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História Doente de Amor - O ferido e o folgado


Escrita por: Black-World

Notas do Autor


Hey peoples.
Eu fiquei tão feliz pelos comentários fofinhos do ultimo cap que fiquei animada e quando tive um dia sem aula essa semana aproveitei para escrever bastante.
Autora feliz, leitores felizes. É assim. U.U
Ok. Esqueçam.
Vão ler, vão!

Capítulo 6 - O ferido e o folgado


Fanfic / Fanfiction Doente de Amor - O ferido e o folgado

   Eu cheguei de taxi no hospital em poucos minutos, que pareceram horas em minha cabeça. Corri para dentro do hospital desviando dos doentes e seus familiares que enchiam o hall de entrada, sem ver qualquer coisa ao meu redor, minha adrenalina estava a mil. Eu estava imaginando Sasuke coberto de sangue, com a face desfigurada e o corpo quebrado.    

   _Estou procurando Sasuke Uchiha. _Disparei ao quase me jogar sobre o balcão de informações. 

   _Sasuke Uchiha? _A recepcionista olhou para mim sem um pingo de interesse. Seu tédio era de um nível que faria a maioria das pessoas sentirem sono, caso não estivessem eufóricas como eu. _Hum. _Ela calmamente fitou a tela do computador. 

   _Ele deve ter dado entrada há pouco tempo, bateram nele na rua. _Expliquei. Ficando nervoso por conta da lentidão dela. _Rápido.  

   _Meu Deus. _Escutei uma risada divertida atrás de mim. _Esta agindo como se eu tivesse sido deixado a beira da morte.  

   Me virei para o babaca que sorria de canto como se não tivesse acabado de ser espancado. Uma tipoia prendia um de seus braços, bandagens cobriam o ombro direito, um olho foi convertido em uma massa negra inchada e uma linha vermelha de sangue seco foi desenhada sobre a sobrancelha esquerda. A imagem dele acionou um interruptor em mim, minhas mãos tremeram ansiando por violência contra quem fez aquilo à Sasuke.    

   _Como fizeram isso com você? _Sendo que os culpados estavam ausentes, descontei minha raiva no próprio Sasuke. _Você não fazia judô?  

   Sasuke suspirou pesadamente. Ele claramente queria ignorar a existência do ocorrido.  

   _Eram cinco contra um. _Uma garota se infiltrou em nossa conversa, ela era ruiva e usava óculos. _E o pegaram por trás. 

   _Fique quieta Karin. _Sasuke rosnou, lançando um olhar afiado para ela.  

   _Cinco? _Meus punhos se fecharam. 

   _Aham. _Karin fingiu não escutar o aviso de Sasuke. _Fomos comer fora da faculdade e os encontramos em uma lanchonete. Eles ficaram fazendo piadinhas ridículas até que Sasuke foi até eles e disse algo. _Ela deu um olhar de esguelha para Sasuke que estava lívido, antes de continuar. _O Sora se levantou para intimidar o Sasuke e eles discutiram um pouco. Eu não escutei. _Karin parou de novo, apertando os lábios, receosa. _Então Sasuke virou de costas, Sora catou um pedaço de madeira no chão e acertou no braço dele... Esse golpe quebrou o braço dele e os cinco foram para cima.. No fim eu peguei o carro de Sasuke e o trouxe aqui.  

    Fechei meus olhos apertado. Eu não conseguia imaginar a cena que a garota descreveu. Era absurdo. Irreal. Não fazia sentido que alguém fizesse isso.  

   _Isso não vai ficar assim. _Cuspi. _Vou chamar o Gaara e meus outros amigos para revidarmos. _Gaara havia se metido em varias brigas durante o ensino médio e, embora eu nunca tenha brigado com ninguém, essa foi a primeira ideia que surgiu.  

   _É melhor irmos a policia. _Karin não gostou do que eu disse.   

   _Não façam nada! Nenhum dos dois. _O tom de Sasuke foi baixo, mas continha uma intensidade que nos calou. _Eu vou cuidar disso eu mesmo. _A frieza dele congelou a mim e Karin, nos tornando incapazes de retrucar. _Não se metam.  

   Eu não sabia o que responder a isso. No normal Sasuke era uma pessoa calma, do tipo que não se altera por nada no mundo, mesmo depois de apanhar lá estava ele agindo tranquilamente quando eu cheguei no hospital. O jeito que ele falou foi realmente assustador, era a primeira vez que eu o via demonstrar raiva. Isso me lembrou que eu não o conhecia de verdade, por isso decidi não discutir.    

