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História Done With Love - Ten


Escrita por: markie

Notas do Autor


Oi! Desculpa a demora com a atualização, acredito que não vá acontecer com o próximo.
Estamos chegando ao final da fanfic, eu estou um pouco triste, mas... vamos ler esse capítulo enquanto isso. Espero que gostem! A música da vez é Extraordinary, de Clean Bandit (eu amo? eu amo!) <3

Peço desculpas pelos possíveis erros desde já.
Boa leitura!

Capítulo 10 - Ten


Fanfic / Fanfiction Done With Love - Ten

We're running out of time, two wrongs can make it right

Estamos ficando sem tempo, dois errados podem fazer dar certo

Could I make you stay?

Eu poderia fazer você ficar?


 

Hoseok achava que somente um lugar distante de todos, alguma praia totalmente deserta ou habitar outro planeta pudesse lhe fazer melhor, mas encontrou uma quantidade plausível de sossego apenas por ter aceitado o convite de visitar a sua avó que repetia inúmeras vezes o quão sentia a sua falta, além de citar a presença masculina de seu marido que agora fazia-se presente. A atmosfera que pairava na casa da senhora de meia-idade era tranquila e leve, como se isso transpassasse para dentro de seu ser, fazendo-o esquecer um pouco das confusões de ultimamente.

O que, de fato, era tudo que precisava após todo o estresse que ultimamente sentia. A última vez que se sentiu tão sobrecarregado foi em sua época de estudante ou ainda quando obteve seu primeiro emprego, havia se esquecido como era sentir-se exausto em todos os sentidos possíveis.

— Você quer um pouco mais de chá, Seok?

Ouvia a voz calma da mulher, Seohyeon, vir aos seus ouvidos superficialmente; não era como se estivesse prestando realmente atenção no que ela e seu esposo conversavam e de alguma forma lhe colocavam no meio vez ou outra. Porém, estendeu sua caneca, recebendo uma quantidade razoável do líquido claro, cujo, encarando-o, desejou que lhe limpasse e destruísse o restante da bagunça presente em seu interior.

Na noite passada havia conversado com a dona de cabelos claros sobre tudo que estava acontecendo consigo porque infelizmente não tinha sucesso em disfarçar suas emoções, principalmente na frente dela. Em partes pareceu-lhe muito bom, livrou-se um pouco do peso presente em suas costas, mas não conseguia aceitar que deveria desculpar-se e voltar a falar com ele sem demais discussões. Pedir desculpas depois de brigas nunca foi o forte do acastanhado, precisava de um preparo físico muito grande para algo do gênero.

No entanto, não poderia se esquecer, igualmente, das palavras do mais jovem, nem se esquecer da cena daquele homem o abraçando com aquele sorriso na frente da empresa e de como se recordar disso o deixava. Jung Hoseok sentia vontade de exaltar-se de uma maneira absurda, aqueles pensamentos estavam totalmente errados, não era possível que Jimin lhe afetava tanto assim…

— Obrigado.

Estava no meio da tarde chuvosa tomando chá com seus avós.

— Parece que o Hoseok está no mundo da lua novamente. — o homem mais velho da mesa proferiu com um bom humor, o que atraiu a atenção da mulher para si.

— Eu estou prestando atenção. — mentiu à medida que ingeria um pequeno gole da bebida quente, sorrindo amarelo.

— Você não precisa mentir, Hoseok. — Seohyeon suspirou. — Ainda é sobre o que conversamos ontem?

— É que eu não quero me desculpar, vó! — fez manha. — Digo, mesmo se eu fosse fazer isso ele não pararia para me ouvir, entende? A senhora não se lembra que ele mandou eu procurar qualquer pessoa menos ele? É como se ele tivesse me matado na vida dele!

— Você precisa entender que está errado, querido, não tem para onde fugir. Você pensou sobre seus sentimentos direito? Ele está certíssimo levando em consideração o que você fez.

— De que lado a senhora está,  afinal?

A mulher riu breve.

— Hoseok, se ele te tirou da vida dele foi porque você não estava sendo agradável, assim, tudo leva ao início, onde você tem que ditar os passos e tentar reconquistá-lo. Poxa, você foi, como dizem hoje em dia, um filho da puta.

