História Dominated (Revisão) - Boa resposta, você não deve confiar mesmo em mim

O dia de hoje passou de maneira infernal.

Durante toda a parte da manhã — e toda a noite de ontem — minha mente ficou divagando entre as possibilidades sobre o que poderia acontecer hoje, e outra parte dela apenas ficou se martirizando sobre ter dito sim. Claro que deveria ter me controlado e dito não, porque nenhum Jared Leto da vida convida uma mulher para jantar sem que ela termine como sobremesa. Essa opção me assombrou bastante, até eu perceber que talvez — só talvez — eu realmente queira terminar na cama com ele. Essa descoberta não me fez sentir melhor, pelo contrário, o dia todo fiquei me chamando de qualquer nome pavoroso para o erro que eu estava prestes a cometer.

A coisa toda piorou quando a hora do almoço chegou e não havia nenhum um sinal do meu chefe, Jared nunca se atrasava. Resolvo olhar a sua agenda, só no caso de que eu tenha perdido qualquer compromisso que ele tenha, mas não, não havia nada lá. Cheguei até a trocar algumas palavras com a sua secretária/assistente pessoal que apenas disse que ele tinha alguns compromissos de última hora. Tive de morder a língua para não soltar algo como: “o Sr. Leto marcou um encontro comigo hoje e não apareceu durante toda a manhã, coisa que ele nunca faz, você sabe se ele só está ocupado ou está fugindo de mim?” Eu estava me sentindo patética, ele podia ter feito o convite no calor do momento. Descartei a ideia imediatamente, ele não parece como alguém que age impulsivamente.

Não mencionei o meu jantar em plena terça-feira com ninguém, mesmo que minha mente insista em imaginar que todos sabiam e que logo eu seria o tema da fofoca da empresa. No almoço, porém, nem ao menos Shannon parecia saber de nada enquanto almoçamos, e por isso, eu fiquei aliviada.

Já está na hora de ir embora e nenhuma notícia do meu querido chefe. Então em um misto de alívio e frustração eu dou a partida no meu carro, ligando o som para me distrair. Minha mente mais uma vez se perde pensando em Jared Leto, e quando finalmente acordei do meu estado de torpor eu estava sentada no meu sofá. Olho para o meu celular, e percebo que foi o seu toque que me despertou dos meus devaneios. Não reconheço o número no identificador de chamadas.

— Alô? — Murmuro hesitante, o fato de não saber quem é, torna tudo um pouco estranho.

— Sentiu minha falta? — Meu corpo estremece com a voz brincalhona e rouca do outro lado da linha, ainda era meio surreal ouví-lo soar tão casual.

— Jared. — Minha voz não passa de um sussurro e me sinto idiota imediatamente.

— Só liguei para ter certeza de que você não vai fugir de mim esta noite.

— Foi você quem sumiu o dia todo, Jared. — Murmuro com o rosto pegando fogo. A fugitiva não sou eu. Sua risada rouca do outro lado da linha me faz estremecer.

— Então você sentiu mesmo a minha falta hoje? — Reviro os olhos. Tive saudades de quando sua arrogância só me dava raiva, essa coisa a mais não estava nos planos.

— Não. — E eu estou falando a verdade, o Jared pode até ser suportável fora do escritório, mas dentro dele é o meu pior pesadelo. — Mas fiquei achando que tinha desistido do jantar e não queria falar na minha cara. — Também não é mentira, mas digo isso em tom de brincadeira, porque fica claro que Jared não é do tipo que foge.

— Você deveria saber que eu sou um pouco melhor do que isso. — Ele enfatiza o “pouco” — Agora vá se arrumar, te vejo daqui a pouco. — Sua voz é tão natural me dando ordens que eu praticamente não ligo. Tenho que me lembrar que estamos fora da área de trabalho e eu posso fazer o que eu quiser. O telefone fica mudo assim que ele diz isso. Fazendo-me encarar o celular com cara de idiota.

Olho rapidamente para o relógio do meu celular, constatando então que já havia passado da hora de ir tomar um banho e começar a me arrumar. A falta de tempo acabou se tornando um bônus inesperado, já que com toda a pressa de me parecer ao menos apresentável, não tive tempo para ficar ansiosa demais ou me martirizando demais.

Cinco para às nove e estou completamente pronta, o que só pode ser fruto da minha capacidade incrível de me arrumar rápido adquirida com a mania insuportável de Emma de me chamar para sair no último minuto. Caso Jared chegasse no horário, eu não o mataria de tédio enquanto me espera. A coisa toda de adivinhar que ele seria pontual não pode ser mais correta, já que dois minutos depois o meu celular apita, informando-me de uma mensagem de seu número, que agora está salvo no meu aparelho.

