História Dois mundos e uma paixão - 2 Temporada - Ele faz parte de mim

POV Frisk

  Lá estava Sans... Parado na porta enquanto me lançava um olhar um tanto desapontado. Sua órbita esquerda iluminava o banheiro com uma fraca luz azul. Pensei em diversas possibilidades para sair de lá rapidamente e fugir, mas apenas escorreguei na banheira e caí sentada com o álbum em mãos.

– Frisk... – Ele suspirou e abaixou a cabeça – Lhe pedi para não ficar espionando...

– Me perdoe Sans – Me ajoelhei na banheira e olhei para o álbum em minhas mãos – Mas não consigo entender por que você está tentando impedir que eu compreenda essa história – Folheei até a página onde havia uma foto do Sans e do Papyrus com Gaster – Vocês parecem tão felizes, então por que está tentando esconder a verdade?

– É complicado... – Ele veio até mim e me tirou da banheira – Já que está tão interessada nisso, amanhã eu irei lhe contar tudo o que puder... Eu prometo...

  Eu o segui de volta até o seu quarto e observei enquanto ele tentava esconder o álbum, mas parecia perturbado demais para raciocinar e encontrar um lugar decente. Sans acabou simplesmente colocando-o sobre a prateleira.

– Sans, eu já folheei todo o álbum, por que ainda está tentando escondê-lo?

– Não estou o escondendo de você, mas do Papyrus.

– Como assim?

– Digamos que durante alguns problemas ele acabou esquecendo quem era Gaster... Mas temo que ele possa se lembrar e sofrer internamente – Se virou para mim – Por favor, não conte a ele sobre o álbum ou sobre a passagem secreta.

– Eu prometo, mas alguma hora ele vai precisar saber.

– Estou ciente disso...

  Nos deitamos para dormir, mas ambos tivemos problemas para cair no sono. Acariciei o rosto pálido e gelado do esqueleto, que nem sequer ergueu o olhar. Ele simplesmente passou os braços ao meu redor e me pôs contra seu corpo enquanto sussurrava.

– Eu te amo Frisk... – Suspirei e dei-lhe um beijo na testa.

– Também te amo Sans.

  Acabamos adormecendo após alguns minutos e eu comecei a sonhar. Em meu sonho havia um homem trajando um elegante terno negro. Ele se dirigiu até uma escrivaninha e se sentou enquanto olhava para uma foto. Aproximei-me com cautela, mas alguma força impedia que eu me aproximasse muito. Ao não obter sucesso, decidi chamar por seu nome.

“Gaster?”

  O homem se virou em minha direção e lançou um sorriso amistoso, se levantando logo em seguida. Ele não se aproximou, apenas permaneceu ao lado da escrivaninha enquanto segurava a foto. Pude ouvir sua voz enfraquecida.

“E mais uma vez seus sonhos te levaram à outra realidade. Frisk, está na hora de acordar e descobrir quem sou. Agora vá.”

  Acordei no mesmo instante e olhei para Sans, que ainda dormia. Cautelosamente saí do seu abraço e me levantei, seguindo até a porta do seu quarto. Desci para a cozinha e decidi preparar o café da manhã.

POV Sans

  Acordei sentindo um cheiro muito bom, parecia massa de waffles. Não avistei Frisk em meu quarto, então imaginei que Frisk estivesse na cozinha. Peguei o álbum na prateleira, coloquei debaixo do braço e segui o cheiro. Chegando na cozinha, minha teoria foi confirmada.

– Bom dia Frisk.

– Bom dia Sans.

  Sentei-me à mesa, apoiei os cotovelos e abaixei a cabeça para pensar. Frisk pareceu ter notado meu incômodo, mas não reagiu, apenas continuou o que estava fazendo. Tomamos o café da manhã lentamente e em silêncio, foi extremamente tenso. Assim que terminamos, comecei a falar.

– Frisk... – Ergui meu olhar para ela – Se importa de sair comigo agora?

– E para onde iríamos?

– Falar com Alphys...

– Algum motivo especial?

– Gaster...

– Entendi.

  Eu lavei a louça enquanto Frisk subia para calçar seus sapatos. Assim que terminei, segui até a sala, onde Frisk me aguardava com minha jaqueta em mãos. Joguei a jaqueta sobre os ombros e caminhei para fora de casa com Frisk ao meu lado.

