História Dois mundos e uma paixão - 2 Temporada - Futuros problemas

POV Narradora

  Na manhã seguinte, Sans e Frisk se despediram rapidamente de todos que haviam passado a noite na casa de Mettaton e nem sequer puderam esperaram pelo café da manhã, pois Toriel queria que eles fossem visitá-la. Eles agradeceram pela maravilhosa festa que tiveram e se retiraram logo em seguida.

  Toriel pediu para que Asgore os buscasse e os levasse à sua casa, ela prepararia uma deliciosa torta de canela e caramelo enquanto ele estivesse fora. Asgore dirigiu tranquilamente até a grande casa de Mettaton e, ao chegar, já pôde avistar o casal à distância. Sans e Frisk entraram no carro, afivelaram os cintos e seguiram com Asgore de volta à casa de Toriel.

  Assim que chegaram, puderam sentir o delicioso cheiro que saía pela janela da cozinha e ficaram com água na boca. Toriel os atendeu e pediu para que se sentassem à mesa, pois a torta já estava quase pronta. Sans e Frisk tomaram seus lugares, mas Asgore nãos se uniu a eles, pois precisava terminar de assistir ao seu programa favorito, que estava passando na televisão da sala.

  Em poucos minutos, havia uma maravilhosa torta sobre a mesa e Toriel distribuía pedaços ao casal. Eles degustaram cada pedaço de torta enquanto falavam sobre assuntos diversos.

POV Sans

  Toriel havia feito um ótimo trabalho naquela torta, estava divina. Fazia um bom tempo que eu não comia um de seus pratos, pois andava ocupado demais para visitá-la em horário de almoço. Falávamos sobre como o tempo na região estava chuvoso e que Asgore havia conseguido alagar o jardim, mas logo Toriel se interessou em outro assunto.

– Diga-me, Sans, quando vocês pretendem ter filhos?

– Err.. – Asgore lançou-me um olhar frio e se preparou para me espancar dependendo da minha resposta – Não tão cedo, não estamos prontos... – Asgore voltou a prestar atenção em seu programa.

– Entendo. Você está certo, precisam sentir que estão prontos antes de tentarem algo desse nível – Asgore balbuciava no sofá e Toriel percebeu – Ouço seus resmungos, Dreemurr!

  Asgore levantou um pouco o tom de voz para que pudéssemos ouvi-lo sem que precisasse sair do sofá. Ele dizia que estava cedo demais para nos questionar sobre filhos, mas sabíamos que na verdade ele estava com ciúmes de Frisk. Toriel o retrucou, ele fez o mesmo, ela continuou e logo aquilo virou uma discussão extremamente cômica.

  Nos divertíamos com a situação, mas logo minha atenção foi tomada pelo meu celular, Alphys estava me ligando. Eu a atendi e mesma pediu para que eu fosse até sua casa, pois tinha algo para me contar, parecia ser importante. Ela não disse mais nada, apenas encerrou a ligação.

– Frisk, Alphys precisa de mim.

– Sério? Não pode ficar mais um pouco?

– Parece ser algo importante, é melhor resolver logo.

– Ok, guardo um pedaço de torta para você comer mais tarde.

– Obrigado, pirralha – Toquei-lhe os lábios suavemente.

  Me despedi de Toriel e Asgore, mas eles não me deram muita atenção, pois estavam mais interessados em sua discussão. Usei alguns de meus atalhos para chegar mais rápido ao apartamento da cientista, ela já me esperava na portaria. Fomos juntos até o elevador e aguardamos pacientemente até que ele chegasse ao andar de seu apartamento, permanecemos em silêncio durante todo o percurso. Assim que o elevador parou, saímos do mesmo e seguimos até a porta de seu apartamento, Alphys a abriu para que eu entrasse.

– E então, sobre o que queria falar?

  Não obtive resposta, ela apenas fez um sinal com a mão pedindo para que eu entrasse em seu quarto, assim eu fiz. Alphys trancou a porta e sentou-se na cama, parecia constrangida.

– S..Sans, por favor não ache isso estranho, mas... – Ergueu levemente seu olhar – Pretende ter filhos com Frisk?

– Bem, sim. Estava com vergonha de me perguntar isso?

