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História Domain - 1001 Maneiras de Morrer


Escrita por: KimT

Notas do Autor


Muito prazer, sou a Tess!
Este é o prólogo da minha primeira fic, espero que lhe deiam muito amor quanto o que eu vou colocar nela ♡
Não se assustem com este primeiro capítulo (porque até é só um gostinho do terror que vem aí) que no próximo já há comédia e coisas giras eheh

Capítulo 1 - 1001 Maneiras de Morrer


O sol da manhã refletia padrões curiosos nas paredes através das cortinas feitas á medida, que pairavam acima das janelas da casa. Os degraus das escadas rangiam com os passos leves da menina de cabelos escuros e lisos, anteriormente limpos por Nam UJin, a empregada.

Ah…Nam UJin. A empregada que ela tanto odiava. Segundo os seus pais, ela tinha liberdade de educa-la, ao tirar-lhe as bonecas ou a acertar-lhe com a régua nos tornozelos quando a menina não cumpria com as tarefas e se comportava de jeito travesso. Os seus pais também não comentavam esse facto. Pouco tempo passavam em casa de qualquer forma, para saber o que acontecia atrás das portas de um exterior tão luminoso e cuidado. Tudo era uma máscara protetora que os fazia incluir-se na sociedade alta com facilidade e um espelho para as restantes casas do bairro social. Basicamente, era entediante.

Ela estaria melhor morta. – Pensava a menina com um sorriso de orelha a orelha ao pensar das várias maneiras em que o poderia fazer.

A pequena espreita pela porta da cozinha para o casal que se beija. O seu sorriso desvanece para uma expressão de raiva e ciúme.

Ele está a beija-la outra vez. As mãos pousadas na barriga saliente da mulher, enquanto vivem a felicidade de ter um segundo filho a quem garantiriam uma vida alegre e cheia de amor. A menina sentia nojo ao ver o seu homem beijar outra, a tal da sua mãe. Queria arrancar os seus lábios para que nunca mais se pudessem tocar com os de outro.

 -Menina Zhang! Estou a ficar saturada com as suas atitudes. Gasto e gasto o meu latim, pedindo-lhe que não ande descalça pela casa, e a menina não me ouve. – resmunga UJin atrás de si, o seu tom nasalado e voz fina violando os doces pensamentos de JiHo.

 -Posso-a matar?

JiHo nem precisa de se virar para encarar a mulher. Já sabia que a pergunta a havia chocado e felizmente a calado tal como esperava, apesar de a pergunta não ser bem direcionada para ela. Na verdade, a pergunta era retórica.

Deixando a empregada para trás, a miúda adentra na cozinha com passos pequenos. Perante os seus pais ela abre um sorriso carinhoso, cumprimentando a sua mãe com um simples bom dia e abrindo os braços para o seu pai. Logo é pegada ao colo.

- Appa, quero o meu beijinho de bom dia. – as suas mãos assentam perfeitamente nos ombros extensos do seu pai, que ri com o seu pedido. Não podendo recusar tal pedido ele encosta os seus lábios na bochecha pálida de Jiho de forma carinhosa.

- Não, um beijinho aqui. – colocando o seu dedo nos seus lábios ela indica o lugar em que quer realmente ser beijada. Ainda entre risos e achando toda a situação incrivelmente fofa, mais uma vez o pai não tem como negar. Assim que os seus lábios pousam nos dela, num selo curto, Jiho olha a sua mãe, que sorri até então. Semicerrando um pouco os olhos sem desviar o seu olhar da mulher, esperava que ela pudesse compreender as suas intenções e que ela ouvisse bem alto na sua mente:

Ele é meu.

##

 O despertador marcava as 2.50h. A escuridão caía sobre toda a casa acompanhada por assobios finos do vento do Inverno, cujos rompiam com o silêncio pacífico. Podia parecer como outra noite qualquer mas hoje a temperatura estava especialmente fria. Especialmente escuro. Especialmente sossegado e desprotegido.

