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História Don't Leave Me - Por Pouco.


Escrita por: Kodda

Notas do Autor


Olá, meus amores! Tudo bem? Depois de uma semana agitada e com bloqueio criativo, felizmente consegui postar no prazo certo. Tirei uma nota satisfatória no ENEM e to ansiosa pelo SISU amanhã.
Bem, não estou 100% confiante com esse capítulo, até porque odeio escrever com bloqueio, acho que tudo fica ruim. No entanto, não queria deixar vocês na mão, e espero que gostem.

Capítulo 19 - Por Pouco.


Fanfic / Fanfiction Don't Leave Me - Por Pouco.

Safa quer que eu faça amor com ela.

 As palavras de Rajah ecoavam em minha cabeça, numa tentativa de meu cérebro processar o que elas significavam. Como uma pessoa pode ser tão baixa a ponto de usar qualquer meio possível para conseguir o que quer sem se importar o que causaria em sua volta? Eu não conseguia entender.

 Aquela... Aquela...!

 Olhei para ele, ainda sem palavras.

 — E-eu... — comecei, mas não havia o que dizer.

 — Acredite, estou tão enojado quanto você. — ele esfregou o rosto com as mãos. — Eu não consigo fazer isso... Não sinto nada por ela, nada! Argh, eu odeio sentir raiva.

 Fitei meus pés descalços enquanto ouvia o desabafo de Rajah. Ele estava realmente perturbado. Como se não bastasse a pressão que os oficiais e rebeldes faziam, ele teria que ceder aos caprichos de Safa.

 Toquei meus dedos em sua face e afaguei-a. Rajah fechou os olhos e suspirou.

 — Posso ficar aqui esta noite? — pediu.

 Fingi pensar na proposta colocando o indicador sobre a boca.

 — Se eu disser que não, você vai embora? — brinquei.

 — Talvez... — ele sorriu, mostrando seus dentes perfeitos. Tão bonito...

 — Acho que não tenho escolha, então. — levantei pegando em sua mão. — Vem.

 Fiz com que Rajah deitasse em minha cama e me coloquei ao seu lado, de frente para ele. Rajah pousou sua cabeça em meu seio enquanto envolvia seu braço em minha cintura. Comecei a afagar seu cabelo, ouvindo um suspiro de aprovação.

 — Hum... Isso é bom. — disse.

 Sorri e continuei a afagar seu cabelo, até que sua respiração ficou mais serena e ele não disse mais nada. Depois de um tempo observando-o dormir, apaguei a luz do abajur e também consegui pegar no sono.

...

 Quando acordei, Rajah estava sentado na ponta da cama com a cabeça sobre as mãos. Observei por um momento suas costas desnudas e as formas irregulares de suas cicatrizes. Ajoelhei-me na cama, chegando mais perto dele e corri a mão por seus ombros.  

 — Bom dia. — eu disse dando um beijo na curva de seu pescoço.

 — Oi. — ele sorriu após dar um suspiro. Virou o rosto em minha direção. — Fiz minhas orações aqui, espero que não se importe. Não estava nem um pouco a fim de sair.

 Rajah estava tão triste...

 — Claro que não... Você não comeu nada?

 Ele negou com a cabeça.

 — Estava sem fome. Não se preocupe, reponho tudo no jantar.

 Olhei para ele por um momento.

 — Sabe o que eu estava pesando? — eu disse. — Quando você estava na minha casa, já estávamos no Ramadã. E você comeu de manhã.

 Consegui lhe arrancar um sorriso.

 — Naquele dia eu havia esquecido completamente disso. Não há problema quando se come por acidente. — ele virou o corpo para mim e sentou na minha frente. — Vamos sair hoje?

 Lancei-lhe um olhar assustado. 

 — Mas não é perigoso? Os rebeldes...

 — Por favor, não quero ficar aqui hoje. — suplicou. — Ninguém saberá que saímos, e, aliás, estou te devendo uma volta pela cidade. Não tenho treinamento e qualquer outro compromisso realmente relevante. Eu preciso esfriar a cabeça. — suspirou.

