História DollHouse - Capítulo Único

– Aiden, Tyler, não corram – gritou a mãe de ambos.

– Querida – falou seu marido – deixe-os brincar.

– Chelsie, o que achou da casa nova? – Perguntou a irmã mais velha para a irmã que parecia encantada.

– Parece uma casa de boneca – sorriu a pequena de sete anos – olha Kim, uma boneca.

A garotinha correu até a varanda e pegou a pequena boneca de pano, a família Thompson havia acabado de se mudar, sua antiga casa era pequena e com mais um Thompson vindo ao mundo a tendência era trocar de casa, por isso o Sr. Thompson procurou muitas casas, até que achou a grande casa de bonecas, segundo a pequena Chelsie.

– Vamos entrar – falou o Sr. Thompson.

– Eu fico com o quarto do meio – gritou os gêmeos ao mesmo tempo – para de ler minha mente. Cala a boca seu idiota. Mãe!

– Meninos, não briguem – falou a Sra. Thompson calmamente.

– Vou arrancar sua cabeça – gritou o mais magro e correu atrás do irmão escada acima.

– Isso aí – gritou Kimberly – aproveita e enterra ele no quintal.

– Kim – repreendeu sua mãe.

– Desculpe – a loira sorriu e foi até a sala.

Mudar nunca foi um desejo de Kimberly, mas ao estar naquela casa, ela finalmente sentiu que seria um novo começo, aquela casa lhe conquistou de tal maneira que nenhuma outra conseguiu, os Thompson começaram a arrumar a casa, ao final do dia estava quase tudo pronto no andar de cima, a sala ainda estava fora do comum, assim como a cozinha e o escritório.

– Alguém quer Pizza? – Gritou o Sr. Thompson chegando a sala e vendo todos adormecidos no sofá – ei pessoal, qual é.

– Pai? – Kim chamou do corredor e ele olhou para o lado vendo a filha olhando-o confusa.

– Estamos aqui – ela indicou a cozinha.

Ele olhou para a sala e não havia ninguém no sofá, o mesmo piscou distraído e imaginou ser o cansaço brincando com sua mente, ele caminhou até a cozinha e todos se agraciaram com a pizza.

– Mãe – gritou Chelsie – manda o Aiden me devolver a boneca.

– Aiden, devolve a boneca da sua irmã – falou a mulher cansada.

– O que tem de tão importante nessa boneca? – Ele começou a rasgar suas roupas e também toda a sua costura, deixando o enchimento se espalhar por toda a cozinha.

– MÃE – Chelsie gritou novamente e começou a chorar, em seguida deu um soco no irmão e saiu correndo.

– Chelsie volta aqui – gritou seu pai e em seguida olhou para Aiden – o que deu em você?

Aiden olhou para suas mãos e viu-as vermelhas, sangue pingava delas, o garoto parecia apavorado, então sacodiu as mãos e correu para lava-las.

– Aiden – a Sra. Thompson chamou – o que houve?

– A senhora não vê? – Ele mostrou as mãos ensanguentadas – estão sangrando.

– Deve estar alucinando de cansaço – riu a mulher – vá já para o seu quarto e amanhã, trate de pedir desculpa para sua irmã.

O garoto olhou da mãe para a mão e a mesma estava normal, então ele subiu em direção ao quarto, Kimberly catou todo o enchimento e todos os pedaços arrancados da boneca e entregou a sua mãe, para que a mesma pudesse conserta-la.

– Aonde ela achou essa boneca? – Perguntou o Sr. Thompson – parece velha e suja.

– Ela achou na frente da casa pai – Kim levantou e pôs o prato na pia – é só uma boneca, não faz mal, boa noite a todos.

Kimberly saiu deixando seus pais e seu outro irmão na cozinha.

– Tyler – chamou sua mãe – está na hora de dormir, não acha?

Ele assentiu distraído e subiu para o quarto, logo todos se puseram a ir dormir, as três da manhã o relógio deu doze baladas, a pequena Chelsie acordou e percebeu sua boneca consertada no pé da cama, a mesma abraçou a boneca e deitou novamente, adormecendo em seguida.

