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História Dois Lados da Mesma Moeda - Descobertas


Escrita por: FloresMortas

Notas do Autor


Um novo capitulo como prometido. A estória será um pouco lenta no inicio mas eu os recompensarei, prometo.

Capítulo 2 - Descobertas


Draco caminhava em silêncio pelas masmorras, seus pensamentos estavam nublados. Só sabia que nunca quis nada disso. Nunca desejou tornar-se um comensal da morte. Droga, nunca desejou ser um Malfoy - só quando percebeu que seu nome o havia condenado a um destino no qual não podia fugir. Tinha nas mãos duas escolhas, e ambas o condenariam e também aqueles que amava. Poderia trair o Lorde das Trevas mas assim que ele percebesse mataria a pessoa com quem mais se importa, sua mãe. Continuar fiel a Voldermort lhe daria apenas um futuro de trevas e tristeza e talvez seus pais acabassem morrendo de qualquer jeito.

     Ele nunca falaria para ninguém, mas de certa forma Draco estava aliviado por Harry ter recebido a marca em seu lugar. Não precisaria mais pensar no inevitável. Seu último recurso pôde não ter funcionado mas pelo menos não teve que estar lá quando entregou sua vida para aquele monstro.

     Malfoys não demonstravam fraqueza, especialmente não em frente de seus inimigos. Um azar ter que ser o primeiro de sua família a nascer com um coração. Draco não sabia que estava tão desesperado por atenção - pelo menos não até chorar em frente de seu rival. Harry era seu rival ainda, certo? E desde quando Potter virou Harry? Seus pensamentos estavam uma bagunça. Tudo que precisava era de um banho quente, e de um curativo. Mais tarde se encontraria com Pansy e Blaise e tentaria se focar em coisas fúteis.

     - Draco, querido - Pansy o cumprimentou com um abraço e um beijo casto em sua bochecha.

     O jovem já estava devidamente limpo e um curativo protegia todo seu antebraço. Seu lábio ainda estava cortado onde havia mordido.

     - Pans, senti saudades - o cheiro de perfume da maioria das meninas deixava Draco enjoado mas o de Pansy sempre o confortava.

     - Certo, vou fingir que acredito - falou, quebrando o contato entre eles mas logo o encarou com espanto - o que diabos aconteceu com você? - a menina de cabelos pretos tocou onde o curativo havia sido feito.

     - Nossa, cara. Você por acaso não encontrou um troll vindo para cá né? - Blaise estava junto a lareira e correu na direção do grupo.

     - Para com isso Blaise - a garota falou lançando um olhar de morte, comum entre os Sonserinas mas ao se voltar para o loiro seu olhar era de apenas afeto e preocupação - o que aconteceu Draco?

     - Tive uma pequena discussão com Potter - deu graças a Deus por não ter falado Harry. Pelo que parecia em sua mente o garoto estava tão desesperado quanto ele, mas ninguém precisava saber.

     - Potter fez isso com você?! - os dois disseram em uníssono e olharam para Draco numa confusão de espanto e raiva.

     - Não, claro que não - falou se corrigindo. Soltou uma lufada de ar como se preparando para o que ia dizer - fui eu. Eu fiz isso.

     Draco se sentou a frente da lareira, sentindo o calor irradiando pelo seu corpo - não havia outro lugar que o acalmava mais. O som de crepitar da lareira parecia música para seus ouvidos e uma luminosidade esverdeada adentrava a sala. Blaise e Pansy o seguiram, sentando em frente ao jovem. Enquanto o tempo passava Draco sentia aquele enorme peso sendo retirado de seus ombros ao informar tudo que havia acontecido nos últimos dois dias.

     - Então agora você é um comensal da morte? - Blaise perguntou - e eu achando que esse ano não poderia ficar pior - o rapaz parecia realmente abatido e agora estava andando de um lado para o outro.

     - Eu sinto muito Draco - a garota o envolveu num abraço reconfortante - você acha que Potter estava falando a verdade quando te ofereceu ajuda?

