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História Dois Verões - Mais uma história de verão


Escrita por: MiaLehoi

Notas do Autor


Gente, eu quase infartei com todos esses comentários maravilhosos!!
Mas sobrevivi (depois de muitos surtos e gritinhos animados) e agora to aqui com mais um capítulo.
E olha, diabéticos que se cuidem, porque esse tá puro açúcar.

Capítulo 20 - Mais uma história de verão


Denise foi a primeira a acordar no quarto feminino. Levantou-se preguiçosamente, checou as mensagens no celular e saiu para tomar um banho. Só quando voltou, já trocada, é que reparou no bilhete que Gabriela deixara sobre o criado-mudo ao lado da cama. Ela confessara em poucas linhas que não se sentia pronta para encarar Cascão por mais um dia inteiro e pedira mil desculpas por não ter acordado as amigas para se despedir. Mas nem precisava, a ruiva pensou, chegando à conclusão de que ela faria a mesma coisa.

Se fosse mais corajosa, é claro.

Suspirando pesadamente, ela saiu do quarto para tomar café da manhã. Odiava acordar antes de todo mundo e sabia que só estava de pé tão cedo porque não conseguira dormir direito de jeito nenhum.

Travou antes mesmo de conseguir chegar à cozinha. Xaveco dormia num colchão ao lado do sofá, com o rosto enterrado no travesseiro e o lençol todo embolado nas pernas. Sem conseguir evitar, ela o observou pelo que parecia uma eternidade. Os cabelos loiros se espalhavam para todos os lados, deixando visível uma marca arroxeada no pescoço, que fez o rosto dela corar levemente. A menina se deixou assistir o jeito com que as costas dele subiam e desciam num ritmo constante por causa da respiração, mas quase deu um salto quando ele se remexeu um pouco, mudando de posição.

Envergonhada, com o coração disparado e temendo ser flagrada, ela correu de volta ao quarto, se apoiando na porta agora fechada para se estabilizar um pouco. Marina acordou por conta da movimentação repentina, logo reparando que fora a amiga que fizera o barulho.

- Você tá bem, Dê? – a morena questionou, preocupada.

- Sim. – ela respondeu, ainda com os olhos arregalados. – Tudo perfeito.

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Foi só perto da hora do almoço que Cascão se levantou. Franja, Cebola e Do Contra não estavam no quarto e o púnico colchão ocupado era o de Nimbus, que dormia feito uma pedra. Logo depois de escovar os dentes e lavar o rosto o garoto encontrou Xaveco indo para o quarto, provavelmente para cochilar mais um pouco por lá, já que os lugares estavam vazios.

- Cara, a Cascuda teve que ir pra casa. – o loiro contou, parecendo sonolento. – E pediu pra eu te dizer que ela sente muito. Você deve saber o porquê, porque isso ela não me disse. – deu de ombros, antes de continuar seu caminho.

O moreno encarou o corredor, em parte aliviado, porque ele mesmo não sabia como encará-la depois da noite passada, e em parte chateado por ter chegado a esse ponto. Sentia uma sensação esquisita no estômago, que não sabia descrever. Talvez fosse apenas o medo do desconhecido, ou talvez todas aquelas canções sobre términos estivessem com a razão. Mesmo que fosse a coisa certa a se fazer, nunca era fácil.

Encontrou Magali sentada junto ao balcão da cozinha. Por mais que estivesse triste por causa de seu namoro, só a visão do sorriso dela fora suficiente para lhe causar algumas borboletas. Ela e Do Contra olhavam alguma coisa em um notebook, enquanto Marina e Franja pareciam tentar preparar alguma coisa no fogão, os dois rindo mais do que fazendo qualquer coisa.   

- Amor, você disse que sabia fazer! – Marina riu alto, mexendo no conteúdo da panela.

- Mas eu sei! – Franja protestou, fazendo os outros três rirem ainda mais. – Eu juro que tá bom!

