raiva, ele tremeu na base.

- Então apenas me dê um passe eu juro que vou embora.

- Por que você ainda insiste? - suspirei cansado, onde eu fui me meter?

- É que senhor Xangli, eu- fechei os olhos e respirei fundo, apertando com muito mais força a caneta.

- Eu sou o Doutor Oh.

- Oh! Isso aqui é um hospital? Por que não me disse antes? Parece muito com um centro espírita porque vi vários médicos de branco. Inclusive você. - é... Por incrível que pareça eu não estava surpreso. - Os incensos, as velas... Tem certeza que é um hospital mesmo?

- Não, não. Estamos em um parque aquático cheio de tubarões rosas voadores. - revirei os olhos. Não o mandaria embora, ele tinha sérios problemas a serem tratados.

- De verdade? E onde eles estão? - Yixing tinha certo brilho no olhar. Puta que me pariu mesmo.

- Sai da minha sala.

- Onde fica?

- Eu vou contar até três pra você sair da minha sala, praga. Um...

Ou eu iria furar os olhos dele com a ponta da porra da caneta.