O chão range ao pisar de passos dirigidos até ao final do corredor. Passos lentos de um vulto negro e pequeno que segue pela escuridão com familiaridade, não se atrapalhando com alguma da mobília que decorava a casa. A porta encostada permitiu a entrada para o quarto dos amantes que ambos dormiam consoladamente. A barriga redonda da mulher era protegida pela mão adormecida do homem.

Ridículo.

Em bicos de pés, aproxima-se do corpo da mulher inconsciente. Com um toque faz cair a mão do homem para fora do seu futuro irmão, que ameaçava nascer a qualquer hora. Atrevendo-se a ser apanhada, JiHo pousa as mãos sobre a barriga saliente e aproxima a sua boca da mesma, para que só o irmão fosse ouvir o seu desejo.

-Irmãozinho. Estás-me a ouvir? Eu quero-te dizer uma coisa, portanto ouve bem, sim? Sabes, o papá e a mamã não vão durar muito, então tu és meu. Eu sou a tua irmã mais velha e tu tens de me ouvir, só a mim, okay? Vou-te amar muito e tu vais-me amar muito também, pode ser? Tu és meu portanto é o certo. Não te esqueças disso, irmãozinho, que eu não me esquecerei também, de certeza. Agora dorme, logo logo tu nasces e seremos felizes…os dois juntos para todo o sempre.

 Ao terminar o seu pedido a menina inclina-se para beijar o seu irmão, na tentativa do irmão sentir o seu amor e o corresponder como nunca ninguém fez, ao longo dos seus 7 anos. Ela seria uma boa irmã. Não, ela seria a melhor irmã do mundo. Essa era a promessa que lhe fizera em troca do amor correspondido e fidelidade do irmão ainda por nascer. Ela iria o amar até que não tivesse mais forças e aí iria-o amar um pouco mais. Ele seria dela e ela dele, num laço irrompível por quem quer que fosse. Ele seria posse dela a partir que as suas mãos tocassem nele, e ela nunca o deixaria. Permaneceria para todo o sempre a seu lado, comemorando o amor que os uniam.

E se algumas outras mãos se ousassem a tocar no que era dela?

-Eu matarei por ti.

##

Depois daquela noite, JiHo não voltou a chegar perto sequer do quarto dos pais. O recado que realmente queria transmitir ao seu amor já tinha sido feito e mais nada havia para dizer. Poucos dias do acontecimento, ele finalmente nascera. Ela havia passado a noite toda, elétrica e ansiosa para o ver pela primeira vez, para segurar o seu corpo e o manter perto a si. Os pais viam-na como uma gracinha, entusiasmada para conhecer o seu irmão. Tanto que nem dormira aquela noite.

Percebeu que estava na hora quando o seu pai foi convidado a entrar no quarto. O primeiro berro assustou-a. O segundo fez ela se aproximar da porta para saber o que se passava. Ao terceiro ela já se havia esgueirado para a porta e aberto o suficiente para poder ver mas não poder ser vista por quem lá estava. O quarto grito foi o melhor e também o mais longo. O seu coração saltava batidas, o seu queixo não queria subir e os seus olhos brilhavam com a animação que ela sentia. Seriam sons que ansiava ouvir mais tarde, em outras ocasiões.

Os gritos cessam deixando o coração da menina pesado e com desgosto. Porém, ali estava ele. Nos braços do médico, sangue ainda cobria parte da sua pele no entanto era o ser mais bonito que ela já tinha visto. Mesmo com a sua curta vivência até ao momento, a pequena sabia que nada alguma vez se compararia a algo tão belo.

-Irmãozinho. – o seu sorriso era tremido devido à sensação extasiante de felicidade que ela sentia por todo o seu corpo. Depois de alguns momentos, a própria foi convidada para segurar o seu primeiro (e último) irmão nos braços.

##

Yixing era o nome que lhe foi dado. Zhang Yixing. A entoação do nome soava como uma perfeita sinfonia para a sua irmã, principalmente pelo apelido a combinar. Com três anos, Yixing já frequentava um infantário enquanto JiHo passava as tardes em que não tinha escola sozinha em casa. Ou assim ela se sentia já que não tinha o irmão por perto, apesar de Nam UJin estar sempre presente a fazer as suas tarefas. E sobre os seus pais, bem…Eles nunca estavam muito presentes como sempre fora, devido aos seus trabalhos. E aos seus amantes.