  Seguimos a pé até o apartamento de Alphys e Undyne e permanecemos quietos durante todo o trajeto. Assim que chegamos, nos identificamos na portaria e aguardamos até que o porteiro chamasse pela Alphys, que apareceu rapidamente enquanto gritava para nós.

– Gente! Que surpresa! N..não esperava vocês aqui! – Deu um sorriso enquanto se embaralhava com as palavras.

– Alphys, viemos conversar sobre um assunto sério.

– Muito bem, sigam-me!

  Pegamos o elevador até seu andar e seguimos até a porta de seu apartamento. Alphys nos disse que Undyne não estava em casa, pois precisava comprar algumas coisas. Isso não era ruim, pois poderíamos conversar com Alphys sem interrupções. Assim que chegamos em seu quarto, a cientista começou o questionamento.

– E então? O que incomoda vocês? Problemas reprodutivos? Sans, Você não está mais ativo?

– Alphys! – Senti minhas bochechas corando – N...Não é nada disso!

– Então o que é?

– Gaster...

– Ele?! M...Mas como assim?

– Parece que o doutor decidiu tentar aparecer por aqui.

POV Frisk

  Alphys e Sans conversaram por muito tempo sobre esse tal de Gaster enquanto eu ficava mais confusa. Eu os ouvi dizendo que ele poderia ser perigoso a partir do momento que decidisse “estudar” um humano. Sans parecia extremamente preocupado e dizia constantemente que temia que algo acontecesse comigo. Sem mais delongas, quis matar minha curiosidade.

– Quem é Gaster afinal?

  Os dois se viraram na minha direção e um estranho silêncio tomou conta do lugar por alguns instantes. Sans abaixou a cabeça e retirou o álbum de dentro da jaqueta. Creio que ele pretendia folheá-lo, mas Alphys arrancou o objeto da mão dele e veio até mim.

– “Quem é Gaster?”, não acredito que ouvi essa pergunta – Alphys se virou para Sans – Você já deveria ter contado! Sei que gosta de esconder esse fato, mas Frisk é sua parceira!

– Não tinha confiança para isso... – Seu rosto ficava cada vez mais corado.

– As vezes você fica muito frouxo – Ela voltou sua atenção para mim e parecia extremamente empolgada – Gaster era o antigo cientista real, mas não é só isso – Alphys abriu o álbum na página onde Gaster segurava Papyrus nos braços e Sans estava ao lado dele com um dente faltando em seu sorriso – Ele também é pai!

– Espere, está dizendo que ele...

– Sim! Ele é pai do Sans e do Papyrus! – Alphys folheou o álbum e deu risada ao chegar em uma página – Olha só como era kawaii! – Alphys me mostrou uma foto de quanto Sans era apenas um bebê, ele estava extremamente fofo! Na foto, ele usava um lindo babador com a estampa de um osso e um chapéu que lembrava um cupcake. (Imagem do cap ^w^)

  Sans escondeu a cabeça em seu capuz para tentar esconder o rubor, o que era extremamente cômico. Alphys folheou o álbum enquanto comentava cada foto e me contava sobre Gaster. A ouvindo falar, ele pareceu ser alguém bom, o que não explicava o comportamento estranho de Sans. Logo ele começou a falar.

– Você fala tão tranquilamente, não percebe que ele perigoso? – O capuz abafava sua voz.

– Sans, do que está falando? – Alphys se virou para ele e Sans retirou o capuz da cabeça.

– Não me incomodo que comente minhas fotos de infância, mas não faça Frisk se sentir bem com Gaster...

– Por que não?

– Gaster pode ter sido uma boa pessoa, mas não hesitará em estudar Frisk... Além do fato de ele estar querendo voltar, o que poderia induzi-lo a capturar almas humanas... – Sans teve um momento de clareza e lançou-me um olhar preocupado – Espere um pouco... Frisk, ele te deu duas almas... – Concordei com a cabeça.

– Ele deu duas almas a ela? Como assim? – Alphys questionou.

– Foram as almas usadas para trazer Chara e Asriel de volta... Foi Gaster quem as deu para Frisk.

  Sans e Alphys ficaram em silêncio enquanto pensavam. Creio que entendi o motivo da preocupação deles, mas não consigo imaginar Gaster como alguém ruim. Não tenho certeza, mas creio que Sans esteja exagerando um pouco com sua preocupação.