História Don't forget me - Caixa de papelão

  A vida não segue nossas vontades. Da vida somos nós que seguimos seus próprios desejos. Ela não nos dá escolhas, só a chance de mudar suas condições existentes.
    E se, em um dia qualquer, em meio as suas brincadeiras com o destino a vida venha retirar suas lembranças mais recentes?
    Pequenos momentos mudam nossas vidas para sempre. Decisões que tomamos sem pensar...
    Imagine se um dia, de repente, esses momentos desaparecessem como em um piscar de olhos. Todas as suas fantasias, seus sonhos, suas lembranças se desfazendo sem você poder fazer nada a respeito. Será que para tudo há uma segunda chance?
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Maio de 2016   -->(Presente)
                           Pov. Emma
 
     Dor. Tudo se resume em dor. Um enorme vácuo dentro da minha alma. Me pergunto se pode existir alguém mais triste do que eu. Existe? Eu duvido muito...
    
  Não há mais poesia nos meus dias por que todos os seus versos era ela quem escrevia. É uma angústia perene toda vez que abro os olhos e lembro-me que você não está mais aqui...
 
    Passei o dia inteiro no mesmo lugar, sem responder mensagens, ligações, sem falar com ninguém. Os meus ossos já são um pouco mais aparentes, agora se apegam a minha pele, sinto minhas pálpebras constantemente pesarem. Toda a minha carne está viva enquanto algo dentro de mim está desfalecido.

   Hoje tentei te encontrar por aqui mesmo, pois lá fora eu não sei para onde você foi. E o pior de tudo: Em muito das minhas lembranças você já não existe mais; E me sinto culpada, deixaste um peso em minhas costas. Pesa um mundo em meus ombros, não posso carrega-lo sozinha e você não está aqui pra me ajudar. Ajudar a me lembrar...

   Subi para o sótão, procurar coisas que me contassem algo sobre você que eu já não me recordo mais. Encontrei uma caixa , " Nosso casamento" estava escrito. Tentei tira-la do seu lugar, mas me parece que todas as minhas forças se secaram como um caco e mal pude move-la. Com muita dificuldade consegui leva-la até a sala, foi inevitável e acabei deixando-a cair. Vi seu conteúdo espalhar-se pelo tapete estendido entre os sofás e a lareira; Fotos, objetos, cartas. Me revelava, aquela simples caixa de papelão, o melhor de toda a nossa perdida história.

    Minha sanidade aos poucos perece, assim como as minhas esperanças. Você levou como bagagem nessa sua viagem sem volta tudo o que me era bom. E me deixou assim, só...

    Esses últimos dois anos tudo perdeu a graça, sua essência. Os meus dias perderam todo o colorido, tornaran-se vagos e melancólicos. Tons de cinza, dor e mágoa. Tudo pálido e frio, emurchecendo as rosas da minha face, culpa de tudo o que estou sentindo. Tudo o que você me faz sentir.

     Levei a mão até uma de nossas fotografias trazendo-a para perto de mim, eu parecia feliz. - Se é que eu ainda saiba ao menos o conceito de felicidade. - Você estava ao meu lado, era o motivo de eu estar sorrindo. Sempre, você sempre era o motivo, e eu não pude perceber isso, não acreditei em você.

     Não pude conter as lágrimas que insistiam em cair. Deslizavam suavemente descendo sobre o meu rosto e pousando em meus lábios, fazendo eu sentir se seu gosto amargo. O doloroso sabor da saudade que transbordava pelo os meus olhos.

    De baixo de muitas fotografias, álbuns, estava uma caixa menor pintada de branco, envolvida por uma fita azul turquesa. Comecei a abri-la com cuidado, e lá estava, nossos vestidos de noiva. O seu com o seu nome em um envelope sobre o vestido, escrito nele todos os seus votos. Assim como no meu. Não continha mais seu cheiro, que depois daquela noite ainda me recordo bem. Mesmo assim o prendi em meus braços como se você estivesse ali, tentando me lembrar do dia em que te vi vestindo-o. Mas nada... Só o que consegui foi desmanchar-me em lágrimas, me sentindo impotente, fraca... - Céus! Eu preciso de você!

   Se eu ao menos conseguisse voltar no tempo... No momento em que te vi escapar entre os meus dedos; Você deslizava pelos meus braços, tudo girava em câmera lenta. Eu só queria voltar no tempo, naqueles instantes que seus olhos me pediam por ajuda, e eu não consegui decifra-los.

   Ao menos se eu ver apenas a sua sombra, ou ouvir sua quase palpável respiração... Só isso me faria sorrir. Só eu sabendo da sua presença eu poderia respirar outra vez.

