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História Don't Forget Me - Tout Par Marinette


Escrita por: MarySemCoroa

Capítulo 18 - Tout Par Marinette


Terça(Semana 2) 

Eu, Alya e Nino estávamos em frente à moradia do Guardião, segurando firmemente as alças de nossas bolsas, imaginando o que poderia estar nos esperando atrás daquela porta. Pelo menos era o que eu estava fazendo. Estava meio apreensivo. Penso em Guardião nos dizendo que não há jeito de trazer Marinette, que deveríamos nos entregar a Chaos porque ele já havia se tornado muito poderoso e nós não tínhamos nenhuma chance de derrotá-lo ou que Alya e Nino deveriam se afastar de mim por eu ter me tornado um assassino. É, eu realmente estava muito pessimista hoje.

- Então... - começou Nino, colocando suas duas mãos para trás enquanto franzia a boca - vamos?

A voz de Nino, por algum motivo, me levou às lembranças de ontem à noite. Depois de sair do restaurante, cheguei à casa de meu melhor amigo e o encontrei sentado no pé da cama, segurando um CD partido ao meio. Perguntei o que havia armazenado dentro dele e me contou que estava procurando o CD que comentou ser uma relíquia de Marinette. Acabou o encontrando, depois de ter ouvido algo quebrando abaixo de seus pés. Disse que não era sua culpa e que, mesmo sem aquele objeto, iríamos nos lembrar de Marinette. Pelo menos eu espero que sim. Eu preciso acreditar que sim.

- É, vamos - respondeu Alya, concentrada na construção a sua frente. - Já estamos aqui, certo? Não podemos voltar para trás.

Eu avancei um passo e respirei fundo antes de apertar a campainha rapidamente duas vezes com meu dedo indicador. A porta foi aberta em um milésimo de segundo, como se o Guardião já estivesse nos esperando atrás da porta ansiosamente. Nino levou um susto com tal ato surpreso, colocando a mão em seu coração em seguida para senti-lo batendo descompassado. 

- Não faça mais isso! - Repreendeu Nino, acalmando-se aos poucos.

- Sinto muito, mas tenho novidades e não vejo a hora de contá-las a vocês - desculpou-se o Guardião, continuando com o ar autoritário e indiferente de sempre. 

Ele nos pediu para que entrássemos, mas antes que limpássemos os pés no tapete de boas-vindas, alegando que havia limpado a casa há poucos minutos. Nós o obedecemos e, quando entramos, demos de cara com a mesa pequena mas nem tanto cheia de livros e pacotes de alimentos vazios e abertos, mostrando que Guardião passou dias com a cara naqueles livros, levantando de seu lugar apenas para fazer suas necessidades e pegar mais comida em sua cozinha. 

- Depois de muito pesquisar, como podem perceber - ele apontou para a mesa, o que nos fez observá-la novamente. Realmente estava muito bagunçada -, eu finalmente achei a resposta que procuram. 

- Procuramos várias respostas - disse Alya, dando um passo a frente com seus braços cruzados. - Como derrotar Chaos, se Marinette está viva ou não, se ela sequer existe. Qual resposta você está se referindo exatamente?

- Veremos se ela existe ou não e vocês provarão isto invadindo o hipocampo, o local onde o cérebro armazena todas as nossas lembranças do dia-a-dia.

Me pegou de surpresa. Lembrar-me dela completamente, sem mais ser invadido por ilusões e resquicios de memórias de nossos momentos juntos? Uou, isso era surreal e com certeza maravilhoso. 

- Eu estou de acordo - comentei, dando um passo a frente dessa vez. - Faço qualquer coisa para ter todas as lembranças sobre ela de volta.

Olhei para Alya e Nino. Ela parecia absorta em seus pensamentos, com certeza pensando se era o melhor a se fazer. Nino parecia apreensivo e batia seu pé rapidamente no assoalho de madeira. 

- Espere, há algo de errado nesta história. O hipocampo armazena nossas lembranças, certo? - Guardião assentiu lentamente. - Então deveríamos todos nos lembrar dela. Se não lembramos, elas não está no hipocampo.