     - Bem, acho que sim. Mas não vejo como alguém como ele poderia realmente me ajudar.    

     Um silêncio recaiu sobre o sala comunal. Uma tempestade podia ser ouvida acima do grande lago. A mente de Draco revivia toda a cena com Potter, de novo, de novo e de novo.

     - Você não acha isso um pouco estranho? - Pansy falou após algum tempo e recebeu olhares curiosos assim que as palavras deixaram sua boca - Potter te dizer isso, digo. Até onde eu sei ele te odeia.

     - Não sei. Não seria uma coisa que um grifinória poderia dizer? - Draco falou. Mas nem ele acreditava muito nisso. O jeito que Harry havia lhe consolado parecia estranhamente íntimo, pensando bem.

     Pansy se permitiu uma risadinha. E Draco sabia que não era coisa boa.

     - Quem diria, acho que o Menino de Ouro possa ter uma quedinha por jovens desesperados - a garota disse rindo e Blaise a imitou.

     - Vocês só podem estar brincando. Não acham que ele possa ser gay né? - Draco disse num sussurro com um ar incrédulo.

     - Querido, até O Escolhido não passa de um ser humano e como todos nós está sujeito a casualidades - a Sonserina disse com um sorriso travesso.

     Draco nunca pensou nessa possibilidade. Vários dos maiores magos da história eram gays, isso não era nenhum segredo. Com isso muitas linhagens de sangue-puro foram interrompidas o que quase levou o sangue bruxo a extinção, o que fazia com que gays não fossem bem vistos por famílias tradicionais. Mas Potter? O rapaz já podia ler as manchetes do Profeta Diário.

     “Harry Potter, O Garoto que Sobreviveu finalmente resolve sair do armário.”

     Provavelmente Pansy só estava tentando o distrair - o que estava dando certo. O tempo passou e Draco continuou fitando o vazio a sua frente nem percebendo que seus amigos o deixaram sozinho com seus pensamentos.

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     Harry foi arrastado para a biblioteca assim que acordou aquela manhã. Pelo visto o primeiro dia de aula não era tão cedo para começar a estudar para Hermione. Ron resolveu ficar na sala comunal da Grifinória com Dean e Seamus e Harry estava começando a se arrepender da decisão de não ter ficado com eles quando Hermione lhe lançou um olhar reprovação.

     - Harry, o que tem de errado com você? Você está agindo estranho desde que desmaiou no trem e desapareceu na ceia de abertura.

     - Eu já te falei. Fui ver Madame Pomfrey - Hermione o olhou com descrença. Harry suspirou. Não estava pronto para falar o que havia acontecido, queria resolver o quebra cabeça dos últimos dias sozinho primeiro. Pensando rápido, decidiu mudar de assunto - Hermione, existem bruxos gays?

     A garota colocou a pena de lado e encarou Harry.

     - Bem, existem. Alguns são bem conhecidos. Dizem que até o próprio Merlin era gay já que nunca se casou - falou, soando muito pensativa, como se estivesse resolvendo um problema lógico em sua mente.

     - É bem visto? - Harry perguntou, tentando soar o mais impassível que podia.

  - É visto como uma afronta por algumas famílias de “sangue-puro”. Falam que a sucessão do gene mágico é totalmente interrompida o que poderia levar a nossa extinção. Uma bobeira na minha opinião - a garota falava rapidamente, retornando para seus estudos - mas há o resto das famílias de bruxos que como eu não vêem problema algum.

     Harry sempre percebeu que algo nele era diferente, mesmo não tendo acesso ao mundo exterior, enquanto morava com seus tios. Quando veio para Hogwarts não se sentia atraído por nenhuma menina por mais que elas se jogassem a seus pés algumas vezes.

     Não percebeu que estava fitando o vazio até que Hermione pigarreou, chamando-lhe a atenção.

     - Por que essa curiosidade de repente? - a garota lhe falou dando um pequeno sorriso encorajador.