A menina Zhang tornara-se grande fã de um programa, cujo conteúdo não era adequado a crianças da sua idade, no entanto como já previsto, ninguém estava lá para a impedir. E definitivamente UJin não se iria manifestar, depois de alguns incidentes que lhe ocorrem das últimas vezes. Ainda tinha o corte ‘’acidental’’ daquela vez em que a miúda partira um copo e o arrumava, depois de, claro, ouvir alguns bons sermões de UJin. Quando o vidro aguçado passou em sua perna, podia jurar que viu o vislumbre de um sorriso no rosto da criança, antes mesmo de esta pronunciar as suas mais sinceras desculpas.

Daí, Jiho tornara-se a maior fã de ‘’1001 maneiras de morrer’’, o programa que despertava o maior dos seus interesses. Sempre se perguntava se aquilo seriam histórias falsas, pois algumas pareciam-lhe bem cómicas. E se tais não fossem verdadeiras, ela gostaria de conhecer o génio criativo por detrás de tais invenções e aprender com ele.

Quando o show estava prestes a terminar a porta da frente da casa abre-se, dando entrada aos seus pais. Pelos seus rostos haviam discutido novamente. Mais abaixo, ali está o mais esperado: Yixing. Ele tapa o rosto molhado com as mãos, como se isso ajudasse a silenciar as suas emoções, como o choro.

-Se não fosses tão inútil, talvez não precisasse de um amante. – a mulher não berrava, apenas no seu tom de voz notava-se todo o desprezo e raiva que queria transmitir.

-Segundo a minha secretária, não sou tão inútil assim. – o homem respondia de igual forma sem sequer olhar a sua companheira.

Esta seria uma daquelas discussões ridículas em que não levaria a lado nenhum. Ambos fariam a tentativa de se magoarem, provando o quão bons eram. Incrivelmente, nem se apercebem que na realidade só se estão a insultar a si próprios, sem esconder mais a verdade. E pior, é a criança bebé de que eles nem dão falta, a não ser porque interrompe a sua ‘’conversa’’.

-Por amor de Deus, cala-te! Que criança mais patética. – JiHo observa a situação como se fosse invisível e estivesse no melhor lugar do espectador. Apesar de querer abraçar o seu irmão e tirar-lho dali para poder secar as suas lágrimas, estava demasiado intigrada pelo rumo que aquilo levaria.

-Se chorasse sempre que algo de mau acontecesse –a mulher continua- bem teria enchido a igreja no dia do casamento. –o riso debochado dela ecoou alto o suficiente para que fosse ouvido em toda a casa. Se UJin esteve perto para ouvir, provavelmente pensaria que estava a ver um momento de família. Só que este é bem diferente.

-Eu não choraria nem que morresses. -mesmo sem intenções nenhumas de continuar aquela conversa inútil, não se deixara vencer e aproveitaria qualquer oportunidade para rebaixar mais a mulher e humilhar a sua relação de casados.

-Bem, podes esperar o mesmo de mim. –a resposta é instantânea e sem algum aparento de que o seu coração ficou ferido com tal afirmação do noivo, com o qual havia ficado por anos, na esperança de uma vida feliz. Mas pelos vistos, amor não dura para sempre. A menos que for verdadeiro, era como JiHo pensava.

O casal entreolha-se. O traidor do cimo das escadas e a traidora do fundo das mesmas, como se consolidando cada palavra que haviam trocado, e provando que eram as mais sinceras alguma vez ditas entre eles.

Pigarreando e levantando-se do sofá, num suave balanço alegre, como se terminasse de ver um circo maravilhoso, a menina finalmente manifesta-se.

-Eu posso-vos ajudar. –sorrindo, recebeu toda a atenção dos dois adultos que não conseguiram ter outra reação senão confusão. A miúda riu-se, claramente divertindo-se. Deu uma última olhadela para o ecrã da televisão e desligou-o. Encheu os pulmões de ar e soltou-o depois lentamente, antes de voltar a abrir os olhos e dizer:

-Que comece o show.



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