Assim que coloquei meus pés para fora do prédio,senti a neve fria pousar no meu rosto.Minha mente parecia vazia e eu não fazia ideia de onde ir.Não quero ver nenhuma das minhas amigas e nenhum dos meninos também.Acabei andando sem rumo certo.
O prolema é que tudo que eu disse era verdade.Eu só não tinha o direito de magoar a Sophia por causa do ressentimento que tenho com o meu pai.Mesmo morando aqui a meses,ele nunca conversou comigo sobre nada.Isso me faz pensar que ele não se importa e que não faço diferença aqui.Afinal,ele tem uma vida perfeita.Uma esposa bonita,um filho que é bom em tudo e um emprego muito bom.
Acho que vou me mudar quando voltar de LA.Não consigo mais ficar naquela casa.
Meu celular começou a tocar sem parar durante meia hora.Nem tive o trabalho de tira-lo do meu bolso.
Passei por uma loja toda enfeitada para o Natal.Me lembrei que tenho vários presentes para embrulhar e alguns para entregar.Além de uma mala para fazer.
-Ally !-Dylan sorriu pra mim.-Não esperava te encontrar por aqui.
Sorri de lado.
-Como foi com a Mina ontem ?
-Ah nós conversamos e voltamos a namorar.-ele sorriu ainda mais.-Obrigado ! Você é incrível !
-Nem tanto assim.
-O que houve ?
-Uma briga.
-Com o Mark ?
-Com a minha madrasta.
-Quer falar sobre isso ?-ele parecia muito preocupado.-Vamos tomar um café e você me conta o que aconteceu.
Dylan me levou até uma cafeteria e pediu um cappuccino pra mim.Sentamos em uma mesa longe das janelas e não demorou muito para nosso pedido chegar.Ele ficou esperando que eu começa-se a falar.
Contei tudo pro Dylan sem emitir nenhum detalhe.Também falei sobre o meu pai,sobre a vontade de ir embora daquela casa.
-Ally,você tem que conversar com os dois.Sophia só quer ser sua amiga.Você tem que abrir um espaço pra ela.
-É difícil pra mim.-balanço a cabeça.-Sempre penso que ela quer substituir minha mãe.
-Ninguém pode fazer isso.Dê uma chance a ela.
-Vou tentar mas não prometo nada.
-E tente conversar com o seu pai.Fala do que está sentindo.Não é bom guardar esse tipo de sentimento só pra você.
-Ele não consegue me entender.Nunca conseguiu.Ele me abandonou Dylan.
-Se ele fez você vir morar com ele é porque está arrependido Ally.Conversar é a melhor resposta.
-Tudo bem.-suspirei desistindo.-Vou pedir desculpas pra Sophia e falar com o meu pai.
-Antes do Natal ?-ele arqueou uma sobrancelha.
Revirei os olhos.
-Antes do Natal.-confirmei.
-Vem.-Dylan ficou de pé e me pegou pela mão.-Eu vou te levar pra casa.
Segui Dylan até o carro que estava estacionado em frente a cafeteria e entrei.Já estava começando a sentir frio.
Peguei meu celular e vi várias mensagens e ligações do Mark,do Jackson e do meu pai.Será que Sophia falou alguma coisa com eles ? Não vou ficar brava se ela contar mas queria ter a oportunidade de falar com ela primeiro.
-Obrigada Dylan.-disse quando cheguei no prédio.
-É o mínimo que eu poderia fazer por você,Ally.
(...)
Entrei em casa e estavam todos almoçando na cozinha.Sophia foi a única que me viu.Ela parecia aliviada por me ver bem e me senti ainda mais culpada por ter falado daquele jeito com ela.
Fiz um sinal mostrando que estaria no meu quarto e para ela ir lá depois.Sophia acenou com a cabeça de forma quase imperceptível.
Subi as escadas e me sentei em uma das poltronas.Deixei meu casaco no cesto de roupa suja e liguei o meu computador.Preciso mandar um e-mail para as minhas amigas avisando que estaria em casa em poucos dias.Estou com saudades delas e quero muito vê-las.
-Quer falar comigo ?-Sophia entrou no quarto.Parecia bem cautelosa.
Coloquei o computador de lado e mordi o lábio me preparando para falar.
-Eu queria te pedir desculpas,Sophia.Não foi certo descontar o ressentimento que tenho do meu pai em você.Você parece ser legal, eu é que não sou uma pessoa fácil de lidar.
-Não precisa se desculpar.Eu entendo perfeitamente o que está passando.-ela sorriu fraco.-Eu também tive uma madrasta.E acredite,eu não gostava dela no começo.Mudanças nunca foram algo que eu gostei.
-Meu pai sempre estava conosco.Então foi meio difícil quando perdi minha mãe e ele logo depois.Acho que não o perdoei por isso.
-Guardar rancor só faz mal pra você.-ela disse se levantando.-Converse com ele.As coisas são simples.Nós que complicamos tudo.
Balancei a cabeça e ela foi até a porta.
-Vou pedir seu namorado pra trazer sopa pra você.
-Obrigada.-sorri.
-De nada.-ela sorriu saindo do quarto.
Escrevi um e-mail bem curto avisando apenas a data que iria chegar.Mal desliguei o computador e Mark apareceu com uma bandeja com uma tigela de sopa.
-Como você está ?-ele disse colocando a bandeja na minha mesa.
-Melhor.
-Quer me contar o que aconteceu ?
Contei tudo ao Mark enquanto tomava a sopa.Ele não pareceu bravo por não atender as ligações ou responder as mensagens.Mark apenas pareceu surpreso.
-Estou orgulhoso de você.Sabe,querendo fazer a coisa certa.Família é algo muito complicado.
Sorrio de lado ficando corada.Nunca fui boa com elogios.
Terminei de tomar a sopa e limpei a boca com um guardanapo.
-Vem cá.Você precisa de um abraço.
Fiquei de pé e me sentei no braço da outra poltrona.Mark me puxou para me sentar no seu colo.O abracei e ele passou os braços ao redor da minha cintura.Ficamos uns cinco minutos assim.Sem se mexer.Apenas curtindo a presença um do outro.
-Eu te amo,Mark.Amo muito mesmo.Você é a melhor coisa que já aconteceu comigo.
Mark se separou um pouco de mim e sorriu,me beijando logo em seguida.Ele sorriu em meio ao beijo e meu coração bateu mais forte.
-Vamos conversar,filha.
Me separo de Mark e vejo meu pai parado na porta.Não fico com vergonha ou tímida,apenas me levanto e sigo meu pai ao seu escritório no fim do corredor deixando Mark sozinho no meu quarto.
-Ele é seu namorado ?-ele pergunta.
-Sim.-sorri de lado.-Mas não é disso que eu gostaria de falar.
Estava pronta para começar a falar quando senti um nó na garganta.As lágrimas vieram sem o meu consentimento.Tudo que não chorei em dez anos,veio a tona em cinco minutos.Meu pai me abraçou e pela primeira vez,senti como se ele estivesse realmente presente.
Tanto eu quanto ele,desabafamos com lágrimas.Repeti a mesma história que contei ao Dylan,a Sophia e ao Mark.Ele se emocionou dizendo que nunca queria ter me deixado.Só que as coisas eram complicadas na época.
Não quis saber que coisas eram.Apenas o abracei e o perdoei por tudo que ele me fez.Por toda a falta que senti dele e por todas as feridas que ele fez no meu coração.
De alguma forma,eu sabia que cada uma delas iria se cicatrizar.
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