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História Don't Leave Me - Cara a cara


Escrita por: Kodda

Notas do Autor


***** LEIAM AS NOTAS FINAIS *****

Olá, meus amoressss!
Como prometido, aí vai mais um capítulo. Tá todo mundo com raiva do Rajah, né? hahahah
Boa leitura! <3

Capítulo 17 - Cara a cara


Depois de um longo tempo, levantei da cama e comecei a andar no quarto de um lado para o outro, passando a mão pelos cabelos e tentando me concentrar. Minha cabeça estava tão vazia e tão cheia ao mesmo tempo! Era loucura.

 Caminhei até a janela e me debrucei sobre ela para observar o jardim e sentir a brisa noturna clarear meus pensamentos.

 E é claro, eles me levaram até Rajah.

 Apesar de tudo, eu ainda o amava... E como amava. E doía. Era difícil acreditar que um sentimento tão bom como o amor podia machucar daquela forma. Bem que diziam que quanto mais alto você for, maior será a sua queda. Eu me sentia como se tivesse pulado de ponta do pico do monte Everest tendo como incentivadores uma Safa sorridente e um Rajah estupidamente calmo. 

 Pensei em como seria quando eu voltasse para casa. A minha vida antes de Rajah se assemelhava a um grande borrão sem cor e voltar para ela parecia um tanto... Errado. Porém eu precisava, eu tinha de ser forte. Cogitei em ligar para Nicolas, assim eu poderia voltar para casa com alguém de confiança do meu lado. Eu também estava com saudades dele.

 Levei um susto ao ouvir um barulho vindo da maçaneta. Ela girou e escutei a porta se abrir.

 Mesmo de costas eu já sabia que era Rajah. Quando estávamos em um mesmo ambiente era como se o ar estivesse carregado de eletricidade. Eu sentia a sua presença.

 — Eu tranquei a porta. — eu disse ainda de costas.

 Ouvi-o balançar algum objeto em suas mãos.

 — Tenho a chave de todos os quartos. 

 Virei de frente para ele e tive que engolir o choro. Eu não iria chorar. Não mais.

 — Bom, acho que ninguém vai gostar de saber que o futuro rei invade o quarto de mulheres de madrugada, então é melhor você ir embora.

 Rajah me fitou por alguns segundos e caminhou até a porta, fechando-a e trancando-a logo em seguida.

 — Tenho certeza de que ninguém vai nos incomodar. — ele disse se virando para mim novamente.

 Rajah estava com os cabelos úmidos e bagunçados, parecia ter saído do banho há pouco tempo. Usava uma regata branca e calça moletom cinza.

 — Bem, você quer alguma coisa? — perguntei.

 — Você quer que eu queira alguma coisa?

 Semicerrei os olhos.

 — Eu não quero nada.

 Rajah sentou-se em minha cama e suspirou.

 — Até acho muito engraçado, que depois de todas as coisas que aconteceram você vir aqui como se tudo estivesse na maior tranquilidade. Como se você não estivesse me ignorando desde que cheguei e não tivesse mentido pra mim durante todo esse tempo. — disparei.

Ele olhou para mim.

 — Eu nunca menti para você.

 — Rajah... 

 — Alexia, eu jamais toquei um dedo em Zafirah e em Safa, acredite em mim.

 — Então o que está acontecendo?! — eu disse já irritada. — Estive me sentindo uma idiota desde que cheguei! Tentando com que você ao menos olhe para mim sem uma expressão de desapontamento ou irritação, ou até mesmo repulsa. Sinto que estão me mantendo aqui por pena, porque e já não tenho mais pra onde ir! E como se tudo não bastasse, vem Safa!  Diga-me então, Rajah, o que está acontecendo?

 Ele travou o maxilar.

— Eu fiquei com raiva, está legal? Fiquei com raiva porque depois que tudo estava pronto para nós dois virmos para cá você desistiu no último segundo! Fiquei com raiva, Alexia, de mim mesmo, porque eu pensei que tivesse perdido você para sempre por conta de uma coisa tola que eu disse.

 Engoli em seco.

 — Eu não iria vir sem você — ele continuou. —, mas eu pensei muito, muito mesmo e achei que fosse melhor para nós dois se eu me afastasse. Então eu vim. Mas, novamente, depois que eu já tinha decidido tudo você aparece e bagunça minha cabeça!

 Ouch. Isso doeu.

