Las Vegas- Selena Gomez.
Vaguei sonolenta pelo corredor ainda coçando os olhos. Fui seguindo as vozes até a sala onde ainda discutiam os últimos acontecimentos de uma forma nada discreta. Parei no topo da escada, ficando escondida no canto da parede, apenas observando a tudo.
Ryan retirava uma bala do abdômen de Vanessa, sem usar anestesia, enquanto a mesma virava uma garrafa de whisky, deitada no sofá. Justin e Khalil estavam um pouco afastados, parecendo não estar entrando em um acordo, já que o moreno foi totalmente contra a aliança com Ashley.
—Deixa que dessa merda cuido eu caralho! —Justin falou alterado, fazendo Ryan e Vanessa olharem em sua direção.
—Fala serio cara. Este não é você. O JB que conheço nunca faria a porra de uma aliança com alguém que tentou passar ele para trás. —Khalil respondeu no mesmo tom. —O que fizeram com você na casa do senador?
—Já disse pra parar de falar merda! —Vi quando Justin segurou firme na gola da camisa do moreno e não precisava estar ao lado para saber que seus olhos queimavam de raiva. Justin odiava ser contrariado e Khalil estava fazendo isso desde cedo.
Não demorou nada para que Ryan os afastasse, pedindo calma e prudência das duas partes. Ele claramente era o mais sensato de todos ali.
—Uau! Ele gosta mesmo de você. —Tomei um susto quando percebi Ashley bem atrás de mim. —Nunca imaginei que viveria para ver o dia em que Justin Bieber teria sentimentos por alguém. Parabéns!
Meu susto ganhou uma ponta de irritação ao olhar para a cara dela e não fiz questão de disfarçar isso. Desviei-me dela, planejando voltar para o quarto, mas parei ao sentir sua mão em meu ombro.
—Por que tenho a impressão de que você está com raiva desde que cheguei aqui? —Disse ela, e eu tratei de tirar sua mão de mim, mas sem desviar de seus olhos azuis.
—Não sei. Será que é porque eu descobri que você só se aproximou de mim para dar um golpe no meu pai? —Disparei sem rodeios e extremamente amarga.
—Mas como você... —Ela cortou a frase, serrando os olhos logo em seguida. —Claro. Maldito, Bieber! —Ashley suspirou antes de continuar. —Olha, não é bem assim. Eu não me aproximei de você, você se aproximou de mim. Esqueceu? E também não precisava disso. Seu pai já estava comendo na minha mão.
Fiquei a encarando, abismada com o jeito petulante e despreocupado de falar. Era como se dar um golpe em alguém não fosse nada demais. A coisa mais normal do mundo. Queria mesmo era meter a mão na cara dela, mas achei que ignorar fosse a melhor opção.
—Cínica! —Falei franzindo a testa e saí.
E na manhã seguinte...
Esperei que Demi penteasse seus cabelos com toda a calma que um ser humano podia ter. Ela alisava os fios, procurando uma perfeição que parecia nunca chegar e aquilo já estava me enchendo.
—É para hoje, Rapunzel? —Soltei o ar de vez, afundando a cabeça no colchão.
—Pronto. Não está perfeito, mas está bom. —Ela encarava seu reflexo no espelho com uma cara não muito satisfeita. —Não consigo deixar do jeito que eu quero com você me apressando.
—Vamos logo que o Justin já deve estar soltando fogo lá fora. Não sei que milagre ele ainda não veio chutar essa porta até cair. —Mal terminei de falar e a porta do quarto foi esmurrada com força. Logo se ouviu a voz impaciente de Justin do lado de fora.
—Que demora do caralho é essa aí?
—Não falei? —Revirei os olhos para Demi e fui abrir a porta.
—Está esperando o quê para sair tampinha? Ninguém vai ficar te esperando o dia todo não. —Ele encarou Demi.
—Calma! Eu já estou saindo. Eu emh! Que estresse! —Ela deixou o quarto resmungando e passando por Justin com a maior precaução do mundo.
Tentei fazer o mesmo e fui seguindo Demi, quando fui impedida por Bieber, que se atravessou em meu caminho.
—Onde pensa que vai? —Perguntou ele. Apenas respirei fundo já imaginando onde isso iria parar.
—Já falamos sobre isso ontem, Justin. Agora sai da minha frente e para de embasar. —Passei por ele e fui segurada pelo braço. —Puta que pariu! —Minha exclamação fez Demi parar e nos encarar.
Justin por sua vez, me encarou por poucos instantes e confesso que estava em dúvida se ele queria me bater ou matar naquele momento. Talvez os dois, se considerar seu olhar frio semicerrado para mim.
—Tampinha. —Ele chamou por minha amiga, mas ainda não parava de me encarar. Pelo canto do olho, notei que Demi não gostou muito do apelido que ganhou. —Se manda logo que o Ryan está esperando no jato.
—Eu disse que vou junto. —Puxei o braço de vez.
—E eu já disse que não. —Embora o tom de voz dele fosse calmo, ainda tinha um ar de ameaça. —Aqui só vale o que eu falo. É bom que você vá se acostumando com isso.
—Vai tomar no seu cu! —Mostrei o dedo do meio para ele, que arqueou a sobrancelha, parecendo surpreso com minha atitude. Logo um meio sorriso foi esboçado em seu rosto.
—Olha! Alguém aqui está praticamente implorando para morrer.
—Estão dando uma festa no corredor e ninguém me chama? —Chaz apareceu do nada e se intromete na conversa. —O que é que está pegando?
—Selena quer ir comigo e o nervosinho aí não quer deixar. —Demi explicou com cara de tédio.
—Ela não tem nada o que fazer lá. —Disse Justin.
—Claro que tenho. Eu vou garantir que nada aconteça com ela na viagem. —Respondi sem me importar com o olhar desagradável do homem diante de mim.
—Só isso? Ah, pode deixar que eu acompanho a gatinha. —Chaz colocou o braço envolta do pescoço da minha amiga.
—Pior ainda. —Respondi revirando os olhos.
—Não confia em mim? —Ele perguntou e neguei imediatamente. Chaz colocou a mão sobre o peito, fazendo uma falsa expressão de ofendido. —Você ouviu isso cara? Ela não confia na gente. Você acaba de ferir meus sentimentos.
—Engraçadinho. —Falei mostrando que não estava com paciência para piadas.
—Já disse que não vai e fim de papo. —Bieber falou de repente, todo grosso.
—Vou sim. —Insisti, batendo o pé.
—Pode deixar que eu cuido da garota gente. —Chaz falou.
—Fica na sua! —Justin e eu falamos ao mesmo tempo.
—Selena, é melhor você não me estressar. —Ele serrou ainda mais os olhos.
—Estressado você já nasceu meu bem.
—AGORA CHEGA! —Todo mundo ali parou quando Demi gritou. —MAS QUE PORRA! Selena, você fica aqui. —Ela disse e Chaz sorriu vitorioso. —Vai fechando esses dentes cara pálida porque você também não vai. Eu posso muito bem tomar conta de mim mesma e vou sozinha.
—Mas... —Tentei protestar e ela colocou o dedo indicador sobre meus lábios, exigindo que eu ficasse em silêncio.
—Mas nada. Cara, vocês são insuportáveis. —Justin e eu nos entreolhamos. —Tchau para vocês que ficam que eu tenho uma longa viagem a fazer. Beijos de luz! —E dizendo isso, ela seguiu até sair do meu campo de visão.
—Toma! —Chaz riu de mim. —Ficou para escanteio.
—Você também. —Dei duas tapinhas em seu rosto quando o sorriso dele foi se desfazendo. —Cara pálida!
Inconformada com a decisão de Demi, eu ignorei os garotos e sai apressada dali para ir atrás dela. Aquela garota não sabia o perigo que estava correndo e eu não me perdoaria se algo acontecesse a ela. Justin não a deixaria ir sabendo de tantas coisas. Já conhecia bem seu jeito de silenciar as pessoas.
Já estava atravessando o jardim e faltando pouco para chegar ao jato quando fui girada por um troglodita.
—Juro que já não sei o que fazer para não te matar. Por que caralho você não entende que quem manda nessa porra sou eu? —Justin disse aos berros.
—Você manda nesta casa e em seus amiguinhos, mas em mim não. Eu não sou propriedade sua meu querido. —Falei no mesmo tom que ele, enquanto tentava me livrar de sua mão. Não obtive sucesso. —Me larga! Mas que cara chato!
—Eu só queria saber de onde foi que você tirou a ideia de que pode me enfrentar. —Seu aperto em minha pele era maior a cada palavra pronunciada. —Quando foi que te dei essa moral?
—Vai se ferrar! —Fiz mais uma tentativa de me soltar quando vi o jato decolando. —Merda! Olha só o que você fez.
—Ótimo! Menos uma para encher a paciência.
—Escuta bem seu filho da puta! —Soquei o seu peito e o desgraçado pareceu nem sentir. —Se acontecer alguma coisa com a minha amiga... Qualquer coisa mesmo, Justin Bieber, eu vou ACABAR COM A SUA RAÇA!
—Ui! Que medo!—E lá estava ele, sorrindo com deboche. Não me contive e quando percebi já estava com as mãos na gola de sua camisa.
—Eu estou falando serio, Justin. Não fique brincando comigo. —Apertei os olhos quando o sorrisinho cínico dele ficou maior.
—Nossa! —Soprou mordendo o lábio de um jeito provocante. —Você está tão perigosa hoje. Isso da um tesão.
—Você é tão... —O soltei, apertando os punhos com toda força. Poderia jurar que meu rosto estava vermelho, tamanha raiva.
—Tão...? —Disse ele com uma expressão divertida. —Deixe-me te ajudar. Desprezível? Cretino? Idiota?
—Esqueceu de pau no cu. —Falei zangada por nunca conseguir fazer com que aquele babaca me levasse a serio. —Você já está avisado. Se algo acontecer com ela, eu juro por tudo o que é mais sagrado que não olho nunca mais na sua cara.
Deixei ele ali e entrei na casa batendo a porta com força. Ashley e Vanessa me olharam com espanto e eu simplesmente tentei ignorá-las e ir para o meu quarto.
—Hey! Você por acaso viu o Justin? É que a nutella acabou e alguém vai ter que ir comprar. —Vanessa me gritou quando eu estava no meio da escadaria. Olhei para trás e ela estava passando o dedo indicador no que restou do potinho da nutella.
—Procura lá no inferno que ele deve estar jogando xadrez com o capeta. —Respondi mau humorada.
—Ihhh! Acho que alguém andou trocando farpas com o namorado. —O veneno de Ashley me fez encará-la. Ela estava toda a vontade, jogada em um dos sofás e assistindo um filme bem erótico.
—Aquele demônio não é meu namorado.
—Mas até que você queria, não é? —Ela olhou para mim e sorriu. —Você gosta daquele capetão.
Assim que ela terminou, eu já estava ao pé do sofá, me preparando para espremer seu pescoço. Ashley tinha escolhido o momento errado para mexer comigo.
—Calminha aí gata! —Meus dois braços foram colocados para trás por Vanessa, que os segurou firme. Ashley se manteve em seu lugar, totalmente despreocupada com os olhos fixos na TV. A hipócrita nem se quer moveu um músculo como se não me considerasse uma ameaça para ela.