– De certa forma...

– Heh, fique tranquila – Sentei-me na cadeira que estava à frente da escrivaninha – Sempre me questionam sobre isso.

– Por Asgore, não sei como te dizer...

– Do que está falando, Alphys?

– Sans... – Uma expressão triste tomou conta de suas feições – Você não pode dar uma criança à Frisk.

– Como assim? Não posso?

  Alphys apontou para o laptop atrás de mim. Girei a cadeira para me pôr de frente para a escrivaninha e ergui a parte de cima do laptop para ver a tela. Deparei-me com vários arquivos abertos, todos sobre humanos e monstros.

– Tenho pesquisado muito sobre isso, pois gostaria de saber como seria a prole de vocês... Seria algo novo, um híbrido...

  Continuei vasculhando os arquivos e pude ver diversos testes virtuais de combinação genética entre monstros, estudos sobre humanos... Mas o que me preocupou foi um arquivo nomeado de “incompatibilidade genética”.

– Sans... Uma “mistura” entre você e Frisk seria impossível...

– Alphys – Me virei em sua direção – Você tem certeza disso?

– Veja bem, somos diferentes demais dos humanos. Nunca houve relatos sobre monstros e humanos reproduzindo... Ou nunca tentaram ou nunca deu certo.

– Me recuso a aceitar! – Levantei-me da cadeira e caminhei até a janela.

– Sans, infelizmente é a verdade...

– Você mesma disse, “ou nunca tentaram ou nunca deu certo” – Olhei para ela – Existe uma boa chance de nunca terem tentado, então está na hora de fazer o teste.

– Pode ser uma mistura genética perigosa para a prole... Pode ser que nem se forme uma...

– Não custa tentar.

  Não fiquei muito tempo no apartamento de Alphys, pois precisava ir para casa e aquele assunto estava me irritando. Ao chegar em casa, vi que estava sozinho, Papyrus provavelmente iria passar outra noite na casa de Mettaton... Ainda não consigo aceitar esse casal. Talvez seja... ciúmes do meu irmão?

  À noite recebi uma visita inesperada, era Frisk. Ela parecia extremamente feliz em me ver novamente e nem sequer precisou de um convite para adentrar minha residência, pois se sentia em casa. Nos sentamos no sofá e ficamos quietos por alguns instantes, mas logo ela quebrou o silêncio.

– E então, sobre o que Alphys queria falar? – Senti um gelo em minha espinha.

– Nada realmente importante, esqueça isso...

  Me aconcheguei ao seu lado e posicionei minha mão suavemente em seu ventre enquanto uma sensação ruim tomava conta de mim. Frisk tocou minha mão e entrelaçou nossos dedos.

– Hey, tenho uma boa notícia.

– Ok, diga.

– Asriel e Chara decidiram seguir nosso exemplo, eles estão planejando um casamento.

– Heh, isso é bom. Eles formam um par interessante – Parei para pensar por alguns instantes e me lembrei que Frisk nunca me contou como havia conseguido as almas para que eles voltassem – Hey, posso perguntar-lhe algo?

– Claro, fique à vontade.

– Sobre Chara e Asriel, como os trouxe de volta?

– Levei duas almas até Alphys e ela cuidou do resto.

– E onde conseguiu as almas? Lembro bem que tivemos diversos problemas para encontrar uma única alma, então como conseguiu duas tão facilmente?

– Bem... É complicado – Ela soltou minha mão e pareceu estar desconfortável – Um ser as deu para mim...

– Que tipo de ser?

– Um homem. Trajava um longo tecido negro que parecia derreter e trazia consigo duas cápsulas com almas humanas.

– Entendo... – Fiquei apreensivo – E como era a aparência desse ser?

– Parecia haver duas longas rachaduras em sua face branca e um largo sorriso macabro decorava o que parecia ser sua boca.

  Meu mundo pareceu ficar em câmera lenta e uma grande sensação de medo tomou conta de mim. Eu sabia exatamente quem havia dado as almas à Frisk, mas precisava de confirmação. Não era possível que estaria novamente em nosso mundo... Poderia ser perigoso.

  Seria realmente “ele”?

...

...

...

  Seria realmente... Gaster?