     - Não sei. Só estava pensando que talvez eu pudesse clarear um pouco minha mente - disse encarando suas mãos, sua mente retornando para um certo Sonserina de cabelos prateados.

     - Estou aqui sempre que precisar, você sabe disso né? - a garota lhe disse, segurando uma de suas mãos.

     Harry apenas assentiu com um sorriso casto, ainda totalmente perdido em pensamentos.

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     Draco não estava no café da manhã. Pansy e Blaise também não, Harry percebeu. O primeiro pensamento que veio a cabeça do garoto é que estavam tramando algo mas se lembrou do que Draco lhe dissera noite passada: “Eu não sou meu pai.” De alguma forma Harry não achava que o jovem fosse tão mau quanto pensava que ele era.

     Enquanto terminava sua torrada, Harry percebeu que tinha começado a se referir ao jovem como Draco e até o havia chamado assim noite passada. Até se permitiu sorrir ao lembrar, novamente, que Draco o havia chamado de Harry.

     - Harry, o que você acha? - Ron perguntou, tirando o jovem de seus pensamentos.

     Harry piscou freneticamente, confuso.

     - Desculpe. Sobre o que? - respondeu e assistiu enquanto o ruivo revirava os olhos.

     - Hermione disse que nós poderíamos nos inscrever para as aulas do Professor Slughorn, já que é ele que está lecionando Poções agora.

     - Oh, claro.    

     Harry tentou se convencer que estava apenas interessado em Poções, mas sabia que sua decisão tinha mais haver com o fato de que Draco estaria estaria lá. Queria ter a chance de ler melhor o rapaz depois dos eventos da noite passada. E por mais estranho que isso soasse estava preocupado com o loiro. Ele havia se mostrado tão vulnerável - era impossível não se preocupar pelo menos um pouco.

    Por outro lado Hermione não pôde deixar de perceber o tímido sorriso que se destacava na face de Harry. Resolveu não pressionar o amigo mas não deixou de criar várias teorias sobre o que poderia estar acontecendo.

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     Harry, Ron e Hermione chegaram a sala de aula onde o Professor Slughorn já havia começado a aula. Enquanto os dois jovens se sentaram em dupla Harry percebeu com um arrepio que havia apenas um lugar livre, ao lado de Draco. Pegou o último livro de Poções no armário, suspirando para o estado em que o material se encontrava e logo depois se sentou ao lado do loiro, organizando seus materiais.

     - Malfoy - o jovem disse com neutralidade.

     - Potter - Draco respondeu sem manter contato visual. Harry percebeu que havia bolsas sob seus olhos. Desejou que o jovem não tivesse perdido o sono por causa da Marca. Sentindo uma bolha de culpa crescendo dentro de si.

     Professor Slughorn bateu palmas para conseguir a atenção da sala.

    - Bom dia para todos. Juntem-se, juntem-se. Para começar nossa aula de hoje alguém pode identificar a poção que tenho aqui? - disse apontando para um caldeirão cheio de um líquido vermelho claro - sintam o cheiro.

     A maioria dos alunos se aproximaram do caldeirão para poderem sentir o aroma.

     - Sr. Potter, poderia dizer quais aromas o senhor é capaz de identificar? - Slughorn disse direcionando um sorriso encorajador para Harry que se aproximou da poção e se concentrou nos diferentes cheiros.

     - Cheira a cera para vassouras, baunilha e... - Harry parou por um momento, seu olhar encarando o líquido vermelho enquanto toda a sala lhe encarava. Pigarreou após um tempo - gel de cabelo.

     O jovem retornou a seu lugar. Ignorando olhares curiosos de alguns alunos enquando sentia seu rosto ficar cada vez mais quente. O professor então pediu para que Hermione lhe falasse um pouco sobre a poção.

     - Chama-se Amortentia, senhor. A poção do amor mais poderosa do mundo, possui um cheiro diferente para cada pessoa baseado no que a atrai - disse lançando um imperceptível olhar para Harry.