- Será que alguém vai ter coragem de comer isso? – comentou Magali, indo até lá dar uma olhada na mistura.

- Eu como! – Do Contra respondeu, atraindo todos os olhares para si – Ué, algumas comidas feias são as melhores. – deu de ombros.

- Só o Do Contra mesmo pra comer essa gororoba... – Magali sorriu – Vem cá, Cas! Seu voto vai ser o de desempate. – chamou. Só então os outros repararam na presença dele, que seguiu até o fogão bastante desconfiado.

Haviam duas panelas no fogão. Uma cheia com um macarrão devidamente cozido e a outra com um creme estranho que parecia uma mistura de tudo o que havia na geladeira com pedacinhos de presunto picado. Por mais que a aparência estivesse péssima, o cheiro não era ruim.

- Eu tenho que comer isso? – arqueou as sobrancelhas, encontrando vários olhares em resposta. Marina ria animadamente e Franja parecia suplicar com o olhar. Cascão ponderou suas opções e por fim resolveu dar uma chance à comida do amigo, mesmo imaginando que se arrependeria depois. Bem, não podia ser pior do que as comidas que ele e Cebola faziam quando ficavam sozinhos em casa e precisavam almoçar.

Surpreendentemente aquele era um dos melhores molhos que ele já havia provado. A consistência era um pouco estranha, mas havia o sabor de queijo derretido, azeite, azeitonas e outras coisas que ele não soube identificar. De algum jeito, tudo se misturava de um jeito muito bom.

- Véi... – ele arregalou os olhos, criando expectativa nos outros – O DC tá certo. Esse troço merece o prêmio de melhor comida feia que já comi na vida!

Franja abriu um sorriso vitorioso, enquanto as garotas o olharam com expressões chocadas. Do Contra riu, murmurando um “eu avisei” antes de sair da cozinha se espreguiçando.

- Eu não disse? Agora ou ter que te castigar por ter ficado me zoando... – o garoto sorriu marotamente, olhando para a namorada, que arregalou os olhos.

- Ah não! – ela deu um gritinho quando o menino a abraçou e começou a enchê-la de cócegas, fazendo-a soltar gargalhadas exageradas e se contorcer tentando se soltar. Cascão assistiu aquela cena de casal, ficando um pouco sem graça quando eles começaram a se beijar apaixonadamente, parecendo nem se importar com os amigos segurando vela. Magali apontou a porta da cozinha e saiu andando, sendo seguida por ele.

- A Cascuda me contou que vocês terminaram... – ela comentou, ao vê-lo parado no meio da sala ainda encarando a porta. – Tá tudo bem?

- Tô... – murmurou, sem ter muita certeza. Se sentira meio idiota ao ver o casal de amigos parecendo tão bem. Há tempos ele deixara de ser um namorado afetuoso. No começo da adolescência ele costumava levar Gabriela ao cinema, comprar cartões e entregar flores para ela no meio da escola toda no dia dos namorados. Agora, olhando Magali, ele tinha vontade de fazer todas essas coisas de novo.

- Se você precisar conversar... Pode falar comigo, ok? – ela sorriu, apertando a mão dele.

Cascão não soube o que dizer, então apenas retribuiu o gesto, tentando de todo jeito enfiar na cabeça que aquilo era apenas um gesto de amizade. Do Contra, esparramado no sofá de dois lugares com o celular na mão, os encarou com um olhar que ele não soube identificar, mas logo abriu um meio sorriso e voltou a atenção ao que fazia antes.

- Magá... – começou, lembrando-se de algo muito importante. – Me desculpa por ter sido grosso com você aquele dia. Eu fui um idiota.

- Eu sei. – ela riu baixinho – Tá desculpado.

Cascão sorriu de volta. Por mais que tudo estivesse confuso em sua cabeça, agora ele sabia que estava livre para seguir seu coração. Quem sabe ali não fosse o começo de uma nova fase?