  — Tudo bem. — eu disse após respirar fundo. — Só preciso me trocar.

 A decisão era perigosa, mas Rajah estava tão triste e angustiado... Queria de alguma forma que ele se sentisse melhor.

 Eu me levantei e caminhei até a cômoda do quarto, na qual já havia colocado minhas roupas. Peguei uma calça jeans e uma blusa de manga comprida vermelha.

 — Vire-se. — eu disse.

 — Tudo que você tem aí eu já vi. — Rajah arqueou uma sobrancelha.

 — Não importa, vira para lá. — eu ri. — E não olha!

 Ele revirou os olhos e foi para a janela. Troquei de roupa e amarrei meus cabelos em um rabo de cavalo, deixando um cacho pender de cada lado do meu rosto.

 Nós descemos as escadas para o pátio e encontramos os guardas em sua ronda matinal. Rajah se aproximou deles e conversou com o que estava de frente, aquele que me bateu.

 — Não gosto desse guarda. — eu disse quando Rajah voltou.

 — Entendo o motivo, mas Samir é um dos meus guardas mais confiáveis. Ele vai nos dar cobertura enquanto estamos fora. Vamos.

 Rajah me levou até um carro próximo ao portão e dirigiu até uma espécie de fortaleza com uma muralha de tijolos com mais ou menos 10m de altura. Era enorme. Localizava-se na costa da cidade, próximo ao mar. De longe dava para se ver um pequeno porto guiado por uma estada de chão decorado com pedras na lateral.

 Saímos do carro e Rajah segurou minha mão. Caminhamos junto a alguns turistas por uma longa rua até a entrada do lugar. Ventava bastante e o céu estava limpo, com apenas algumas nuvens. Estava nervosa, mas ao mesmo tempo animada.

 — Nós estamos em Kasbah des Oudaïas. — ele disse. — É um forte construído no século XI e XII. Kasbah significa fortaleza e Oudaïa é uma tribo que se estabeleceu aqui em 1833. Aqui funcionou como o bairro de piratas por 200 anos. O Imperador os usava tanto para obter tesouros roubados quanto para trazer mulheres de todo o mundo. Protegidos por ele, os piratas usaram a fortaleza e o porto.

 Olhei para ele maravilhada. Ele sabia de tantas coisas!

 Nós entramos na fortaleza por um grande portão cuja estrutura era um arco em formato e ferradura e por sua volta era decorado por padrões geométricos. Rajah disse que o portão se chamava Bab Oudaïa.

 — É intrigante o fato de um portão ter um nome. — comentei observando o monumento.

 Ele revirou os olhos e riu. 

 — Esse é o seu melhor comentário? — perguntou. Dei de ombros sorrindo.

 Assim que passamos pelo portão, deparamos com várias ruelas cheias de casas brancas e azuis. Nós seguimos pela Rue Jemaa e visitamos o Museu de Arte Marroquina e o Jardim Andaluz.

 Enquanto andávamos, eu sentia que Rajah estava mais leve. Deixar para trás todas as obrigações e tarefas, mesmo que por um instante, o fez bem. Confesso que estava com medo, pois sair do Palácio naquelas circunstâncias era arriscado. No entanto, ver o sorriso de Rajah me fez esquecer todos os problemas.

 Por fim, antes de irmos embora, voltamos ao início de nosso percurso, próximo ao Bab Oudaïa.  Havia algumas tendas de tecidos, joias e até mesmo comida. Paramos em algumas tendas e tentei interagir com os vendedores. Rajah ria de mim por conta de meu péssimo árabe.

 Próximo a nós um homem tocava uma espécie de flauta e pessoas escutavam e dançavam perto dele. Caminhei até o amontoado para vê-lo melhor, com Rajah logo atrás de mim. Algumas pessoas o reconheceram e olhavam para nós, sorrindo, às vezes até mesmo fazendo uma pequena reverência.