— Vô! Olha o jeito que sua mulher me trata! — mostrava-se abismado com as palavras alheias, porém o senhor apenas dava de ombros com um riso no rosto, alegando não ter nada a ver com o assunto.

— Eu estou tentando usar um palavreado adequado ao seu nível. — ela gargalhou, divertindo-se com o neto. — Mas falando sério agora, Hobi, preste atenção. — o garoto a olhou depois de terminar o seu chá, suspirando. — Se você está tão mexido assim, deveria correr atrás, existe um porquê. Ninguém gosta de procurar o tempo inteiro,  às vezes ser procurado pode mudar o dia de alguém pela semana inteira. E, repetindo, não deixe uma pessoa boa como o Jimin ir embora assim... Eu tenho certeza que ele também sente a sua falta, hm?

Antes que pudesse responder, o homem mais velho se manifestou com humor, suspirando sobre os amores da geração. Hoseok absorveu das palavras alheias e determinou-se a tentar fazer alguma coisa. Somente tentar, porque não aguentava mais aquela bagunça interna, aqueles pensamentos controversos, nem as batidas duras de seu coração lembrar-se de Park Jimin, e porque, ao menos um pouco, assumia que resgatar um contato agradável com o ruivo pudesse ser bom. O foco maior seria controlar seus impulsos e não deixar-se levar pelas emoções, tendo paciência para não falar nenhuma besteira, mesmo com a possibilidade de Jimin ser grosseiro enquanto se posicionasse na defensiva.

 

×

 

— Eu já expliquei, eu só estou preocupado com você. Posso ter uma atração incrível por você e gostar das nossas ficadas, mas apesar do término, eu me importo. Fico ofendido com a sua maneira de pensar. — Yoongi revirava os olhos após escutar tantas desconfianças do acastanhado, cujo não conseguia entender que apenas queria dar uma volta com ele próximo do Rio Han naquele final de semana.

— Eu tenho meu direito de desconfiar, afinal você só me procurava pra transar comigo, sem essas de encontrinhos. — ele permanecia firme em sua opinião, um pouco aliviado por ambos terem parado de ficar naturalmente, em torno da semana em que ele e Jimin voltaram a se falar, sem a necessidade de explicações extras. Porque, bom, Hoseok não sentia-se muito à vontade de confessar que o dono de madeixas rubras aparecia em sua mente com sua voz manhosa e pedinte quando estava na cama com outra pessoa.

— É exatamente por a gente ter parado de ficar que eu posso te chamar para outras coisas, não? Qual é, Hoseok, até parece que eu só penso em sexo. — Yoongi acabou parando onde estava, encarando o amigo seriamente. — Você ainda é o meu amigo, mesmo que não colorido, e eu tenho direito de conversar com você. Ou você achou mesmo que eu não perguntaria sobre o seu estado de novo? Você está quieto há semanas, com uma cara fechada, o que está acontecendo, afinal?

À medida que o de fios claros despejava suas perguntas, o sangue do mais jovem esquentava-se gradativamente. Não queria dar explicações sobre sua confusão, pois sequer saberia explicá-la, além de julgar tudo de forma estranha. Ele e Jimin eram amigos, não era possível que o ruivo não teria falado com ele sobre tudo o que aconteceu nos últimos dias. O Park teria deixado passar a oportunidade de dizer o quão ele era insensível e arrogante? Porque fora exatamente daquela maneira que expressou-se no dia da briga. Abrir a boca de cabeça quente nunca trazia bons resultados, aprendeu isso da pior maneira. Aos poucos não era tão difícil digerir que proferiu coisas ácidas e que estava, sim, errado. Porém ainda se questionava muito sobre o ciúme, sobre aquela sensação estranha que lhe apertava o coração.  

— Não é nada, Yoongi… São só coisas da minha cabeça. — respondeu vagamente, voltando a caminhar, tendo o menor acompanhando-o. — Não quero entrar em detalhes.

— É por causa do Jimin, não é?

Hoseok teve que fazer um grande esforço para não estacionar todos os seus sentidos pelo alvo acertado com uma pontaria de se dar inveja. Continuou a caminhar e olhar as pessoas que por ali passavam, sentindo a brisa suave bater contra seu rosto. Era sobre Jimin, mas e daí? Existiriam intenções naquelas palavras simples?