   _Você é da classe do Sasuke? _Mudei de assunto. 

   _Hum. Sim. _Karin demorou a responder, soando distraída.  

   Eu reparei melhor nela. Karin era muito bonita e usava um mini short bem provocante, Sakura ficaria contente por ter bolado aquele plano ao ver o tipo de garota que se aproximava de Sasuke. Entretanto o plano teve esse tipo de péssimo resultado.  

 _Eu estou voltando para casa. _Sasuke declarou, adotando a postura indiferente que eu era acostumado a ver antes de nos aproximarmos.  

   _Eu vou com ele, já que alguém precisa dirigir o carro. _Karin falou para mim. _Tchau. 

   _Não precisa. Eu faço isso.  

   _Tem certeza? _Karin olhou confusa de mim para Sasuke.  

   _Claro. 

   _Só vamos logo. _Sasuke suspirou e se apressou para fora do hospital.  

Xxx 

   Eu sabia que a casa de Sasuke era grande e sabia que se localizava em um setor nobre. As poucas informações que obtive de Sakura não me prepararam para ver a bela mansão branca de três andares, de janelas adornadas com pedras de gesso, portas de madeira entalhada artisticamente e varias sacadas enormes. Somente o portão de ferro trabalhado em padrões circulares era impotente o bastante para que eu não ousasse me aproximar. Na frente da casa havia um belo jardim com uma variação de flores coloridas e era possível ver o vislumbre de uma piscina nos fundos.  

    Não era gigante, mas era umas quatro vezes o tamanho do terreno da minha casa.  

   _Obrigado por me trazer. _Sasuke disse quando saímos do carro após estaciona-lo. _Vou pagar a viajem de taxi para sua casa. Ou de volta para a faculdade se quiser buscar sua bicicleta. Tchau.       

   _O que? Eu vou entrar com você. _Já fui caminhando em direção a porta de entrada.  

   _Não precisa. _Sasuke tentou barrar meu caminho. _Vou ficar bem sozinho.  

   _Você não quer que sua família veja seu amigo pobre e humilde, neh? Esta com vergonha de mim. _Coloquei a mão sobre o coração, como se estivesse magoado.   

   _Não é isso. _Ele balançou a cabeça em negação, bufando. _Você pode parar de se preocupar. 

   _Quem esta preocupado? Idiota. _Eu disse e corri para a porta. A verdade é que eu estava preocupado, e culpado, porque isso não teria ocorrido se nós não tivéssemos iniciado aquele estúpido teatro.   

   Por fim Sasuke desistiu de me enxotar e me seguiu resmungando algo sobre pessoas irritantes e intrometidas. Sasuke me deu suas chaves para que eu destrancasse a porta da frente, pois aparentemente a casa estava deserta, o que me fez indagar como ele planejava se virar sozinho tendo o braço direito inutilizado.     

   A casa dele era toda branca com uma decoração em estilo antigo e austero, provida de um ar de calmaria. Era tudo tão perfeito e organizado que não parecia possível que alguém vivesse ali. Pensei que devia ser uma chatice manter aquele ambiente imaculado.  

   Segui Sasuke pela escada, que tinha carpete sobre os degraus, para o quarto dele. Aquele cômodo divergia bruscamente do restante da casa, pois era simples a um nível anti pessoal. As paredes eram brancas sem nada para enfeitá-las, os moveis eram peças sem graça de madeira cinza, um cobertor azul cobria a cama e não havia um único objeto para dar personalidade ao local. Monótono era uma descrição perfeita.    

   _Não tem ninguém em casa? _Tomei a liberdade de largar minha mochila em cima da cama. 

   _Não. 

   _Que horas seus pais vão voltar? 

   _Não vão. _Sasuke sentou na cadeira giratória de sua escrivaninha. _Eles estão viajando. 

   _E como você vai se virar sozinho? 

   _Vou dar um jeito, não estou paraplégico, você sabe. 

   Eu odiava essa atitude dele, se o babaca não tivesse sido espancado, eu bateria nele.  

   _Se ninguém vai aparecer, eu vou dormir aqui essa noite. _Retirei meus sapatos usando só os pés assim que tomei a decisão, eu iria ficar a vontade. Sem a família dele por perto eu não precisava fingir ser decente.  

   _Não acha que esta sendo folgado? _Ergueu uma das sobrancelhas para mim. 

   _Nem um pouco. _Me joguei de braços abertos na cama. Minhas costas afundaram na superfície macia e uma pontada de sono me atingiu.  

