História Dominated (Revisão) - Eu vou insistir nisso, pode ter certeza

Acordo cedo pela manhã, um feito histórico, somente com o intuito de poder fazer um belo café da manhã surpresa para Emma, infelizmente a surpresa era minha, já que ela estava de pé, discutindo furiosamente com alguém no telefone.

— É impossível dialogar com alguém que acha que tem todas as respostas. — Ela tenta gritar baixo, para não me acordar, e isso é mesmo engraçado porque não passa de um sussurro abafado. — Adivinha só? Você não tem. — Ela para de falar quando encosto em sua cintura para mostrar que eu estou acordada.

— Bom dia! — Murmuro e dou um beijo em sua bochecha, sigo me arrastando de sono até a cozinha, resolvendo que surpresa ou não, nós duas eventualmente precisaríamos comer.

Depois de quase meia hora de discussão, Emma finalmente aparece na cozinha, se sentando junto à bancada.

— Dia difícil? — Pergunto enquanto faço a massa dos waffles. Emma se limita a suspirar, então eu volto meu olhar para ela e percebo que está chorando. — Emms, o que foi? — Franzo o cenho.

— Jay. — Dá de ombros.

— Talvez ele tenha feito isso para que você fique livre. — Respondo, mas nem eu mesma consigo acreditar. — Já pensou ter um relacionamento à distância? Não ia dar certo.

— Você não entende Alex, não é assim. — Ela ri sardônica. — Mas talvez seja mesmo a coisa certa. — Desconversa, claramente tentando mudar de assunto.

— Claro que vai, um homem com o qual você mais discute e por algum motivo nunca me foi apresentado, é impossível pensar que literalmente qualquer outra pessoa é melhor que ele. — Pontuo.

— Falando no assunto romance — Seu olhar malicioso deixa claro do que está falando. — Como foi com o Rick?

— Muito bem. — Admito. — No começo achei que ele fosse como todos os filhos do nepotismo que por algum motivo você insiste em me apresentar, mas depois ele me contou a história de como foi para na empresa, e eu contei um pouco sobre mim, ele é um cara muito divertido.

— Blá, blá, blá, eu sei de tudo isso. — Me interrompe. — Quero saber se vocês fizeram alguma coisa realmente divertida. — Revira os olhos, se aproximando mais ainda da bancada.

— Meu Deus, Emma! — Repreendo-a. — A gente se beijou no carro dele e foi o mais longe que chegamos. — Respondo contra vontade.

— Algumas vezes? Do lado de fora? — Grita em frustração. — Pelo amor de Deus Alex, não podia nem ter trazido o cara aqui dentro? Você acha que é fácil arrumar alguém que você ao menos ache interessante? Até eu tenho limites de quantas pessoas conheço.

— Quem sabe então você se desiste ainda mais rápido.

— Você pode sonhar. — Debocha, tomando um gole de café.

— Cala a boca. — Rio. — E onde a senhorita estava até tarde? — Pergunto terminando de cozinhar, finalmente.

— Com o meu mais novo ex, eu acho. — Ela rola os olhos para o lado enquanto eu coloco a comida na bancada.

— Ah. — Faço uma careta, voltamos ao assunto delicado mais uma vez. — Você quer ajuda com as malas depois? — Meu desespero para mudar de assunto é tão grande que eu resolvo apelar para a primeira coisa que me passa na cabeça.

— Eu só vou levar as minhas roupas, meu apartamento em Washington já tem tudo o que eu preciso. Parece que o nosso chefe já pensou em absolutamente tudo. — Bufa, colocando um waffle no prato. Ouço-a murmurar algo como “maníaco controlador”.

— Você não parece animada com a promoção. — Assinalo tomando um gole de suco.

— Eu estou, é só que nunca fui para Washington e faz anos desde que morei sozinha pela última vez. — Crispa os lábios. — Estou indo para um lugar que eu literalmente não conheço ninguém, é impossível não ter certo receio.

— Pelo menos você não vai ter que trabalhar com Jared todos os dias e ainda vai receber o maior cargo que ele pode te oferecer. Oportunidades assim não aparecem toda hora.

— Eu sei e para falar a verdade, Jared não é tão ruim assim. — Responde. Rápido demais para que eu realmente possa acreditar.