 — Desculpe-me se eu atrapalho tanto assim a sua vida. De qualquer modo, você não precisa mais se preocupar comigo, eu vou embora assim que possível e com isso tirar a pedra do seu sapato. 

 — Você não entende? — ele se levantou e parou na minha frente segurando os meus ombros. — Eu não consigo, Alexia. Cada tentativa de tirar você por completo da minha vida só faz com que eu te queira ainda mais. Não te tocar, falar ou simplesmente não chegar perto de você bagunça a minha cabeça de tal forma que eu não consigo nem pensar direito. Eu não conseguia ao menos dormir bem porque não sabia se você já tinha comido alguma coisa, se estava se sentindo melhor e me sentido péssimo por não ter feito nada para te fazer melhorar depois disso. — ele tocou na minha bochecha machucada.

— Peço de todo coração que me perdoe. — Rajah prosseguiu, abaixando o tom de voz e olhando para baixo, ainda com a mão na minha bochecha. — Vivi uma grande guerra dentro de mim desde que você chegou e te magoei por um orgulho estúpido. — ele fez uma pausa e olhou novamente para os meus olhos. — Não quero te perder, malak. Não de novo. Eu sei que está chateada comigo por causa de Safa e por conta de tudo, mas eu posso explicar a você se quiser.

 Fechei os olhos e suspirei. Após uma pequena pausa, comecei a falar.

  — O que exatamente você e Safa estavam fazendo na sala? E como... — balancei as mãos tendo desenvolver alguma frase. —... Tudo pareceu estranho?

— Sobre isso... — ele suspirou. — Você sabe o porquê de eu ter me casado, certo?

 Assenti. Repassei a história em minha mente, tanto a versão de Rajah quanto a de Zafirah.

 — Eu, Zafirah e Safa fizemos um acordo onde prometemos não manter relações conjugais. Porém, ontem, depois do jantar, Safa quis conversar comigo e confessou que gosta de mim... Daquele jeito.

 Engoli em seco.

 — Eu iria deixar claro as minhas intenções e que tenho esse tipo de sentimentos por outra pessoa, mas eu ouvi você na porta e corri até você. Quando voltei, ela não estava mais lá. Ainda não consegui falar direito com ela hoje, devido a toda essa confusão. Ela tem agido de forma estranha e vem tentando atingir você, como aconteceu mais cedo. Não aprovo isso de nenhum jeito e vou conversar com ela assim que possível. Eu só queria resolver as coisas com você antes de tudo. Não quero que você pense que eu te enganei de alguma forma. Por favor, me perdoe.

 Fiquei em silêncio por alguns segundos apenas olhando para ele e tentando digerir tudo o que ele disse. Rajah parecia apreensivo, esperando por uma resposta. Peguei a mão que ainda estava em minha bochecha e segurei-a firme, levando-a junto ao corpo dele. Rajah soltou um suspiro triste.

 — Alexi...

 — Shhh... — sussurrei enquanto eu tocava a ponta dos dedos das duas mãos em cada punho dele e contornava os músculos de seu antebraço até nos ombros.

 Cheguei mais perto de Rajah e passeei com as mãos pela sua barriga, sentindo cada contração de seus músculos à medida que minha mão os tocava. Meus olhos acompanhavam cada movimento meu.

 Explorava cada pedacinho dele, relembrando cada detalhe que eu já não lembrava mais devido a tantas coisas que tomaram minha cabeça desde a última vez que nos vimos. Sentia o calor que exalava de sua pele sob a camiseta, cada batimento ritmado de seu coração e contava cada vez que seu peito subia e descia com sua respiração. Inspira... Um... Expira... Dois...

 Minhas mãos chegaram ao seu rosto e meus dedos contornaram seu maxilar. Três... Quatro... Apreciava a textura de sua barba que estava um pouco maior que o normal. Contornei seu nariz fino, seguindo por suas sobrancelhas grossas e seus olhos que se encontravam fechados. Sete... Oito... Voltei o caminho percorrido e finalmente cheguei até a boca. Contornei o desenho definido e senti cada um de seus lábios cheios.

 Onze... Não esperei pelo número doze.

  Inclinei minha cabeça para frente e tomei seus lábios com os meus. Rajah suspirou e apertou suas mãos em minha cintura. Fiquei na ponta dos pés e lancei meus braços em volta de seu pescoço. O beijo era um misto de saudade, desculpas e reconciliação. Beijávamo-nos com urgência e força, qualquer ato que separasse nossas bocas seria um crime desumano.

