Era quase sete horas da noite. Os semideuses do Acampamento Meio-Sangue e os do Acampamento Júpiter foram direto para o Olimpo, os magos da Casa da Vida estavam reunidos na Casa do Brooklin, quase prontos para a festa preparada por Sadie.
Após a execração no meio de Manhattan, Douglas estava muito estranho. Querendo ou não, a mãe dele tinha morrido. Ele não falou muito, e se arrumou sozinho no chalé de Hefesto.
Por ordem expressa, todos teriam que ir vestidos como quem vai em uma festa de gala. Minha mãe fez questão de ir ao acampamento me vestir, pois eu não sei me arrumar para festas. No fim, eu não sei dizer como estava parecendo, porque não gosto de olhar-me no espelho, então, use sua criatividade.
Ao sair do meu chalé, encontrei Rafa me esperando, tão bem vestida quanto eu. Nós fomos juntas até a Casa Grande, onde nós teríamos uma reunião com Quíron antes de irmos. Não iria demorar muito a viagem.
Todos do acampamento estavam estupendamente lindos, sério mesmo. Vê-los sem as camisetas laranjas, jeans e armaduras era tão estranho, tão sem sentido, que não reconheci alguns.
Roxie e Will discutiam alguma coisa sob uma árvore antes de chegar à Casa grande, eles nem pareciam um casal, pois o volume era alto e distingui alguma coisa como ‘Ninfas sirigaitas’ e ‘Russos drogados’.
Paramos em frente à varanda. Rachel e Pierre estavam de mãos dadas, conversando alegremente com Ricardo e Nicole. De alguma maneira, os irmãos estavam mais bonitos do que já eram. Rachel já tinha se assumido com Pierre, alguns meses antes, mas ainda era meio estranho vê-los juntos, como um casal. O coitado do Ricardo sofria, era o patinho feio do quarteto, mas tinha conseguido ficar aceitável.
-Oi, gente. –Falei ao me aproximar.
Nos cumprimentamos, e conversamos qualquer coisa, até Argos surgir e nos mandar subir a colina. Erámos o segundo grupo a ficar pronto. Iriamos em três vans, enquanto os atrasados esperariam até as vans chegarem.
Entrei na segunda, sentando ao lado de Rafa e Michelle. Levaria um pouco mais de meia hora talvez, mas com os veículos melhorados do acampamento, seria mais rápido.
A van lotou, e Pierre, sentando no primeiro banco, puxou um iPhone do bolso e gritou com toda força, para ser ouvido no meio da barulheira.
-Vamos tirar uma selfie de Ano Novo! –Ele mal esperou todos se arrumarem, e ergueu o celular.
A foto ficou muito engraçada em si. Fiquei apertada entre minhas amigas, com cara de doente mental, mas sorrindo. Todos estavam com caras magnificas, mas não importava.
A van arrancou, e fomos rindo, conversando, tirando foto e principalmente, falando besteira. Douglas e Pedro não estavam com nós, pois tinham se atrasado, mas não era problema.
-Como o Douglas está? –Perguntou Michelle para mim.
Dei de ombros.
-Não sei. Não falei muito com ele depois. Acho que deve estar absorvendo tudo. –Respondi postando uma foto no facebook.
-Deve ter sido dureza. O que eles conversaram será? –Perguntou ela de novo.
-Ele não me disse. –Respondi.
-Ela pediu desculpas. Disse que tinha errado com ele, pediu perdão e pediu pra ele não seguir os passos dela, porque isso tinha ferido muitas pessoas. –Rafa respondeu automaticamente.
Nós duas olhamos pra ela.
Rafa estava encostada no vidro, mexendo no celular também, mas postando algo no twitter. Quando percebeu que estávamos encarando-a, ela se endireitou.
-O quê? Ele me contou. –Defendeu-se.
-Mas ele não disse nem pra mim. –Falei boquiaberta.
Ela deu de ombros.
-Acontece.
Douglas e Rafa tinham conversado sozinhos, e ele contou algo pra ela, que a fez ficar radiante a tarde toda. Essa era a minha teoria. E agora ela me vem com essa?! Fiquei até com medo do que poderia estar acontecendo entre eles depois de tudo que ocorreu nesse fim de ano.
Deixei pra lá.