   Sasuke deu um suspiro que marcava sua desistência e subiu junto de mim na cama, em seguida ligando a televisão. Ele colocou na netflix e escolheu um anime para assistirmos. A quietude de Sasuke era incomum, eu sentia como se um fantasma estivesse do meu lado. Seus olhos negros miravam a televisão, ao mesmo tempo que não focavam em nada, demonstrando o quão perturbado ele estava. O vi mandar mensagens algumas vezes no celular, um trabalho lento por ter que usar a mão esquerda. Eu não conseguia imaginar o que passava na cabeça dele depois de ter apanhado por um motivo estúpido, sendo que ele sequer era culpado.  

    Em algum momento eu senti a necessidade de fazê-lo agir normalmente. 

    _Hey Sasuke. _Chamei sua atenção. _Você sabia que cenouras podem te deixar cego?  

    _Cego? _Ele contorceu o rosto de descaso. 

   _Sim, embora elas sejam muito saudáveis, podem te deixar cego. _Continuei, fazendo meu melhor para mostrar seriedade. _Basta que alguém tente enfiar uma em seus olhos e você ficará cego. 

   Apertei meus lábios com força para conter a risada que eclodiu de minha garganta. 

   Sasuke ergueu as sobrancelhas e deixou seu queixo cair, abismado com a minha idiotice.  

   _Eu vou fingir que não escutei isso. _Ele virou para a televisão, balançando a cabeça de incredulidade. 

   Ele não riu, mas a escuridão de seu humor foi amenizada. 

    O silencio voltou a reinar, me deixando irritado. Eu precisava falar qualquer coisa para que não ficássemos afundados naquele clima tenso. Se tem uma coisa que eu odeio, são silêncios constrangedores.  

   _Não vai tomar banho? Esta fincando tarde. 

   _É... Acho que vou. _Dito isso ele levantou devagar da cama. Ele abaixou o rosto e fitou a si mesmo alguns segundos, pensando no que fazer. 

   _Argh. _Pulei da cama e fui até ele com má disposição. _Eu te ajudo. 

   _Eu posso tirar a roupa sozinho. _Disse asperamente. 

   _Ah é? _Ergui minhas sobrancelhas. _Então tire. 

   Sasuke, não querendo se render, tentou puxar sua blusa para cima. Logo ele percebeu que era um trabalho difícil passá-la pelo gesso, além de que a destreza de sua mão esquerda era pequena.  

   _Pare de ser teimoso.  

   Substitui a mão dele pelas minhas na barra de sua camiseta. Sasuke deu um pulo quando meus dedos tocaram a pele de seu abdômen e ele arfou.  

   _O que foi isso? 

   _Você me assustou. _Ele se defendeu rápido demais. 

   Era estranho, muito estranho. Mas decidi ignorar. 

   _Não sabia que Sasuke Uchiha era tão tímido. _Brinquei e voltei a segurar sua blusa. Dessa vez ele ficou quieto e me deixou cuidadosamente passar a blusa pelo seu lado esquerdo, primeiro libertando a cabeça para depois tira-la pelo braço direito engessado. Sasuke parecia magro, mas tinha alguns músculos e seus ombros eram largos, ele não era nem muito forte nem muito fraco. Se não fosse pela lateral direita enfaixada e as varias escoriações, acho que as garotas gostariam de vê-lo naquele momento.    

   _Cale a boca. _Os argumentos dele não estavam muito bons, normalmente era ele quem me deixava desconcertado.  

   Sasuke sentou na cama para tirar as meias, o que demorou ao ponto de ser irritante assistir. Depois levantou para tirar a calça. Fiquei sem paciência enquanto ele lutava para abrir os botões usando a mão esquerda desajeitada.  

   _Você é um inútil. _Resmunguei afastando a mão dele. Sasuke me olhou com uma expressão de pânico quando fui abrir a calça dele. Era engraçado. E também vergonhoso, porque se ele sentisse vergonha eu acabaria sentindo junto. _Pare de frescura. Droga! _Engrossei minha voz de propósito e levei meus dedos aos botões, tomando cuidado de tocar na calça e em nada mais. O problema é que esse cuidado dificultou o trabalho de abrir os botões e eu fiquei longos momentos com as mãos perto daquela área pouco agradável. Os olhos de Sasuke rodavam por todo o cômodo, evitando olhar para mim. Ele estava me deixando nervoso. _Pronto. _Recuei um passo fingindo indiferença. _Você estaria perdido sem mim aqui e ainda tentou me enxotar mais cedo. Deveria me agradecer.  

   _Uh. Obrigado. _Ele continuava não olhando para mim. Era um pouco adorável.  

   _Se esta agradecido me pague com comida pela ajuda.  