—Me larga agora! —Comecei a gritar ao mesmo tempo em que me debatia, só que Vanessa não dava chance.
—Caminha garota! Para quê tanta violência? —Vanessa falava em tom de riso.
—Poxa, por que tanta raiva? Falei alguma mentira? —Ashley finalmente me deu atenção.
—Claro. Aliás, quando é que você não mente, não é mesmo? Mentira já é a sua profissão. —Falei ainda muito alterada.
—Que merda é essa aqui? —Fomos surpreendidas por Justin, quando o mesmo entrou em casa apressado. Seu olhar focou-se em mim e depois em Vanessa. —Solta ela agora!
Ele podia simplesmente só ordenar, mas não, lá estava pegando a bosta daquela arma e apontando em direção a Vanessa.
—Quer mesmo que eu fale outra vez? —Seu tom ameaçador veio acompanhado do barulho da arma sendo destravada. Vanessa me soltou quase que de imediato e deu um passo para o lado, ficando afastada.
—O que estavam fazendo?
—Nada. Alguém te chamou na conversa por acaso? —Falei toda rabugenta.
—Eu não preciso ser chamado no assunto. Esta casa é minha e eu me meto onde bem quiser. —Justin falou cheio de raiva.
—E mais uma vez você precisa gritar pelos quatro cantos que a casa é sua e bla, bla, bla. Todo mundo aqui já sabe que essa bosta é sua meu filho. Se economize e pare de ficar repetindo as mesmas coisas.
—Ai! —Ouvi o risinho abafado de Ashley bem atrás de mim. —Deve ter doído agora. Na boa, quando é que vocês vão admitir que são apaixonados? Isso já está estampado na cara. Agora parem com isso que está parecendo novela mexicana.
—E novela mexicana é um porre! —Disse Vanessa sentando no braço do sofá.
—Cala á boca! —Justin e eu falamos em uníssono.
—Vocês são tão chatos. —Ashley revirou os olhos. —Se merecem.
—Vai pra casa do caralho! —O loiro esbravejou.
—Desculpa, mas eu não sei onde fica. —Ela deu de ombros.
—Ah é? Então me deixa te mostrar o caminho. —Justin caminhou de peito inflamado em direção a ela, que deu uma cambalhota e foi parar atrás do sofá.
—Sem violência! —Ela sacudiu uma das almofadas em sinal de paz. —Se vocês preferem ficar nessa fingindo que não sentem nada um pelo outro, quem sou eu parar dizer nada?
—Eu vou arrancar a sua língua! —Justin já estava pronto para fazer a volta no sofá e dar o bote em Ashley quando Khalil surgiu do inferno e adentrou a residência de forma abrupta.
—Cara, você nunca atende a merda do celular quando precisa. —Ele já chegou reclamando.
—E o que porra você quer agora? Não está vendo que estou ocupado?
—Aposto que não é mais importante do que a notícia que tenho para você. —Parei e encarei Khalil, bastante confusa. Quando foi que ele e o Justin fizeram as pazes? —Lauren está na cidade. Eu até consegui o endereço do hotel onde ela está hospedada.
—Você está brincando? —Os olhos de Justin brilharam com uma empolgação até então desconhecida por mim. —Quando ela chegou?
—Agora pouco. Ela já está esperando por você.
—Então vamos. —E sem delongas, Justin alinhou a camisa, passou a mão no cabelo e colocou os óculos escuros.
—Quem é Lauren? —Perguntei assistindo os dois saírem sem nem mesmo olhar para trás. —Hey! —Falei um pouco mais alto e Justin acenou de costas para mim.
—Não é da sua conta. —Foi sua resposta antes de bater a porta e me deixar com a maior cara de otária.
—Ui! —Vanessa chiou.
—Nem olha para mim que não faço ideia de quem seja essa. —Disse Ashley, voltando a sentar no sofá e aumentar o volume da TV. —Não fica com ciúmes gata. Vem! Vamos assistir ao filme que é melhor do que ficar preocupado com o Justin.
—Eu... Eu não estou preocupada e muito menos com ciúmes do Justin. Ele pode encontrar quem ele quiser. Eu realmente não me importo. —Comecei a falar como uma louca, mas nem mesmo eu acreditava no que estava dizendo.
—Unhum. —As duas falaram em tom de deboche.
—Vai para o inferno! —Como não conseguiria vencê-las, eu resolvi ir para o meu quarto. Talvez um banho demorado me ajudasse a esfriar a cabeça.
—Ele gosta de você, Selena. Só não sabe lidar com isso. Não consegue assumir porque isso seria passar por cima do ego enorme dele. Justin é um babaca machista e orgulhoso! Mas ele ainda gosta de você. —Ashley falou alto o suficiente para que eu conseguisse ouvir do corredor e confesso que aquilo mexeu comigo.
Escorei-me a parede e passei a mão em meu rosto suado. Colocar ordem na zona que estava em minha cabeça e no coração não era uma tarefa nada fácil. A parte trouxa de mim queria muito acreditar que tudo isso fosse verdade, só que era muito difícil imaginar o Justin sentindo qualquer tipo de afeto por alguém. A única coisa que ele sabia fazer e bem, era magoar e destruir as pessoas. Mas seria bom se realmente existisse um coração por baixo daquela carcaça.
(...)
Depois do banho, coloquei uma regata branca e um short todo desfiado. Prendi o cabelo de qualquer jeito e calcei um all star. Olhei para o relógio sobre o criado mudo e já fazia tempo que os garotos tinham saído. Não saber quem era a tal Lauren e por que o Justin ficou tão animado em saber que ela estava na cidade me deixou de orelha em pé. O ciúme realmente estava me corroendo por dentro.
Resolvi sair do quarto e esticar as pernas um pouquinho. Talvez andar tire um pouco da tensão que estava sentindo. Enquanto fazia uma espécie de tour pela mansão, constatei que, ainda não tinha conhecido nem metade dos cômodos. Aquilo era um verdadeiro palácio. Tinha de tudo. Sala de jogos, salão com piscina interna e outras coisas que nem tinha precisão de ter. Aquilo era puro exibicionismo.
Ouvi um barulho de máquinas e fui seguindo até que me deparei com uma porta. Abri apenas o suficiente para colocar minha cabeça para dentro e passei o olhar por todo o salão. Ali era uma academia e tinha tantos equipamentos que nem conseguia contar.
Observei Chaz todo suado, levantando um peso que era dez vezes maior que ele. Estava sem camisa, com fone no ouvido e usando uma bermuda folgada. Parecia bastante concentrado e as caras e bocas que ele fazia eram muito engraçadas. Tive que me segurar para não rir. Logo seu celular tocou, mas ele só atendeu quando completou a serie.
—Alô, quem é? —Assim que atendeu sua expressão mudou. —Mas como assim? Hey! Fala de vagar que eu não estou entendendo nada garota. Você não pode reclamar de nada. Nunca quis sair comigo. Não me manda para o inferno não emh! Espera! Dayse... —E do nada ele olhou para o celular, parecendo que a tal pessoa desligou em sua cara. —Caralho de garota louca! —Reclamou e não consegui mais me segurar. Já entrei gargalhando feito louca.
—Há quanto tempo você está aí? —Chaz perguntou coçando atrás da cabeça.
—Tempo suficiente para ver que você levou um belo de um esculacho. —Falei me sentando na máquina perto de onde ele estava.
—Enxerida você emh! —Ele disse, voltando a se deitar e pegar seu peso.
—Problemas com mulheres?
—Eu não tenho problemas com mulheres. Vocês que são tudo loucas e tem problemas comigo. —Disse ele com muita dificuldade.
—Nós não somos loucas. O problema deve ser você.
—Eu não.
—É sim. Que maneira é aquela de falar com a garota?
—Minha maneira.
—Não me admira ela ter te dado um pé na bunda. —Provoquei e ele parou de malhar e me encarou.
—Ela não me deu um pé na bunda. Eu não tenho nada com aquela mina.
—Não foi o que pareceu. —Disse duvidando.
—Ela mora no mesmo prédio que eu. Já faz um tempão que eu estou tentando pegar a garota e ela não me dar condição, daí quando eu levo outra gata para o meu AP, ela me esculacha. Essa mulher é doida! —A forma que Chaz falava era muito engraçada e eu não conseguia parar de rir do seu jeito moleque de ser. —Vai entender a cabeça de vocês.
—Eu acho que posso te ajudar com isso. —Minha proposta pareceu o agradar, então prossegui. —Eu te ajudo a se acertar com a “sua mina louca” e você me diz quem é essa tal de Lauren.
—Lauren? —Ele arqueou a sobrancelha, me olhando de um jeito desconfiado. —Eu só conheço uma Lauren.
—Então deve ser essa mesmo. Como ela é?
—Ruiva alta e gostosa. Bem gostosa. Gostosa pra caralho.
—Está bem. Eu já entendi que ela é “gostosa”. —Revirei os olhos. Meu ciúme tinha chegado a um nível catastrófico. —Mas quem ela é? Qual é a ligação dela com o satanás do Justin?
—Ah, agora eu estou entendendo. —Fiquei com as maçãs do rosto vermelhas quando Chaz sorriu de lado. —Você está com ciúmes, não é mesmo?
—Eu? —Soltei uma risada forçada que sinceramente não convenceu nem a mim mesma. —Claro que não. Eu só quero saber que é a vadia. Não posso saber não? É pecado agora?
Chaz não parava de rir e eu ficava cada vez mais sem graça.
—Relaxa, Selzinha. Não existe nada entre o Justin e a Lauren. Pelo menos não mais. —Meu coração disparou dentro do peito. —São apenas negócios. Não posso falar nada mais que isso.
—Por quê? —Semicerrei os olhos em sua direção.
—Porque não quero levar um tiro no meio do cu. Justin não gosta que fiquemos falando sobre seus assuntos por ai. Agora é a sua vez. Faça a sua parte.
—Não sei se você merece. Não me contou nada de importante.
—Mas eu pelo menos disse que ele e a ruiva não tem nada. Isso já ajuda muito para que você não arranque os cabelos em um ataque nervos. —Ele piscou para mim e revirei os olhos.
—Está bem. Me empresta o seu celular. —Estendi a mão e meio receoso ele me entregou.
—O que você vai fazer?
—O que você não consegue. —Respondi afiada.
Achei o número da garota e comecei a digitar um verdadeiro texto romântico. Nada muito exagerado, para que não desconfiasse que aquilo nunca sairia da cabeça oca do Chaz, mas o suficiente para que ela ficasse balançada. Depois que enviei a mensagem, não demorou cinco minutos para que ela respondesse.
—Tudo bem. Eu vou te dar uma chance. Jantar hoje as dez. Não se atrase. —Chaz leu a mensagem para mim com um sorriso bobo no rosto. —Caralho! Como você conseguiu isso?
—Eu sou demais. —Falei olhando para minhas unhas de forma convencida. —Agora ver se aprende e não ferra tudo hoje á noite.
—Pode deixar. Já vou agendar a melhor suíte no motel. —Ele já ia ligar todo animadinho e eu lhe acertei uma tapa atrás da cabeça.