- As lembranças de Marinette estão bloqueadas com um feitiço, possivelmente de Chaos, mas permanecem dentro de suas cabeças, esperando para que vocês a libertem de vez. 

- Para quebrarmos o feitiço, - começou Alya, olhando para a janela fixamente - temos que entrar em nosso hipocampo. Como iremos fazer isso?

- Fazendo seus corações pararem de bater. 

Alya engasgou com sua própria saliva e começou a tossir descontroladamente. Nino, bem naquela maldita hora, estava bebendo um pouquinho de água que trouxe em sua garrafinha e acabou por cuspir todo o líquido em sua boca, acabando por acertar algumas gotas em mim que estava um pouquinho a frente e ao seu lado. Eu fiquei apenas assustado. Teríamos que morrer para nos lembrar de Marinette? Isso era impossível!

- Antes de dizerem qualquer coisa contra, - disse Guardião, mantendo a calma, uma coisa que nós não estávamos conseguindo fazer. Como ele conseguia? - Existe uma substância líquida chamada Tempus Mortis, que proporciona uma morte temporária a aquele que usa-lo. Mas ele tem um tempo limite. Se esse tempo for ultrapassado e você não conseguir voltar a vida, a morte passa a ser permanente. Quando se usa este liquido, você é transportado até seu cérebro e começa a vagar por ele. Até seu objetivo estar completo, você não consegue voltar a vida real. 

- E qual será o obstáculo que nos colocará entre a vida e a morte? - Indaguei, prestando bastante atenção em cada gesto e palavra do Guardião. 

- Boa pergunta, Adrien. Bem, para chegar ao hipocampo, vocês terão que passar por seus medos e superá-los. Nesta região do cérebro, ele cria ilusões, tentando nos fazer acreditar que aquela é a nossa vida real, esquecer qual nosso real objetivo de estar ali. Se não conseguirem superá-los e os medos conseguirem prendê-los na realidade falsa, vocês estarão inevitavelmente condenados à morte. 

- Por que temos de passar em nossos medos para chegar ao hipocampo? - questionou Nino, parecendo confuso. - O que uma coisa tem a ver com a outra?

- O cérebro é como uma casa, Nino. Às vezes precisamos passar pelo quarto para chegar até o banheiro.

E com essa última frase impactante, Guardião saiu do cômodo e nos deixou sozinhos para refletirmos sobre o que havia proferido. Eu, pelo contrário, pensei em Marinette. Onde estaria, o que havíamos presenciado juntos. Ter apenas alguns resquícios de memórias é horrível. Sua cabeça dói e você sempre quer mais. Saber de tudo, o que aconteceu antes e depois. As perguntas rodeiam sua cabeça e você não sabe como para-las, elas te assombram dia e noite, sapateando e repetindo em eco, como se o prazer delas fosse perturbá-lo até vocês matarem-nas com a resposta final. 

E ela só será alcançada se eu morrer. É normal você querer sacrificar sua vida por causa de alguém que você nem tem a certeza de que está viva? Tudo que estamos fazendo aqui pode ser em vão, estamos apenas perdendo tempo enquanto Chaos se fortalece mais e mais. Talvez Marinette faça parte do plano diabólico dele. Marinette seja apenas uma invenção de sua cabeça e ele está brincando com a gente, mexendo com nossas mentes, fazendo-nos pensar que ela existe apenas para não focarmos no mais importante: derrotá-lo

- Ah, - soltou o Guardião, aparecendo repentinamente - eu acabei por me lembrar de algo, ou melhor, alguém. Por que Chloé não veio com vocês? Pelo que eu saiba, ela é uma portadora também.

Alya soltou um resmungo só de ouvir o nome de sua arqui-inimiga. Eu apenas olhei para ele e balancei a cabeça negativamente, esperando que ele entendesse o que aconteceu sem eu precisar dizer em voz alta. Ainda doía-me na alma que Chloé recusou-se a salvar o mundo, de certa forma apoiando Chaos, só por causa de seu orgulho. Seu medo a estava controlando-na e isso me deixara ainda mais preocupado. Precisávamos de toda ajuda possível, por que Chloé teve que negar? Por que ela precisa ser tão... difícil de lidar? Guardião soltou um suspiro, o que atrapalhou meus pensamentos.