Alguém gritou lá do fundo que estávamos chegando, e começamos a nos arrumar. A van parou em frente ao Empire State, e meus batimentos aceleraram. Descemos e começamos a entrar no prédio em fila indiana.
As ruas estavam lotadas de pessoas comemorando o Réveillon de diferentes formas, e ninguém prestou atenção em nós. Will, o líder do nosso grupo, falou com o porteiro e mandou-nos para o elevador.
Nunca tinha ido ao Olimpo, então imagine como eu estava. Segurei a mão de Rafaela e Michelle quando as portas se fecharam. Uma musiquinha enjoada começou a tocar, mas não prestei atenção. Subimos eternamente e de repente, paramos.
As portas abriram-se e cara, não acreditei no que vi. Era uma cidade enorme, estilo grega, obviamente, mas moderna. Templos brilhantes, praças organizadas, prédios de mármore branco,.. Uma cidade perfeita, bem em cima de Nova York.
Will nos guiou até um caminho de pedra, e subimos até à praça central. Passamos poder dezenas de estátuas, dos mais diversos deuses. Ninfas e deuses menores nos encarando, mas sorriam logo depois.
Finalmente chegamos à praça onde seria realizada a festa. As calçadas de mármore brilhavam, braseiros de bronze refletiam as luzes da cidade lá em baixo, árvores dos mais variados tipos pontilhavam pelo perímetro. No centro, um grande palco fora montado, onde alguns deuses menores tocavam instrumentos variados, e obviamente, Apolo estava no meio deles.
Ele me viu, e desceu do palco radiante. Desviou de vários até chegar em mim.
-Você está... Radiante! –Ele me disse, abraçando-me.
-Obrigada, pai. –Falei um tanto envergonhada.
-E vocês, meninas. Uau, não poderiam estar melhor. –Ele deu um sorrisinho malandro enquanto cumprimentava minhas amigas.
-Pai, para de trovar elas, por favor?! –Pedi rindo.
Ele piscou pra mim e conversou mais um pouco. Apolo vestia um terno branco, com uma camisa branca e gravata branca, combinando com sapatos brancos. A única coisa que não era branca era uma lira em miniatura na sua lapela. Os cabelos estavam penteados com gel para trás, e os olhos dourados brilhavam cada vez mais.
-Garotas, se me dão licença... –Ele piscou e saiu deslizando para falar com uma mulher aleatória.
Michelle suspirou.
-Não, você não vai se apaixonar por Apolo. –Falei, antes que ela pensasse em algo.
-Eu nem disse nada. –Ela reclamou.
-Tudo bem. Venham, vamos dar uma volta por aí. –Rafa chamou puxando nosso braço.
O lugar não estava cheio, mas tinha um número considerável de ‘pessoas’. Encontramos Hefesto em um canto, bebericando algo. Sr. D. conversava com Hermes em outro lado.
Peguei uma taça de champanhe e beberiquei um pouco, mas acabei jogando em uma planta. Cara, era horrível. Preferia um guaraná, bem de boa.
O tempo começou a passar, e as pessoas começaram a chegar. A música aumentou de volume e ritmo. Agora já tinha gente dançando mais animadamente, e nós nos encaminhamos para a pista.
Nicole e Ricardo dançavam com Pierre e Rachel, Vicky e Olivia estavam ali também e pareciam bem à vontade. Então, os campistas começaram a se entrosar mais. Foi muito bom ver todo mundo se dando bem, mas ainda faltavam duas pessoas essenciais para mim.
Às nove e meia da noite, o jantar seria servido, e todos teriam que estar ali. As nove, uma música lenta começou a tocar, e todos os casais se juntaram. Sentei-me à uma mesa e observei os vários pombinhos dançarem. Rafa sentou comigo.
Perçy e Annabeth dançavam abraçados em um canto, ao lado de Jason e Piper. Hazel e Frank iam de um lado ao outro. Leo e uma garota desconhecida, com lindos cabelos com de mel, pele bronzeada e olhos castanhos, estavam abraçados seguindo o ritmo da música. Clarisse e Chris, Nicole e Ricardo, Pierre e Rachel, ... Todos lindos.
-Nossa, e a gente aqui, na fossa. –Rafa comentou.
Andrew caminhou até a nossa mesa, vestindo um terno preto que cabia muito bem nele, parou e chamou Rafa para dançar. Ela me olhou insegura e encarou-o. Claro que ele fez muitas coisas ruins no passado, e magoo-a profundamente, mas mostrava estar melhorando. Assenti encorajando-a.
