História Domínio do Medo - (Em Hiatus). - Preciso Descobrir...

Sinto o cheiro do café forte invadir minhas narinas, quando uma mão segurando uma xícara para na minha frente.

— Não se preocupe não vou te envenenar hoje. — Novamente após o incidente ouço aquela voz rouca. 

Como não me mexi a morena pegou minha mão e colocou na xícara, então levei a outra mão até a porcelana e a descansei na minha perna, quando a morena sentou na mesa a minha frente pude me lembrar que estava na delegacia.

— Como está? — Minha atenção é atraída pro seus olhos.

— Estou bem obrigada. — Me limitei apenas a responder o necessário, já tinha falado demais quando Lauren me obrigou a prestar queixa, sei que foi o certo a se fazer, mas no momento eu só estava pensando na minha cama.

— Fico feliz que tenha aceitado prestar queixa e eu te dou a minha palavra que aqui ele vai aprender a respeitar uma mulher. — Assenti fraco com a cabeça.

— Eu preciso fazer mais alguma coisa aqui? — Pergunto com a voz baixa.

— Você já fez o necessário. — Pegou a xícara das minhas mãos e colocou na mesa. — Vem vou te levar pra casa... — Abri a boca pra falar mas as palavras não saíram, eu estava assustada e me sentiria mais segura com ela. — Alguma objeção? — Balancei a cabeça em negação. — Foi o que eu pensei.

Lauren me guiou até seu carro, a última coisa que eu falei foi o endereço do meu apartamento que ela digitou no GPS o caminho foi feito em um silêncio incomodo, nunca imaginei uma situação tão constrangedora como essa. Eu estava visivelmente incomodada e envergonhada. 

O carro parou em frente ao condomínio La Tierra, ainda continuamos um tempo em silencio.

— Bom, está entregue sã e salva. — Falou sem ânimo, assenti com a cabeça e desci do carro, antes de fechar a porta olhei pra Lauren e fiz o convite sem pensar muito, porque se eu pensasse com certeza não o teria feito.

— Lauren está quase amanhecendo... Éééé... Acho que você precisa de um bom café da manhã... Aquele café da delegacia é horrível, por isso você tem essa cara amarga. 

— Tenho que ir pra casa... Mesmo assim obrigada. — Falou seca.

— Qual é Lauren deixa eu pelo menos te oferecer um café decente. — Ela pareceu pensar, não respondeu nada apenas saiu do carro, fechei a porta e ela acionou o alarme. Seguimos para o elevador e o mesmo silêncio torturante continuava nos seguindo até descemos no 7º andar. — Chegamos! — Peguei as chaves na bolso e abri a porta devagar e fiz sinal para que ela não fizesse barulho. Não queria que Camila acordasse e me visse nesse estado.

— Se quiser eu posso ir embora. — Lauren falou ao perceber minhas tentativas de não fazer barulho, o apartamento não é muito grande, consiste em uma sala, cozinha, dois quartos e um banheiro, então qualquer barulho é o suficiente pra acordar a Camila. 

— Tudo bem eu só não quero que a minha colega de apartamento acorde e me encha de perguntas. — Ela assentiu com a cabeça e apontei o sofá pra ela sentar enquanto eu ia pra cozinha fazer café. Estava estampado na cara dela que ela não estava nenhum pouco à vontade na minha casa, por isso achei melhor deixá-la sozinha. — Ótimo cadê o café? — Falei comigo mesma enquanto procurava nos armários. — Não acredito que a Camila não comprou café, nem café e nem nada. Será que ninguém faz compra nessa casa. — Continuei resmungando e pensando na vergonha de ter que voltar na sala e falar pra visita que eu não tenho café. Parei de reclamar quando ouvi um grito assustado vindo da sala. 