—Você tem que levar ela para jantar antes de pensar em sexo, seu animal. Se for com esse papinho logo de cara vai levar uma surra. —Fiz cara feia. Os homens eram mesmo um bando de noiados que só pensam em safadeza. —Converse com ela. Demostre que tem interesse em seu interior e não apenas no corpo dela.
—Isso é muito gay. —Ele resmungou.
—Então desista. Pelo que percebi, ela não é como essas vadias que você e seus amiguinhos pegam. Vai ter que suar para conseguir qualquer coisa com essa aí. —Suspirei cansada da imaturidade dele. —Não se conquista uma mulher com grosseira.
—Diz isso, mas é caidinha pelo Justin. —Um meio sorriso apareceu em seu rosto e novamente eu fui parar no chão.
—Justin e eu somos um caso aparte. —Respondi nervosa.
—Sei. —Chaz ainda era irônico.
—Não existe nada entre nós dois. É só um lance.
—Unhum. Eu estou ligado já. —Dessa vez não notei ironia em sua voz e o encarei. Se ele concordou tão rápido é porque sabia que eu era apenas mais um dos casinhos sem importância do Justin. Querendo ou não, isso me deixou um pouco triste.
—Você acha que ele... —Desisti de fazer a pergunta, pois achei que faria papel de idiota.
—Se eu acho que o Justin sente alguma coisa por você? —Chaz adivinhou o que eu iria perguntar, mostrando que não era tão retardado como pensava. Percebi que ele ficou pensativo por alguns instantes e isso me deixou apreensiva. —Não sei te responder. É que às vezes é muito difícil de entender a cabeça do Justin.
—Claro. —Abaixei o olhar. —Sei bem como é.
—Quer um conselho? —Senti a mão de Chaz em meu ombro. —Seria melhor ficar longe. Justin é meu parceiro de muito tempo e nunca vi ele se envolver com ninguém. Ele não é muito bom em gostar das pessoas, Selzinha.
Point of view Justin Bieber.
Esperei que abrissem o portão e estacionei minha Lamborghini em frente à casa. Khalil saiu do carro sem conseguir disfarçar sua alegria por termos adquirido um novo carregamento de armas na frente da oposição. Lauren ainda era a melhor no ramo. Fazia um bom tempo que ela não dava as caras e eu já estava ficando irado com isso. Os outros fornecedores não eram tão eficazes como ela.
—Você viu aquela metralhadora? Caramba! Eu fiquei apaixonado. —Khalil falou animado.
—Tem que ser mesmo. Você viu quanto vou pagar na mercadoria? Se aquela filha da mãe não fosse tão eficiente, eu juro que matava ela por tentar roubar. —Nós caminhamos até a porta principal e quando abri, me deparei com Chaz esparramado no meu sofá.
Aproximei-me de fininho, revirando os olhos ao notar que ele estava jogando aquelas merdas de novo.
—Deve ser bom não ter nada para fazer. —Falei apoiando o cotovelo sobre o estofado. —E ainda ficar de perna para cima na casa dos outros.
—Se eu fosse você, depois dessa nunca mais pisava aqui. —Khalil se jogou ao lado de Chaz. —Tenha um pouco de decência e amor próprio.
—Falou o mais decente de todos. Quantas vezes ele já te escorraçou daqui? —Chaz disse rindo.
—Eu tenho um coração bom e não guardo rancor.
—É melhor os dois patetas ficarem quietos. —Falei me sentando no sofá mais distante. —E como as coisas andaram na minha ausência? —Falei, pensando na briga de Selena com as duas piranhas. A sorte é que Ashley não leva a Selena a serio.
—Tudo tranquilão e na santa paz. —Chaz respondeu, jogando um joystick para mim e outro para Khalil. Eu não era muito ligado nessas porcarias, mas era melhor que não fazer nada. —Ash está treinando com a Vanessa lá na academia.
—Machucada daquele jeito? Caralho. Essa mina é a super girl só pode. —Disse Khalil.
—E a Selena? —Quando vi já tinha perguntado e me arrependi logo de imediato. Os caras iam ficar pensando que eu me importava.
—Ela passou o resto do dia no quarto. —Chaz respondeu, enquanto fazia manobras para me vencer. —Você gosta dela? —E do nada ele saiu com essa.
—Como é? —O encarei.
—Hoje ela me questionou sobre seus sentimentos e eu não soube o que dizer. —Vi Chaz ficar cada vez mais desconfiado conforme eu apertava o olhar.
—Ele não tem sentimentos. —Khalil falou rápido, fazendo cara de nojo e depois olhou em minha direção. —Você não tem, não é mesmo?
—Deixem de falar merda. —Tentei desconversar e apenas prestar atenção no jogo.
—Mas eu digo o quê a garota caso ela me pergunte de novo? —Chaz insistiu.
—Diz que ele sente borboletinhas no estômago quando está perto dela. —Khalil estava morrendo de rir.
—Vão tomar no cu! —Levantei de supetão, sentindo uma vontade de surrar os dois até a morte. Achava até que seria isso o que faria. —Se mandem daqui de uma vez antes que eu descarregue essa minha Glock em suas cabeças.
—Eu já estava de saída mesmo. Tenho um encontro com a mina do meu prédio. —Chaz levantou-se e foi só aí que percebi que ele estava todo arrumado.
—Aquela que faz tempo que você queria comer? —Khalil o encarou de cima a baixo. —Porra! Como Você conseguiu esse milagre? E que diabo de roupas são essas?
—Roupas apresentáveis para alguém que vai a um primeiro encontro. —Ouvi a voz de Selena e quando vi, ela já estava terminando de descer o ultimo degrau.
—Está parecendo um boiola. —A risada de Khalil me fez rir também.
—Igual a você. —Selena não deixou barato e Khalil a olhou feio. Fiquei observando o cuidado com o qual ela arrumava o colarinho da camisa dele com a sobrancelha arqueada e uma interrogação na cara. —Não esqueça de elogiar o cabelo dela e dizer o quanto está bonita.
—Mas e se eu não curtir o que ela estiver vestindo?
—Vai dizer que está lindo mesmo assim. —Selena disse em tom de bronca. —Agora vá e me dê orgulho. —Ela foi o empurrando até a saída.
—O que foi isso? —Perguntei e fui ignorado por ela.
—Não acredito que a gente perdeu a grande saída do Chaz. Que droga! Eu queria tanto zuar ele. —Ashley chegou toda suada junto com a Vanessa. Ambas usavam roupa de ginástica, exibindo seus belos corpos.
—Que maldade! —Vanessa sorriu. —Pelo menos ele tem algo para fazer em uma sexta-feira à noite, muito diferente da gente.
—Fale por vocês. Tem uma boate nova na cidade e o dono é parceiro meu. Estou com a entrada liberada JB, vamos? Como hoje é a inauguração, só entra os Vips. —Disse Khalil e eu apenas o encarei, pensando na opção.
—Certo. Vou só tomar um banho e saímos. —Avisei depois de um tempo.
—Oba! Legal. É o tempo da gente se arrumar também. —Vanessa falou toda empolgada.
—Vocês não vão a lugar algum com a gente. —Decretei.
—Podem esquecer. —Khalil me apoiou. —Vocês vão estragar os esqueminhas.
—Isso não é justo. —Selena resmungou.
—Quem liga? —Disse indo para o meu quarto e deixei elas reclamando.
Autora.
Justin tomou um banho rápido, colocou um jeans claro, camisa cinza e uma jaqueta de couro por cima. Já estava pronto para sair, quando Khalil bateu na porta de seu quarto.
—Vamos de uma vez cara. Deixa para passar gel nesse cabelinho depois. —Ele fez piada assim que a porta se abriu. Justin o olhou de cima à baixo com desdém.
—Vai sair com a mesma roupa?
—Lógico. Está limpinha e eu fico bem de branco.
—Espero que tenha tomado banho pelo menos. —O loiro Provocou e saíram juntos.
—Eu estou mais cheiroso que você. —Khalil piscou para Justin, que apenas fechou os olhos ignorando.
—Já mandei um papo para o meu parceiro e ele já vai liberar a entrada para a gente. Vai ter só mina gostosa meu irmão.
—Elas vão correr quando perceberem que você não tomou banho.
—Corre, mas é para cima do papai aqui. —Ele disse e Bieber fez cara de nojo.
Logo passaram pela sala e as garotas ainda não pareciam conformadas em ficar. Selena era a pior delas. Suas bochechas estavam tão inchadas que Justin sentia vontade de rir. Tinha que admitir que gostava quando ela ficava toda bravinha.
—Espero que se comportem. Não quero bagunça aqui. —O dono da mansão alertou, completamente serio.
—Tenham uma boa noite meninas! —Khalil disse em tom de provocação e Ashley mostrou o dedo do meio em resposta. Logo depois, eles deixaram a casa.
(...)
Eles pararam em frente a enorme porta de vidro, onde foram abordados por um homem magro que usava roupas de malandro e corrente de ouro. O sujeito olhou se seus nomes estavam na lista de convidados e depois liberou a entrada.
A pista de dança encontrava-se lotada, e próximo ao bar, alguns casais davam uns amassos em um sofá vermelho estrategicamente colocado na parte mais escura da boate.
—Estou sentindo que a coisa vai esquentar por aqui. —Khalil gritou para ser ouvido, enquanto praticamente devorava uma loira que passava por eles com os olhos. Justin apenas deu um sorriso de canto em resposta.
—Olha o cara aí! —Um homem alto e negro se aproximou, fazendo um daqueles comprimentos idiotas com Khalil. —Quando você disse que vinha, eu pensei que era caô. Você só tem papo seu filho da mãe.
—Mas relaxa que o papai chegou. —Disse Khalil puxando a camisa, todo convencido. —Esse é o parceiro de que te falei.
—Ah sim. O que não tem nome. —O cara analisou Justin com a expressão seca. Ele era um homem com muitos inimigos e tinha certa dificuldade em confiar em desconhecidos.
—Charlie. —Bieber falou o primeiro nome que lhe veio a mente. Um nome que ele mesmo definiu como “meio gay” mentalmente. O grandão continuava a encará-lo, como se estivesse decidindo se gostaria dele ou não. Isso estava começando a deixar Justin sem paciência e Khalil sabia. Alguns instantes depois, finalmente o homem abriu um sorriso camarada e estendeu a mão para aquele que seria seu suposto novo “amigo”.
—Então se é parceiro do meu brother também é meu. —Justin encarou a mão com puro desdém estampado na cara, e ao invés de cumprimentá-lo, simplesmente coloca suas duas mãos nos bolsos da frente. —Cara você vai me deixar de vacilo? —O olhar do homem agora já não era tão camarada.
—Não liga não Brad. Ele é meio doidão assim mesmo. —Khalil tentou justificar rapidamente, passando o braço sobre o pescoço dele.
—Certo. —O tal Brad não pareceu muito feliz. Justin feriu seu ego, mas quem disse que ele se importava? —Nos esbarramos por ai depois. Vou falar com os outros convidados.
—Está louco? O cara liberou a entrada para a gente e você fica tirando ele de cena. —Khalil falou em tom de bronca assim que o musculoso saiu.