No dia seguinte todos acordaram indispostos e se puseram a arrastar-se até a cozinha.

– Bom dia família – falou o Sr. Thompson.

– Bom dia – responderam num uníssono.

Apenas a pequena Chelsie parecia animada.

– Mãe, posso brincar no jardim? – Perguntou a mesma.

– Sim querida, logo após o café da manhã, tudo bem?

– Sim – ela falou animada e começou a degustar do seu café da manhã.

– Pelo visto todos estamos gripados – falou a Sra. Thompson – menos a Chelsie.

– Posso faltar à escola? – Aiden perguntou e a mãe negou, logo o olhando e franzindo o cenho.

– O que houve com seu braço? – Perguntou a mesma.

– Me machuquei enquanto dormia, eu acho – respondeu sem dar importância e voltou a comer seu cereal.

– Está escondendo algo Chelsie? – Kim perguntou desconfiada vendo a irmã menor se esconder atrás do prato.

Todos olharam para a menor que parecia assustada.

– Ela me prometeu que se eu escolhesse alguém, eu poderia ter muito mais brinquedos – falou a pequena e para seus familiares, aquilo não fez o mínimo sentido.

– Ela quem? – Perguntou seu pai.

– A menina pai, aquela menina que dorme no espelho do meu quarto – falou a pequena sorridente.

– O que mais ela disse? – Perguntou sua mãe.

A menina negou com a cabeça e correu para o jardim.

– Deve ser coisa da cabeça dela – Kim riu descontraída – olha isso, é só um machucado.

Todos deram de ombros, mas que algo estranho havia naquelas palavras da pequena, tinha.... O dia então iniciou, Kimberly foi para o trabalho, Tyler e Aiden de 16 anos foram ao colégio, Sr. Thompson foi ao trabalho e sua mulher ficou em casa com a pequena Chelsie.

– Ei mãe, o que acha de brincarmos de esconde-esconde? – Perguntou a pequena tirando a mãe do breve devaneio.

– Vamos lá – sorriu a mãe animada.

A garota sorriu macabra e pôs sua mãe para contar, então correu para a réplica da casa no segundo andar, havia quatro bonecas, e três bonecos que a mesma havia tomado do quarto de seus irmãos, ela movimentou a todos, brincou como se aquilo fizesse parte do esconde-esconde, horas se passaram até que a mãe encontrou sua filha sentada no chão encarando a tudo.

– Me desculpe – sussurrou – ela me obrigou.

– Do que está falando Chelsie? – Perguntou a mulher confusa, só depois que a mesma olhou para a casa de bonecas é que ela havia entendido, havia uma boneca com a cabeça arrancada – tudo bem meu amor, nós consertamos ela.

– Não dá – levantou com a boneca que havia encontrado na frente da casa – ela morreu.

– Chelsie, seu irmão rasgou essa boneca, aonde achou?

– No pé da minha cama – sorriu e virou-se para encarar sua mãe – a menina do espelho me deu.

A mãe não prestou atenção nas palavras, ela só prestava atenção no vestido amarelo da criança, que havia mãos ensanguentadas.

– Chelsie, aonde se sujou? – Perguntou a mulher.

– Aqui – ela apontou para onde estava sentada – a boneca jorrou muito sangue, foi difícil fazer parar.

A Sra. Thompson estava aterrorizada, não fazia ideia do que estava acontecendo, não fazia ideia do porquê sua filha tão doce parecia tão psicopata de uma hora para outra, qualquer explicação seria bem recebida, a mulher pegou sua filha, trocou sua roupa e correu para o hospital mais próximo, uma avaliação médica, era disso que a garota precisava, ou ao menos era isso que sua mãe imaginava, horas se passaram, o psicólogo fez várias perguntas e a garota parecia qualquer outra criança inocente e doce, então quem precisou ser avaliada ao final foi a mulher, pois sua filha não tinha nenhum indicio de transtorno ou qualquer que fosse a doença que ela imaginava, a noite as duas chegaram em casa e a menina foi posta na cama sem hesitar, sua mãe foi até a cozinha e viu o restante dos seus familiares, tirando o chefe da família.