“Estou te esperando aqui embaixo, não demore”.

O tom natural de ordem de sua mensagem me faz trincar os dentes, até perceber que ele provavelmente está brincando com a minha cara, já que ficou claro que analisar e testar minhas reações é um de seus novos hobbies favoritos. Puxo bastante ar para os meus pulmões e solto com força, me preparando para esse jantar, enquanto pego a minha bolsa e saio do apartamento.

O elevador nunca me pareceu tão lento como agora, e então constato que a minha ansiedade está subindo a níveis extremamente alarmantes, e isso me preocupa.

— Jared. — Cumprimento-o com um sorriso assim que eu saio do prédio. Como sempre ele está lindo de morrer, mas um pouco menos formal. Seu blazer tem as mangas ¾, expondo seu antebraço definido, está com uma blusa branca com os primeiros botões abertos, uma calça preta um pouco justa e seus sapatos italianos. Fica difícil não se sentir insegura com um homem desse calibre te acompanhando em um jantar. Seus olhos azuis me medem de cima a baixo antes de abrir um sorriso malicioso.

— Alexandra, você está deslumbrante. — Tento não enrubescer com as suas palavras ou deixá-las alimentarem demais o meu ego. Piora ainda quando ele só de brincadeira, puxa a minha mão esquerda e a beija, mandando impulsos elétricos para todo o meu corpo, me sinto idiota no mesmo instante.

— Você também está adorável. — Claro que a palavra não é exatamente a que eu usaria, mas de qualquer maneira.

Ele fez uma careta engraçada para a palavra antes de abrir a porta do carona de outro carro, o que eu ainda não conhecia. Não pude evitar a surpresa por seu gesto educado ou então por ele mesmo dirigir hoje. Poucos segundos depois ele já está dando partida no carro. Me viro um pouco, de modo que possa observá-lo. Toda a fachada profissional parece ter sumido, o que é ótimo, mas eu sei que sua autoridade era uma faceta que muito provavelmente o acompanhava em todos os momentos, ele já havia deixado isso bem claro.

Logo que ligou o rádio, uma música voltou a tocar, indicando que ele a estava ouvindo antes de eu chegar. Como sempre, imediatamente reconheci-a, mais uma de minhas favoritas. Jared se vira para observar o meu sorriso e então ele também sorri. Seria um gesto fofo em qualquer outro, mas nele nada poderia ser fofo. A palavra é quase uma ofensa, ele é sexy demais para isso.

— Para quem não me suporta, parece que temos muito em comum. — Vejo bem o seu sorriso enquanto fala. Não acho que ele esteja errado, houve um tempo em que eu realmente não o suportava. Bem, pelo menos agora eu tenho o benefício da dúvida.

— E quando foi que eu disse que não suportava você? — Atiro de volta, arqueando a sobrancelha.

— Sei que você acha que eu não presto atenção, mas se estou onde estou, é porque percebo todos os detalhes, além do mais, pelo menos para mim, você é até fácil de ler. — Me chuto mentalmente por ter achado transparecer tão composta.

— Por que me manteve trabalhando para você então?

— Primeiro porque eu gosto mesmo de um desafio, segundo porque você é uma excelente advogada. — Torço o nariz, percebendo rápido demais que estava certa.  Desconfiei que havia algo errado nas investidas nele, e é isso, eu sou um desafio para ele. Eu sabia que algo não se encaixava, pelo menos agora sei o que é. Tento não deixar isso me abalar completamente.

Se eu sou o desafio dele, ele nem sabia que desde que o conheci ele era o meu também.

— Um desafio? Você sabe como mexer com uma garota, Jared. — Assinalo em tom de brincadeira, e acho que ele não percebe o brilho raivoso nos meus olhos.

— Mas acontece — ele começa sereno. — Que eu observei mesmo você, e percebi que mesmo sendo fácil de ler, você continua sendo imprevisível. Acho que foi por isso que não resisti te chamar para sair hoje, não tinha certeza de que aceitaria. — Explica com uma piscadela no fim. Ele só pode estar de brincadeira comigo.

— Jared, para alguém que tem o mundo na palma das mãos, imaginei que tivesse mais prazeres na vida do que me chamar para sair e adivinhar uma resposta. — Pontuo com interesse. — Mas por curiosidade, o que achou que eu faria?

— Vou ignorar o seu tom, mas se quer mesmo saber, eu sabia que aceitaria. De um jeito ou de outro. — Murmura com o semblante mais sério. - Só imaginei que eu precisaria de um pouco mais de persuasão.

