Os lábios de Hansol estavam presos entre seus dentes, as mãos de Seungkwan fixas no volante, o mesmo batucava os dedos ali sem ritmo algum, apenas para tentar aliviar a tensão que dominava seu corpo.
A verdade é que ele sabia que Hansol iria deixa-lo, mas cada vez que pensava nisso seu coração se apertava um pouco mais, ele não queria que o outro o deixasse nunca, eles já haviam pensado em tudo, ele até mesmo iria para a América e viveria lá se isso significasse a felicidade de Hansol.
Mas Hansol não pensava assim, ele amava Boo Seung Kwan, mas durante toda sua vida foi apenas isso que ele fez, apenas amou o garoto que estava ao seu lado, desde o momento em que colocou os olhos nele quando ainda eram apenas crianças.
Os dois chegaram a se casar aos dez anos, mesmo que ainda fossem apenas crianças prometeram que seriam o único amor na vida um do outro, a primeira coisa que fizeram como casados foi juntar tudo que mais amavam na casa da arvore de Hansol, lá tiveram seu primeiro beijo, primeira noite juntos, lá também foi o local onde Hansol descobriu seu amor pela música, Seungkwan o apoiou desde o início, ele amava mais do que tudo ver o garoto dedilhar as cordas do violão enquanto ainda tentava aprender, amou mais ainda quando o outro cantou uma música romântica para si pela primeira vez, ele sabia que nunca, em milhares de anos, deixaria de amar Hansol como amou no segundo em que o viu pela primeira vez.
Agora estava preso em um carro com o outro, e sabia que tudo aquilo poderia acabar, que talvez Hansol nem o amasse mais, pensar nisso o fazia querer sumir, ele não via sua vida sem o outro.
Hansol soltou o ar que prendia lentamente, pensando no que poderia dizer a Seungkwan, mas nada passava por sua mente além da imagem do garoto chorando quando disse a ele que queria ir embora, os olhos dele estavam sempre vermelhos desde então.
O garoto estava pensando em entrar para o curso de música na América a muito tempo, no início acreditou que não conseguiria, mas enviou sua ficha para a faculdade, não esperava conseguir entrar, mas entrou, e ficou completamente dividido entre entrar para o curso que sempre sonhou, e ficar com Seungkwan.
No fim, eles estavam ali, sem saber o que falar, envoltos em silencio, coisa que para ambos nunca foi constrangedor, ou até mesmo assustador, Hansol odiava a ideia de magoar Seungkwan, mas precisava descobrir quem era fora da vida que construiu com o outro desde que eram crianças cheias de sonhos e que acreditavam que ficariam para sempre juntos.
Já Seungkwan odiava a ideia de perder Hansol, odiava pensar que ele estava o deixando, odiava pensar que não seriam mais seungkwanehansol contra o mundo, mas passariam a ser Swungkwan e Hansol contra o mundo, odiava a ideia de que o outro poderia o esquecer enquanto estivesse lá.
Ele até mesmo se ofereceu para ir com Hansol, não se importaria de ir se isso significasse não perder ele, mas o outro não deixou, não era apenas uma viagem para estudar fora, mas também era uma viagem para descobrir do que gostava e quem era sem Seungkwan.
Foi neste momento que Seungkwan notou que Hansol não estava indo estudar, estava indo descobrir o mundo, o que eles sempre conversaram, sempre disseram que fariam juntos, mas Hansol não o queria por perto, queria descobrir o mundo, mas sozinho, sem Seungkwan.
Seungkwan foi o primeiro a tentar dizer algo, sua boca se abriu varias vezes, mas nada saia, parte disso era por medo do que aconteceria quando ele dissesse algo, mas a outra parte era por simplesmente sentir que iria chorar no momento em que deixasse sair a primeira palavra, ele podia sentir o choro que segurava a algum tempo, e tinha quase certeza de sua voz não queria sair.
Mas Hansol foi o primeiro a falar.