    - E esta? - o professor disse, apontando para um pequeno frasco em forma de gota.

     - Felix Felicius, ou sorte líquida... - quando Hermione terminou de explicar Slughorn premiou Grifinória com vinte pontos e desafiou os alunos a lhe fazerem uma poção do morto-vivo, cada aluno voltando para suas respectivas mesas logo depois.

     Draco já se encontrava concentrado em sua poção. Harry folheou seu livro até a página correta e se chateou ao perceber que estava toda rabiscada, de fato todo o livro estava rabiscado. Logo percebeu que na verdade eram correções. Voltou para a contra-capa, curioso para ver quem era o dono anterior.“Propriedade do Príncipe Mestiço.” Assim, Harry começou a trabalhar em sua poção, seguindo as instruções corretas invés das descritas no livro - o que poderia dar errado, suas habilidades em Poções não poderiam ficar piores.

     Enquanto seu caldeirão borbulhava para o sucesso, Harry notava com um pequeno prazer seus colegas de classe ainda mais quando percebeu o choque de Hermione ao observar seu progresso.

     Draco não retirou os olhos de sua poção nem por um instante, para a decepção de Harry. Ele queria esfregar seu sucesso na cara do Sonserina. Mesmo que ele não o odiasse tanto assim lá, sua rivalidade com o loiro não era mais que habitual. A poção de Draco não estava tão boa quanto a de Harry mas estava melhor que a do resto da turma. Sempre achou que o sucesso do jovem em Poções fosse graças a influência de Snape, mas o garoto era bem talentoso.

     Quando suas poções foram deixadas para ferver por dez minutos, como o último passo, Harry olhou para seu parceiro de mesa.

     - Precisamos conversar.

     - Discordo - Draco disse sem olhar para o jovem.

     - Draco... - o loiro ficou tenso - tudo bem, Malfoy. Isso não é sobre mim - Harry falou olhando para o antebraço do Sonserina, que percebeu.

     - Quando? - enfim falou, parecendo realmente tenso. Possivelmente continuasse nervoso depois da noite passada. Talvez o momento entre eles não significou tanto quanto Harry pensou. Talvez...

     O que ele estava pensando? É claro que o jovem o odiava, ele praticamente o entregara de mão beijada para o pior Bruxo que esse mundo já viu. Se Draco não o odiava antes definitivamente o fazia agora.

     Harry ponderou a pergunta.

     - Não quero que Ron e Hermione suspeitem... - eles vinham o observando de perto após a morte de Sirius como se quisessem previnir que ele se auto mutilasse ou algo do tipo.

     Draco esbarrou no próprio caldeirão, espalhando poção por todo lado.

     - Potter! - o loiro gritou com fúria.

     - Como assim Malfoy!? Isso foi culpa sua! - Harry não podia acreditar no que estava acontecendo, maldito Sonserina.

     - Minha culpa!? - disse, com indignação.

     Slughorn andou até eles, com uma carranca.   

   - Vinte pontos serão retirados da Grifinória, Sr. Potter - disse. Harry começou a protestar mas lembrou das instruções que Dumbledore havia lhe dado. Precisava ganhar a amizade do professor - e detenção, para vocês dois. Vinte horas, meu escritório - lançou um olhar apologético para o garoto enquando se afastava e Harry percebeu que ainda não tinha estragado tudo.

     Harry voltou um olhar carrancudo para Draco que franziu as sobrancelhas em resposta.

     - O que? Você queria um lugar para conversar, agora tem.

     Fazia sentido.

     - Bem, Sonserina não perdeu nenhum ponto - Harry sussurrou, jurando que vira um pequeno sorriso de vitória se desenhando no rosto de Draco.

     Ao fim da aula, o professor de Poções observou com grande entusiasmo que a poção do morto-vivo de Harry estava perfeita, o quê lhe garantiu o pequeno frasco em forma de gota que armazenava a sorte líquida. E o garoto não entendia mas estranhamente ansioso para a detenção.


Notas Finais


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