— O que ele andou falando pra você? — indagou, desviando, mesmo que um pouquinho, o foco da conversa.

— Nada do que você não saiba. Você deveria ter me contado, não gostei de saber que estava atrapalhando a história de vocês.

— Não sou obrigado a nada e não existe uma “história”. — expressou-se na defensiva, negando num tom mais rude do que imaginou.

— Não me trate com grosseria quando não estou fazendo o mesmo. — repreendeu-o com o cenho franzido, fazendo-o respirar fundo, revirando os olhos em seguida. — Eu só estou realmente preocupado, afinal… Você nunca esteve assim antes, não é?

Foi quando os olhos do Jung finalmente encontraram os do menor. Para Yoongi falar tão veemente, sincero, do modo que falava, Jimin permanecia firme em suas palavras, pois aquela ação era um tanto inesperada. No fundo, por um lado que deveria destacar, não julgava o ruivo por manter-se naquela posição, ele só estava deixando claro um amadurecimento extra. Lembrava-se do dia em que comentaram sobre o amor, omitindo suas relações passadas totalmente fracassadas, e, bom, Jimin estava cuidando um pouco de si àquela altura.

Um suspiro longo desprendeu-se da boca do castanho, refletindo. Seu âmago revirava-se num orgulho barato, não conseguiria seguir as palavras de sua avó tão facilmente e chegar em Jimin daquela forma, sequer conseguia falar dele com outra pessoa. Sem contar o nó que formou-se em seu cérebro com as últimas palavras do Min, não tinha certeza de que ele estava insinuando o que imaginava, porém não atentou-se ao fato, desviando novamente.

—  O que você quer, afinal?

— Saber o que está acontecendo com você.

— Não sei. É tudo o que eu posso responder.

Aquilo aparentou deixar o mais velho quieto, porém um tanto pensativo. Yoongi não insistiu em obter respostas formadas, o que deixou a mente alheia mais aliviada, até porque verdadeiramente não reconhecia o que habitava seu ser nos últimos dias. Eles voltaram a caminhar sem pressa, começando outro assunto trivial que pudesse descontraí-los, relaxando aos poucos a tensão e a desconfiança que Hoseok sentia. Resolveu acalmar-se, tentando deixar-se levar pelo clima ameno que fazia naquela tarde. Inspirou ar puro, esvaindo da cabeça os problemas em sua expiração. No fundo, de alguma forma, Yoongi possuía um bom papo, sendo tudo o que precisava no momento.

Isto é, se não fosse surpreendido pela cena próxima do lago, a mesma cuja retirou todo resquício de calmaria que tinha nutrido até aquele minuto. Não era possível que exatamente aquela cena estava em frente de seus olhos. Foi o estopim para o nervoso que anteriormente sentia. Não era possível que aquele dia em frente da empresa fosse apenas um plano pois Jimin e aquele outro rapaz estavam ali novamente. E estavam tão próximos e tão entretidos que tampouco notaram o foco absurdo de seus olhos sérios.

O desejo de sair daquele lugar era quase sufocante, porém, ao mesmo tempo, sentia uma espécie estranha de almejo em ter certeza do que acontecia entre eles, para assim voltar àquele objetivo de esquecer o ruivo pelo qual não tivera sucesso por conta das ocorrências turbulentas. Com a distração, sequer deu-se conta de que estava estagnado enquanto Yoongi se encontrava mais a frente, com uma interrogação no rosto. Até que entendesse o que estava ocorria, de fato.

— É o Jimin-ah? — o descolorido pronunciou-se, voltando ao lado do Jung. Era inevitável notar a severidade da qual preenchia o semblante alheio. — E… Um amigo?

Com o maxilar travado, pensou no que responder sem expor seus reais sentimentos. Nutria determinado medo de abrir a boca e cuspir palavras ácidas como outrora, e sabia muito bem que fazer aquilo àquela altura era muito fácil. Desviou o olhar por um segundo ao amigo de fios claros e retornou-o para frente, umedecendo seus lábios, abaixando sua cabeça momentaneamente.