— LAUREN... — Estava no meu quarto dormindo, quando despertei com alguns barulhos vindo da cozinha, me assustei quando olhei no despertador em cima do criado mudo e vi que eram 05h30 da manhã. Dormi antes da Normani chegar pois sabia que quando ela tem reunião demora pra voltar pra casa, mas pelo jeito hoje demorou mais que o normal. Já que eu estava acordada, mesmo contra a minha vontade levantei pra ir ao banheiro. Saí do quarto do mesmo jeito que dormi de calça e uma camiseta regata branca, alcancei o pequeno corredor me espreguiçando quando dou de cara com um par de olhos verdes que estava descaradamente me medindo da cabeça aos pés. — O que está fazendo aqui?

— Desculpa Lauren mais acabou o café. — Olhei pra Lauren e pra Normani tentando entender o que estava acontecendo. Normani parecia bem mais confusa do que eu.

— Ok alguém pode me explicar o que está acontecendo? — Falei mais alto do que deveria.

— Acho melhor eu ir embora. — Lauren falei sem graça se levantando do sofá. 

— Não tem café mas tem água. — Mani falou apontando pro sofá e mesmo sem vontade Lauren voltou a se sentar. — Camila talvez você queira ir vestir uma roupa. — Olhei pra mim e senti meu rosto queimar de vergonha, puxei a camiseta pra baixo o máximo que consegui e voltei correndo pro quarto deixando pra trás o silêncio e o olhar de Lauren em mim. 

Não esperava voltar a ver a Lauren depois naquele dia na boate, até pensei em não sair do quarto de novo, mas não consegui segurar a curiosidade, preciso saber o que ela está fazendo na minha casa e desde quando ela é Normani são amigas. Normani não oferece café nem pra mãe dela. Coloquei uma calça jeans e um blusa de moletom, arrumei o cabelo e passei maquiagem, não quero que ela me veja toda bagunça mais do que já viu. 

Voltei pra sala e o silêncio ainda reinava, Normani estava em uma ponta sofá olhando pro nada e  Lauren estava na outra ponta segurando um copo de água.

Parei na frente delas e cruzei os braços. Como nenhuma me olhou forcei uma tosse. 

— Quem vai começar a explicar o que está acontecendo aqui? — Elas trocaram olhares... Cúmplices? — Não vão me dizer que brigaram de novo? — Lauren levantou e entregou o copo pra Normani.

— Eu realmente preciso ir... Obrigada pela... Água... — Normani fez menção de levantar mas Lauren fez sinal com a mão pra que ele continuasse onde está. — Eu já sei o caminho, vê se descansa.

— Lauren... —Normani chamou a morena antes que ela saísse do apartamento. — Eu não te devo nada, mas nunca vou esquecer o que você fez hoje. — Lauren apenas assentiu e foi embora, Normani ficou olhando pra porta fechada e eu estou até agora tentando entender o que está acontecendo.

— Pode começar a falar. — Normani levantou do sofá e forçou um bocejo.

— Mila depois a gente conversa, agora eu só quero a minha cama. — Tentou passar por mim mas eu fiquei parada na frente dela cobrindo o caminho. — Mila é sério estou cansada e não quero falar sobre isso agora.

— Normani Kordei senta nesse sofá e começa a falar. — Falei brava.

— Você não vai me deixar em paz não é mesmo? — Dei um sorriso convencido e ela bufou me puxando pra sentar, colocou no chão o copo que estava no chão, respirou fundo e cobriu o rosto com as mãos.

— Ei amiga fica calma, o que aconteceu? — Perguntei passando a mão no cabelo da minha amiga. Em meio ao choro ela começou a relatar o que tinha acontecido naquela noite e de como Lauren a ajudou.

— E foi isso que aconteceu, como ela me trouxe até aqui eu acabei pedindo pra ela subir que eu faria o café da manhã pra ela já que o da delegacia é péssimo, mas como sempre não fizemos compra em casa e no fim passei vergonha. — Rimos com o comentário dela.

— O que a Lauren estava fazendo em um beco escuro aquela hora da noite? — Perguntei confusa.

— Na verdade eu não sei, mas o importante é que ela apareceu pra me ajudar, nem quero imaginar o que poderia ter acontecido se ela não tivesse chegado a tempo. — Abracei forte minha amiga.