—E eu com isso?
—Você não pode ser assim com todo mundo.
—Se tiver incomodado vai dar o cu a ele e me deixa em paz. —Justin respondeu, marchando diretamente até o bar.
O loiro pede um drink ao barman e Khalil encostou logo depois pedindo o mesmo.
—Você é enjoadinho pra cacete! —Ele revirando os olhos. —Melhor aproveitarmos a noite em paz. Olha a quantidade de cachorras que tem aqui. —Dizia enquanto vasculhava todo o lugar com um sorriso largo. —Tem mulher para todos os gostos. É só escolher o alvo e partir para a artilharia pesada.
Justin olhou em volta, notando que realmente havia muitas garotas bonitas ali. Elas dançavam até o chão, com roupa vulgar e tomando banho de cerveja. Coisa típica dessas festinhas que tem muito adolescente drogado. Ele respirou fundo, parecendo entediado.
—Fique a vontade. —Falou o loiro, apoiando um dos cotovelos no balcão e aproveitando para tirar um cigarro do bolso.
—Qual é meu irmão. —Khalil bufou revirando os olhos. —Olha as mina tudo olhando para a gente. Uma piscadela sua e qualquer uma se ajoelha e late.
—Não estou interessado. —Soprou a fumaça perto do rosto dele com seu jeito esnobe de sempre.
—Então fica ai fazendo cu doce. Eu vou dançar e pegar umas cachorras. —Disse Khalil, todo nervosinho.
Não demorou muito para que ele estivesse enfiado no meio de um grupinho de garotas que dançavam envolta dele como urubus na carniça. Justin soltou o ar e revirou os olhos, sorvendo uma grande dose de sua bebida. Sinceramente, já estava arrependido de ter saído de casa. Apenas aceitou o convite do parceiro para provocar Selena, mas a graça desse jogo já estava acabando.
—Comprometido? —Uma garota de pele morena e cabelos tingidos de loiro, encostou-se ao seu lado de repente. —Espero que não. —Ela deu um sorriso de lado que era muito mais que um flerte.
Ele ficou um tanto que surpreso com a atitude da garota. Já havia levado muitas cantadas em toda sua vida, mas aquela era de longe a mais direta. Sentiu vontade de rir, porém, optou por apenas olhar para o balcão de vidro e ignorá-la até que a moça tivesse a decência de ir embora.
—Vem sempre aqui? —Ela jogou o cabelo para o lado, fazendo um chame. —Me chamo Sophia. Prazer agora e depois. —A jovem prosseguiu, estendendo a mão para ele.
—E eu com isso? —Justin conseguia dizer aquilo com tanta simplicidade que até a garota se surpreendeu.
—Acho que é agora que você diz o seu nome e me paga uma bebida. —Deu uma piscadela descarada para ele. —Não precisa se fazer de difícil.
—Você é burra? —Justin olhou bem para o rosto dela. —Ou tem algum problema mental?
—Calma! Eu só quero conversar.
—Mas eu não quero. É esse o problema. —O loiro começou a se estressar. —Olha a quantidade de gente nessa porra aqui. Vai atanazar outro e para de me encher o saco.
—Nossa! —Ela levantou-se horrorizada com tamanha grosseira e saiu.
—É impressão minha ou você acabou de dispensar aquela gata? —Não demorou para que Khalil voltasse, abraçado a duas garotas, que estavam claramente embriagadas. —Você está vacilando cara.
—Cuida da sua vida porra. Esse negócio de querer dar uma de cupido já está me irritando.
—Então está bem. Fica aí o resto da noite, amargurado e sozinho que eu vou... —Khalil interrompeu a fala de repente e isso chamou a atenção de Justin.
Ele olhou por cima dos ombros para a mesma direção que o amigo e quase deixou o cigarro cair da boca ao identificar aquelas três figuras adentrando a boate. Ashley, Vanessa e Selena, foram iluminadas por um fecho de luz como se fossem celebridades, o que fez muita gente parar para olhar.
Elas estavam acompanhadas do grandalhão que era amigo do Khalil. Brad tinha Ashley e Vanessa em volta de seus braços, sentindo-se o maioral.
—Filha da puta! —Justin trincou os dentes e logo lá estava ele, passando por entre as pessoas que dançavam feito um furacão até que conseguiu chegar a elas. —O que diabo vocês estão fazendo aqui? Eu mandei ficarem em casa.
—Não. Avisou que a gente não iria a lugar algum com vocês, mas não disse nada sobre sairmos sozinhas. —Selena falou com um sorriso petulante, que certamente irritou Justin.
—Isso mesmo. —Ashley sorriu para Selena, achando sua resposte inteligente.
—Não banca a engraçadinha para cima de mim. —Bieber agarrou Selena firme pelo braço. —A gente vai embora agora.
—Só se for você porque eu não vou. —Ela disse conseguindo se soltar. —Acabei de chegar. Eu vou é curtir a festa.
—Mas como porra vocês entraram aqui? —Khalil chegou estando em companhia das duas garotas de antes e parou ao lado de Justin. Ele encarou as moças com desagrado, principalmente Selena.
—Fui eu quem liberou a entrada para as gatinhas. —Brad colocou o braço envolta da cintura de Vanessa, que mascava um chiclete com um sorriso e olhar de provocação. —Algum problema com isso?
—É garotos. Algum problema? —Ashley sorriu satisfeita com a cara que os dois rapazes fizeram. Ela realmente gostava de ver o circo pegar fogo.
—Ela te ofereceu a buceta em troca? —Khalil falou cheio de maldade, encarando Vanessa com repúdio, porém a garota não pareceu se abalar nenhum pouco com seu comentário. Ela deu até uma risadinha do tipo “tô nem aí” para ele.
—A buceta é minha meu amor e eu dou a quem eu quiser. —Ela puxou o rosto de Brad em sua direção e mordeu seu lábio inferior de um jeito bem vulgar.
Selena acabou rindo da atitude de Vanessa, sem perceber que era encarada por olhos castanhos chamejantes. Justin passou a visão pelo corpo da garota, que era coberto por um macacão preto e que tinha detalhes em tule. A peça era curta a tal ponto, que mostrava um pouco as nádegas da morena, o que certamente não agradou Bieber.
Ele voltou a agarrar Selena pelo braço e ainda chegou a dar alguns passos em direção à saída, arrastando a moça junto. Ashley foi rápida e se colocou diante dele, o impedindo de seguir.
—Se ela não quer ir, ela não vai. —Disse a loira de braços cruzados e a face séria a e encarar Bieber.
—Eu vou arrancar seus olhos, depois a língua e vou continuar fazendo isso até que não exista mais nem um pedacinho seu para contar história. —Ele fez partida para cima da loira e dessa vez foi Brad que interferiu, atravessando na frente.
—Não quero brigas na inauguração da minha boate. As gatas aqui são minhas convidadas, assim como você, então acho melhor esfriar sua cabeça e deixar elas em paz.
Ligado no automático, Justin levou a mão até a cintura. Estava tão cego e irado que só conseguia pensar em derramar sangue. Quando pegou à arma, outra mão tocou a sua. Selena o olhou com reprovação, balançando a cabeça.
—Para com isso. Curte sua festa que eu vou curtir a minha. Olhe só este lugar. —Disse ela, olhando tudo ao seu redor. —É enorme. Vocês não precisavam ficar perto da gente e nem nós iremos atrapalhar vocês.
—Isso foi a coisa mais inteligente que eu já ouvi essa garota dizer. Vamos deixar elas pra lá e curtir nossa festa. —Khalil segurou o amigo pelo braço, praticamente o puxando para longe de Selena. —Nós não conhecemos vocês e vocês não nos conhecem. Cada um para o seu lado. Vagabundas!
—Feito. Babaca! —Vanessa sorriu para Khalil, acenando.
Antes de sair, os olhares de Justin e Selena se cruzaram. Ela só queria mostrar ao loiro que ele não a controlava, mas a forma rancorosa com a qual Justin a encarava deixou tudo mais difícil. Abaixou o rosto por medo de não conseguir ser forte o suficiente e fraquejar depois de ter passado por cima de seu orgulho, saindo com Ashley, mesmo depois de tudo o que descobriu. Isso estava fora de cogitação.
Justin soltou a respiração igual a um touro bravo e lhe deu as costas, saindo dali. Ele voltou ao bar e tomou logo uma dose de whisky, sem se importar em estar misturando bebidas. Khalil não demorou a encostar perto do rapaz, que apoiou o cotovelo no balcão e o rosto na palma da mão transbordando impaciência. Tudo o que ele não queria naquele momento era ouvir as piadas do Khalil.
—Meu irmão, você está perdendo a moral viu? Há algum tempo atrás, ninguém ousaria a desacatar suas ordens. —Ele disse em tom de provocação.
—Fica na sua. —Justin fechou os olhos, buscando se acalmar.
—Quem é você e o que fez com Justin Bieber? Aquele cara era o meu herói. —Khalil mal terminou de falar e já estava sendo segurado pelo colarinho. Tinha conseguido deixar seu amigo ainda mais enraivecido que antes.
—Calma aí meu irmão! —Khalil agarrou em seu pulso.
—Cala a porra da sua boca caralho! —Justin gritou, trincando os dentes. —Eu continuo sendo o mesmo de sempre, entendeu? —Justin disse, com extrema voracidade.
—Que nada. Você está todo diferente depois que conheceu a filha do senador. —Khalil gritou de volta.
—Isso não é verdade.
—É mesmo? Então prova.
—Provar o quê? —Justin apertou ainda mais o olhar.
—Prova que você não está todo apaixonadinho por ela. —Khalil olhou de soslaio em direção a garota que havia dado encima de Justin antes. Ela estava dançando não muito longe deles em companhia de outras duas moças. —Vai lá e agarra a cachorra na frente da Selena. Mostra para mim que estou errado e que você ainda é o mesmo de antes. O meu brother.
Justin olhou para a moça chamada Sophia e depois para Selena, que vez ou outra também olhava para ele disfarçadamente. Seu ego exigia que ele tomasse uma atitude logo. Ele se recusava a aceitar que Selena tinha o dominado de tal forma. Estar apaixonado por ela era algo inadmissível. Justin Bieber era um assassino frio e calculista, não um babaca que andava se apaixonando por ai.
Sem pensar em mais nada, ele seguiu por entre as pessoas sem tirar a morena de seu campo de visão. Estava decido a encerrar tudo aquilo e foi o que fez, quando parou pertinho da moça, que o encarou com a testa franzida.
—O que você quer? —Ela disse toda indiferente, mas sua pose não demorou muito quando Justin a apertou em seus braços com força e lhe beijou. A moça se debateu um pouco para fazer certo charme, mas logo se deixou render pelo poder daquele homem.
Selena foi a primeira da turma a notar a cena. Seus olhos piscaram freneticamente sem querer acreditar no que estava diante dela. Por mais que as luzes e fumaça atrapalhassem um pouco, ela ainda tinha absoluta certeza do que via.
—Você está bem? Quer ir embora? —Ashley afagou o ombro de Selena com certo pesar por ela estar passando por aquilo. —Eu avisei que ele não prestava.
Selena negou com a cabeça.