O jeito arrogante e metido com que ele fala isso me faz travar o maxilar, antes que alguma resposta estúpida saia da minha boca.

Ele parece perceber que me tirou do sério, porque aumenta o volume da música quase imperceptivelmente e o silêncio entre nós se espalha mais rápido do que uma notícia ruim. Eu já estou prestes a pedir para que ele dê meia volta ou pelo menos abra a porta para que eu chame um táxi, quando estacionamos na frente de um restaurante fabuloso. Nunca cheguei a vir aqui, mas sei que é um dos melhores de Miami. Então, o fato de nenhum carro, exceto o dele estar estacionado, me indica que alguma coisa está errada. Porém, a hostess está parada na porta de vidro, como se fosse um dia normal de trabalho.

Me viro para perguntar se Jared sabe de alguma coisa, mas ele apenas dá de ombros enquanto sai do carro, e com um gesto de mãos, me manda esperar. O observo se mexer com a elegância de um felino até a minha porta. Abrindo-a para mim, e ainda oferecendo a mão para me levantar. Então a raiva que eu sinto se esvai com o seu toque.

Odeio-me um pouco mais por isso.

— Desculpe. — Sei que ele está falando sobre minutos atrás, então eu apenas dou um sorriso. — Não vou estragar a nossa noite. — O jeito com que ele fala isso, me faz olhar para baixo antes que eu faça alguma coisa muito idiota e avance contra os lábios dele nesse exato momento. O jeito que ele consegue me levar a extremos opostos em questão de minutos era no mínimo perturbador.

— Tudo bem. — Murmuro enquanto sua mão se entrelaça na minha, nos guiando até a entrada. A hostess tem um sorriso enorme, e não sei se é por pura simpatia ou porque Jared é essa perdição.

— Sr Leto, Srtª Hall, serei a sua hostess essa noite, me acompanhem, por favor. — Franzo o cenho por ela conhecer o meu nome, mas mantenho a boca fechada. Me sinto consciente de sua mão na minha, me lembrando de repente que esse homem é meu chefe. Quase me pergunto se a hostess sabe disso.

— Esse é o meu restaurante favorito, espero que se torne o seu também. — Sussurra no meu ouvido enquanto saímos da entrada, indo diretamente para o segundo andar, que tem a melhor vista da praia.

Minha boca se abre em choque quando percebo o que está acontecendo.

Só há uma mesa aqui no terraço, apenas uma mesa grande e elegante, posta no melhor lugar, perto da balaustrada, onde há uma vista privilegiada da praia e da roda gigante posta junto com os outros brinquedos do parque de diversão à beira mar que fervilhava de pessoas.

Ele comprou o restaurante por uma noite.

Para nós.

Tenho certeza de que estou com cara de idiota, mas é o que acontece quando um cara feito ele faz isso para uma pessoa como eu. Não parece real e por instinto tento me convencer que algo não está certo nessa situação, até para ir para cama com alguém, isso é muito. Sei que Jared é rico e poderoso, eu já estaria satisfeita apenas por comer em qualquer restaurante sem privacidade, inferno, eu estava esperando por isso. 

Não saber o que esperar é partes iguais de frustração e frio na barriga.

Ainda embasbacada, sento-me na cadeira que ele puxa para mim. Quando se senta, resolve se pronunciar, provavelmente farto com meu silêncio.

— E então, estou perdoado? — Sua voz rouca me chama de volta para a realidade, e desvio o olhar da linda vista da baía principal de Miami, para a vista do cara mais sensual do mundo.

— Não acho que alguém conseguiria não te perdoar na minha posição. — Minha voz sai rouca. E quando a sensação do momento ser especial bate, me trago de volta a sensatez, talvez ele sempre faça isso. — Não precisava fazer isso.

Mas eu viveria na fantasia por essa noite. Já teria que lidar com a realidade amanhã.

— Você merece. — Seu sorriso de resposta é de tirar o fôlego. — Esse é o meu restaurante favorito, com a melhor vista, não seria uma tragédia estar aqui rodeado de pessoas falando alto? Agora eu posso prestar toda a atenção do mundo apenas em você, assim, sem ninguém olhando para nós, cobiçando você. — Sua mão macia encontra a minha por cima da mesa, entrelaçando nossos dedos mais uma vez, esse gesto me aquece e eu sorrio envergonhada. Sem saber o que dizer, eu definitivamente estava fora da minha área de conforto.

— Uau, você tem o jeito, não posso negar. — Minha voz sai baixa. Normalmente estaria estranhando o fato de estar sozinha com ele, sabendo quantas pessoas queriam estar no meu lugar, mas agora, não posso estar mais agradecida.