   Ainda segurando seu vestido vi dentro da caixa um CD, e nele escrito: momentos especiais. Parecia ser sua letra.  Rapidamente coloquei para assistir. Era você, sua voz doce e firme, aquele seu sorriso lindo. A escuridão espessa de seus cabelos, junto do louro dourado dos meus;  Eu podia contemplar naquela gravação como era o nosso mundo. Nossos olhos traduziam quase tudo, do nosso amor, nosso carinho. Imagens dos nossos beijos quentes e apaixonados, a emoção nos prendia e estava claro que nos adorávamos.

   Por um instante jurei sentir novamente os seus lábios- pude viver por segundos outra vez. E se eu pudesse voltar...  - Chorei de novo. E isso é uma droga!

   Te ver, te ouvir através de uma tela que não me transmitia mais do que sua imagem, sem poder te tocar, sentir você, o calor do seu corpo... É pedir de mais?

    Você está me matando aos poucos.
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Sábado, dia 14 de setembro de 2013  
14 dias antes do acidente.  

Pov.Emma

    Era manhã, você dormia como um anjo. Seus cabelos negros espalhados pelo lençol branco e gélido formava um lindo contraste. Preferi não lhe chamar. Sua respiração tão serena, teus lábios semiabertos de uma maneira tão delicada. Nada me causa maior êxtase e paz do que poder olhar pra você. É incrível a maneira que sua beleza consegue se exceder de tamanha forma. Até mesmo dormindo! 
  Seu majestático corpo é beleza aprazível a quaisquer olhos. Aquela mulher esticada em minha cama, deixava que sua nudez fosse encoberta por finos lençóis.  Me hipnotizava, encantava-me, transportava-me da realidade. Comecei a notar cada tom de sua pele, cada traço, cada pedaço do seu corpo inerte. Fios dos seus cabelos que dançavam sobre o travesseiro conforme o vento passeava sobre eles serenamente. 

    Pude notar um sorriso surgindo em seus lábios, eu realmente perdi a noção do tempo em que fiquei te observando ali, adormecida. Poderia ficar te olhando uma tarde inteira e tentando descrever cada traço seu. Deixe-me sorrir junto, deitei-me ao seu lado colando o meu corpo ao seu. Te envolvi em meus braços como meu bem mais precioso. Desejava beijar-te toda a epiderme até a alma.

     -Bom dia, meu amor! - Sua voz adentrou em minha mente, rouca e mansa, desestabilizando toda a minha sobriedade. - Acordou faz muito tempo? - Acordar?! Estou me esperando acordar a muito . Insisto em acreditar que isso tudo só pode ser um sonho, cujo meu último desejo é acordar.

     - Faz tempo que eu ainda sonho com você amor, e ainda não acordei. E nem quero, viu?  - Seus olhos ainda um pouco sonolentos encaravam os meus buscando entender o que havia acabado de falar. Isso me fascina! A maneira atenciosa e sua necessidade de entender cada minúsculo detalhe de todos os momentos. - Você é o sonho mais lindo, maravilhoso que alguém pode ter. E eu quero permanecer em coma, vivendo esse sonho para sempre, e sempre, e sempre... - Falei enquanto distribuía beijos em seu rosto.

    Você estava sorrindo.Sorrindo com simples palavras, simples gestos de afeto. E isso quando de conheci naquele escritório gelado parecia algo impossível. Aquela criatura sentada atrás de uma mesa enorme, parecia que não sabia o que era um sorriso. E cá estou eu, contemplando o desenho do seus lábios se formando e me entregando sua mais bela curva. Já não era mais aquele diabo de saia e com a boca pintada de sangue. E hoje não consigo acreditar que vou me casar com aquele "Diabo"! - Como isso é possível?!

    -Regina Mills... - Atrevi-me a quebrar o silêncio em meio ao meu passeio sobre aquele mar cor de avelã.

    - Emma Swan, quase Mills... - Quase. Realmente, meu nome quando pronunciado por ti fica muito mais bonito. Mas que Droga! Me recuso aqueditar que isso tudo é verdade! -Da pra acreditar que vamos nos casar amanhã, loirinha? - Mas que pergunta Regina! Claro que não. Não da. No primeiro dia que te vi tive vontade de te fuminar! E acredito que esse sentimento foi... Digamos... Recíproco.

     -Você era um pouco difícil de lidar, amor, mas sabia que não resistiria ao meu "charming"... - Esse sobrenome caiu perfeitamente comigo, tenho que admitir.

    - Ah! Claro... - Sarcástica. - É incrivelmente charmosa mesmo aquela sua jaqueta de couro vermelha, com sua calça jeans velha. Eu me apaixonei na mesma hora! - Engraçadinha também. Você me destrói, Mills!  Não consegui me conter e lhe roubei um beijo. Que culpa tenho eu se essa sua boca carnuda são dois imãs que gritam constantemente?  "Me beija!", "Me beija!". Eles vivem me convidando a isso.