   _Alguém precisa exorcizar esse espírito morto de fome que esta te possuindo.  

   Sasuke fez o sinal da cruz e entrou no banheiro para tomar seu banho. Eu fiquei assistindo anime até que ele saísse usando uma calça de moletom e sem camisa. Ele demorou meia hora, mesmo acrescentando a dificuldade que ele possuía no momento, era demasiada enrolação sendo que ele não lavou o cabelo. Minha mãe estaria espancando a porta do banheiro em dez minutos, mas já que ele era rico ninguém o importunava com a conta de água.  

   _Não lavou seu cabelo? _Perguntei pegando a blusa que ele separou para ajudá-lo a vestir.   

   _Lavei. Só que a água evaporou magicamente, por isso meu cabelo esta seco.   

   Eu ia retrucar o babaca, porém o sarcasmo mostrava que seu humor melhorou, então relevei. Enquanto eu colocava a blusa nele Sasuke me olhava sem pudor, seu estado anterior de vergonha tinha sumido como se nunca houvesse existido. 

   _Como acha que vou lavar meu cabelo assim? Se você não lavá-lo para mim ficarei de cabelo sujo até retirar meu gesso.   

   _Você esta se aproveitando da minha boa vontade.  

   _Vai ser nojento, as mechas vão começar a grudar por conta da oleosidade. 

   _Eu sei que a Sakura virá te visitar sábado, ela pode lavar seu cabelo. 

   Sasuke não pareceu gostar da ideia. 

   _Hoje é terça e meu cabelo já esta uma droga. No sábado estará atraindo baratas.  

   _E aonde isso é problema meu? Deixe de ser vaidoso. _Retorqui.  

   _Em que mundo não querer insetos fazendo ninho na minha cabeça é vaidade?  

   Por que eu discutia com ele? Era igual discutir com o Gaara, uma perda de tempo.  

   _Eu vou buscar algo para comer, estou morrendo de fome. _Eu já fui saindo do quarto, não tinha ninguém em casa de toda forma, eu podia abusar. 

   _Essa casa é minha, sabia? Por que esta agindo como se mandasse aqui? 

   Na cozinha, que tinha o triplo do tamanho da minha e utensílios que eu nunca tinha visto antes na vida, sai abrindo os armários a procura de algo para comer. Achei pães e queijo para fazer sanduíches, um dos únicos pratos que eu sabia cozinhar, se é que cortar pão, passar manteiga, colocar queijo dentro e esquentar no micro-ondas podia ser considerado cozinhar.    

   Retornando para o quarto reparei que era uma sensação estranha andar por um local absurdamente grande e vazio, imaginei que devia ser solitário viver em um lugar assim. Preferia minha casa modesta e confortável.  

   Depois de comer Sasuke me emprestou uma roupa dele para que eu pudesse tomar banho Aproveitando a riqueza de Sasuke eu demorei o máximo que pude no chuveiro, me lavei, cantei desafinadamente, brinquei com a espuma de meus cabelos, pensei na vida e desperdicei tempo até cansar. Pensei em sentar no chão e tirar um cochilo, mas acho que seria exagero. Hehe.

   _Achei que tinha morrido. _Sasuke resmungou quando sai, tampando o bocal do telefone que estava grudado em seu ouvido. _Não pensa no meio ambiente? 

   _Olha quem fala.  

   Sasuke não me respondeu porque  voltou sua concentração para o telefone. Vi que ele colocou um segundo cobertor na cama, mostrando que era para eu dormir ali. Não era um problema porque a cama dele era uma king, caberia facilmente umas cinco pessoas. Deitei do lado destinado a mim para jogar em meu celular esperando ele finalizar a ligação. 

   _Não... A única garota próxima de mim é a Karin. _Sasuke respondeu com divertimento. _Você sabe que pegar a namorada do meu amigo seria um crime de igual gravidade a pegar minha irmã. E mais importante, eu te amo, você sabe. 

   Oh. Ele estava falando com a Sakura, eu podia ter deduzido antes. Por alguma razão escutá-lo me incomodou. Acho que porque era uma conversa intima que deveria ser isenta de outros ouvintes.  

   Eu estava bocejando, então assim que ele desligou o telefone pedi para desligar as luzes. Sasuke confirmou, deitado de barriga para cima. Me estiquei para o interruptor que era do meu lado e vi o rosto de Sasuke virado para mim quando me deitei, seus traços demarcados pelas sombras com a tênue luz que provinha das janelas. Parecia que havia algo em sua mente, mas ele não colocou para fora, em vez disso fechou os olhos. 



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