— Deveríamos cumprimentá-los? — esforçou-se para soar o mais natural possível, pigarreando. Não esperou pela resposta de Yoongi para encaminhar-se pelo gramado, repetindo mentalmente para que não fizesse besteira mesmo observando as mãos do pseudo desconhecido pousarem no queixo do Park, aparentemente limpando algum resquício de comida que existisse em seus carnudos. — Hey, Jiminie!

No entanto, no meio de tantos impulsos, havia se esquecido do mais importante. Como esperava que conseguisse algum diálogo quando ambos estavam distantes e, sobretudo, após a discussão que tiveram no banheiro da empresa? Park Jimin não ansiava um contato consigo até que ao menos tentasse resolver tudo o que fizera, o que, certamente, não exerceu nem ⅓. Ganhou olhares fuzilantes, explícitos de que sua presença não era bem vinda.

— Hey. — respondeu sem emoções, mas que ao visualizar Yoongi chegando segundos mais tarde, mudou a expressão desconfortável. — Hyung! Está aproveitando o tempo para dar uma volta com o Hoseok?

Esnobado. Foi desse jeito que se sentiu com as palavras do pequeno. À medida que os dois amigos conversavam, direcionou os orbes à terceira pessoa, encontrando-a já de olhos bem fixados em si. Hoseok Perguntou-se sobre o que diabos passava na mente daquele homem, ele possuía um semblante inexpressivo e em certos segundos fazia brotar aquele sorriso indecifrável do qual viu outro dia. Ele maneou a cabeça num cumprimento, dessa forma forçou-se a retribuí-lo pois ainda tinha educação. Porém, apenas o fazia mais confuso acerca de suas intenções. Taehyung, como Jimin apresentou ao descolorido, era estranhamente bizarro.

No fim, não conseguiu falar nada. Apenas obteve o sucesso extremo de emaranhar ainda mais sua cabeça. Detestava aquele sentimento e não sabia se ele estava ali por ver Jimin com outra pessoa ou por ser tratado com tanta indiferença. De qualquer forma, todo o culpado era o próprio Jimin. Somente ele usufruía daquele poder de transtornar sua vida pessoal e amorosa. Temia, sinceramente, o caminho pelo qual aqueles sentimentos pudessem o levar. Precisava organizar suas ideias, pôr em pauta consigo mesmo o que aquelas coisas poderiam significar de verdade e não fugir ou agir imaturamente novamente. Apesar de todos os pesares, sua avó tinha razão. Não poderia deixar Jimin sair assim de sua vida.

Acabou naquele ciclo de pensamentos pela milésima vez. Daria risada de si mesmo caso estivesse sozinho, porque a forma que se contrapunha era incrível. Eram tantas coisas a se considerar que honestamente não sabia por onde começar. Contudo, primeiramente, trataria de retirar aquela angústia de seu âmago. E se fosse semanas atrás, faria isso indo para suas boates, bebendo e atracando-se com a primeira que lhe desse bola, mas não continha mais esta maneira de pensar. Tentaria fazer algo certo daquela vez.

— Não é como se eu amasse pagar de psicólogo, mas eu posso ser o seu ouvinte quando achar necessário. — Yoongi falou de repente, despertando-o, conforme sentava-se perto de uma árvore.

A única coisa que fez foi sentar-se ao seu lado, até mostrar um sorriso curto de poucos segundos, agradecendo-o de alguma forma.

 

×

 

Alguns dias haviam se passado desde então, o ínterim suficiente para que Hoseok finalmente ajeitasse suas ideias. Embora tivesse tentado fazer Jimin lhe notar como antes por meio de ações simples do dia a dia como usar dos poucos minutos livres para lhe entregar algum café ou ainda ajudá-lo com tudo o que pudesse na empresa, ele e Jimin continuavam do mesmo jeito. Hoseok só precisava de aproximação para dialogar e soltar as palavras presas em sua garganta, porém tornava-se árduo com o ruivo agindo indiferente. Estava seriamente frustrado com a falta de contato do mais novo.

