História Dois mundos e uma paixão - 2 Temporada - Confirmação...

POV Sans

  Sugeri que Frisk passasse a noite comigo, pois adoraria ter sua companhia, mas na verdade estava preocupado e queria poder vigiá-la. Frisk nunca havia me contado como conseguiu as almas para Chara e Asriel, mas agora eu sabia e estava ciente de que poderia ter sido perigoso. Estava perdido em meu devaneio, mas rapidamente fui trazido de volta à realidade por Frisk, que tocava meu rosto suavemente.

– Sans? Você está bem?

– Heh, estou. Estava apenas pensando... – Desviei meu olhar e permaneci em silêncio por alguns segundos, mas logo voltei minha atenção à Frisk novamente – Se importa de me acompanhar? Preciso fazer um teste.

– Tudo bem.

  No Underground, eu tinha meu quarto secreto e o escondia nos fundos da minha casa. A chave daquele local sempre esteve escondida em meu quarto, mas me lembro que Frisk havia conseguido uma maneira de fazer com que eu lhe desse a chance de encontrá-la. Provavelmente ela ainda deve se lembrar daquele “quarto secreto”. Quando viemos para a superfície, senti a necessidade de recriar algo parecido para continuar tentando esconder tudo, mas em um local diferente.

  Pedi a Frisk que me esperasse, pois precisava buscar algo, ela assentiu. Subi as escadas e fui ao meu quarto, onde peguei uma pequena chave que eu escondia. Desci até onde Frisk estava e a levei para o canto da sala, onde havia um pequeno armário de madeira.

– Não me questione muito sobre o que vai ver agora, pois não posso lhe explicar se não tiver a confirmação de algo primeiro.

  Ao empurrar o armário, podíamos ver que uma pequena parte do piso estava solta. Retirei a parte solta e deixei à mostra uma passagem secreta no chão. Usei a pequena chave para abrir a passagem e relevei um tipo de túnel com uma escada que levava para baixo.

– Bem, agora é só descer.

  Liberei espaço para que Frisk pudesse descer primeiro, fazendo o mesmo logo em seguida. Após descer a longa escada, chegamos a uma porta trancada que só se abriria com um código. Caminhei até um painel na parede e digitei a senha, destrancando a porta.

– Frisk, bem vinda ao meu quarto secreto.

POV Frisk

  Sans deu um grande empurrão para que a porta abrisse, parecia ser bem pesada. Assim que entrei, senti um calafrio. Aquele lugar era sombrio, a única iluminação vinha dos painéis dos computadores. 

  Sans caminhou até o interruptor, acendeu as luzes do local e finalmente pude entender o que havia lá. Eram três computadores grandes com arquivos em uma escrita que eu não conseguia entender. Havia uma mesa com papelada sobre ela, papéis amassados jogados no chão, cabos por todos os lados e, para a minha surpresa, a “máquina misteriosa” ainda coberta por um tecido. Eu reconheci aquilo na hora, era a mesma máquina que eu havia visto na casa do Sans em Snowdin.

– Sans, você a trouxe para cá?

– Hm? – Ele olhou para a máquina – Ah, sim. Não podia deixá-la para trás – Voltou a mexer em algumas gavetas – Ela é importante.

– E porque exatamente ela é importante?

– Você vai saber na hora certa – Retirou um pedaço de papel em branco, levou até a mesa, pegou uma caneta preta e começou a desenhar.

  Olhei em volta e fiquei imaginando o que tudo aquilo significava e por que era tão importante para ele. Não era como o antigo quarto secreto do Sans, havia muitas outras coisas estranhas naquele lugar.

  Assim que terminou seu desenho, Sans pediu que me sentasse em uma das cadeiras do local e que não escondesse informação alguma. Mesmo preocupada e um pouco assustada, eu assenti.

– Frisk... – Ele me entregou o desenho – Esse era o ser que lhe deu as almas? – Olhei para o desenho e concordei com a cabeça, era exatamente ele.

– Sim, você o conhece? – Levantei meu olhar para o Sans.

– Conheço... – Ele cruzou os braços e desviou o olhar – Por que raios não me contou isso antes?

– Não parecia ser tão importante, então acabei esquecendo – Voltei a olhar para o desenho – Quem é ele?

