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História Domain - Kaway NariHye


Escrita por: KimT

Capítulo 2 - Kaway NariHye


-Outra vez? - franzi a testa ao ler as letras negras estampadas no jornal da manhã, onde o título anunciava mais outro desaparecimento em Incheon. Este ano andava bem agitado para a polícia e para os jornais. Assassinatos feitos por homens à solta, enquanto outros estavam desaparecidos. Explosões aleatórias que alertavam as pessoas para uma ação terrorista. Cada vez mais mulheres a sofrerem de violência doméstica e a serem violadas nas ruas (mas claro, essas notícias só vinham de mês a mês). Enquanto a polícia tentava resolver estes casos, o jornal tentava saber mais sobre eles para ganhar o dinheiro dos alvos.

E eu fazia parte desse plano.

Nunca foi o meu sonho ser uma jornalista ou produzir notícias para um jornal…relativamente famoso. Vamos ser sinceros, sim? Já quase ninguém lê jornais. As páginas caem para todos os lados, não é prático de se segurar e mancha as mãos. E existe uma pequena coisa chamada ‘’evolução tecnológica’’, cujo elemento mais conhecido tem um termo mesmo engraçado chamado ‘’Internet’’.

Tudo bem, é quase que hipócrita eu reclamar tanto de um trabalho de que eu participo, no entanto não é por qualquer razão. Quando os meus pais tiveram de deixar de trabalhar alguém teria de pagar a casa. Como a educação que carregava comigo me dava bastantes capacidades (e talvez demais para um local como aquele), eu apliquei-me imediatamente. O salário era razoável, para o trabalho que eu exercia, e até que tinha algumas boas memórias. Ainda tinha um disco cheio de vídeos da vez em que tive de entrevistar um grupo de drogados campistas, que por alguma razão achavam que a câmara que trazia comigo era uma arma. A piada a sério começou quando pedi que me contassem histórias. Foi um bom bocado e se pudesse trazia-os a todos comigo para todo o lado.

Nunca vos esquecerei, Os Três Padeiros.

A companhia também não é má, aliás é a mais agradável que tenho há algum tempo.

-Nariiiii, querida!

Falando no diabo. Brincadeira, esta é a ajumma mais doce de sempre.

-Querida? – lancei um olhar enjoado com a língua de fora. ‘’Querida é a minha paciência, pois eu não tenho muita’’ era o que normalmente diria para a outra pessoa mas não para Young Il-Hue. Ainda tinha respeito a algumas pessoas, vá.

-Sim, és a minha querida. –ouço ela rir com o meu revirar de olhos, antes de voltar a minha atenção novamente para as folhas espalhadas na minha secretária. – Porque estás a ler o nosso próprio jornal? – o seu cheiro doce invade o meu espaço quando se aproxima mais de mim para ver o que eu vejo.

-Bem, como ontem faltei queria ver o que já atualizaram. Até me admira não ter ouvido do Rei Cabrão. – ri alto com o nome que havia dado ao meu patrão logo no segundo dia de trabalho. Pois, eu realmente precisava daquele trabalho e agressão não faz parte do contrato.

Infelizmente.

Ou talvez até estava, porque, mesmo antes de acabar a minha risada prazerosa, Il-Hue dá-me uma beliscada no braço.

-Aiiiiish. – resmunguei, claramente irritada- Não digas que não lhe chamas isso tantas vezes quanto eu na minha cabeça. Provavelmente, até já chamaste mais, desde que estás aqui à muito mais tempo que eu. E olha que eu chamo-lhe, no mínimo… - coloquei a mão no queixo como se tivesse de pensar num número exato- aproximadamente um trilhião de vezes. E mais algumas centenas. – sorri largo mas o meu sorriso não foi retribuído tão cedo.  Aliás, quando via a expressão de aborrecimento no rosto de Il Hue, não conseguia imaginar-la a sorrir de novo.

E metia-me um pouco de medo também…Okay, metia muito medo.

-Unnie, saranghaeyo. – juntei o polegar com o indicador em ambas as mãos, formando pequenos corações que implorava que ela aceitasse. E se pudéssemos ficar por aí, eu agradecia. Não iria repetir o incidente de alguns meses atrás. Ainda ouvia alguns ‘’colegas’’ engasgar-se com o nome ‘’Kawaii NariHye’’ que infelizmente rimava, para só tornar as coisas piores para mim.