E talvez o que lhe causasse mais frustração fosse como conseguiu assumir para si mesmo que algo estava diferente. Quer dizer, tudo o que habitava seu ser era uma mistura de raiva, uma espécie de menosprezo por sua própria pessoa, saudades e, sem dúvidas, muito orgulho ferido. Hoseok teve seu ego ferido por causa da visão de ser trocado demasiadamente rápido, mas que no fim, nada não se passava de uma amizade comum pela qual qualquer pessoa teria. Foram uma das poucas conversas que teve com Yoongi que lhe fez abrir os olhos – o garoto descolorido não se esforçava para jogar as palavras certas em sua cara, sempre expressando-se franco e objetivo, deixando-o mudo – e finalmente concluir que fora muito imaturo e que o único jeito de resolver tudo fosse encarar o dono de fios rubros.

A única coisa da lista que faltava traçar era exatamente aquilo, mas como já dito, Jimin não estava colaborando. Aquilo o fazia temer, pois apesar de toda a consciência de que fez muita coisa errada, não queria aquela atmosfera tensa para sempre. Não queria ser tratado com tanta indiferença assim, ele já havia entendido sua lição, só queria consertar e recomeçar de uma maneira mais sensata e correta. Ansiava despejar sobre o ruivo que ele não possuía um jeito idiota e que se preocupava com ele. Estava quase desesperado, na verdade.

E tudo se agravava, claro, com suas novas percepções sobre como ele era verdadeiramente fofo. A princípio não havia percebido como sua expressão focada no computador poderia ser um tanto adorável, porém ao visualizá-lo franzir o cenho até que se esforçasse a falar consigo, teve seus pensamentos totalmente modificados. Era como se reparar nele, como se apreciar suas mãos pequenas, lhe desse uma sensação estranha. Sabia que havia dito antes que o admirava, que o julgava uma pessoa linda, mas acabou sendo diferente quando parou com suas negações acerca de seus sentimentos. Quando pensou, inclusive, que ele era diferente, não imaginou que fosse algo tão esmagador quanto.

Havia caído nas garras de Jimin e diria que não apenas pelo sexo que teve com o mesmo. Sempre houve o cuidado de sua parte, aquele diálogo contínuo do qual alertava que não queria machucá-lo por saber de seu feitio. Só não tinha noção de que chegaria àquela proporção, algo que lhe causasse uma necessidade de ouvir sua voz soar mais espontânea, visualizar seu semblante suavizado, ou até mesmo sentir o gosto de seus lábios novamente. Não sabia mais lidar com aquela tensão e por um momento julgou-se incapaz de resgatar o contato de Park Jimin. Ele não ligava mais para todos os planos de esquecê-lo, não se importava com toda aquela raiva, toda sua arrogância, ele só queria a atenção dele. Não era a toa que não conseguia ficar com mais ninguém sem pensar em sua cabeleira ruiva, Hoseok sabia que queria Jimin de uma forma diferente. Queria tê-lo pedindo por seus beijos novamente, pois dessa vez não pensaria duas vezes em exercê-lo; queria ter os olhos escurinhos presos em seus atos novamente, lhe observando. Jung Hoseok só queria que Jimin voltasse para si.

Acabou respirando fundo, adentrando o avião e ligeiramente procurando sua poltrona mais ao fundo. Estava indo para outra cidade a fim de negócios acompanhado de Namjoon, Seokjin, e claro, Jimin. Parecia ser um tanto surreal estar naquela noite prestes a viajar e que ainda tivesse a companhia do Park ao seu lado, já que o chefe deixara claro que Seokjin dividiria um lugar mais à frente com ele. A tensão de praxe estava presente, deveria esperar por isso. Em silêncio o ruivo sentou-se próximo da janela, não tardando para imitá-lo logo ao lado. Possuía certa insegurança com viagens pelos ares, mas gradativamente se acostumava com o fato.

— Você não fala comigo e eu não falo com você. Não vai demorar muito para chegarmos.