 Emaranhei meus dedos em seu cabelo e o puxei mais para perto, suas mãos puxando minha cintura para si.

 Partimos o beijo e, ofegantes, encostamos uma testa na outra.

 — Por favor, não me deixe ir embora de novo. Desculpa. — suplicou.

 Balancei a cabeça para os lados.

 — Não vou. — respirei fundo. — Desculpe por não tentar entender o seu lado... Sabe, quando você foi embora. Não estou acostumada a este tipo de coisa.

 — Não precisa pedir desculpas. Eu não devo dizer o que você tem ou não tem que fazer ou vestir. Eu aprendi a ter esse tipo de pensamento, sabe? Mas estou disposto a mudar isso.

 — Obrigada. — sorri. — Você precisa deixar de ser tão orgulhoso!

 Ele soltou uma risada.

 — Acredite, é tão difícil para mim quanto para você. Existem duas partes dentro de mim que lutam entre si. Uma exige que eu me desculpe e resolva tudo. A outra quer que eu fique em silêncio, mantendo superioridade. É um conflito intenso, fico muito confuso. Por fim, a primeira ganhou e estou aqui. Pretendo fazer com que ela ganhe mais vezes. Não gosto desse sentimento.

 — Muito menos eu. 

 Rajah sorriu enquanto brincava com o tecido de meu vestido. O mesmo vestido que Faizah me dera no dia anterior.

 — Você está linda. 

 — Sua irmã tem bom gosto para roupas.

 Rajah ergueu uma sobrancelha e deu um meio sorriso.

 — Minha irmã?

 — É, foi ela quem... — ele mantinha a expressão. — Foi você? — perguntei surpreendida.

 Ele riu.

 — Não acredito que vocês me enganaram! Por quê?

 — Bom, eu ainda não tinha certeza se falava com você e a pedi para te entregar.

 — Bem, obrigada. Gostei bastante.

 — Fico feliz. — Rajah sentou na cama. — Posso te fazer uma pergunta?

 Assenti.

 — Por que resolveu vir?

 Sorri torto e caminhei até a minha mochila, procurando pelo bilhete dele que eu havia encontrado quando brigamos na minha casa. Quando o encontrei, estendi para Rajah que leu e riu pelo nariz.

 — Então você leu o rascunho de minha carta e ficou derretida?

 — Bem... Basicamente sim... Digamos que eu tenha chorado um pouquinho também.

 Ele sorriu.

 — Dramática... — riu. — Como conseguiu vir?

 — Longa história... Mas antes, também quero te fazer uma pergunta.

 — Pode mandar.

 Respirei fundo.

  — Por que... Você nos mandou de volta para cá mais cedo? Nós estávamos nos divertindo tanto...

 Rajah olhou para mim por um instante, decidindo se deveria ou não me contar. Por fim, ele respirou fundo e começou a falar.

 — Os rebeldes estão nos atacando cada vez mais. Não foi a toa o jeito que os guardas agiram quando você chegou aqui. Seria muito perigoso para vocês andarem pelas ruas, mesmo com um guarda vigiando. Seriam alvos fáceis. Mas por favor, não conte nada a ninguém. Quanto menos gente souber, melhor. Quero evitar pânico.

 — O que eles querem? — perguntei um pouco assustada. Não sabia que a situação era tão ruim.

 — Não sabemos ao certo, mas eles não gostam de ter o país comandado apenas por uma mulher, no caso, minha mãe. Depois que meu pai morreu, os grupos rebeldes ficaram agitados. Suspeito que eles não querem ao menos ter um rei novamente. Querem que tudo acabe.

 — Então eles querem uma república.

 Rajah assentiu.

 — Não falo isso por eu ser o próximo rei e fazer parte da realeza, mas uma república seria o fim. Os republicanos daqui são muito autoritários e violentos, e se eles se instalassem, logo viraria uma ditadura. O povo sofreria e com toda certeza os líderes atacariam outros países em busca de novos territórios. Uma nova Guerra Mundial iria começar e o caos se instalaria.

 Engoli em seco.

 — Estou fazendo de tudo para resolver isso. Já passei noites em claro tentando arranjar uma solução e planejando estratégias com o general e minha mãe.  Aos poucos estou provando o papel de ser rei. — ele deu um sorriso cansado.

  Coloquei minha mão por cima da dele. Rajah estava se esforçando. Ele parecia exausto, há quanto tempo não dormia direito? Fiquei impressionada com a capacidade de sua força.