-Baixa os teus corações. – noutra altura riria de tal frase, pois vinda de uma ajumma tão delicada e feminina como a que estava mesmo à minha frente, seria a coisa mais adorável de sempre. Lentamente, como um soldado a abanar uma bandeira branca de derrota, deixei as minhas mãos cair no meu colo.

-Podes fazer a dança para mim? – Apesar do seu sorriso ter ganhado espaço novamente no seu rosto, eu nunca estive mais assustada na minha vida. Aos olhos de outras pessoas, a sua expressão era amigável mas naquele momento, para mim era como se tivesse um psicopata tarado à minha frente que me pedia para lhe fazer um ‘’show’’. Okay, longe demais, mas não estava longe da situação real.

-Mas…Mas, unnie…Era só para rir – ri compulsivamente como uma maluca tentando aliviar o ambiente- Era na brincadeira, o nosso patrão é o melhor. – novamente ergui os meus polegares, como sinal de ‘’gosto’’.

-Fico feliz pelos meus empregadores acharem que sou o melhor.

NãoMerda, não.

-Porque eu realmente sou. – fecho os olhos com força para que aquilo fosse um pesadelo. Para que quando eu acordasse a voz do meu patrão não fosse real e ele ouvisse o que eu disse. Espera, até onde ele ouviu?? – Menina Jeong, importa-se de vir ao meu gabinete?

Bem, eu ia desistir da vida hoje mesmo, portanto não importa. De qualquer das formas, ele já sabe que eu tenho um gosto muito elevado por sarcasmo e ironia. E também já deve saber que é alvo desses dois. Honestamente, que se lixe, ele nunca me despediria. Ele sabe que as minhas notícias são as que rendem mais.

-Claramente, Senhor Jong-In.

Pensando melhor, ele é o meu herói. Salvou-me de ser humilhada mais uma vez. E claro, é um exemplo inspirador de um homem que sobrevive à base do egocentrismo precoce e narcisismo agudo, tendo uma cara assim.

-Por favor, chame-me Senhor Kim. – a porta fecha-se atrás dele depois de eu já estar dentro do seu escritório vazio. As paredes permaneciam da mesma cor, muito provavelmente desde que fora construído. Não havia fotos, lembranças, simplesmente nada. Apenas estantes e estantes de alguns livros, que eu duvidada que ele tivesse lido ou sequer aberto. E para além do mais, é um jornal, não uma biblioteca ou um centro de estudo.

 Entretanto, tinha algumas plantas de decoração no parapeito da janela. Tenho de me lembrar de as tirar dali, trancar-lhe lá dentro com as janelas fechadas e talvez ele morra com falta de oxigénio. Quanto à sua mesa…é a típica mesa com papéis organizados em pilhas. O computador no centro e o teclado à sua frente. A plaquinha idiota com o seu nome como se isto fosse um escritório enorme em que as pessoas não sabiam o nome umas das outras ou trabalhavam a quilómetros de distância. Ou como se isto fosse uma esquadra da polícia.

-Se assim desejar, Senhor Jong-In.

##

Jong-In não se demorou no meu sermão, contudo, ele afinal ouvira quase toda a conversa que tive com Il-Hue. Enfim, não tem como voltar atrás. Logo depois do seu breve sermão, que até ele parecia já estar farto de dar, admirou-me quando me colocou encarregue de seguir um caso de acidentes incomuns que têm acontecido. Segundo ele, parecem estar conectados e bla bla bla.

O que eu ouvi foi o som de ‘’preciso de ti, Jeong NariHye, tu és a minha melhor jornalista. Eu sei que tu consegues desvendar este caso misterioso e publicar a mais fantástica notícia que este jornal alguma vez teve a sorte de ter. NariHye, salva o meu negócio.’’

Mas na verdade, algo falou-me mais alto. A verdade é que o meu sonho sempre foi trabalhar com a polícia. Desvendar casos que mais ninguém conseguiria e prender aqueles que não merecem sentir a liberdade de viver em sociedade. Digamos apenas que eu tenho um grande senso de justiça. E também adoraria aprender a disparar uma arma, mas isso são outros assuntos.

Daí, sentia como se esta oportunidade fosse a chamada para eu seguir em frente.

-Humilde como sou…como poderia recusar tal proposta, Jong-In? –atirei o cabelo por cima dos ombros com um sorriso pequeno, como se fosse outro trabalho fácil – Agora… - pousei os cotovelos na sua mesa e apoiei o rosto nas minhas mãos, inclinando-me ligeiramente em sinal de intimidade- Quanto é que eu vou ganhar, mesmo?