Rafa levantou da cadeira, segurando sua mão e eles foram juntos para a pista. Ela merecia alguém legal, que a fizesse se esquecer de Douglas, já que não teriam um futuro juntos. Fiquei feliz em ver que os dois estavam bem.
O garoto ruivo do chalé de Ares, Sean O’Neal, convidou Michelle para dançar. Ela foi, obviamente. E fiquei sozinha novamente.
Peguei o celular e fiquei mexendo, matando tempo. Eles teriam que chegar a qualquer momento. Estava alimentando meu Pou, quando uma guria e um guri sentaram-se um em cada lado.
-Eu acho que você não deveria estar fazendo isso. –Ele falou. Era Douglas, usando um terno preto, com um rosa branca na lapela, uma gravata vermelha e um sorriso maroto.
-Principalmente quando tem alguém especial procurando por ti. –A guria completou. Era Caroline.
Fiquei tão feliz em vê-la bem, que abracei-a instantaneamente.
-Sim, sim. Estou bem. –Ela riu.
-Como?! Hoje mesmo eu te vi, e tu estavas muito mal. –Falei radiante.
Ela deu de ombros.
-Simplesmente acordei com o Douglas ao meu lado. –Ela respondeu olhando meu primo com olhos brilhantes.
Os dois estavam sorridentes e felizes. Eles mereciam isso.
-Enfim, acho que tu não deverias esperar mais. –Ele falou levantando e puxando Caroline para dançar.
Observei-os irem sorrindo, e algumas pessoas abraçarem Caroline. Ela fazia falta, e agora estava melhor do que nunca.
Enquanto ficava passando os olhos pelas pessoas, eles pararam em alguém diferente, na entrada da praça. Um guri conhecido. Meu coração aumentou o ritmo quando Pedro começou a caminhar até mim.
Ele nunca esteve mais bonito, e não parecia ter sido liberto do sequestro no mesmo dia. Vestia um terno preto que caía maravilhosamente, deixando-o uniforme. A gravata azul pendia para o lado, mas dava um certo charme. O cabelo estava colocado para a direita, do jeito que eu gostava e ele exibia aquele maldito sorriso malandro no rosto.
Veio gingando até mim, com as mãos nos bolsos. Levantei e fiquei parada, esperando ele chegar.
-Você demorou. –Falei encarando seus lindos olhos azuis.
Ele sorriu.
-Eu sei. Estava me arrumando para você.
-Por quê? Achei que fosse para o ano novo. –Respondi sentindo seu perfume marinho misturado com seu hálito de menta.
Ele se aproximou mais e segurou minha cintura. Passei meus braços em seu pescoço.
-A senhorita aceita dançar comigo? –Ele perguntou tentando ser cavalheiro.
Sorri abobadamente.
-É claro que aceito. –Falei baixinho e beijei-o.
Era tão bom estar com ele sem pressão ou pressa. Caminhamos para a pista e nos embalamos. Finalmente eu estava dançando com os casais, sem me preocupar.
A música trocou, indo agora para ‘Can you feel the love tonight’, do Sir Elton John, um dos maiores músicos de todos os tempos. Conseguia ouvir com precisão cada nota. Encostei a cabeça no peito de Pedro e aproveitei a noite. Tudo estava perfeito, e quase tinha esquecido os acontecimentos do dia.
Após o término da música, fomos convidados a nos sentar, pois o jantar seria servido. Sentamos em oito na nossa mesa. Estava posicionada entre Pedro, claro, e Douglas. Estávamos só em casais, o que era bom, pois ninguém seguraria vela.
-O que aconteceu contigo, Pedro? Digo, enquanto você estava em cativeiro? –Perguntou Nicole, enquanto comíamos uma infinidade de comidas deliciosas.
Pedro tomou um gole da Coca e fez cara feia.
-Digamos que não foi agradável. Ela me torturou para que eu ajudasse ela a conquistar o mundo. Sabe, papo de vilão clichê. Na verdade, ela queria o Douglas, mas consegui salvar os dois...
-E morreu no final. –Cortei-o quando começou a se passar de herói.
Ele me cutucou nas costelas.
-Também, mas isso não vem ao caso. –Completou comendo uma garfada de risoto, percebi um fio de cicatriz branca escapar de sob a camiseta e subir pelo pescoço. Marcas de um sequestro.