Era daquele jeito que vinha sido tratado durante os últimos dias, uma total indiferença e descaso. Empenhou-se para não aborrecer-se com as palavras cruas basicamente cotidianas, ajeitando-se no seu lugar. Não poderia discutir com ele, não poderia agravar as coisas, portanto  apenas se manteve quieto, vendo-o pela visão periférica acoplar os fones e fechar os olhos posteriormente. Seguiu os mesmos passos, encostando-se na poltrona. Realmente a viagem não seria demorada, porém passa-la com ele do seu lado com todo aquele climão lhe perturbava. Era muito silêncio lhe sufocando, agredindo sua mente numa briga interna da qual persistia no fato de que era necessário cessar aquela quietude. Suspirou pela milésima vez naquele dia, frustrado.

Após umedecer os lábios olhou sutilmente para seu lado, reparando que cada vez mais o tom vermelho dissipava dos fios alheios, transformando-se numa espécie de laranja, mas que ainda assim não esmaecia a beleza dos mesmos. Deslizou o olhar pela faceta, encontrando um semblante cujo não expressava algo em especial, porém ainda lhe atraía a linha do maxilar, as bochechas graciosas, e seus lábios carnudos tão deliciosos de mordiscar. Abriu um sorriso ao se lembrar de como o pequeno reagia aos seus estímulos, no entanto deixou o próprio morrer, reconhecendo que havia sido um grande idiota desde o início. Só que ele também possuía seus traumas e talvez fossem eles a fonte de toda a confusão, até porque o recusava, consequentemente não envolvendo-se com possíveis decepções.

Talvez ambos que sempre tiveram desilusões, pudessem encontrar algum ponto de equilíbrio?

Deu atenção às mãos dadas sobre o seu colo, tendo a ciência do quão boas elas lhe acariciaram um dia. Não somente num contexto sexual, pois depois de todo o sexo que tiveram, permaneceram na cama por um tempo trocando carícias, provocações e inúmeros beijos. Quem sabe ali tivesse desabrochado aquele leque de sentimentos tão conturbados, afinal, era como se cada partezinha dele surtisse um efeito diferente em seu interior. Em seu pescoço existia um cachecol xadrez, o que acabou combinando com a sua pele tão maculada. Elevou os olhos novamente e, surpreso, deparou-se com as íris atentas do outro.

— O que está olhando?

Hoseok engoliu saliva ao escutar o tom baixo, mordendo seus lábios ao ser miseravelmente flagrado. Sentiu uma vontade inexplicável de roubar ao menos um selo dos carnudos vermelhos no segundo que constatou-o observar sua boca, ao mesmo tempo que o coração se ocupava em bombear sangue com mais rapidez. Os olhos do alaranjado estavam tão brilhantes quanto uma estrela, aquilo de alguma forma mexia consigo. Ainda mais quando estavam em um lugar cheio de pessoas dispersas e cansadas num final de dia.

— Você.

E teve certeza de que seu olhar não estava tão diferente pelo pomo de adão se movendo na garganta de Jimin. Deveria correspondê-lo, e ficou feliz por tal, pois era inexplicável a visão do pequeno embaraçado em prol de suas ações.

— Isso eu percebi, mas… O que te faz olhar assim? Tem algo estranho em mim?

Jung Hoseok não respondeu nada, apenas permaneceu encarando os olhos alheios profundamente. Realmente sentia vontade de chutar o balde e avançar contra o menor, porém se esforçava para não agir por impulso. Tentava controlar suas emoções embora soubesse a tamanha ignorância que nutria em usar palavras. Ele estava acostumado a ir direto ao ponto, sem delongar demais, e todo o tempo que passou tentando arrancar reações mais naturais de Jimin fora o suficiente.

Quando percebeu, uma de suas mãos moveram-se cautelosas para a perna direita do mais jovem e seu corpo efetuava uma leve inclinação, sendo ligeiramente parado antes mesmo de começar.

— O que você está fazendo? — perguntou sério, contudo seus olhos expressivos demonstravam o quão nervoso estava.

— Tentando resolver as coisas. — afastou-se sutilmente, olhando o rosto de Jimin com atenção.

— Querer me beijar do nada é o que você chama de “resolver as coisas”?

Dos lábios do Jung desprenderam-se um breve riso em constrangimento.

— Mostra pelo menos que eu estou sentindo a sua falta. — murmurou, fazendo o outro calar-se momentaneamente pensativo. Àquela altura o avião começava a levantar voo e por alto poderiam-se escutar todos os avisos característicos para uma boa viagem em segurança.   