- Ah, entendo. Ela não acreditou em vocês, ou só não aceitou lutar contra Chaos por medo? Talvez as duas coisas, eu não sei. Bem, azar o dela - ele deu de ombros. - Não terá uma estátua em sua homenagem em algum museu parisiense depois que a guerra acabar e vocês serem considerados salvadores do mundo. 

Ele soltou uma risada fraca, mas nós permanecemos sérios. Guardião percebeu nossa seriedade e também obteve logo dirigindo-se de volta à seja lá o que estaria fazendo depois que saiu desse cômodo minutos atrás. Antes que ele pudesse desaparecer de nossas vistas, lembrei-me de uma coisa e gritei seu nome, tirando a mochila de minhas costas. 

- Eu trouxe algo suspeito que achei no quarto de Chloé quando fui visitá-la - disse, ajoelhando-me no chão para abrir minha bolsa mais facilmente do que se fosse em pé. - Algo dentro de mim diz que estas duas coisas tem algo a ver com Marinette. 

Tirei o ioiô vermelho com bolinhas pretas e a foto dela rabiscada de dentro de minha mochila e as entreguei para o Guardião, que obteu uma expressão completamente surpresa quando observou atentamente o ioiô.

- É isso! - exclamou ele, girando aquele objeto redondo em sua mão, parecendo alegre. - Tudo agora faz muito mais sentido do que antes!

Eu, Nino e Alya estávamos confusos. O que fazia ainda mais sentido do que antes? Parecendo ler meus pensamentos, Guardião começou a nos contar a conclusão que chegara:

- Este ioiô é o objeto pertencente à transformação da portadora dos Miraculous da Joaninha. Se você, Adrien, diz que este objeto é de Marinette, então isso só pode significar uma coisa...

Eu entendi o que queria dizer e o interrompi, com um sorriso involuntário nos lábios:

- Marinette era uma portadora. 

- A portadora do Miraculous da Joaninha - continuou Alya, com o mesmo tipo de sorriso que eu. 

- E Chaos acabou por tomar posse dele - terminou Nino -, porque foi ele que lançou este feitiço em Marinette, fazendo-na ser esquecida por todos que a conhecia.

- E o codinome dela como heroína de Paris era Ladybug - disse uma voz familiar, que parecia estar em frente a porta.

Todos viramos rapidamente nossas cabeças até lá, surpresos. Era Chloé. Ela parecia estar um pouquinho tímida, seus ombros estavam encolhidos e ela estava cabisbaixa, fazendo-na ficar fofa. 

- Sinto muito pela demora. Demorei um bocado para ter a certeza de que essa era realmente a casa certa. 

Ela olhou para cada um de nós a cada palavra dita. Mas, quando chegou em mim, desviou o olhar e corou automaticamente, como se estivesse com vergonha de minha presença. Eu não pude conter um sorriso. Chloé estava aqui. A verdadeira Chloé estava aqui!

- Eu sabia que apareceria, senhorita Bourgeois - respondeu o Guardião, sorrindo satisfatoriamente. - Sente-se, por favor, daqui a pouco explicarei a você o que discutimos em sua ausência. 

Assim, ele saiu do cômodo novamente. Ela caminhou lentamente até a mesa, sentando-se ao lado dela, de frente para nós. Alya permanecia incrédula, com um pouquinho de raiva em seu olhar. Eu, por outro lado, estava curioso e feliz.

- Como soube a localização e o horário que estaríamos aqui? E como tem tanta certeza que Marinette tinha como codinome Ladybug?