—Eu sei. —Ela sentiu os olhos marejarem, mas respirou fundo e engoliu o choro. Estava triste e magoada, porém, não seria mais a garotinha frágil da história.
Ela estava ciente desde o início que aceitar entrar nesse jogo com Justin poderia deixar seu coração em mil pedaços. Arriscou e perdeu. Quando se tratava de ser frio, Justin era o campeão. O cara que atropelava os sentimentos como se não fossem nada. Trouxa tinha sido ela, se pensou que um dia isso poderia mudar. Ele era o abismo. Poucas se arriscavam.
—Vamos dançar. —Selena disse de repente, desviando o olhar para qualquer direção que Justin não estivesse. —Pega uma bebida para a gente.
O DJ começou a tocar Kill Em With Kindness e Selena se jogou no ritmo. Ela dançava jogando os cabelos de um lado para o outro, balançando os quadris de olhos fechados, apenas sentindo a música. Ela só queria dançar e esquecer-se de tudo ao seu redor. Tudo mesmo.
***
Justin afastou a garota com a mesma rapidez que havia lhe agarrado há poucos minutos atrás e deu uma olhada na direção em que Khalil estava. O amigo não fazia a menor questão de esconder sua cara de satisfação por Bieber ter seguido seu conselho.
O loiro virou o rosto à procura de Selena e ficou no mínimo surpreso quando percebeu que ela pareceu não ter dado a mínima para o que fez.
—Uau! O que foi isso? —Sophia puxou o rosto do rapaz para si e deu um meio sorriso. —Você beija maravilhosamente bem.
—Só que você não. —Disse ele, tirando as mãos da jovem de sua face com certo desprezo e simplesmente saiu sem lhe dar o direito de uma explicação para aquilo tudo.
—Meu brother! —Khalil o recebeu com um sorriso largo e os dois bateram os punhos. —Aquele sim era você. Justin Bieber. O cara que considero.
Justin nada lhe respondeu, apenas sentou perto do bar e pediu outra bebida ao barman. Estava sentindo-se estranhamente culpado depois do que fez. Sabia bem que Selena havia visto e também não conseguia parar de imaginar como ela deveria ter se sentido. Sua bebida chegou e ele virou todo o líquido de uma só vez, sentindo descer queimando a garganta.
Meia hora se passou e eles ainda estavam lá parados no mesmo lugar. Justin, agora com um copo de vodka, não conseguia tirar os olhos de Selena, que dançava linda e despreocupada, não muito longe dali. Para todo lugar que ela ia, o mesmo a seguia com o olhar. Estava vidrado na garota e já nem mesmo conseguia disfarçar isso na frente de Khalil.
—Cara é melhor nós irmos embora. Você já está ficando meio chapadão. —Advertiu o moreno ao perceber que o amigo já estava passando do limite.
—Eu não vou embora agora. Não enche. —Balbuciou, fazendo sinal para que Khalil saísse de sua frente. Ele estava atrapalhando sua visão de onde Selena estava.
—Se nós estivéssemos pelo menos curtindo a festa, era bom, mas você só fica ai olhando para a Selena e enchendo o cu de álcool. Você não faz mais esse papel de guarda-costas JB. Sai dessa.
—Vai dar teu cu ali na esquina caralho! Me deixa. —Gritou o loiro, batendo no balcão logo em seguida para que lhe trouxessem mais bebida.
—Você está um pau no cu mesmo. —Khalil revirou os olhos e fez sinal para que o barman não entregasse mais nada a Justin.
Ele continuou a tagarelar na tentativa de levar o amigo embora, porém, Bieber não estava se importando com nada disso. Seu olhar atento detectou o momento exato em que um homem alto e de boa aparência aproximou-se de Selena e começou a jogar papo. O sorriso no rosto de ambos deu a entender que o papo estava interessante, o que fez Justin apertar os punhos com força sobre as pernas.
—Deixa essa patricinha pra lá porra! Olha a quantidade de mulher que tem aqui. Ela nem é isso tudo. —Khalil se reclamava, olhando para a mesma cena que o parceiro. Selena agora dançava coladinha com o cara e realmente parecia estar gostando daquilo. —A vadia está até se esfregando naquele mané ali. Achei que você não gostasse de puta.
—Ela não é puta. —Khalil se surpreendeu quando Justin lhe acertou um soco no rosto. Ele passou a mão na boca e ao ver o sangue seus olhos se estreitaram. —Ela é minha.
—Ah é? Então por que a cachorra está saindo de mãos dadas com aquele cara? —Disse o moreno, sorrindo pequeno.
Justin virou o rosto no momento exato em que Selena deixava a boate acompanhada e seus olhos queimaram de um jeito que nunca foi visto. Antes que desse conta, seu corpo já havia atravessado a pista de dança e seguiu como um louco para a saída.
Com a mente perturbada e uma raiva descomunal crescendo dentro de si, Justin não demorou para atravessar o estacionamento e alcançar os dois. O homem alto já estava sob uma moto e de capacete, apenas aguardando que Selena colocasse o seu e fizesse o mesmo.
—Fique onde está. Você não vai a lugar algum sua cachorra! —Justin gritou, arrancando a menina da garupa, fazendo com que ela perdesse o equilibrou e caísse de bunda no chão.
—Qual é a sua meu irmão? —O rapaz desceu da moto rapidamente e já foi logo empurrando Justin, que andou três passos para trás. —Quem você pensa que é para tratar ela assim?
Justin o encarou com aquele olhar frio que era capaz de congelar até a alma de alguém. Ele observou atentamente o homem que retirava o capacete, revelando um rosto indiscutivelmente belo. Ele tinha olhos castanhos bem expressivos, um cavanhaque perfeito e queixo duplo.
—Quem eu penso que sou?—Uma risada rouca escapou do loiro. Ele decidiu naquele momento que mataria aquele ser que se atreveu a lhe afrontar. —Quer mesmo que eu me apresente? —Ele tateou sua cintura a procura da arma e ficou surpreso quando não a encontrou.
—Procurando isso? —Selena balança o objeto que agora encontrava-se em suas mãos. Justin arregalou os olhos em espanto. Realmente devia estar muito ruim para não ter notado quando ela pegou sua arma. —Nem pense nisso, Justin! —A garota lhe aponta a Glock quando ele ameaçou se aproximar.
—Não chegue perto dela. —Justin foi novamente empurrado pelo moreno bonitão.
—Fica quieto você também! —Exclamou a jovem, mudando de alvo.
—Calma gatinha! Abaixa isso aí. Está louca? —O rapaz levantou as mãos, encarando a arma bastante temeroso. —Por que a gente não sai daqui e conversa melhor em outro lugar?
—Porque eu não deixo. Ela é minha. —Justin gritou, atingindo o rosto do inimigo com um belo gancho de direita que o fez ir a lona.
—Sua o caralho! —Dessa vez foi Selena que gritou, dando uma tapa no ombro de Bieber. —Pare de ficar enchendo a boca para falar isso como se eu fosse sua propriedade. Eu não sou sua. Não temos nada, entendeu?
—Você vai para casa comigo e lá eu vou te dar uma lição que você nunca mais vai esquecer. —O loiro a fuzilou com o olhar.
—Eu não vou para a sua casa e muito menos com você. —Disse ela, mas Justin pareceu não lhe dar muita importância.
—Para de falar merda e entra na porra daquele carro! —O rapaz gritou em tom mandão, apontando a Ferrari estacionada não muito longe dali.
—Para e escuta uma vez na sua vida, Bieber. —Selena disse em alto e bom som, olhando bem para a face do loiro zangado a sua frente. —Eu não volto mais para aquela casa. Agradeço por tudo o que fez por mim e nosso acordo ainda está de pé, mas hoje mesmo eu irei dar um rumo a minha vida.
—Eu não vou permitir que vá embora, entendeu? —Ele estava muito mais alterado que o normal. Sentia firmeza nas palavras de Selena e aquilo o enlouquecia. Não conseguia nem pensar na ideia de não tê-la por perto.
—Para com isso, Justin. Já deu. —A moça pronunciou com pesar no olhar. só Deus para saber o quanto se afastar daquele homem era difícil, mas necessário. O amor que sentia por ele iria destruí-la. —Nós dois morando na mesma casa, respirando o mesmo ar... —Selena respirou fundo, segurando-se para não chorar. —Isso não vai dar certo.
—Você está com raiva porque eu beijei aquela garota, não é? —O loiro sorriu de lado, se achando. —É por isso que diz que não vai dar certo? Porque você não suporta me ver com outra?
Aquele ar de canalha desprezível em Justin era o que mais irritava Selena. Ele sabia bem o mal que causava e ainda assim se divertia com isso.
—Não dar certo porque você é você. Um cara escroto e imbecil e... —A garota parou de falar e puxou o fôlego, buscando a calma que seu coração já não tinha desde que aquele homem entrou em sua vida. —Quer saber? Deixa pra lá. Não importa.
Ela jogou a arma em direção ao seu dono, que a segurou com maestria e virou de costas, preparando-se para partir. Como já era de se esperar, Justin com seu jeito possessivo e controlador de sempre, tentou impedi-la.
—Espera, Selena! —Pediu a segurando pelo pulso, só que não contava com a virada brusca da moça, que o encarou com uma fúria desmedida no olhar.
—Mas que porra cara! Você é surdo ou o quê? Já disse que não quero mais nenhum contato com você. Qual foi a parte que não entendeu? —Gritou a morena, puxando seu braço.
—Eu gosto de você e não quero que vá embora. —Ele sussurrou tão baixo que Selena mal conseguiu entender.
—É o quê?
—Eu gosto de você. —Justin voltou a falar, só que além de baixo, ainda foi rápido e novamente a jovem nada entendeu.
—O que porra você tem que não fala? Aquela garota comeu sua língua por acaso? —Selena já tinha perdido a paciência e estava mais do que disposta a ir embora. Não ficaria ali servindo de chacota para aquele cara.
—O que eu quero dizer é que te amo caralho! —Exclamou o rapaz, tão alto que da esquina daria para ser ouvido. Ele ofegava com o peito subindo e descendo no mesmo ritmo acelerado que o coração. Um suor frio escorria por seu rosto e as mãos gélidas estavam serradas para impedi-las de tremer. —Eu me neguei a aceitar isso de todas as formas que pude. Eu nunca senti algo assim por ninguém em toda minha vida e isso é aterrorizante. Como eu fui me apaixonar logo por você? Uma garotinha tapada que só vivia causando problemas e eu não conto às vezes que quis te matar por isso. Você é estranha e seu jeitinho fofo às vezes me irrita profundamente, mas logo depois eu quero te beijar. Eu sempre quero te beijar. Você é pior que droga na minha vida. Sinto que estou cada vez mais necessitado de você e isso é frustrante. Você me faz querer ser outra pessoa. Me fez sentir, e não tem ideia do quando me sinto uma bichona falando isso. Eu acho que te amo, Selena Gomez.
De um canto não muito distante, escondidos embaixo de uma caminhonete vermelha, encontrava-se Khalil e Ashley. Ambos estavam vendo e ouvindo a tudo desde o início, apenas esperando o desfecho da situação.