— Desculpa, você não vai conseguir nada desse jeito. — virou seu rosto para o lado contrário, encolhendo-se na poltrona, focando-se na janela.

Ele estava firmemente centrado no que havia estabelecido outrora. Seria possível que Jimin não entendeu os significados de tudo o que fez nas últimas semanas? Estava tão claro naquele minuto que o seu desejo era recíproco, talvez até em proporções maiores, então por que o ruivo resistiria por tanto tempo assim? Se ele desejava palavras, Hoseok se complicava um pouco pois, apesar de aceitar os sentimentos, a última vez que os expôs estava em seu colegial. Eram fatores bizarros que lhe davam vontades loucas, assustando-o cada vez mais. O medo de tudo dar errado ainda era presente, mas Park Jimin lhe dava a sensação de que arriscar talvez não fosse a pior opção.

— Jimin, olha para mim, por favor. — se não fosse exatamente ali, não saberia quando absorveria toda sua força e coragem novamente. Respirou fundo, estranhando aquele nervosismo, assim que o pequeno lhe obedeceu. — Eu te peço desculpas. Eu sei que eu falei muita besteira, sei que agi como um idiota, e sei também que você não merecia nada daquilo… Eu errei. — mantinha o contato visual veementemente, querendo que os orbes alheios cativassem sua sinceridade. — Mas… Eu estava confuso. Minha cabeça estava toda bagunçada com algo que há tempos eu não cogitava sentir e que, por algum motivo, você fez renascer. Nós já conversamos sobre isso, a propósito, um sabe como o outro tem receio de meter os pés "nessa coisa", mesmo que ainda seja apenas um gostar… Só que eu não posso fugir disso para sempre, assim como você não pode se comportar assim para sempre.

Jimin fez a menção de falar alguma coisa, porém o indicador de Hoseok foi ágil o bastante para censurar qualquer palavra que fosse sair daquela boca. O acastanhado não conseguia ler o semblante do jovem.

— Eu sei que eu devo sentir algo diferente por você, ok…? Caso contrário eu não ficaria tão afetado por ver você com outro cara, mesmo que somente um amigo, muito ousado, diga-se de passagem. Eu não ficaria pensando tanto em você, eu não te admiraria em silêncio, eu simplesmente não estaria me explicando e me desculpando dentro desse avião. Só queria que soubesse que eu estou arrependido pelas coisas que eu acabei fazendo e… que eu ficaria muito contente caso você aceitasse minhas desculpas e deixasse eu te beijar. — arriscou um sorriso de canto. — Só que eu também vou entender se não quiser mais nada.

Park Jimin estava perplexo. Nunca em sua vida imaginaria que teria Hoseok falando tantas coisas sentimentais e que todas lhe envolviam. Ele já havia dormido e aquilo era somente um sonho? Sentia seu coração disparado à medida que sua mente tentava absorver tantas coisas de uma só vez. Sequer tinha chances de desconfiar de suas palavras, o conhecia o suficiente para enxergar quando seus olhos mentiam ou não, além de que ele era sincero para expor o seu interior. Fora assim quando lhe avisava sobre o erro que seria ficar consigo, quando repetia que seria “apenas uma noite”, e era semelhante naquele instante. Com a mente a mil, mostrava-se em reação – ainda mais com o olhar intenso sobre o seu –, mas seu coração somente lhe apontava que deveria acatar tudo e ceder.

— Hoseok Hyung… Isso… Isso é muito repentino… Eu não posso pensar um pouco?

— Ah, claro. — respondeu, acrescendo uma ponta de humor posteriormente. — Eu fui cruelmente esnobado por mais de duas semanas, que diferença faria mais uma, não é mesmo? — daquela forma, distanciou-se completamente, repousando sua coluna no assento. — É brincadeira, pense o tempo que quiser.

— É que… A gente iria devagar, né? Digo… você não está acostumado em ficar com só com uma pessoa, então… Aliás, e se você acabar se cansando de mim? — deixou seus pensamentos inseguros claros, comprimindo os lábios ao olhá-lo com uma feição pensativa.