- Ah, bem, eu... - ela deu uma pausa, como se escolhesse as palavras, como se estivesse com medo de mim. Fiquei aflito quando pensei na possibilidade de ela ter descoberto que matei alguém, por isso tal reação, mas isso seria impossível então obriguei-me a tranquilizar - perguntei a Nino um pouquinho antes da hora da saída de hoje e ele me disse. Sobre Marinette, desde pequena essa palavra assombra-me em meus pensamentos sem cessar. Quando a empregada entregou-me esse ioiô, a primeira palavra que veio a minha cabeça foi esta. Se vocês dizem que este ioiô pertence a ela, ou pelo menos é uma réplica, bem, é só ligar os pontos.

- É verdade - confirmou Nino, pensativo. - Agora me lembro que você veio falar comigo. 

Alya soltou um gemido de irritação e olhou fulminantemente para Nino, que parecia não entender o motivo dela estar agindo daquela maneira. Eu apenas olhei para Chloé que olhava fixamente para a brincadeira que fazia com suas unhas.

- Fico feliz que tenha decidido vir, Chloé - comentei, com um sorriso sincero. - Foi a escolha certa, acredite em mim. 

Eu chamei sua atenção e ela finalmente permaneceu seus olhos em mim e soltou um sorriso fraco. Esta não era a Chloé que vagava pelas ruas. Eu diria que ela havia sido possuída por algum demônio ou algo do tipo, mas espíritos maus estão presos em Purgatoire e no inferno. E espero que permaneçam lá por muito, muito tempo.

Depois de alguns minutos em silêncio, Guardião voltou segurando um frasco pequeno e delicado com um líquido esverdeado dentro e dois acessórios coloridos em sua mão. Um era uma pulseira verde, que já, se não me engano, havia visto ele usando-na em algum momento. O outro era um pente pequenino e dourado com pontas irregulares como se estivesse um pouquinho desgastado com o tempo.

- Alya. Nino. Chloé - chamou ele, obtendo total atenção de ambos. - Um passo a frente, por favor.

Eles o obedeceram, meio receosos. Ele dirigiu-se primeiro até Chloé e a entregou o pente. Em seguida, foi até Nino e deixou seu bracelete com ele, voltando ao lugar que estava antes, na frente deles. Pediu para Alya pegar seu colar em mãos, o que ela fez, e ordenou:

- Repitam corretamente estas palavras que irei proferir.

O trio assentiu em sincronia e o Guardião fechou seus olhos.

- Je jure solennellement de protéger mon kwami et tous les habitants de cette planète appelée Terre avec ma propre vie.

Todos repetiram em voz alta e bom tom e eu apenas fiquei observando-nos, me perguntando o que seria aquilo. 

Juro solenemente proteger meu kwami e todos os habitantes deste planeta chamado Terra com minha própria vida.  

Um tipo de juramento, talvez? Mas por que Guardião não me fez dizer isto quando adquiri meu Miraculous? Ele nem sequer permitiu que eu o conhecesse!

O membro mais velho daquela sala finalmente abriu seus olhos e pediu para que todos colocassem seus Miraculous. Logo que fizeram, os kwamis apareceram na frente deles, fazendo Nino e Chloé ficarem admirados com os bichinhos voadores.

- Olá, meu nome é Wayzz - apresentou-se a Nino um kwami esverdeado, com uma antena bem no meio de sua cabeça, uma carapaça de tartaruga em suas costas ligeiramente mais escuro e uma cauda. - Sou o Kwami ligado ao Miraculous da Tartaruga que agora pertence a você, Nino Lahiffe.

Nino soltou um sorriso amigável, mas quando seus olhos bateram em Guardião, mostrou-se um pouquinho confuso.

- Adrien havia me dito que eu adquiriria o Miraculous do Pavão, mas este é o da Tartaruga. Por quê?

Guardião soltou um suspiro alto e começou sua explicação:

- Bem, eu estou velho, crianças. Não tenho mais condições de cuidar perfeitamente bem de meu kwami, sem contar que ele está faminto por aventuras, uma coisa que não posso dar a ele. Pretendia entregar o Miraculous do Pavão, sim, mas algo me diz que você simpatizará melhor com Wayzz do que com Duusu. 

Wayzz abraçou as bochechas de Nino, confirmando o sexto sentido do Guardião. Olhei para Chloé, um bocado curioso sobre como ela estaria reagindo com sua kwami. 