– Aonde está seu pai? – Perguntou a mulher.

– Ainda não chegou – Kim respondeu – aonde esteve o dia todo?

– No hospital, sua irmã anda meio estranha, mas segundo os médicos, sou eu quem sofre de problemas mentais.

– Volto já – Tyler levantou e foi até o jardim.

– Como foi o dia de vocês?

– Normal – Aiden respondeu estático.

– Está tudo bem Aiden? – Kim o olhou confusa.

– Talvez eu devesse ir dormir – o mesmo caminhou para seu quarto deixando as duas a sós.

– Ele não me parece bem – Kim apontou para sua mãe com o garfo e a mulher bebeu um gole da sua taça de vinho.

– Seu pai já deveria ter chegado – falou a mulher olhando para frente.

O relógio badalou e a mulher foi para fora procurar por seu filho que já não estava mais ali, ela então subiu e verificou cada quarto, estavam todos dormindo, sem notícias de seu marido ela deitou na cama e terminou a garrafa inteira de vinho adormecendo em seguida.

Os dias que se seguiram foram extremamente torturantes e completamente macabros, Kimberly parou de trabalhar pois não conseguia dormir por conta de pesadelos, Aiden passou a aparecer com machucados a cada manhã, Tyler mal comia ou bebia, sua mãe, a Sra. Thompson passava seus dias trancada em seu quarto ou as vezes descia a cozinha para arranjar uma nova garrafa de bebida, o Sr. Thompson chegava tarde e sempre com marca de batom, a pequena Chelsie apenas assistia a tudo e fingia não notar nada, continuou a brincar com suas bonecas, e falar diretamente com o espelho, até certa feita se recusou a estar perto de seus irmãos, ela dizia que a menina do espelho não gostava deles, eram péssimas influências. Certo dia as três da manhã Chelsie levantou e andou pela casa, seu pai estava na cozinha, uma voz feminina entoava excitada, a mesma então foi até o jardim e viu seu irmão Tyler, a mesma correu para o quarto da mãe e a sacodiu, porém, sua mãe não respondeu, estava mais uma vez derrubada e mergulhada na sua melancolia e no álcool, a todos que os viam, se perguntavam como podiam ser tão perfeitos, mas quem pode dizer o que acontece atrás das cortinas? A pequena Chelsie sabia e também sabia que aquilo acabaria.

– Mãe, acorde – a mesma sussurrava enquanto sacodia o braço da mulher – papai está com uma vadia, mãe acorde, alguém tem que fazer parar.

– Teremos que nos livrar deles – uma voz sussurrou em seu ouvido.

A mesma sorriu, foi até a réplica da casa de bonecas e pôs todos sentados no sofá da sala, com o boneco que representava seu pai ela quebrou no meio, com a boneca que representava sua mãe ela apertou o pescoço e arrancou um braço, com o boneco que representava seu irmão Tyler ela afogou na banheira, com o boneco que representava o Aiden ela esmagou todo seu revestimento e com a boneca que representava a Kim ela bateu repetidas vezes no chão.

– Venha comigo – sussurrou a voz.

– Para onde me levará? – Perguntou a menina.

– Para o espelho, venha Chelsie, vamos brincar, agora podemos ser uma família perfeita.

Chelsie levantou e caminhou até o espelho de seu quarto, as duas passaram pelo espelho e desapareceram, seus pais nunca foram encontrados, nem seus irmãos, a casa foi vendida novamente, já que não tinha indicio algum de que a família que havia comprado havia existido, a segunda família também desapareceu, ou melhor, nunca existiu e assim se seguiu por longos anos.

Hey, girl, open your walls
Play with your dolls
We’ll be a perfect family

Places, places, get in your places
Throw on your dress and put on your doll faces
Everyone thinks that we're perfect
Please, don't let them look through the curtains
Picture, picture, smile for the picture
Pose with your brother, won't you be a good sister?
Everyone thinks that we're perfect
Please, don't let them look through the curtains

D-O-L-L-H-O-U-S-E, I see things that nobody else sees
(D-O-L-L-H-O-U-S-E, I see things that nobody else sees)