— Bom… Eu não sei como você se sentiu na noite que passamos juntos, mas…  foi diferente. Não tem como sabermos do futuro, Jiminie. São votos de confiança. — encarou seus orbes outra vez, desviando a atenção depois. — Não conta o fato de que só você causou tantas coisas numa pessoa que passou a vida inteira a base de sexo? Eu sequer consegui ficar com outra pessoa todo esse tempo.

Por mais que desejasse se conter, a euforia aparentava ser mais forte. Jimin estava feliz, óbvio, e sentia seu rosto quente junto de um enorme alívio em suas costas, como se o peso que levou pelas semanas anteriores sumisse e predominasse-lhe um sentimento acolhedor. Basicamente não existiam empecilhos para render-se, não? A atenção de Hoseok estava inteiramente em si, sem hipóteses de relações com terceiros ou qualquer coisa semelhante. Teria que agradecer Yoongi mais tarde por todos os conselhos e planos. Jimin chegou a pensar a princípio que ele não lhe ajudaria em algo do gênero, principalmente por ter proposto a amizade colorida com o próprio Hoseok, mas um título do qual ele não queria era o de atrapalhar a relação amorosa de outra pessoa sendo que este não era a sua vontade.

E, bom, tudo aparentou ser o suficiente. Ouviu tudo o que precisava em tons reais, sem nenhum orgulho por perto. Naquele instante fora a sua vez de tocar a coxa alheia e obter foco. Estava tão nervoso que temia sofrer algum ataque dentro da aeronave.

— Acho que nós resolvemos da maneira correta agora… — proferiu baixinho, implorando para que ele entendesse suas entrelinhas com vários sentimentos festando em seu interior.

No fim, não poderia esperar menos do Jung. Este que após escutá-lo, aproximou-se com um sorriso no rosto, tocando seu rosto com ambas as mãos e selando suas bocas demoradamente como se dali recebesse vida, expirando toda a saudade que sentiu de beijá-lo. Fora apenas um toque demorado de carnudos, mas que seguiu-se de outro mais rápido, outro mais molhado, até que aprofundassem o ósculo com suas línguas. Beijaram-se expressando saudade e as emoções loucas, mesmo que ainda tivessem que tomar determinado cuidado por não terem tanta privacidade quanto desejavam. A saudade não era somente de beijos ávidos sobre os lábios.

— Como eu queria você agora… — Hoseok sussurrou a milímetros do rosto corado, fitando em seus olhos o desejo mútuo.

— Vamos guardar isso para um momento apropriado… — o outro sorriu, capturando com seus dentes o inferior alheio, puxando-o e aplicando uma força certa para incitá-lo. O aperto em sua coxa fora uma reação imediata.

Então não me provoque.

— Não tenho culpa se você é sensível desse jeito. — conversavam baixinho, aos sussurros.

— Você quer que eu mostre quem é sensível aqui? — subitamente a mão de Hoseok começou a subir, seus dedos roçaram no volume predominante nas calças justas de Jimin. Os dedos do menor agarraram seu pulso mas não os retiraram do lugar.

— Você não teria…

— Coragem? — completou a frase, apertando a região, sorrindo a forma que ele tencionou seus músculos.

— Não, Hoseok… — soltou num fio de voz, apertando o punho alheio. — É melhor deixar isso pra um outro momento… — avermelhava-se inteiro, temendo que alguém os visse naquela situação. Olhou dentro dos olhos alheios, quase implorando. A vontade não era pouca, mas queria, de verdade, aproveitar com Hoseok quando a privacidade estivesse mais presente.

O Jung, portanto, respirou fundo e afastou suas mãos do corpo alheio. Encostou-se em seu lugar e olhou para Jimin. Não apressaria as coisas, deixaria ser no tempo dele.

— Tudo bem. Um lugar melhor. — sorriu curto e roubou um selinho do menor.

 

Poderia ser estranho assumir, mas eles nunca se sentiram tão completos da maneira que se sentiam naqueles minutos.


Notas Finais


Só queria deixar claro que eu amo a vó do Hoseok e que essa cena do avião é a minha segunda favorita... A primeira ainda está por vir, hahahauha. Me deixem saber o que acharam, sim? É sempre bom saber o que vocês pensam!

Até o próximo! Que será o último.............


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