- Oh, meu Deus! - exclamou Chloé, pegando delicadamente os braços pequeninos dela. - Como você é fofa! Quando chegar em casa, com certeza te encherei de lacinhos e presilhas, Bee

Bee negou com a cabeça rapidamente, como se abominasse que pessoas a usassem como um tipo de boneca Barbie. 

- Não faça essa cara! - reclamou a loira, cruzando os braços e jogando sua cintura mais para o lado direito - Você é minha agora, e terá que fazer tudo que eu mandar.

E lá estava a falsa Chloé, tentando mostrar as garras. Disse seu nome em um tom repreensivo e ela olhou-me automaticamente, soltando um sorriso timido e pronunciando desculpas em voz baixa. Ela queria mudar, eu via isso em seus olhos, mas precisava de ajuda e eu pretendia fazer isto com o maior prazer possível. Acima de tudo, sou amigo dela, certo?

- Se você quiser, é claro - corrigiu a frase, tentando consertar a situação com Bee. - Sinto muito por aquilo, eu meio que... - ela começou a enrolar em seu dedo indicador a ponta de seu rabo de cavalo, o seu penteado favorito, tanto que quase nunca a vi sem ele. - era um pouquinho má com as pessoas ao meu redor. Mas alguém que conheço muito bem abriu meus olhos e estou disposta a mudar. Por ele.

Neste momento, ela olhou-me e sorriu como se dissesse agradecimentos em voz alta. Esta é a Chloé que conheço e que me apaixonei perdidamente. Outras pessoas precisam ver que tem um coração de ouro e eu farei com que a vejam por completo, custe o que custar. 

- Tudo bem, crianças - disse o Guardião, batendo palmas rapidamente para chamar ainda mais nossa atenção. - Quanto antes começarmos nossa experiência mortal, melhor. 

Minha ex-namorada levantou sua mão, parecendo pensar que estávamos em algum tipo de aula, e perguntou se ele poderia explicar a ela o que estávamos planejando fazer. Depois da explicação, Chloé parecia desnorteada, abria e fechava a boca várias vezes, até que finalmente conseguiu pronunciar alguma coisa:

- Eu... não sei se consigo fazer isto. 

- Ótimo! - Exclamou Alya em um tom de agradecimento. Ela apontou para a porta de saída logo depois e continuou: - A porta de saída deste estabelecimento é logo ali. Sinta-se livre para se retirar.

Chloé revirou os olhos e ameaçou retrucar sua arqui-inimiga, mas ouviu-se um baque, que foi causado pela mão de Guardião batendo fortemente na parede. 

- Sem brigas por aqui. Vocês quatro são um time agora, certo? Alya, peça desculpas a Chloé, por favor.

- Mas... 

- Peça desculpas agora! - ele a interrompeu, ameno mas transparecendo autoridade apenas em seu tom de voz e expressão. 

Alya ficou cabisbaixa, suas bochechas coradas e pediu desculpas com dificuldade. Chloé as aceitou e Guardião finalmente sentiu que podia continuar a falar:

- Sigam-me, crianças.

Ele nos direcionou até mais adentro. A porta de um quarto no finalzinho do corredor pertencente ao local se abriu e nos revelou quatro banheiras transbordando água e gelo. Arrepios percorreram minha espinha quando percebi sozinho como iríamos morrer. Congelados. Nossas bocas ficando arroxeadas, nosso corpo implorando para que recebesse alguma substância quente dentro e fora dele, nosso sangue não conseguindo continuar seu caminho pelas veias por começar a ficar duro como gelo. Eu li em algum lugar que morrer congelado pertence a lista de piores mortes que você poderia ter e isso só fez meu coração encolher-se em meu peito, como se já quisesse se preparar para a onda gelada.

- O quê? Não me diga que vamos ter que entrar aí dentro e ficar até... 

- morrer? Sim, vocês terão - o senhor de idade interrompeu Nino, assentindo vagarosamente com a cabeça pequenina. 