— Ela nem mau olhou pra cara. — Falei um pouco ressentida.

— Desencana Mila vocês não dariam certo. — Franzi o cenho e encarei Normani.

— Porque está dizendo isso?

— Não pense que estou dizendo isso porque eu achava ela uma maluca. — Levantei uma sobrancelha e interrompi.

— Achava? Quer dizer que não acha mais que ela é uma maluca. — Balançou a cabeça em negação.

— Eu continuo achando ela estranha, só não acho que ela seja maluca... Quando aquele homem asqueroso viu que está encurralado ele disse que iria matar ela. Então ela olhou bem nos olhos dele é falou que ela já estava morta à muito tempo. — As palavras de Normani me atingiram como um soco no estômago. — Sabe Mila alguma coisa muito ruim aconteceu com aquela mulher que a deixou assim. — Concluiu com pesar.

—  A Dinah deve saber o que aconteceu. 

— Camila não inventa, isso não é problema nosso.

— Normani eu preciso saber o que aconteceu, essa mulher me confundi quem sabe assim entender o porque dela ser assim... Já que amanhã é domingo podemos pedir pra Dinah nos encontrar naquele bar... O da mexicana.

— Não sei se é uma boa idéia. 

— Assim você pode aproveitar pra pedir desculpa pra Dinah por tê-la ignorando e por ter sido grossa com ela. — Normani abaixou a cabeça envergonhada. — Vou mandar uma mensagem pra ela.

O resto do sábado ocorreu normalmente, mesmo com receio Dinah aceitou meu convite, tive que contar toda a história que aconteceu com Normani, só assim eu poderia convencê-la de aceitar. Eu deveria esquecer Lauren e fingir que nada aconteceu, não deveria ser difícil de fazer isso já que eu não a conheço direito, mas eu simplesmente não posso. 

Enfim o domingo chegou, eu quase tive que implorar pra Normani ir comigo encontrar Dinah, chegamos ao nosso destino e como sempre Dinah já estava lá sentada bebendo.

— Dinah que bom que você veio. — Não esperei a loira levantar direito da cadeira e já fui abraçando, ela é uma amiga que eu aprendi a gostar. Me desvencilhei dos braços de Dinah e dei uma cotovelada em Normani.

— É bom te ver de novo Dinah. — Minha amiga respondeu de cabeça baixa.

— Tudo bem Normani, eu sabia que vocês não aguentariam ficar longe de mim por muito tempo. — Reviramos os olhos e nos acomodamos na cadeira.

— Trás mais tequila. Não tá vendo que eu estou acompanhada. — Dinah gritou pro barman que assentiu. Quando ia se sentar uma mulher magra e loira colidiu com o corpo de Dinah, que olhou pra mulher com cara de poucos amigos.

— Olha se não é a babá da Lauren... Ops quero dizer a melhor amiga dela.— Provocou a magrela.

— Olha se não a mulher que lambe o chão que a Lauren pisa... Ops quero dizer a mulher que levou um fora dela. — Rebateu Dinah, não pude deixar de soltar uma risada que chamou a atenção da mulher que desviou os olhos de Dinah e me encarou com raiva.

— Não vai me dizer que você é a mais nova trouxa apaixonada pela Lauren. — Perguntou entre os dentes. Antes que eu pudesse responder Dinah apertou o braço da mulher.

— Acho melhor você ir embora daqui Alexia, antes que eu perca minha paciência.

— Tem medo que eu conte a verdade pra namoradinha dela. — O resto de Dinah ficou vermelho de ódio e sua respiração saia mais como um rosnado, Normani se levantou e ficou encarando a magrela que parecia ter bebido demais.

— Cala a boca. — Dinah gritou apertando ainda mais o braço da mulher que deu um sorriso perverso e olhou bem no fundo dos meus olhos.

— A Lauren te contou que ela é uma assassina e que matou a própria noiva grávida.