     - Bom dia, morena!

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                           Pov. Narrador

    O dia passou voando, as duas arrumaram todas as coisas para o momento tão esperado. Mal conseguiram parar pra conversar, mas isso teriam tempo. E agora tinham muita ansiedade acumulada, transbordavam nervosismo.

   Já era fim de tarde, o tempo um pouco úmido e quente, o sol começava a se pôr sem pressa dentre os prédios que arranhavam o céu em seus tons rosados. Aos poucos a noite vinha chegando com delicadeza.

    Regina estava na varanda do quarto de seu apartamento, enquanto Emma arrumava as malas e se aprontava para ir a casa de Ruby onde veria seus pais. Amanhã o grande dia, e em pensar nisso seu estômago dava cambalhotas dentro de si. A morena com sua mente longe, sentada prendendo suas pernas observava aquele lindo espetáculo. Seus olhos vagavam sobre toda a paisagem, seus pensamentos eram invadidos por mares de incredulidade.- Como a editora chefe da revista mais renomada da Califórnia está a um passo de se casar com a loura irritante, negligente, a jornalista desastrada do subúrbio de Carson que virou sua vida do avesso? - Ria sozinha enquanto pensava sem entender como isso tudo estava acontecendo.- Havia descoberto que estava grávida de uma semana, iria se casar com quem mais amava. Como poderia estar mais feliz do que agora?!

     -Hey! Amor...- Foi despertada de seus devaneios ao ouvir Emma chamando por ela vendo-a com uma câmera apontada em sua direção, estampava um sorriso sapeca. Ela se aproximava cada vez mais que a morena tentasse à impedir de filma-la. - Aqui está a noiva mais linda e gostosa de todo o universo! E a chefa mais chata que alguém poderia ter...- Emma falava para a câmera enquando a filmava rindo com o que acabara de ouvir.

     - Emma, já disse que não gosto de ser filmada. - Murmurou em seu tom mais autoritário, fechando seu semblante tornando-o sério. O que deixava Emma irritada, pois a mesma não podia fazer nada sem ouvir reclamações (apenas uma coisa, se é que vocês me entendem).

     - Larga de ser chata, Regina! É para guardamos de lembrança. É só dizer logo que me ama. - Deu zoom no rosto da morena que ria junto com ela. Emma parecia uma criança quando ganha algum presente. Sorria para todos os lados, uma felicidade que contagiava qualquer um que estivesse por perto.

       - Eu te amo! Você sabe disso. - Regina a encarava com aqueles olhos que torturavam todos os sentidos de Emma, fazendo -a suar frio e sentir borboletas no estômago, como se estivesse apaixonando-se pela primeira vez. Não importa o tempo em que já estavam juntas, aquela mesma sensação de quem acabara de se apaixonar sempre voltava, mesmo ja estando perdidamente apaixonada.

    Ela só sorriu recebendo aquele olhar, simplesmente sorriu, posicionou a câmera para que pudesse capturar o que estava prestes a fazer, caminhou em sua direção sem desviar as esmeraldas daquela tempestade de areia que lhe engolia, arrancava todas as suas armaduras. Tomou-lhe os lábios carinhosamente sendo recebida da mesma forma. Se beijavam sobre os fracos raios de luz de um sol pronto para ir embora e dar lugar  a uma linda lua cheia. Seus corações dançavam juntos em uma perfeita sincronia, junto com suas mãos que passeavam por todas as curvas de seus corpos.

    Colaram suas testas fechando seus olhos, tudo acontecia como mágica, um sonho que torciam para que nunca tivesse fim. Ambas respiraram um pouco mais e se mantiam coladas uma na outra.  - Eu sempre vou te amar, incondicionalmente, por toda a minha vida, e até depois dela. Nunca me esquecerei de você, Regina. Até por que seria impossível! Você é o amor da minha vida e eu quero viver cada momento que me resta ao seu lado, Ok?

     - Eu também nunca me esquecerei de você, loura da jaqueta vermelha. Sou incapaz de né esquecer, mesmo que em um milhão de anos, mas você sempre estará morando aqui, em minha mente e coração. - Regina sorria moredando seu lábio inferior. Nunca pensaria que estaria tão entregue a alguém como estava a Emma. Nunca passou por sua cabeça vivenciar tudo isso outra vez, de uma maneira mais especial e mais forte ainda. Regina tinha seu passado conturbado e triste, mas agora tudo havia mudado de novo. Emma apareceu e trouxe junto com ela aquilo que faltava para completar o vaziu que nem mesmo a morena sabia que poderia existir. Eram elas, o momento delas. E não deixariam que nada estragasse isso. - Eu te amo, patinho...