Nicole se deu por vencida e o assunto mudou rapidamente.
Voltei minha atenção para o prato na minha frente. Cada um podia pedir o que quisesse que automaticamente, a comida era servida por alguma ninfa das nuvens. Era um ótimo sistema de fast food. Meu prato estava carregado com uma bela porção de massa com molho branco e camarão. Uma iguaria magnifica que minha mãe fazia magnificamente.
Rachel e Pierre conversavam alegremente com Douglas e Caroline, mas só prestei atenção quando eles mencionaram meu nome. Rimos muito, conversamos. Parecia apenas mais uma festa comum, sem preocupações. Como era bom estar com os amigos assim.
Após o jantar, convidei Pedro para darmos uma volta pela cidade. Ele aceitou, e fomos caminhando sem destino pelas vielas do Olimpo. Passamos até pela sala dos tronos.
-Será que agora tudo vai sossegar? –Ele perguntou enquanto passávamos por um templo de Ártemis.
-Não, nunca vai sossegar para nós. –Respondi sorridente. –Mas eu gosto disso.
Caminhamos em silêncio.
-Como vai ser para o Douglas agora? –Ele perguntou, segurando firmemente minha mão.
-Não sei. Ele passou por muitas coisas nos últimos meses. Foi muito difícil. Mas acho que vai superar. –Falei observando as estrelas.
-Nós passamos por muita coisa. –Ele corrigiu.
Sorri.
-Também. Isso também.
Nós paramos e nos beijamos no meio de um jardim de tulipas.
-Como foi ser cobaia de Jéssica? Eu queria conhece-la. –Comentei. Sabia que ele não responderia.
-Horrível. Aqueles demônios me levaram direto pra ela, em São Petersburgo. Me deixaram preso numa cela apertada e fedorenta. Te juro que a única coisa que lembrei foi da nossa música. –Ele respondeu com o braço sobre meus ombros.
Sorri e comecei a cantarolar.
-Agora posso te contar como foi minha vida sem você por um dia? –Perguntei, e ele fez que sim.
Contei tudo. Até os detalhes mais constrangedores. Ele sorriu pra mim o tempo todo, olhando fixamente em meus olhos. Quando acabei, ele simplesmente me abraçou.
-Você foi incrível. –Ele disse ao meu ouvido.
-Eu sei disso. –Falei.
Nós rimos.
-Como tu voltou à vida? –Perguntei intrigada.
Ele franziu a testa, como se soubesse a resposta mas não lembrasse.
-Não sei, simplesmente dormi uns segundos, sentindo a sua mão, e depois acordei novamente.
Meu rosto corou um pouco.
O relógio apitou onze horas da noite já, e resolvemos voltar para a festa. No caminho, passamos por alguns casais apaixonados tanto quanto nós. Era uma lindíssima noite de inverno americano, e eu conseguia ver as estrelas brilhando perfeitamente. Antes de chegarmos a festa, vi Carter e Amós entrando sorrateiramente no palácio principal. Não cheguei a mencionar o fato com Pedro porque imaginei estar enlouquecendo.
Chegamos ao jardim novamente, e uma música animada tocava, fazendo todos pularem na pista. ‘Roar’ da Katy Perry em versão rock. Meu, a versão mais perfeita dessa música que já ouvi. Obviamente, papai Apolo conseguia tocar qualquer música em qualquer ritmo com qualquer instrumento.
Sem hesitar, corremos para junto de nossos amigos. Todos dançavam enlouquecidamente, pelo menos da melhor maneira possível e que era permitida. Duas músicas mais, e Apolo saiu do palco, sendo substituído por um grupo qualquer de deuses menores.
Percebi que nenhum dos olimpianos se encontrava na festa. O que era realmente estranho, é que vi Carter e Amós, o Faraó e o Sacerdote Leitor-chefe no Olimpo. Só poderia significar que algo muito estranho estaria acontecendo.
Roxie passou por nós abraçada em Will. Eles pareciam estar bem após a briga. Não os tinha vistos desde que chegamos ao Olimpo. Pararam e conversaram um pouco conosco.
-Soube que vocês destruíram o QG da Jéssica em São Petersburgo. –Pedro disse apertando a mão de Roxie.
-Foi um prazer. Prendemos o Edson, destruímos tudo. –Ela falou assentindo e sorrindo orgulhosa de si.