Seria ainda mais especial se fosse com ela.

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Depois de almoçarem o macarrão de Franja (que surpreendeu a todos) a turma se concentrou em aproveitar o dia na praia. Haviam algumas nuvens carregadas no céu, mas o sol brilhou durante a tarde quase toda, permitindo que as garotas tomassem sol e brincassem no mar, enquanto os meninos jogavam vôlei e faziam bagunça. Talvez por ser a última oportunidade de aproveitar aqueles momentos juntos, as desavenças foram momentaneamente esquecidas e os jovens tentaram se divertir o máximo possível.

- Sabem o que eu estava pensando? – comentou Cebola, com sua expressão mais séria – Em todos esses dias eu não vi o Cascão entrar no mar nenhuma vez.

Os outros meninos se entreolharam, todos tendo a mesma ideia. Cascão arregalou os olhos, prevendo o que iria acontecer a seguir e se levantou da areia apressadamente. De qualquer jeito, não foi rápido o suficiente para fugir dos amigos, que partiram para cima dele, todos dando um jeito de segurá-lo. Ele gritou, xingando qualquer palavrão que lhe viesse à cabeça, enquanto se debatia tentando se soltar das mãos que seguravam seus braços e pernas. Mas por mais forte que fosse, não era o bastante para livrar-se de todos os meninos ao mesmo tempo.

As meninas riram alto enquanto assistiam o garoto ser jogado dentro da água. Segundos depois ele emergiu, fazendo os outros saírem correndo desesperadamente da água. Cebola notou que o amigo vinha direto atrás dele e se enfiou na rodinha das garotas, se escondendo atrás de Magali porque sabia que o amigo não faria nada com ela, nem de brincadeira.

- Ah seu careca de uma figa! – o moreno gritou, aborrecido – Uma hora você vai ter que sair daí!

- Pode ficar, Cebola! Eu te protejo! – Magali riu, abrindo os braços para tentar esconder o garoto.

- Até você nesse complô, Magá? – Cascão arqueou as sobrancelhas, analisando o sorriso maroto dela. – Isso pede medidas drásticas. – anunciou, antes de puxá-la pela cintura e levantar no ar.

A garota deu um gritinho, só então entendendo o que ele queria fazer. Enquanto ele corria para o mar novamente, ela também esperneou, estapeando os ombros dele de leve. O garoto foi até a água estar mais ou menos em sua cintura, para só então soltá-la, fazendo-a molhar inclusive a canga que tinha amarrada nos quadris. Ela riu, fazendo pequenas ondas para jogar nele, que não se importava mais em estar encharcado.

Nimbus observou a cena toda com um sorriso no rosto. Era muito bom estar ali com os amigos e com certeza aquela semana havia sido a melhor de sua vida. Magali saíra da água torcendo a própria canga e foi se sentar ao lado de DC, enquanto Cascão voltou a perseguir Cebola, que continuou se escondendo atrás das meninas até que finalmente foi pego e levou um mata-leão do amigo. Franja lia um livro sentado numa cadeira reclinável enquanto Marina e Denise batiam papo animadamente. Bia e Xaveco correram para a água com suas pranchas de surf, enquanto Mônica contava quem deles dois conseguia ficar mais tempo de pé.

Ficaram lá por mais um bom tempo, até que ela veio se sentar ao lado dele. Ela estava exausta depois de várias quedas, mas continuava bem-humorada, rindo das piadas idiotas que ele contava. Aos poucos alguns pingos de chuva começaram a cair sobre eles. Cascão foi o primeiro a correr para dentro de casa e logo os outros o seguiram, mas eles dois não fizeram menção alguma de sair dali. Só quando a chuva já estava grossa o bastante para deixá-los encharcados, a garota se levantou, puxando-o pela mão.

- O que foi? – ela perguntou, arqueando as sobrancelhas ao notar que o menino ainda não parecia disposto a ir pra dentro.