- Eu disse que não sabia se conseguiria há poucos minutos atrás? - começou Chloé, tremendo, como se já estivesse sentindo o frio precariamente por todo o corpo pálido. - Agora tenho certeza que não.

Guardião suspirou, impaciente, e encostou-se no batente da porta, com seus braços cruzados.

- Se quiserem desistir, como os covardes que são, desistam. Assistam o mundo ser dominado pelas trevas, seus familiares e amigos morrerem tortuosamente, gritando em seus ouvidos que deveriam ter feito tudo que podiam para salvá-los. Marinette precisa de vocês e o mundo precisa dela. Precisa de todos vocês. 

Alya, Nino e Chloé olharam-se, apreensivos, mas concordaram em sinfonia. Eu me mantive quieto, porque continuei com a mesma decisão desde o inicio. Preciso saber mais sobre a garota de meus pesadelos, e não é sacrificios mortais que irão me impedir.

- Ótima escolha - elogiou Guardião, sorrindo vitoriosamente. - Bem, agora preciso que fiquem apenas de roupas íntimas, por favor. 

- O quê? - agora eu tive a coragem de me pronunciar, junto com todos os outros. 

Ficar apenas de cueca na frente dessas três pessoas, sendo duas delas do sexo feminino? Nem pensar! 

- Vocês me ouviram, crianças. Tirem suas roupas, assim a água penetrará mais facilmente em seus corpos. A morte será mais rápida. 

A última frase causou-me calafrios. Eu realmente teria que morrer temporariamente? Será que sentirei dor? Será que conseguirei voltar? Há muitas perguntas rodeando minha mente agora e afastei-nas, tentando concentrar-me apenas no que importava: lembrar-me de Marinette. Sem pensar duas vezes, fui o primeiro a tirar minha camisa e bermuda. Todos me olhavam, indecisos na questão de me seguir ou não. Cruzei os braços, com a  intenção de cobrir boa parte de meu peitoral e me dirigi à primeira banheira, sentindo um pouquinho de frio só de olhar aquela água, imaginando ela adentrando em meu corpo, matando-me aos poucos sem dó e nem piedade.

- Tudo pela minha amada.

Um silêncio desconfortável reinou no local depois do que disse. Alya foi a primeira a pronunciar algo, que não consegui entender, e a ouvi tirar a roupa, colocando-se ao meu lado na segunda banheira. Eu olhei fixamente em seus olhos, com medo de acabar por desviar o olhar sem querer e ela pensar que eu a estou assediando, admirando seu corpo, sendo atraído por seus seios. Eu não queria que ela pensasse dessa forma, muito menos Chloé. Ambas são minhas amigas e não devo invadir o espaço íntimo delas. Alya estava com um sorriso torto, e deu de ombros enquanto dizia:

- Tudo pela minha melhor amiga. 

Nino também tirou a roupa rapidamente. Acredito eu que o maior incentivo dele foi Alya, mas eu posso estar apenas delirando. Ou não. Ele pôs-se ao lado de Alya e a olhou. Suas pupilas dilataram e o brilho em seu olhar foi inevitavelmente percebido por mim. O amor nos deixa vulneráveis a tudo em apenas instantes. Esta é a vantagem e, ao mesmo tempo, desvantagem desse sentimento tão mágico e inexplicável.

- Tudo pela minha amiga e futura cunhada - ele olhou-me naquele exato momento, fazendo-me corar demasiado. Maldito seja o sangue vermelho! - Ou não. Não sei, são apenas suposições, certo?

Soltei um riso fraco e, em seguida, olhei para Chloé, que continuava encolhida em seu canto, com sua kwami sentada em seu ombro, parecendo incentivá-la a vir junto conosco. 

- Eu não sei se quero fazer isso - começou ela, quando percebeu que a olhávamos. Até Alya entrou nessa, mas não conseguia ver nenhum desdém em seu olhar, ele estava tranquilo, atento a qualquer movimento de sua inimiga. - Eu não gostava de Marinette. Quero dizer, com a foto dela rabiscada que foi encontrada em meu quarto, tirei essas conclusões. Por que faria isso por alguém que odeio?