—Quero a grana depositada hoje mesmo na minha conta. —Ashley avisou ao moreno, o olhando de canto com um sorriso vitorioso. —Eu disse que ele estava caidinho na dela.
—Está nada. —Khalil fez cara feia.
—Ele acabou de gritar aos quatro cantos que ama ela. Você é burro ou o quê?
—E aí? O que foi que eu perdi? —Ambos são surpreendidos por Vanessa, que se junta aos dois embaixo do carro.
—Ganhamos. —Ashley disse rindo.
—Isso! —Vanessa falou com empolgação, fazendo Khalil e Ashley a olharem feio por causa do volume da voz. —Está bem. Eu vou falar baixo. Só de pensar naquele monte de zero já fico toda molhadinha. —Falou a morena, mordendo o lábio inferior.
—Você fica molhada com qualquer coisa minha filha. Você é piranha! —Khalil disparou e antes que Vanessa revidasse, Ashley interrompeu a mesma.
—Calem a boca! Eu quero ver o desfecho disso. O que será que vai acontecer agora? Estou curiosa. —Ashley olhava atenta para as três figuras no meio do estacionamento.
—Simples. Ela vai se jogar nos pés dele. —Disse Khalil com sarcasmo.
Sem consciência de que estava sendo observado, Bieber aproximou-se da moça, segurou o queixo dela entre o seu polegar e o indicador, olhando em seus olhos arregalados. Ela estava pálida. A cabeça dava voltas e mais voltas, enquanto tentava digerir tudo o que tinha ouvido. Aquilo foi um choque. Selena não estava preparada para algo assim.
—Eu te amo! —Justin sussurrou lentamente, enquanto aproximava os lábios sedentos pelos dela. Fechou os olhos pronto para sentir o sabor daquela boca responsável pelo fim do seu sossego, quando o impacto em seu rosto lhe fez abrir os olhos de imediato.
—Vai tomar no cu! —Selena gritou com a testa franzida.
—Puta que pariu! Porra, por que você fez isso? —Ele perguntou confuso e um misto de irritação na voz. Estava com uma das mãos sob o lado do rosto atingido por a tapa de Selena.
—Você não vai me beijar depois de ter colocado a boca naquela garota asquerosa! —Disse a morena, bastante decidida.
—Você é doida! —Justin gritou.
—E você é um imbecil! —Selena mostra o dedo do meio para ele. —Vai tomar na porra do seu cu e me deixa em paz! —E dizendo isso, a garota simplesmente andou até o moreno sexy que até então, assistia a tudo quietinho e lhe estendeu a mão. —Me da a chave!
—Mas...
—Mas nada. Me da logo! —Ela o interrompeu, com a mão estendida a espera do objeto que logo lhe foi entregue.
—Você sabe pilotar?
—Não. Mas sempre tem uma primeira vez, não é mesmo? —E sem pensar duas vezes, a garota subiu na moto e deu sinal para que o carinha montasse também. —Como eu faço?
Ele lhe deu uma rápida explicação e Selena colocou em prática de imediato. Nem mesmo Justin acreditou na rapidez com a qual a garota saiu dali. Nem parecia a mesma garotinha estupida que ele ensinou a dirigir.
Ainda abismado, Justin se questionou sobre quando Selena havia mudado tão drasticamente. Não era a mesma. Ele tinha poder sobre a antiga Selena, mas a nova versão estava completamente fora de seu controle. Só conseguia pensar que se continuasse ali parado com cara de idiota iria perdê-la e foi só ai que resolveu tomar uma atitude e ir atrás dela.
—Porraaaaaaaa! —Khalil saiu de baixo do carro assim que tudo acabou, sendo seguido por as outras duas. Ele estava boquiaberto, sem conseguir crer no que tinha ouvido seu parceiro dizer.
—Uau! Essa deve ter doido no ego do Justin! —Ashley encontrava-se no mesmo estado que ele.
—Isso garota! —Vanessa comemorou a atitude de Selena. Ela jurava que a moça iria se entregar facilmente e cair na lábia do Bieber.
—Ele só pode estar doidão da cabeça. Fizeram lavagem cerebral no meu brother, só pode ser isso. É a única explicação. —Khalil levou as mãos a cabeça, parecendo nervoso e perturbado. Ashley revirou os olhos e lhe acertou uma tapa atrás da nuca, o fazendo despertar de seus devaneios.
—Ele está apaixonado. Só isso e fim. O cara bem lá no fundo ainda é humano. Aceita logo que dói menos. —Encerrou a loira.
Pont of view Selena Gomez.
Eu estava tão irada que o fato de estar pilotando uma moto em alta velocidade sem nunca nem ter pegado em uma não me assustava. Pelo espelho, pude ver que uma Ferrari nos seguia e com certeza era Justin. Isso me fez acelerar ainda mais com o olhar cerrado.
—Hey! Vai com calma ai princesa! Você quer matar a gente? —O bundão sentado na garupa gritou apavorado, porém não me importei. Continuei acelerando cada vez mais. —Para garota doida! —Ele berrou alto.
—Escuta aqui... Como é mesmo o seu nome? —Perguntei, pois realmente não lembrava.
—Denis. —Pelo seu tom de voz, percebi que tinha ficado chateado.
—Certo, Denis. Você não é homem não? Honre suas calças e pare de se borrar igual a uma garotinha. —Falei em tom de bronca.
Praguejei alto quando Justin ficou lado a lado comigo. Também não era muito de surpreender. O cara andava em uma Ferrari.
—Encosta logo essa porra aí!—Justin abaixou o vidro e gritou toda cheio de marra. Isso me deu tanto ódio. Quem ele pensava que era? O dono do mundo?
—Vai para o inferno! —Esbravejei.
Sentia o vento forte batendo contra o meu rosto, embaraçando meus cabelos e deixando minha visão embaçada. Mesmo assim eu continuei disputando a estrada com ele. Estava pouco me lixando para o que poderia acontecer. Eu só queria sumir por ai e nunca mais olhar para a cara lisa do Justin.
—Eu mandei você parar. —O grito dele agora tinha sido acompanhado por um tiro que foi acertado no pneu traseiro.
Eu só ouvi o estrondo e no momento seguinte já estava fazendo zig zag na pista sem o menor controle da moto. Denis gritava loucamente feito um marica, implorando a todos os santos que "ele" não morresse. Eu mesma teria o matado, se não tivesse que me preocupar com algo mais importante. Algo tipo SALVAR NOSSAS VIDAS.
Meu coração foi a mil quando avistei uma carreta vindo em nossa direção. Sem muita opção, joguei a moto para fora da pista, fazendo com que colidíssemos com uma placa. Foi tudo muito rápido. Em um minuto eu estava gritando e fechando os olhos com força, no outra já me encontrava no chão com Justin ajoelhado ao meu lado.
Sentia a cabeça zonza e só depois de uns minutos consegui ir abrindo os olhos lentamente. Minha visão estava embaçada, mas ainda consegui notar que Justin tinha uma expressão bastante aflita. Ele falava alguma coisa que não consegui entender. Ainda estava meio fora de órbita.
—Selena! Ei, fala comigo! —Ele me chacoalhava feito louco. —Você está bem?
—Seu IDIOTA! —Gritei o mais alto que consegui, acertando uma tapa bem forte no braço dele. Forcei meu corpo dolorido a se esquivar e com o que ainda me restava de força o empurrei. —Você estava tentando me matar?
—Eu mandei você parar a merda da moto. Você me ouviu? Não. Agora não reclama. —Ele se justificou e juro que parecia muito convicto de que atirar no pneu de alguém em alta velocidade era a atitude mais sensata do mundo. Puta que pariu! Como eu queria socar a cara dele.
—Pela milésima vez Justin Bieber, VOCÊ NÃO "MANDA"EM MIM. Mas que porra! —Bati com os punhos no chão, na tentativa de sessar a raiva. Não funcionou. Eu queria mesmo era esfregar o rostinho dele no asfalto.
—MAS QUE PORRA DIGO EU. —Ele levantou-se gritando. —CARALHO DE GAROTA MAIS CHATA!
Olhei para o lado, notando que Denis havia sido jogado a uma distância considerável de mim. Ele nem mesmo se mexia, então tentei me erguer com dificuldade para ir verificar se estava bem.
Senti as mãos de Justin tentando me ajudar e lhe dei um empurrão.
—Sai! Não chega perto de mim.
—Está vendo como você é? Eu aqui querendo ajudar e você fica com coisa. —Ele bufou alto, apoiando as mãos na cintura.
—Vai se ferrar! —Gritei bufando de tanta raiva. —Você ajuda mais ficando longe.
Sem nem olhar para ele, eu passei a andar em direção aonde Denis se encontrava. Ouvi os passos de Justin bem atrás de mim e aumentei as passadas. Essa desgraça parecia decidido a não me dar paz.
—Espera ai que eu ainda não terminei de falar com você. —Ele falou todo autoritário, me girando de forma que ficássemos cara á cara.
—Me deixa em paz, Justin. Pelo amor de Deus! —Passei as mãos pelos cabelos, impaciente. —Sai da minha vida encosto ruim!
—Olhe bem nos meus olhos e diz que quer mesmo que eu vá. —Ele segurou em meu rosto, tentando me obrigar a olhá-lo. Eu lutei, me recusando a fazer isso. —Olha para mim, Selena e me manda sumir da sua vida.
—ENTÃO SOME! SOME LOGO! —Gritei com os olhos apertados, segurando as lágrimas. Não. Eu não iria chorar. —Você nem deveria ter entrado na minha vida para começo de história. Foi quando te conheci que tudo começou a dar errado.
—Ah nem vem que quando eu te conheci sua vida já não era nenhum mar de rosas. Não vem colocar a culpa das suas desgraças só para cima de mim. —Ele se defendeu e eu logo o interrompi, afiada feito navalha.
—Mas ficou bem pior com a sua colaboração. Você decididamente é uma praga, Justin Bieber. Um veneno que vai destruindo tudo em que toca aos poucos.
—Uau! Isso tudo? —Falou com puro sarcasmo.
—Eu estou cansada de você! —Desisti daquilo tudo. Era perda de tempo discutir qualquer coisa com ele.
Lhe dei as costas e me aproximei de Denis. Ele estava jogado de bruços no meio da pista e ainda não via seu corpo se mover.
—Merda! Só o que faltava era ele não estar respirando. —Falei enquanto ia me ajoelhar para verificar a pulsação dele e fui puxada com brutalidade para longe.
—Deixa esse mané aí.
—Não seja tão... —Cortei a voz quando vi a mão de Denis segurar firme na minha panturrilha.
—So-Socorro! Me... Ajuda, por favor. —Ouvi sua voz cansada. Ele parecia estar com falta de ar. —Socorr... —Seu clamor foi encerrado por dois tiros, que atingiu a região da cabeça e ombro.
O sangue daquele homem escorria pelo chão do asfalto e respingou até no meu rosto. Ainda perplexa, eu encarava Justin, que guardou a arma despreocupadamente como se nada tivesse acontecido.
—IMBECIL! —Berrei furiosa.
—O que foi? Eu fiz um favor acabando com a agonia dele. —O cinismo desse cara fazia meu estomago embrulhar.