 Eu observava o homem tocando e acompanhava as pessoas batendo palma. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, uma senhora, que deduzi ser uma turista, me puxou pelo braço até o centro do círculo e começou a dançar, batendo palma e mexendo os braços de forma engraçada. Olhei para Rajah. O ordinário estava rindo de mim. Ele deu de ombros e balançou a cabeça, me encorajando. Eu ri e comecei a dançar com a mulher. Quando percebi, todos que estavam próximos tentavam imitar nossos passos, até mesmo Rajah, que também foi puxado para a dança. Soltei uma gargalhada.  Quem está rindo agora?

 Quando a música terminou, nós caminhamos até a saída da fortaleza. Já estava quase anoitecendo e precisávamos voltar para o Palácio. Eu estava cansada e só queria dormir pelos próximos cinco anos.

 — Por que me trouxe aqui? — perguntei.

 — Eu costumava vir aqui com Sa’id quando mais jovem. Gosto porque é calmo e bom para pensar. Sinto-me de alguma forma mais próximo das pessoas, aqui elas são mais calorosas, como pôde perceber. No Palácio é tudo muito solitário. Foi aqui que conheci Safa e Zafirah, também.

 Ouvir o nome de Safa me fez estremecer. Rajah percebeu e segurou minha mão. Ele me olhou por um momento e suspirou.

 — Sabe, — ele começou. — ela pode ter conseguido, de alguma forma, um pedaço de mim. Querendo ou não, Safa é minha esposa. Não é o que eu imaginava ter que fazer, até porque foram elas que não quiseram... Esse tipo de relação. — Rajah fechou os olhos e respirou fundo. — Eu quero que saiba, que por mais que eu não queira, eu preciso fazer isso. Principalmente para a nossa e a sua segurança, acima de tudo. É uma coisa suja, sem sentimentos, e me sinto péssimo por ter que me remeter a isso e sei que isso te magoa. Preciso que você se esforce junto comigo. Porque se tem uma coisa que ela nunca vai ter, Alexia... — ele deu uma pausa, correu o polegar pela minha bochecha e segurou o meu queixo, me fazendo olhar em seus olhos. — Malak. Ela nunca vai ter o meu amor. E você o tem, completamente. Isso é uma coisa que ninguém, jamais, vai poder tirar de mim.

 Olhei para o chão, sentindo as lágrimas encherem os meus olhos. Funguei e joguei meus braços em volta do pescoço dele, sentindo seus braços em minha cintura e o cheiro de seu perfume.

 Eu precisava me acostumar com a ideia de que teria que dividi-lo com outra pessoa. Não estava acostumada com isso, era tudo muito estranho e confuso. Não sabia se iria suportar Safa se gabando de que conseguira o que queria e ainda por cima sem quaisquer obstáculos. Teria que colocar os meus sentimentos por ele acima de tudo, e, por Rajah, eu faria.  

 — Rajah... — eu disse, mas ele me interrompeu, colocando um dedo sobre minha boca. Senti o corpo dele ficar tenso. Estragou o clima...

 — Shhhh. — ele apertou minha cintura e me arrastou até um arbusto. — Fique quieta. — me sentou e espiou atrás da planta, procurando algo.

 — O que está acontecendo? — sussurrei.

 — Eles estão aqui. — Rajah disse. — Como me acharam? — perguntou mais para si mesmo.

 Nem precisei pensar duas vezes antes de entender o que ele disse. Rebeldes. Eles estavam ali, caçando Rajah. Engoli em seco e devagar, olhei para trás por entre as folhas dos arbustos. Um grupo de homens com lenços na cabeça andava pela entrada do lugar, vasculhando, e outros entraram na fortaleza. As pessoas pareciam não os notar, ou não os achava relevante. Volta e meia eles ajeitavam alguma coisa por dentro de suas roupas. Eles estavam armados.

 — O carro está muito longe para corrermos. Droga, como nós vamos sair daqui? — Rajah sussurrou.