Pedro fez uma cara de sofrimento, como se lembrasse dos maus momentos com Edson. Apertei sua mão e o trouxe de volta para o presente.
-Calma, peixinho. Está tudo bem agora. Queria ter estado lá quando você voltou à vida. Me falaram que foi uma cena bonita. –Roxie comentou.
Corei um pouco e contei tudo o que tinha acontecido. Senti Pedro retesando os músculos quando toquei na parte que ele esteve desacordado.
Depois de mais alguns minutos, eles se despediram de nós e saíram agarrados para um canto da festa.
-Amor adolescente. –Falei rindo para Pedro, e ele concordou.
Simplesmente voltamos para música. Nós ‘dançávamos’ e nos divertíamos. Íamos nos beijando de vez em quando, e eu nunca estive mais feliz na minha vida. Tirei muitas fotos, com todos meus amigos que encontrei (muitas das quais tenho coladas no meu quarto).
Faltando uns quinze minutos para meia noite, os deuses voltaram a aparecer. Ao voltar do banheiro, encontrei Apolo parado. Avistei Pedro conversando com Poseidon ao longe.
Apolo sorriu ao me ver e veio falar comigo. Parecia diferente.
-Que bom que te encontrei! –Apolo me abraçou.
Sem entender, apenas retribui seu abraço.
-Venha, vamos caminhar um pouco. –Ele puxou meu braço para fora da praça.
***
-O que aconteceu, pai? Tu parece meio sério. –Falei reparando em suas rugas de preocupação.
Ele desfez a cara rapidamente e me olhou com um sorriso branco.
-Gostando da noite? –Perguntou.
Levantei a sobrancelha sem entender.
-Sim, melhor noite da minha vida. Está perfeita. –Respondi desviando de uns mosquitos perdidos.
-Que bom, que bom... –Ele murmurou sério, e percebendo que eu estava observando-o, voltou a exibir o sorriso. –Espero que aproveite muito essa noite...
-Irei. –Falei franzindo a testa. –O que aconteceu? –Perguntei novamente ao notar um certo nervosismo na voz dele.
-Nada, nada...
Paramos em um local onde ninguém poderia nos ouvir e ele segurou meus ombros, virando-me de frente para ele.
-Luiza, quero que preste atenção no que irei dizer agora. Ninguém nunca poderá saber isso. –Ele disse sério, totalmente diferente do Apolo que conhecia.
Assenti com veemência.
-Essa vai ser nossa última noite. O mundo está a salvo, mas talvez, os deuses não. Vai ser preciso um imenso sacrifício nosso, para o bem da humanidade. Aproveite esse último tempo que lhes resta. –Ele disse baixinho e nervosamente
-O que vocês está falando. –Sussurrei completamente perdida.
-Não posso explicar. Juro que queria, mas não posso, não agora. Quando chegar a hora certa, você vai saber. –Ele respirou fundo. –Vou cuidar do seu futuro e dos seus irmãos. Vai dar tudo certo.
Alguém passou correndo por nós, mas logo sumiu de vista. Nós fomos mais para dentro do mato.
-Apolo, não estou gostando disso. –Falei a verdade.
-Acredite em mim e me escute sem fazer perguntas. Depois da festa, pela manhã, todos vocês serão mandados para suas casas. Aqueles que não tem ninguém, vai ser dado um jeito. Ou seja, fique o mais tempo possível com aqueles que você mais gosta daqui. Os seus amigos mais chegados, aqueles que são quase irmãos. –Ele fez uma pausa dramática. –Na hora certa, quando todos estiverem precisando de ajuda novamente, você vai se lembrar de tudo. Antes disso, aproveite sua vida mortal da melhor maneira. Pretendo não abandonar você, e você vai ser diferente. Por favor, acredite em mim.
Apolo me abraçou com força, sem eu ter tempo para processar tudo que dissera. No momento, não entendi nada. Meu cérebro rodopiava em excesso de Coca-Cola e Guaraná, estava em um estado elétrico.
-Porque o senhor está dizendo isso? –Perguntei enquanto ele me arrastava de volta pra festa.
Ele virou-se pra mim, agora exibindo o tradicional sorriso ‘Apolo’, aquele pelo qual era conhecido entre todos.
-Para o seu bem. –Piscou e correu para o palco.
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