Em uma sala ampla, pouca mobília, apenas um sofá bege e uma mesa de canto. Uma jovem olha ao redor, não achando nada familiar. Ela, dando alguns passos, percebe uma escultura feita de pedaços de espelhos. Nele, vê o seu reflexo. Sua imagem distorcida a assusta. Mal conseguia ver seus olhos verdes. Os cabelos castanhos pareciam estar em certa ordem. Os apalpando, a jovem começou a examinar suas pontas, um palmo abaixo dos seus ombros, lisos.
A porta se abre. Um jovem de terno surge. Um pouco mais alto que a jovem, branco, cabelos castanhos, barba por fazer, no queixo. E completando o visual, um óculos. A jovem sorrir.
- ...você é o meu analista?... – A moça pergunta sem pestanejar, se arrependendo logo em seguida, faz “cara” de paisagem.
- Lisa!!!... – pronunciando um nome, o moço começa a se aproximar e a oferece um copo, que trazia na mão - ... Lisa... Analista? – rindo pelo canto da boca, ele lhe dá as costas
- Eu conheço você?... – a segunda pergunta idiota sai sem querer. Contudo, ele se vira e a encara
- Sou o seu namorado!!!... – ele solta. Não sentindo o chão e sem coragem de fazer mais nenhum tipo de pergunta, a jovem permanece em silêncio
-Yan... – quebrando o silêncio ele se identifica. A moça baixa a cabeça e sente vergonha. Carinhosamente com os dedos debaixo de seu queixo a faz levantar a cabeça. Seus olhares se cruzam- ...você desmaiou mais uma vez... não lembra?...
- Não!!... – ainda sem entender, Lisa balança a cabeça bem devagar, negativamente. Se aproximando mais, os lábios dele tocam os dela. Um hálito gostoso de hortelã é sentido.
Mesmo sem querer interromper o beijo, algo a faz refletir. E a frase: “você desmaiou mais uma vez”, ecoa em sua mente. Abrindo os olhos rápido, a jovem o empurra. A expressão do rosto dele é de reprovação.
- ...quem me garante que você é quem diz ser?... – desconfiada, ela afirma e aponta o dedo para ele
Incrédulo e aborrecido, ele caminha até a mesa cheia de papéis. Pegando um porta retratos, trás até ela. Lisa Pega o objeto e fica com a “cara no chão”. Na foto, ela,do lado dele. Pareciam felizes. Ele estava com uma touca esquisita e tirava uma selfie deles. A moça sentiu sua cabeça começar a girar. A levantando, ela o procura. Ela estava sozinha e a porta aberta. Por impulso ela corre.
Na porta, um corredor. Ele estava adiante. E não se vira. A moça começa a caminhar rápido, para não chamar a atenção. As pessoas passavam por ela e a cumprimentavam. Ela fazia um gesto com a cabeça e sorria sem graça.
Finalmente o alcançando, ela segura firme na mão dele, o puxando. Se virando, ele a olha nos olhos. Sentindo vergonha, Lisa baixa a cabeça mais uma vez. Uma senhora passava por eles, Yan a cumprimenta, tirando um pouco o foco. Sendo gentil, ela o cumprimenta de volta. Lisa a companha com o olhar.
- ...ainda tenho tempo... – levantando o braço, Yan olha para o relógio - ...vem... vou levar você daqui... – agora, foi ele quem a puxou. O salto da moça quebra no passo que dá. Sendo veloz, ele a segura. Parecendo cena de filme. Seus olhos se cruzam mais uma vez. Ela respira fundo.
- Não deveríamos... – Lisa o encara- ...não aqui... – e afirma
Sem insistir, ele simplesmente a solta. Com a cabeça, o moço concorda com a “falsa” vontade dela. A jovem acaba sentindo uma pontada de decepção, mesmo sabendo que a culpa era dela.
Encostando-se na parede, ela retira os sapatos. Salto fino, na cor vermelha. Descalça, Lisa chega a porta de entrada do lugar. Um homem de boa aparência sorrir pelo canto da boca. Abrindo a porta, faz um cumprimento de leve. Com gesto, ela o agradece.