—Você pensa que é quem? Deus? —O recriminei. Ele por sua fez ficou pensativo, como quem estava considerando aquela hipótese. Soltei uma risada incrédula, negando com a cabeça. Justin Bieber era inacreditável.
—Você só faz merda! —Exclamei alto.
Um pingo d'água deslizou por meu rosto. Logo veio outro e mais outro, dando início a enxurrada. Olhei para o céu, vendo as nuvens escuras carregadas, mas não havia sinal de trovões e relâmpagos.
—Mas que ótimo! Era só o que faltava para completar. —Praguejei, completamente encharcada.
—Vamos logo embora daqui antes de pegarmos um resfriado. —Bieber deu alguns passos em direção ao carro, mas parou quando viu que eu não fazia o mesmo. —Hey! O que pensa que está fazendo? —Ele me observou enquanto eu arrastava o corpo de Denis comigo. —Deixa isso ai que daqui á pouco mando um dos caras se livrarem dessa bagunça.
—Nem pensar. Eu não irei deixar que faça com ele o que costuma fazer com os outros. Denis será enterrado como qualquer pessoa normal. —Continuei o puxando até o porta-malas com muita dificuldade, devo dizer. Ele era pesado.
—Ele está morto caralho! Qual é a diferença de ser enterrado ou derretido?
—Se ele está morto foi porque VOCÊ O MATOU.
—Matei e mataria de novo. Não mandei ele se meter no meu caminho. —Depois de ver minha tentativa frustrada de erguer o corpo sozinha, Justin veio a contragosto, e jogou o cadáver na mala feito um lixo qualquer. —Pronto. Satisfeita? Agora entra no carro e para de fazer cara feia.
—Meu Deus como você é babaca! —Disparei, indo logo em seguida para o banco do passageiro e batendo a porta com raiva.
—Bla, bla, bla! —Ele fez o mesmo que eu revirando os olhos e bateu a porta com o dobro da força. —Você só reclama. —Falou girando a chave de ignição.
—Não fala comigo. —Virei o rosto para o lado oposto, vendo a chuva grossa cair do outro lado do vidro.
—Está bem. —E dizendo isso, ele ligou o som carro. Uma melodia tosca do Fifith Cent invadiu meus tímpanos, fazendo com que eu colocasse as duas mãos sobre os ouvidos.
—Abaixa isso! —Gritei, mas minha voz não superou o barulho. Ele nem se quer me olhou. Apenas continuou de olhos vidrados, dirigindo para sabe Deus onde. Tomei a iniciativa de deixar o som no volume mínimo e o olhei já no auge da minha irritação. —Tem um cadáver na mala do seu carro. Será que pode ter um mínimo de respeito? —Por mais que eu falasse, ele nem ligava. Estava era balançando a cabeça com a maior cara de paisagem como se cantarolasse aquele rep idiota mentalmente. —Maldita hora em que você apareceu na minha vida. —Falei baixinho, achando que ele não tivesse ouvido, porém, estava muito enganada.
—Era eu quem deveria estar falando isso. —Seus olhos me encararam com certa raiva. —Maldito seja o dia que o Ryan teve a infeliz ideia de me colocar para ser babá. Eu estava muito bem. Poderia estar curtindo minhas férias no caribe, fumando um baseado na companhia de duas vadias gostosas. Mas não. Eu fui na pilha dele e agora estou em uma enrascada que nunca imaginei entrar. Eu, Justin Bieber, apaixonado por uma garota idiota. —Ele riu sem humor, negando com a cabeça. —Só pode ser praga.
Não me contive e comecei a rir. Era uma risada irônica e irritada que transmitia exatamente o que eu estava sentindo. Ele era muito filho da puta mesmo. Queria me fazer de palhaça com aquela conversa para boi dormir, achando que assim eu iria continuar ali, submissa a suas vontades.
—Qual é a graça? —Vi sua testa enrugar, enquanto ele tentava revezar sua atenção entre eu e a estrada. —Emh? Para de rir que eu estou falando com você.
—Eu sei. —Falei sessando o riso e voltando pouco á pouco para minha postura dura. —Você é tão engraçado, Justin. Enche a cara e fica falando um monte de mentiras achando que eu, a "garota idiota" vou cair na sua jogada. Eu disse que gostava de você Bieber, não que estava louca a ponto de acreditar em tudo o que sai da sua boca.
—PORRA! —Em um ataque de fúria, ele socou o volante. —EU NÃO ESTOU MENTINDO CARALHO!PELA PRIMEIRA VEZ ESTOU SENDO SINCERO E VOCÊ FICA ASSIM. EU TE AMO PORRA! EU JÁ ESTOU SEM PACIÊNCIA PARA FICAR ME REPETINDO.
—MENTIRA! —Também comecei a me alterar e apontei o dedo na cara dele. —PARA DE FICAR MENTINDO, JUSTIN.
Em uma atitude inesperada, ele tirou o carro da estrada, parando no acostamento.
—Mas o que eu preciso fazer para você acreditar em mim? —Dessa vez, Justin falou manso. Sua mão segurou a minha e depois a apertou quando tentei me livrar. —Fala o que você quer que eu faça e eu farei. Eu faço qualquer coisa para você não ficar longe de mim.
Tinha que admitir que agora havia estremecido. Me deu logo aquele maldito friozinho na barriga, causando um suor junto a tremedeira. Eu tinha cometido a burrice de olhar dentro de seus olhos. Aquele mel intenso que te paralisa de imediato. Não tinha defesa para isso. Seus olhos sempre foram como uma armadilha para mim.
—Não. Não. Não. Para com isso! —Na intenção de fugir de seus encantos, abri a porta do carro e sai sem me importar em me molhar novamente.
Pegar um resfriado era mais seguro que enfrentar aquela tortura. Eu já não conseguia dizer não. Estava chegando ao meu limite e aposto que ele sabia disso.
Logo Justin também saiu do carro e passou a me seguir, ambos dando voltas e voltas ao redor do veículo parecendo duas crianças birrentas. Talvez fossemos mesmo.
—Agora chega, Selena! Para de correr e me ouve. —Fui segurada por a mão e tive que parar.
Ele me girou de forma que eu ficasse encostada no capô e colocou cada braço em volta de mim, para que eu não fugisse. Estávamos tão próximos, que eu era capaz de sentir sua respiração pesada. Ele ali todo encharcado igualmente a mim e os lábios trêmulos entreabertos como se ele estivesse pensando no que dizer.
—Não vou deixar você ir. Se for preciso usar a força, eu irei usar.
—Eu não quero ser apenas uma marionete nas suas mãos. Alguém que você brinca e joga fora para usar quando bem quer. Eu não aceito isso!
—Você não é meu brinquedo. —As mãos dele seguraram meu rosto com todo o cuidado. Nossos olhares se cruzaram inevitavelmente e meu coração foi a mil. —Fique. Eu vou te provar isso.
—Eu não sei se... —Fui interrompida.
—Fique comigo, Selena. —Olhei bem no fundo de seus olhos e notei sinceridade neles.
Eu sabia o quanto era loucura. Acreditar no Justin seria como cometer suicídio, mas ainda assim, uma parte de mim —A mais burra—devo acrescentar, apelava a favor dele.
Sim, eu estava cedendo. Algo me dizia para dar uma chance não só a ele, mas também a nós. Porque eu ainda tinha esperanças que poderia sim existir um "nós". Fechei os olhos, rendida, apenas esperando que sua boca encontrasse a minha. Já nem me importava com o fato de ele ter beijado outra antes de mim. A necessidade era bem maior que o meu orgulho.
Fui sentindo sua respiração cada vez mais perto até que por fim, seus lábios molhados roçaram nos meus. Diferente do que eu esperava, Justin não me deu um daqueles beijos de tirar o fôlego como já era do seu feitio. Ele apenas me deu um selinho bem demorado, mas que mesmo sendo simples, transmitiu a mesma sensação calorosa de um beijo cheio de luxuria. Uma de suas mãos deixou o meu rosto para enlaçar minha cintura, colando ainda mais nossos corpos. Abracei seu pescoço, ficando na pontinha dos pés para alcançá-lo bem e ali permanecemos por certo tempo. Não importava a chuva. Não importava o corpo no porta-malas. Não importava nada.
—Vamos sair dessa chuva e ir para casa. —Ele falou, segurando minha mão e foi me levando de volta para dentro do carro.
—Espera. —Eu o chamei, antes que ligasse o carro. Justin parou, respirou fundo e me olhou. —É tudo verdade o que você falou?
—Do início ao fim. —Ele sorriu meio sem graça, mas fazendo de tudo para disfarçar.
Eu fitava minhas mãos inquietas sobre as pernas, tentando saber o que fazer agora. Certo que eu o perdoei, mas também não poderia voltar a estaca zero. Eu tinha que ter alguma garantia de que as coisas seriam diferentes entre a gente.
—Eu volto para a sua casa, mas tem uma condição. —Criei coragem para encará-lo. —Agora as coisas vão ser do meu jeito.
—Como assim? —Vi sua sobrancelha arquear.
—Quero saber aqui e agora o que existe entre a gente. Vamos ser "amigos que se pegam" como você e a Ashley faziam ou o nosso lance é mais serio? Vou logo avisando que não quero. Se é para ficar, então que seja pra valer. —Comecei a tagarelar sem parar de tão nervosa. Também era difícil não ficar com ele me encarando daquele jeito. —Vamos ter que...
—Que...? —Ele encostou o cotovelo na janela e apoiou a cabeça na palma de sua mão.
—Assumir um compromisso mais serio. —Disparei de uma só vez. Ele deu uma risadinha baixa e eu baixei a cabeça com vergonha.
—Está me pedindo em namoro? —Senti uma leve pitada de deboche em sua voz.
—Olha aqui... —Ergui a cabeça, decidida a não deixar que ele me humilhasse. —Eu só estou dizendo que... —Ele me interrompeu, colocando o dedo indicador sobre minha boca e fazendo Shiiii.
—Okay.
—Okay...? —Dessa vez foi minha sobrancelha que arqueou.
—Unhum. Eu namoro com você.
—Serio? —Não conseguia acreditar nisso. Achava que ele seria mais resistente a ideia.
—Já disse que sim. Odeio ficar me repetindo. —Falou já mais impaciente, o que não era nenhuma grande surpresa. Justin não conseguia ser um cara normal por muito tempo.
—Então vai se danar! —Bufei alto, cruzando os braços e fazendo cara feia.
—Mas já começou de novo? —Ele me olhou atravessado.
—Você, né?
—O culpado sempre sou eu.
—Por que será, emh, Bieber? —O encarei com um sorrisinho debochado. —Por sua causa, temos um cara morto bem ali atrás.
—Deixa que isso eu resolvo, está bem? Não é problema seu. —Disse todo frio.
—Realmente não deveria ser, mas eu estava lá na hora e ainda estou te ajudando a se livrar do corpo. Isso me faz cumplice.
Ele deu um meio sorriso e eu arregalei os olhos sem entender. O que será que passou pela cabeça dele?
Observei Justin tirar o celular do bolso e discar o numero de alguém, colocando a aparelho no viva-voz enquanto ainda chamava.
—Fala aí. —Assim que atenderam, pude ouvir a voz irritante do Khalil.