— Claro que não, ele apenas pareceu disposto demais a me ignorar no elevador na hora de ir embora, eu juro Emms, parece que eu estava no ártico com o gelo que ele me deu. — Como eu posso conviver com uma pessoa que é o oposto polar do meu atual chefe?

— Acho que ele não teve um bom dia, só isso. — Jared deve ser muito bom com Emma, porque eu nunca a ouvi reclamar dele, nem uma vez. — Falando nisso, você me dá uma carona até o aeroporto? Meu voo é às dez e meia.

— Tudo bem, eu já tinha planejado te levar. — Sorrio, comendo um pedaço do waffle.

— Planejado? Como você sabia o horário do meu voo? — Emma tem as duas sobrancelhas arqueadas.

Droga, eu não queria dizer que ia a um encontro com Shannon.

— Shannon me contou. — Pelo tom da minha voz, fica claro que eu não quero entrar em detalhes. Mas infelizmente é tudo o que Emma quer.

— Por que...? — Impaciente, ela faz um gesto com a mão para que eu continue.

— Porque ele me chamou para almoçar amanhã, você sabe, algo como uma despedida. — Escondo meu rosto com o jornal, fazendo de conta que estava muito interessada nas manchetes em negrito.

— Depois de todo esse tempo resolveu dar uma chance? Aleluia, você ainda tem solução! — Exclama arrancando o jornal de minhas mãos.

— Não é bem assim, e o argumento dele foi que no fim de semana eu não sou funcionária dele e nem do irmão. — Crispo os lábios.

— Ele é bom. — Contorce os lábios em uma careta de aprovação.

— Não é nada demais, eu vou almoçar com ele e só isso, não começa a imaginar o nosso casamento, por favor. — Imploro com um sorriso.

— Prefiro o Rick. Esses Leto são sinônimos de problema Alex, eu falo sério, fique o mais emocionalmente longe deles. — O tom de voz que ela usa é preocupante.

— Achei que Jared era uma boa pessoa. — Atiro para ela.

— E é. — Mais uma vez responde muito rápido

[...]

— Tudo bem Shannon, eu falo sério, sua mãe precisa de você. — Pela quinta vez eu digo a mesma coisa para ele.

Shannon me ligou para avisar que está no hospital porque sua mãe aparentemente tropeçou ao sair de seu carro e bateu a cabeça, não foi nada grave, mas ela ainda está em observação. Claro que ele disse que não teria problemas em deixá-la sob os cuidados das enfermeiras e de Jared, mas eu garanti que ela ia precisar dele. Eu não podia estar mais feliz de desmarcar esse encontro estranho. Não queria conhecer Shannon mais intimamente, preciso de um emprego mais do que preciso de um novo homem. Emma está certa, os dois são sinônimos de problema.

— Mas Alex, você promete que nós vamos remarcar? — O jeito que ele está falando se assemelha muito ao de uma criança quando negam um passeio imperdível.

— Vamos ver isso com calma, depois. — Suspiro quando finalmente estacionamos na frente do aeroporto. Era óbvio que eu não remarcaria — Eu tenho que desligar agora Shannon.

— Eu vou insistir nisso, pode ter certeza. — A obstinação de sua voz me deixa com uma centelha de irritação acesa em mim. — Até mais linda.

— Até mais Shannon. — Minha voz sai mal humorada.  Ter que repetir uma negação tantas vezes realmente tira a paz de espírito de alguém. Desligo o telefone assim que saio do carro.

Posso sentir que Emma está deprimida. Ela nem ao menos perguntou o que conversei com Shannon. É claro que tem algo mais realmente incomodando ela, e o fato de que ela não fala comigo sobre o assunto me deixa com uma sensação de impotência enorme. Mesmo agora estando no aeroporto, a ficha não caiu, não parece real que eu vou ficar sem Emma a partir de agora.

Eu teria que aprender a viver sozinha, sem Emma para me tirar da zona de conforto ou me tirar de casa num sábado à noite, e é por isso que sempre nos demos bem porque ela sempre foi o meu oposto. Como se para enfatizar a minha mente deprimida, ela pega na minha mão enquanto nos dirigimos até o portão de embarque de seu voo.