- Sabe... – ele começou, abraçando-a pela cintura – Acho que eu vou largar tudo e vir pra cá ser surfista com você. – comentou, como se estivesse falando muito sério.

Ela riu alto, desacreditado. Ele sorriu antes de beijá-la, sem se importar com a chuva ou com os amigos que ainda poderiam estar olhando. Por mais que não tivessem conversado a respeito, sabia que não iriam muito além disso. Ainda assim era bom aproveitar aqueles momentos juntos.

Era engraçado como no início ela não prestara muita atenção nele. E Nimbus... Bem, ele só estava mesmo afim de se divertir o máximo possível. Mas depois do luau, em que acabaram fazendo amizade sabe-se lá como e ele conheceu várias pessoas ali da praia, uma amizade acabou surgindo. E entre a festa de Carmem, em que riram de praticamente tudo o que o outro dizia e o pôr do sol depois daquele churrasco, acabou acontecendo. A turma estava tão ocupada com seus próprios dramas que nem reparou, o que deu espaço para o casal se conhecer melhor e aproveitar tudo sem compromisso.

- Acho que eu que vou desistir de tudo e virar assistente de mágico. – ela sorriu, tirando uma mecha de cabelo dele que escorrera para a frente dos olhos. Não tinha muita certeza de onde surgira aquela química entre eles, mas bem, estava ali. E era ótimo.

Continuaram aos beijos no meio da praia, embaixo de chuva, com o sol já surgindo entre as nuvens pesadas. Durou muito e ao mesmo tempo pouco demais, como todos aqueles dias. Era só mais uma história de verão afinal.

Da varanda, Do Contra e Xaveco observaram a cena, ambos boquiabertos. Por mais que Xaveco já tivesse suas suspeitas de que eles estavam tendo alguma coisa, ela nunca confirmava nem negava. Bia era muito reservada com seus romances, então não costumava fazer cenas como aquela. Ah, mas ele ia zoar tanto no outro dia...

- Desde quando isso tá rolando? – perguntou DC, com uma expressão chocada.

- Cara, eu achei que você fosse mais observador. – o loiro riu – Acho que desde o luau, ou da festa da Carmem, não sei.

- Até meu irmão se deu bem nessa viagem... – ele riu baixo, deixando o resto da frase implícita.

- Acho que eu vou querer uma cerveja. – o outro respondeu, franzindo a testa. Ainda que não estivessem falando claramente, os dois podiam reconhecer um no outro aquela expressão de dor de cotovelo. – Bora?

- Bora. – Do Contra respondeu, rindo.

Era impressionante como as amizades podiam surgir nessas horas. 


Notas Finais


Bom, tenho muitas coisas pra comentar dessa vez, então perdoem se as notas ficarem gigantescas.
Primeiro eu preciso agradecer por todos os comentários! Eu não esperava tantos!! Fiquei radiante, na boa. (acho que isso se refletiu no capítulo, porque ta todo feliz hahaha)
Bom, também preciso falar que Bia e Nimbus não foi algo que eu tinha planejado no começo da fic, mas acabou acontecendo. Como achei muito fofo e muita gente também gostou, decidi colocar essa ceninha dos dois! E foi uma fofura pra escrever!
Em terceiro lugar, eu to MUITO feliz, não só pelos comentários, mas porque essa é a primeira vez desde 2008 que consigo chegar ao capítulo 20 de uma fic. (e a outra que cheguei tinha capítulos muito curtos, então teve bem menos palavras do que essa) Tá sendo muito divertido escrever essa história e eu fico muito feliz que vocês estejam embarcando nela comigo! Sério! To tão animada hoje que quero colocar exclamações em todas as frases!
E por fim, o título desse capítulo foi tirado da música História de Verão, da Forfun. Foi meio sem querer, mas o clima da música combina com o da fic, então... Gostei.
Enfim, por hoje é isso.
Kisses ♥


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