 — Mas não seria melhor que as pessoas soubessem? Para que pudessem se proteger de alguma forma. — sugeri.

 — Eles não atacam os civis e sim diretamente ao Palácio. Seus objetivos são bem claros. Se o caso se espalhar, podem tomar a atitude de atacar o povo e vice versa. Tudo o que eu não quero é uma Guerra Civil.  

 Ficamos em silêncio por um tempo, eu não sabia mais o que dizer. Rajah estava um pouco mais calmo depois de um tempo e sua respiração era serena. Afaguei sua mão com o polegar.

 — Você vai conversar com Safa?

 Ele balançou a cabeça, dizendo sim.

 — E se ela não aceitar? Legalmente ela é sua esposa e pode querer fazer alguma coisa.

 — Estou contando que ela entenda.

 — Ela não parece gostar muito de mim. Na verdade está mais que claro.

 Rajah beijou minha mão.

 — Fique tranquila, vai dar tudo certo.

 Fitei-o por um momento.

 — O que ela disse? Você sabe... Quando...

 — Ela disse que você se comporta como uma prostituta barata. Que necessita de atenção. — ele disse antes de eu terminar de falar.

 Encarei meus pés por um instante.

 — Alexia, você não é...

 Balancei a cabeça.

 — Quer saber? Eu só consigo sentir pena dela, por ser tão baixa ao ponto de tentar me ofender com isso. Prostituta não é um xingamento.

 Rajah me fitou. Parecia surpreso por eu não me irritar. Decidi mudar de assunto logo, não queria mais falar de Safa.

 — Senti sua falta. — eu disse.

 Ele olhou em meus olhos e deu um sorriso tão lindo que me senti derreter toda por dentro. 

 — Também senti a sua. — ele fez um carinho no meu cabelo. — Você vai ficar?

 — Se você quiser... — sorri timidamente.

 Ele sorriu novamente e me beijou com carinho.

 — Preciso mesmo responder? — ele disse e nós dois rimos.

 Ficamos assim por um momento, apenas curtindo a presença um do outro. Fazia tempo que eu não respirava calmamente e relaxava assim, tendo a certeza de que tudo ficaria bem. O acontecido com Safa e o fato com os rebeldes me deixara um pouco inquieta, mas Rajah me assegurou, então eu fiquei um pouco mais tranquila.

 Em determinado momento eu me encontrava deitada com a cabeça apoiada em um braço de Rajah enquanto ele corria a outra mão em meu braço. Eu o observava e passava o dedo em volta da gola de sua regata. Ele começou a distribuir beijos em minha testa, passando pela bochecha e chegando ao pescoço. Arrepiei quando ele mordiscou o lóbulo da minha orelha e segurou com firmeza a minha cintura.

 — Rajah...

 Ele beijou meu pescoço mais uma vez, ficando mais um pouco em cima de mim e assoprou onde estava molhado devido ao beijo. Respirei fundo e fechei os olhos.

 — Hum...? — ele sussurrou no meu ouvido. Puxou a saia do vestido para cima e acariciou minha perna enquanto roçava o nariz na minha orelha.

 — Ra-ramadã... Você não pode... — gaguejei. Não me culpe, eu não conseguia raciocinar direito.

 — Posso enquanto estiver entre o horário do Maghrib e o Fajr. — ele ainda sussurrava. Meu coração acelerou.

 — Estão todos dormindo. A única coisa que você deve se preocupar... — ele desceu os beijos pelo pequeno decote e o abaixou um pouco mais com o indicador. —... É com o silêncio. — ele levantou o olhar para mim e subiu ainda mais a mão que estava na minha coxa, encontrando... Ah... — Que vai ser bem difícil de fazer.

 Ele deu um último beijo no meu colo descoberto e beijou profundamente a minha boca.

...


Notas Finais


Bom, gente, quero avisar que o próximo capítulo vai sair no final de janeiro. Vou viajar e tudo mais, não vai dar pra ficar escrevendo o tempo todo. Fora a internet, que não sei se vou ter.
Desejo a vocês um Feliz Natal (atrasado ahahhaha) e um Feliz Ano Novo. Agradeço por terem feito esse meu finalzinho de ano mais feliz, graças às interações por aqui. Não foi um ano tão bom para mim, estou passando por um momento nem tão feliz na minha vida. (problemas na família, terminei o namoro e coisas assim)
Que o 2017 tanto meu, quanto o de vocês seja muito feliz e repleto de realizações.
Um beijo, um queijo e amo vocês, até o ano que vem <3


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