Yan sai atrás dela e vai para sua frente. Retirando algo do bolso, faz um gesto. Um dos carros faz um barulho. O alarme é desativado. Os dois caminham juntos. Param na frente de uma BMW prata.
- ...primeiro as damas... – sendo gentil, o moço abre a porta do veículo e ela entra. Lisa sente o “cheiro” de novo e o banco confortável.
Assim que entra, Yan coloca a chave na ignição. Ajeitando o retrovisor, liga o veículo. Motor suave. Em silêncio, Lisa olha pela janela. Vendo a paisagem mudar, pensa em sua falta de memória e fica mais curiosa.
Em um curto espaço de tempo, o moço estaciona o carro. A moça olha e vê uma bela residência. Duas janelas, varanda, colunas. Fachada verde água.
Ele abre a porta do carro, mas Lisa continua sentada. Ela o encara, contudo não fala nada. O moço estica o braço e estende a mão. A jovem a segura e sai do automóvel. Virando-se,Yan aciona novamente o alarme.
Para chegar até a porta, depois da grama verde, três degraus. Ele coloca as chaves e empurra a porta. Lisa entra primeiro. Passando o olhar em tudo, ela inspeciona o ambiente. A sala ampla e com móveis claros. Cortinas brancas. Mentalmente a moça começa a contar: Sofá, centro, tapete creme em toda a extensão. Perto da porta uma mesinha de canto com um espelho pendurado.
Yan fecha a porta. Com o olhar ela observa os passos dele. Em silêncio o jovem coloca as chaves na mesinha. Caminhando até onde Lisa estava, desabotoa um único botão da camisa e retira a gravata. Parecia o estar incomodando.
- ...piano... – Lisa corre para o enorme e belo instrumento musical, perto de uma porta de vidro. Ela passa suavemente seus dedos sobre as teclas. E sente uma felicidade inexplicável. Ela o olha novamente e ele estava a observa-la. Ele também sorrir.
- Sinto falta... do seu sorriso... – ele se aproxima e diz.
- ...posso?... – Lisa aponta para o piano
- Você não toca!!... – Yan franze a testa
- Não???... – ela pergunta incrédula
- Sou eu quem toco para você!!... – ele afirma, a deixando perplexa
- ...pra quê... quero um piano... se não toco??... – A jovem, curiosa, questiona - Estamos na minha casa!!... – com “ar” de riso, ele informa, apontando para si mesmo
- Oi??... – a jovem fica desnorteada
Bem próximo, Yan passa seus longos dedos no rosto dela. Ela acaba se afastando um pouco e sem querer, coloca todos os dedos nos teclados, tocando algo, que não era música.
Com paciência, ele a olha e respirando fundo, “beija” os seus lábios. Se afastando sem o consentimento da moça. Balançando a cabeça a dá as costas. Ainda sem entender, Lisa permanece na mesma posição. Ela não ousava me mover. Ele, vira-se novamente para ela.
- ...este... é um de meus imóveis... – sendo compreensivo, começa o relatório - ...estamos em Nova York... você mora em Los Angeles... e... você veio apenas para passear... enquanto revolvo alguns assuntos... – conclui
A moça começa a sentir a voz dele cada vez mais distante, até sumir. Ela desmaia. Não sentindo seu corpo, ela vê uma luz. Inúmeras vozes começam a serem escutadas. Rostos aparecem através de uma névoa. Em uma rapidez tudo desaparece. Apenas um silêncio e tudo escurece.
Lisa abre os olhos, devagar. Yan a observava. Pegando no braço dela, verifica o pulso. Ainda sentindo tudo rodar, vira a cabeça devagar. Ela estava em uma cama de casal. Respirando fundo, ela sente o perfume dos lençóis.
- ...o que aconteceu?... – ela sente a boca amarga e seca- ...água... – e pede
- Sua pressão está baixa!!... – ele faz o favor de informar - ...consegui segurar você... antes que se machucasse...
- Meu herói!!... –Lisa fala. Sem sorrir. Com expressão preocupado, ele apenas trás o copo com água e a entrega
- É melhor... você descansar... – ele aconselha- ...vou fazer algo para você comer e já volto – sem esperar a resposta da jovem, o moço se retira do ambiente
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