—Quero que você resolva uma parada para mim. —Justin começou a falar, já ligando o carro e voltando para a estrada. —Vai buscar uma Hayabusa que ficou jogada no canto da pista e leva para o desmanche.
—E por que eu? —Khalil não se agradou da tarefa e também por seu tom de voz, eu achei ele mais irritadinho que o normal.
—Por que eu estou mandando caralho. Não discuta e vá logo fazer o serviço antes que algum imbecil veja a moto caída e resolva chamar a policia. —Disse Justin, com seu tom durão e autoritário. —Ligue para mim quando tiver terminado. —E sem nem esperar a resposta, Justin finaliza a ligação.
—Belo jeito de tratar os seus amigos. —Não consegui segurar minha língua.
—Vai tomar no cu e não me enche! —Resmungou e logo em depois deu três espirros seguidos.
—Parece que alguém vai ficar doente. —Falei debochada e ele me olhou feio.
—Vamos logo para casa que eu quero tirar aquele lixo do meu carro e trocar de roupa. —E dizendo isso, ele pisou fundo no acelerador e seguimos para a mansão.
(...)
Logo que passamos pelo portão, Justin abriu o porta-malas e tirou Denis de lá, o jogando sob seus ombros. Ele entrou em casa, passando por Dorothy sem se importar. A olhei rapidamente e não achei que estivesse tão horrorizada o quanto deveria. Talvez ver o patrão carregando um homem morto nos ombros não fosse novidade para ela.
A ignorei, e continuei seguindo Justin, que adentrou seu escritório e me mandou fechar a porta. O observei jogar o cadáver no chão como se não fosse nada e tirar sua poltrona do lugar. Fiquei ainda mais atenta quando o vi levantar um tapete vermelho que havia ali e revelar uma espécie de entrada secreta no chão. Ele puxou a portinha e pude ver uma enorme escadaria, que provavelmente daria acesso a um esconderijo subterrâneo.
—Trás ele aqui. —Fez um sinal para que eu empurrasse o corpo para mais perto, para que ele pudesse descer com ele.
—Aonde essa escada vai dar? —Perguntei curiosa, enquanto fazia o que ele havia pedido.
—Não importa. Fique aqui. Eu volto logo.
—Nada disso. Eu também vou.
—Não.
—Vou sim. —Fui logo me enfiando lá dentro sem me importar com a cara feia dele.
—Porra de garota mais teimosa! —Praguejou me dando as costas e passando a descer as escadas, levando o defunto junto em suas costas. —Depois não diga que não avisei.
Revirei os olhos e continuei o seguindo como se fosse sua própria sombra. Estava escuro a ponto de eu quase não conseguir enxergar os degraus abaixo de mim. Quase levei um tombo e Justin reclamou, pois se isso acontecesse, eu levaria ele junto. Quando finalmente chegamos ao chão, ouvi algo caindo —Provavelmente Justin jogando o corpo para lá—e logo em seguida, bateu as mãos duas vezes, fazendo com que a luz ascendesse.
Minha boca se abriu instantaneamente com o que vi. Aquele lugar parecia uma zona de tortura típica de filmes de terror, só que bem mais sofisticado. Cheio de aparelhos, facas, tesouras e outros objetos estranhos que não consegui identificar de início.
—O que é isso? —Perguntei ainda olhando em volta e boquiaberta.
—Bem vinda a sala da tortura! É aqui que toda a diversão acontece. —Justin sorriu diabólico e confesso que me arrepiei toda só de imaginar nas coisas macabras que ele fazia ali com as pessoas.
Ele colocou Denis sobre uma mesa de cirurgia e seguiu em direção a outra mesa no canto da parede repleta de coisas cortantes. Seus olhos frios percorreram todos eles até que optou por uma serra elétrica.
—É. Faz tempo que não uso isso. —Ele sorriu para o objeto. —Vai facilitar e muito o meu trabalho.
—Você vai esquartejar ele?
—Unhum. —Ele afirmou sem me dar muita importância. —Ele é meio grande para caber ali no tanque. —Disse apontando para o tanque que mais se assemelhava a um aquário gigante. —Em pedaços pequenos vai ser melhor de derreter.
—Eu não vou ver isso. —Falei apressada, cobrindo os olhos, quando ele ligou a serra.
—Quem mandou você descer mesmo? —Disse ele com sarcasmo.
—Também não imaginei que você fosse fazer isso.
—Ele está morto, Selena. Nem vai sentir. —Por sua voz, parecia desapontado. —Assim nem tem graça.
—Você simplesmente não existe. É um demônio! —Falei ainda cobrindo o rosto e ele soltou uma gargalhada rouca, achando muito engraçado.
—Imbecil! —Bufei alto e corri dali, voltando para o escritório.
Por mais que eu já estivesse acostumada com o lado sombrio do Justin, as vezes ainda me surpreendia com o quanto ele podia ser assustador. Matar para ele era realmente algo divertido. Onde eu estava com a cabeça quando me envolvi com esse homem?
Foi pensando nisso que resolvi sair do escritório e abandonar logo de uma vez aquela casa. Essa sim seria uma atitude inteligente. Aproximei-me da porta e antes que pudesse encostar a mão na maçaneta, a mesma foi aberta.
—Opa! Que pressa toda é essa? —Chaz me questionou todo sorridente.
—Estou indo embora. —Me apressei em responder. Tentei passar, mas Chaz parou, barrando o meu caminho.
—O Justin sabe disso? —Sua sobrancelha arqueou.
—Não. Isso não é da conta dele. —Voltei a tentar passar e novamente fui barrada. Isso me estressou. —Sai logo da minha frente!
—Vixx eu não posso fazer isso. —Chaz ainda abriu os braços, fechando a saída. —Se eu permitir que você saia, o Justin acaba comigo e depois mata você. Não quero o seu mal e nem muito menos o meu, capiche?
—Ora seu traidorzinho de uma figa... —Já ia levar minhas mãos ao seu pescoço, quando ouvimos um pigarro alto.
Parei e olhei para trás, encontrando Justin com a roupa e o rosto sujos de sangue. Com a face seria, ele nos olhou por um instante e depois colocou as mãos nos bolsos da frente.
—Eu vou tomar um banho e sugiro que faça o mesmo, Selena. Quando eu voltar, quero falar com você. —Disse ele, para logo depois subir todo cheio de moral.
—Não vou falar nada com você. Vou embora. —Gritei e ele parou no topo da escada, de costas para nós.
—Se ela sair, quem vai pagar o pato é você, Chaz. —Avisou e depois sumiu no corredor. Virei-me a tempo de ver Chaz se benzendo de um jeito meio engraçado.
—Misericórdia! —Disse ele. —Faz o que ele diz vai. Não cause problemas para nós dois.
—Você é um bundão medroso! —Revirei os olhos.
—Bundão medroso, mas burro não. Eu que não vou comprar briga com ele por causa de você. —Ele deu dois passos para trás quando viu minha expressão em relação ao que disse. —Sem ofensa. Por que não aproveitamos o tempo para conversar? Eu vou te contar como foram as coisas no meu encontro.
—Não quero saber. Também não estou nem aí para o seu encontro. —Cortei o barato dele e resolvi subir logo de uma vez para enfrentar Bieber. Quanto mais rápido fizesse isso, mais cedo iria embora.
Adentrei seu quarto, quebrando uma de suas regras e ouvi o barulho do chuveiro ligado. Ele ainda estava no banho e eu teria que esperar.
Olhei bem em volta, apreciando a decoração. As paredes pintadas em preto e branco davam certo ar sombrio ao local, o que claramente representava bem o dono. As coisas do Justin eram de um bom gosto indiscutível, mas, me transmitia solidão. Mesmo tendo tudo aquilo, era sozinho e o que mais me intrigava é que essa era uma escolha sua. Justin afastava as pessoas de sua vida, só não entendia o porquê.
Ouvi a porta sendo aberta e meu coração palpitou. Não tive coragem suficiente para virar, então comecei a falar de costas mesmo.
—Tá. Eu já sei que você não gosta que entrem na merda do seu quarto, mas o que tenho a dizer é coisa rápida. A coisa é muito simples. Só vou pegar o que é meu e irei embora. Depois que eu encontrar um lugar para morar, nós manteremos contato para colocar o plano de vingança em pratica. Não se preocupe, você será muito bem recompensado pelos seus serviços quando eu conseguir tomar posse de tudo o que é meu por direito e... —Parei de falar e estremeci quando senti suas mãos em volta da minha cintura e logo depois, seu corpo encostou-se ao meu.
Ele ainda estava um pouco molhado e o cheiro do seu sabonete era inebriante. Cheguei a fechar os olhos para senti-lo de forma mais concentrada.
—Cala a boca e tira a roupa. —Ele sussurrou com aquela rouquidão bem pertinho do meu ouvido.
—Quê? Eu não vou tirar minha roupa... —Voltei a perder a voz, quando senti aquela boca pecaminosa em meu pescoço. Soltei um gemido involuntário e me ofendi mentalmente por isso.
—Não resista, Selena. Lutar contra o que sentimos é perda de tempo. —Ele falou ofegante e logo depois girou meu corpo para que ficássemos frente á frente. —Você tentou. Eu tentei. Agora é hora se jogar nisso.
Minha surpresa por suas palavras foi superada quando notei que ele estava completamente nu. Com a boca aberta, eu o olhei de cima á baixo, parando em seu membro nada discreto e depois voltei rapidamente para seu rosto. Ele me olhava de um jeito ardente e sufocante.
—Vo-Você... Está pelado? —Falei o óbvio toda gaga. Eu estava nervosa. Muito nervosa mesmo.
—É... —O observei passar a mão pelo peitoral nu e musculoso, só pra me provocar com uma carinha de inocente, que de inocente não tinha nada. —Parece que sim, né?
—Eu não vou cair nos seus joguinhos, Bieber. Trate de ficar bem longe! —Passei a andar para trás, conforme ele vinha em minha direção. —Eu estou falando muito serio. Tira esse sorrisinho da sua cara lisa.
Parei quando senti minha perna esbarrar na cama e me desequilibrei. Justin me segurou antes que eu caísse, voltando a colar nossos corpos. Seu membro rígido roçou em mim e o tecido não foi capaz de impedir que um trilhão de sensações me dominasse.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele me calou com um beijo daqueles de ver estrelas. Suas mãos apalpavam minha bunda e cintura, friccionando nossos corpos. Eu estava cada vez mais assanhada com sua pegada feroz.
—Isso... —Me afastei, puxando o ar de volta para meu pulmões. —Isso não vai dar certo. Eu sinto. Eu. Você. Nós dois... Isso é problema na certa. —Falava lutando contra a falta de ar.
—Eu sei disso. —Ele deu aquele sorriso sexy que derrubava até avião e eu amoleci na hora. —Mas vai ser divertido tentar. Agora seja uma boa namorada e só abra a boca para gemer para mim. —Concluiu, me empurrando sobre o colchão.
Foi ali que tive a certeza que já não tinha para onde fugir. A cada passo para frente era mesmo que dar dois para trás em direção a ele. Meu destino foi decidido no momento em que aceitei me jogar naquela loucura.
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