Hansol sempre foi o mais forte em relação a sentimentos, eles sabiam disso, ele costumava dizer que Seungkwan era sua boneca de porcelana, já que o outro realmente parecia uma, tanto em relação a beleza delicada do garoto e a fragilidade do mesmo.
"Não se preocupe, eu avisarei quando voltar, eu não estou te deixando." Foi o que Hansol disse depois dr inúmeras tentativas falhas de Seungkwan de dizer algo.
"Eu amo você." O mesmo disse, depois de alguns segundos em silêncio.
"Então não vá." Foi tudo que Seungkwan conseguiu dizer, mas nada faria Hansol mudar de ideia.
Ele precisava ir, precisava descobrir o mundo e ser tudo que sempre quis ser.
No outro dia, Seungkwan não acordou com Hansol ao seu lado como em todas as manhas, o mesmo havia feito suas malas e partido na noite anterior, Seungkwan se perguntava se devia sair da cama, ela tinha o cheiro de Hansol.
Os dias de Seungkwan passaram assim, incontáveis horas perdidas na cama até que o cheiro de hansol sumisse da mesma, varias horas perdidas assistindo todos os dramas que o fariam chorar, e varias ligações e visitas de seus amigos, todos dizendo que ele devia deixar Hansol pra lá e voltar a ter uma vida.
Ele os achava idiotas, era óbvio que ele tinha uma vida, mas ela era com Hansol, e sem ele, era como se nada fizesse sentido.
No quinto mês sem Hansol, Jeonghan se juntou com Jisoo e eles o obrigaram a sair de casa, muitas semanas foram precisas para que o casal conseguisse fazer com que Seungkwan sorrisse e voltasse a viver.
Obviamente ele continuava a pensar em Hansol durante todo o seu dia, mas já conseguia vestir sua calça e sair todos os dias, até mesmo tinha voltado a sorrir docemente para as pessoas da vizinhança enquanto caminhava cantando sua música preferida, ele sentia falta de Hansol, mas deixou a dor se esconder e deu lugar para a volta de sua felicidade.
As vezes ele pensava em como Hansol combinava perfeitamente consigo, e em como seus lábios eram lindos, e em como era louca a sensação de sentir as mãos do outro em seu cabelo enquanto estavam sentados no sofá assistindo qualquer porcaria na TV, mas os momentos estavam começando a não doer tanto quanto no começo.
Era uma terça feira, Seungkwan estava em casa, pensara em sair com Jisoo, mas para sua infelicidade tinha pego uma gripe, e agora estava sentado em frente a TV assistindo programas de variedades com seu fiel companheiro conhecido como pote de pipoca.
Seus olhos já estavam pesando, e eram apenas nove da noite, o garoto passou as mãos pelo rosto, e então colocou um pouco de pipoca na boca, se sentia cansado.
Havia dias que seu coração estava apertado, mas ele ignorava, se recusava a pensar em Hansol depois de tantos meses chorando, se recusava a pensar que a sensação ruim que estava sentindo era por causa do outro.
Por um momento se deixou pensar em Hansol, e em como queria que ele voltasse, por um momento se deixou pensar que talvez o outro estivesse pensando o mesmo que ele na América.
Levou um susto quando ouviu a campainha tocar, mas colocou a pipoca no sofá e caminhou calmamente, talvez fosse Jeonghan e Jisoo trazendo remédios, eles disseram que fariam isso de qualquer forma.
Quando abriu a porta não foi Jisoo, muito menos Jeonghan.
Hansol sorriu quando levantou a mão que segurava a sacola com remédios.
"Quando vai parar de passar as noites na janela? Eu já disse mil vezes para fecha-las quando saísse de lá."
"Mas..."
"Você é minha casa, Boo Seung Kwan"
A expressão de Hansol era séria, e a única coisa que Seungkwan pode fazer foi abraça-lo.
Agora ambos estavam em casa, mesmo que ela estivesse uma total bagunça.
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