- Odeio é uma palavra muito forte, Chloé - intrometeu-se Guardião, que estava em silêncio, observando, até o momento. - Você tem total certeza do que diz? 

Chloé demorou um pouco para dar sua resposta, mas finalmente negou com a cabeça, seus olhos fixos em seus pés, que balançavam como se quisessem sair do lugar e explorar o cômodo.

- Não importa se você não tem aquele amor por Marinette, Chloé - opinei, sério. - Ela participou de sua vida, você precisa quebrar o feitiço e lembrar-se de tudo que Chaos esconde de ti. Sem contar que vocês duas, ou três - olhei para Alya no mesmo instante, que apertou os olhos e virou o rosto -, podem recomeçar. Esquecer as mágoas do passado, perdoar umas as outras. É o melhor que podem fazer agora que são um time. Estão conectadas por algo em comum e precisam colocar isso acima do passado, entenderam?

Ambas assentiram e Chloé também tirou sua roupa e dirigiu-se a última banheira.

- Tudo pela minha... - ela pensou um pouco antes de falar - inimiga? Ex-inimiga?

- Futura amiga - sugeri, com as sobrancelhas levantadas. 

- Tudo pela minha futura amiga, então.

Eu sorri, aprovando o gesto de Chloé, e olhei para Guardião, avisando silenciosamente que estávamos pronto para o experimento.

- Tudo bem, vocês tem até o pôr-do-Sol para conseguirem recuperar suas memórias.

Engoli em seco e percebi Alya ficar pálida ao meu lado. Nino apenas respirou fundo e Chloé fez uma careta, como se perguntasse o motivo real de estar arriscando sua vida desse jeito. Todos contamos até três em uníssono e colocamos nossa perna direita dentro daquela banheira com aspecto enferrujado. Senti o gelo percorrendo todas as minhas veias, senti vontade de gritar igual meu sangue gritava por algo quente. Segurei-me para não sair correndo dali e coloquei o outro pé, dando pulinhos embaixo d'água para ver se melhorava. Em vão. 

Meus olhos se fecharam e ouvi gritinhos, provavelmente vindo de Chloé, antes de finalmente mergulhar por inteiro. Minha pele estremecia, sentia todos os meus poros arrepiados. Meu corpo parecia ter criado vida própria e tentou ir até a superfície, mas tive que me segurar à qualquer custo. Meus pulmões já começaram a implorar por ar, tudo em mim ia contra a minha vontade. Eu já estava começando a perder os sentidos, a minha consciência. Meu peito doía, meu coração doía, ele sentia a necessidade de bombear sangue, que agora parecia congelado, sem poder circular em minhas veias. Então, não consegui mais sentir meu corpo, meus ossos e meu coração pulsando desesperado em busca de sangue, como se tivessem me levado para fora de meu corpo pálido. Eu estava morto. Agora eu sou apenas uma alma penada, vagando pelo minha própria mente, em busca de meus medos para, enfim, lembrar-me de Marinette.

Marinette. Tudo pela Marinette.


Notas Finais


Oi pessoas lindas do meu coração! Tudo certo com vocês?
Feliz dia das kids atrasado huahsuhsush :v

Me desculpem pela demora. Fiquei meio carregada por causa da semana de provas, mas agora tá tudo certo. Não desistam de mim e da fanfic pela demora, principalmente agora que as coisas vão começar a esquentar :v.

Então, quais medos vocês acham que cada um vai enfrentar? Os próximos capítulos serão narrados por cada um, mostrando seus medos e tentando superá-los. Será que todos vão conseguir? Ou um ficará preso e não conseguirá sair da banheira vivo? Quem vocês acham que será o primeiro POV? Adrien, Chloé, Alya ou Nino?

Digam suas teorias para o próximo capitulo nos comentários. Quero ler todas!
Espero que tenham gostado. Se gostou, não esqueça de deixar um comentário e favoritar que me ajuda bastante(se quiser e puder, obviamente). Até o próximo capítulo, beijos da Mary <3


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