— A ideia me veio hoje quando acordei, então passei quase o dia inteiro negociando com eles. — Fico mortificada ao perceber quatro coisas.

Jared Leto pensou em mim assim que acordou.

Jared Leto faltou um dia inteiro de trabalho apenas para resolver uma surpresa para o nosso... Encontro.

— Não acredito que te deixei sem fala.

— Só cheguei à conclusão de que você gosta mesmo de um desafio. — Ele percebe que não estou falando sério, e dá uma risada rouca que arrepia cada pelo do meu corpo, eu nunca o tinha visto rir. — Você tem uma bela risada. — Pisco para ele, devolvendo o gesto que ele tinha feito no carro. Agora eu fico surpresa quando o vejo ficar um pouco desconcertado. Resolvo não jogar isso na cara dele. Mas para mim, isso conta como uma grande vitória.

— Você também tem uma risada sarcástica fascinante. — Ele abre um sorriso de canto e o seu olhar me queima ao se fixar em mim. — E Alex?

— Sim? — Me foco em não desviar os meus olhos dos seus.

— Eu adoro um desafio. — Claro que é um pouco difícil não desmaiar com a expressão séria, dominante e sexy como o inferno que ele faz. E como uma deixa a nossa hostess volta acompanhada no nosso garçom.

[...]

— Deveria ter pedido uma mulher para nos atender, aquele garçom estava realmente impressionado com você. — Jared murmura enquanto terminamos nossas sobremesas. A tensão sexual entre nós podia ser cortada com uma faca afiada, e só crescia ainda mais durante todo o jantar, que a propósito foi incrível. Jared sabe como não deixar a conversa morrer e como me provocar em todos os sentidos. Eu já estou quase implorando por ele, e claro, ele sabe disso.

— Não é verdade, além do mais, não acho que ele faça o meu tipo.

Isso parece atrair sua atenção, já que ele levanta as sobrancelhas ligeiramente.

— E qual é o seu tipo, Alexandra? — Ao que parece, ele aprendeu rápido os efeitos que ele tem sobre mim quando me chama assim, com essa entonação.

— Gosto de homens confiantes, sexy, inteligentes, engraçados e principalmente... bons de cama. — Claro que é brincadeira, e ele percebe isso também porque seus lábios entreabrem.

— Alguém já te disse que você é muito exigente, Srtª Hall?

— Uma vez ou outra. — Mantenho o tom sexy de nossa conversa. Umedeço os lábios com a língua e isso chama a sua atenção também.

— Não gosto de me gabar, mas acho que você percebeu que eu sou quase todas essas coisas.

— Quase? — Me faço de desentendida e um tom malicioso aparece em seus olhos azuis que não estão gelados hoje.

— Ah, sim ainda falta uma coisa ou outra para você aprender sobre mim, eu ficaria mais do que feliz em mostrar para você. — Suas mãos voltam a tocar as minhas e é quase como um beijo.

— E eu ficaria mais do que extasiada em aprender, como sabe, aprendo rápido. — É a minha vez de sorrir perversa. — Mas antes disso, me diga Sr Leto, qual o seu tipo de mulher? — Minha sobrancelha se arqueia e ele dá de ombros, como se já esperasse por essa pergunta.

— Gosto delas loiras, inteligentes, atrevidas, sexy, educadas, poderosas, maravilhosamente gostosas, e estupidamente boas de cama. — Engulo em seco.

— Bem, parece que eu não sou a única que tem uma coisa ou duas para aprender. — Jared levanta a taça de vinho, propondo um brinde. Rapidamente faço o mesmo.

— À aprendizagem. — Nossas taças se colidem e nossos olhares selvagens se encontram.

Dou o último gole no meu vinho, assim como ele.

— Pronta para a segunda e melhor parte do nosso encontro? — Ouvi-lo dizer com todas as letras que esse é mesmo um encontro, me faz encontrar a coragem que eu preciso.

— Mais do que pronta. — Sorrio devassa enquanto em um pulo, Jared está de pé, puxando a cadeira para mim.

E dessa vez, eu espero que seja uma longa noite.

Quando finalmente estou de pé, seus dedos seguram com firmeza o meu queixo antes de me beijar. E droga, minhas lembranças não fizeram jus, ele beija muito bem, e dessa vez nem me importei de ficar submissa de seus toques, sei que não tenho forças suficientes em mim para resistir á ele, então que seja feita a vontade de Jared Leto.

— Você confia em mim? — Seus olhos são sérios em me fazer essa pergunta.

— Nem um pouco.

Ele sorri.

— Garota inteligente, boa resposta, você não deve confiar mesmo em mim. — Ele não disfarça o aviso explícito.

— Eu sei.