– Doutor W.D. Gaster, um cientista...

– E de onde você o conhece? São amigos?

  Sans não me respondeu, apenas se virou, apoiou-se em uma escrivaninha e abaixou a cabeça. Levantei-me com o desenho em mãos e decidi dar uma olhada no lugar. Acabei me deparando com um pequeno álbum de fotos, era do tamanho da minha mão. Ao abri-lo, encontrei fotos do Sans com o homem misterioso, havia até fotos em que Papyrus aparecia.

– Frisk? O que está fazendo? Em que está mexendo?

– N...não é nada!

– Vire-se e mostre as mãos – Ele vinha na minha direção, precisava agir rápido. Escondi o pequeno álbum dentro da minha blusa e me virei rapidamente, erguendo os braços – Muito bem... Não é bom ficar espionando.

– Sans, o que está te incomodando? Você está agindo de forma estranha – Cruzei meus braços e adotei um ar sério, mas na verdade só estava segurando o álbum, que havia deslizado pela minha barriga.

– Frisk... Adoraria te dizer... Mas não é a hora certa. Eu ainda irei lhe explicar tudo, mas não hoje.

– Entendi.

– Agora vamos sair daqui, já teve mistério o bastante por um dia.

  Eu o acompanhei até a porta, saí primeiro e o observei enquanto trancava a mesma com a senha que havia usado antes. Subir as escadas foi um pouco complicado, pois temia que o álbum acabasse caindo, mas no final deu tudo certo.

  Ajudei o Sans a esconder a passagem novamente e tentei segui até a cozinha na esperança de poder esconder o álbum, mas Sans decidiu que queria me fazer companhia justo naquela hora e tentava fazer com que eu ficasse na sala para termos um momento juntos.

– Sans, só me dê um minuto.

– Você está agindo de forma estranha. Está tudo bem, Frisk?

– Eu... Eu... – Estava com medo que ele acabasse encontrando o álbum, então disse a primeira desculpa que me veio à mente – Preciso ir ao banheiro!

– Ok, bastava ter dito.

  Subi as escadas rapidamente e me tranquei no banheiro. Meu plano de esconder o objeto na cozinha havia fracassado, então precisaria escondê-lo onde estava mesmo. Assim que encontrei um bom esconderijo para ele, saí do banheiro e voltei para a sala.

  Passei cerca de uma hora me divertindo com o Sans e torcendo para que ele não decidisse tomar um banho. Às 23h, decidimos que estava na hora de dormir, então subimos juntos e seguimos até o quarto do esqueleto.

– Aliás, Sans, onde está Papyrus?

– Provavelmente passando outra noite na casa do Mettaton – Pude ver que ele se incomodou com a pergunta. Sabia que ele tinha ciúmes do irmão, então me diverti com seu incômodo.

  Sans adormeceu rapidamente, o que foi bom. Precisava ir ao banheiro e dar uma olhada no álbum, pois aquela poderia ser minha única chance. Sans e eu não estávamos colados um no outro, então pude me levantar sem que ele percebesse.

  Caminhei cautelosamente até o banheiro, retirei o álbum de onde eu havia o escondido e me sentei na banheira. Comecei a folheá-lo e prestei bastante atenção em cada foto que via.

  Sans estava contente em todas as fotos e parecia extremamente feliz ao lado desse tal de “Gaster”, o homem misterioso. Acabei me deparando com uma foto que chamou bastante minha atenção... Gaster segurava Sans nos braços, mas ele tinha a aparência de um bebê e estava extremamente fofo. Em algumas, Sans estava um pouco mais velho e ele e Gaster estavam acompanhados de Papyrus, também como um bebê.

– Vocês eram... uma família? – Eu pensava em voz alta.

  Gaster talvez tenha criado Sans e Papyrus como membros de sua família, até mesmo como possíveis filhos. O que poderia ter acontecido com ele?

  Quando me dei conta, já havia passado um bom tempo analisando o álbum... Precisava voltar para a cama antes que Sans percebesse que eu havia saído do quarto.

  Levantei-me e estava prestes a sair da banheira quando ergui a cabeça e olhei para a porta... Lá estava Sans.