##

Dois dias depois, recebi uma chamada do ‘’Capitão Ele Próprio’’ a indicar-me o local do recente acidente de carro de que ele suspeitava ter ligação aos outros. Era um ponto de partida para mim. Após este, eu mesma teria de ligar aos meus contactos para me manterem atualizada para situações similares.

Felizmente (ou talvez não), o local ficava a poucos minutos de minha casa de carro. Soube quando parar quando avistei o carro do meu fiel aliado no crime, Byun Baekhyun. Só pelo nome consigo facilmente lembrar-me da sua carinha laroca.

-Bela fatiota, Baek. – admirei o seu traseiro de relance antes de se virar. Homens de farda sempre foram o meu ponto fraco. Apesar de eu saber que aquela em particular não era real.

O que se passava era que Baek era um aspirante a ator. Encontrei-o no bar Relish, o meu preferido, num ponto sensível da sua carreira. Com a conversa embriagada que ele estava a ter comigo naquela noite, percebi que ser ator era o seu sonho desde criança mas ainda não encontrou o ‘’papel da sua vida’’. Achei que o melhor naquela situação era unir forças. Por isso, ele virou meu contacto. Em troca, pode sempre fazer as suas atuações, do que bem desejar, apenas para afastar as pessoas para fora dos locais em que eu precisava estar sozinha para tirar as minhas conclusões com tempo. Só havia uma condição que eu havia-lhe obrigado a prometer-me, naquela noite à 2 anos atrás: Que não desistisse do seu sonho.

Fiz-lhe prometer que ele iria ver isto apenas como um treino ou uma forma de evoluir as suas capacidades para que um dia ninguém lhe pudesse recusar um papel. Eu sabia que ele era capaz, apenas precisava de relaxar um pouco que logo descobriria que personagem se adaptava mais aos seus gostos.

Hoje, ele queria ser um polícia gostoso. E eu não tinha qualquer intenção de protestar.

-Obrigado, Nari. – o elogio fez um grande sorriso abrir-se no seu rosto. Porém não durou muito. – Nari, tu gostas de filmes de terror? Quer dizer, já viste aqueles filmes de terror muito sangrentos, ou filmes de zombies em que tu vês a carne a ser comida? Hm…já viste um cadáver? E aguentaste? – cuspindo todas as perguntas de uma forma tão rápida era quase impossível perceber tudo, mas eu entendi onde ele queria chegar.

-Até parece que é o meu primeiro local do crime. – dei-lhe duas palmadinhas no ombro ao passar por ele, podendo avistar ao longe o carro virado ao contrário. – Eu tenho estômago forte, mas obrigada por te preocupares, Bae. –beijei a sua bochecha, sabia que o faria acalmar apesar de o batimento do seu coração mostrar o contrário. –Avisa-me se vires a polícia.

Com uma câmara em mãos desci rapidamente pela pequena colina de terra para o local do carro, no entanto mantendo a minha atenção no chão. Não queria deixar escapar quaisquer possíveis pistas.

Preparando-me para enfrentar o pobre humano de hoje, puxei o ar pelo nariz. Esperava cheirar o ar fresco da noite que me descontrairia um pouco antes de entrar em ação, mas foi totalmente o contrário. Tossi com o cheiro rasca de algo que eu não conhecia. Apesar do mesmo cheiro me dar vómitos, voltei a cheirar aos poucos o ar perto do carro.

-Álcool – pensei para mim mesma o primeiro cheiro que captei- E…gasolina? – assumi rapidamente com o cheiro também familiar. A mistura dos dois era extremamente enjoativa e intensa, ao ponto de parecer queimar o interior das narinas com um simples fungar.

Tentava sempre adiar a hora de ver o corpo, então tirei primeiro algumas fotos do local. Apesar que possa ter sido apenas um acidente, visto que o cheiro a álcool também predominava, o que leva a pensar que podia ser um condutor embriagado, nunca se sabe quando o jogo pode virar. E como adiava ver o corpo, ainda não havia certezas.

Finalmente, depois de breves minutos, decidi avançar.

Eu não conseguia ver o interior do carro, por causa da pouca luz, então tornou-se mais fácil abaixar-me e mirar a câmara para onde suspeitava estar o corpo. Tirei uma foto como teste de luz, sem muito cuidado e sem olhar diretamente para onde o flash ia incidir.

Abrindo a galeria, cliquei no botão de abrir a primeira foto.

-Meu Deus… - disse aterrorizada com o que acabara de ver.

Definitivamente, não foi um acidente.


Notas Finais


Ps: Vai dar bosta.


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