 Minha respiração acelerou e fiquei em estado de alerta. Pensa, pensa, pensa... Nós teríamos que esperar que fossem embora, ou ligar para alguém. Não, não podiam saber que estávamos ali. A não ser que...

 — Espere. — eu disse. — Eles não sabem como eu sou ou quem sou eu, certo? Vou até o carro e o trago até aqui.

 — Você sabe dirigir?

 — Anda logo, me dá a chave. — após hesitar, ele me entregou a chave do carro. — Fique aqui, eu já volto.

 — Alexia.

 Eu virei o rosto para Rajah, que selou nossos lábios.

 — Cuidado. — ele disse e eu acenei com a cabeça.

 Esperei até os rebeldes estarem de costas para mim e saí de trás do arbusto. Caminhei calmamente no percurso até o carro, que até então eu não havia notado que era tão extenso. Minha respiração estava pesada e minhas mãos trêmulas, só esperava que não percebessem que Rajah estava escondido tão perto deles ou até mesmo fossem atrás de mim. Captei um grupo de turistas fazendo o mesmo caminho que eu e me aproximei deles, numa tentativa de me camuflar.

 Finalmente cheguei até o carro e entrei no lado do motorista. Respirei fundo. Havia alguns anos desde que meu pai tentou me ensinar a dirigir, quando eu bati em um poste e jurei nunca mais pôr as mãos em um volante novamente. Eu podia dirigir o carro caríssimo de Rajah sem bater ou atropelar alguém, certo?

 Certo.

 Olhei para o painel do veículo. Era um carro automático, seria mais fácil. Prendi o cinto de segurança.

 — Ok, Alexia, você consegue. — sussurrei para mim mesma.

 Coloquei as chaves na ignição e coloquei o carro no ponto neutro. Girei a chave e segurei um grito quando o carro tremeu ao ligar. Apertei de leve o acelerador e o carro começou a andar. Ri nervosamente. Eu estava conseguindo! A minha sorte é que ele já estava na direção do meu destino, então eu não precisaria manobrar.

 Andei até onde Rajah estava e parei o carro. Não percebi que dirigia tão rápido. É normal o pneu cantar quando se freia?

 Abri a porta e saí do veículo, enquanto Rajah corria e abria a porta do motorista, me ajudando a sair.

 — Você não sabe dirigir, não é? — ele sussurrou. — Quer se matar?

 — Mal agradecido! — fiz cara de ofendida. — Entra logo nesse carro!

 Um rebelde gritou e o grupo começou a correr. Fomos vistos.

 — Porra! — ele praguejou — Entra, entra!

 Pulei no banco de trás e Rajah rapidamente entrou e manobrou o carro, acelerando o máximo que pôde.

 — Se abaixa! — ele gritou.

 Deitei no banco com as mãos na cabeça enquanto ouvia alguns estalos altos contra o carro. Estavam atirando. Fechei os olhos com força, desejando que aquilo parasse logo.

  Rajah dirigiu muito rápido durante alguns minutos. Os estalos cessaram aos poucos e tudo estava silencioso novamente. Por fim, quando teve certeza que estávamos seguros, ele parou em algum lugar para respirar.  

 — Essa foi por pouco. — ele disse passando as mãos no cabelo. — Você está bem? — virou a cabeça para me olhar no banco de trás.

 Eu ainda estava trêmula e assustada. Respirei fundo afastando a vontade de chorar. Balancei a cabeça, dizendo sim. Depois que estava mais calma, consegui dar um sorriso sutil.

 — Rajah? — chamei e ele se virou para mim. — Por favor, não me deixe dirigir novamente. — sussurrei.

 Rajah riu e concordou com a cabeça.

 — Vamos para casa. — ele ligou o carro. — Preparada para a bronca?

...


Notas Finais


Quis fazer um momento fofinho entre eles antes de o bicho pegar de verdade. Aquardem pelas tretas semana que vem muahahaha
Ah! A foto da capa do capítulo é o lugar que eles visitaram. Não consegui descrever muito bem então resolvi colocar a foto.
Me sigam no twitter: @ k0dda <3
Beijitos :*


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