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História Don't Look At Me Like That - Não vou mais atrás de você...


Escrita por: Madiie

Notas do Autor


~ VAI SAFADÃO ~
Olha eu aqui com uma sofrência ChanBaek... Eu escrevi essa fanfic após ser trouxa por alguém que vai casar e estar começando a ter crush por alguém que não dá a minima pra mim, só finge :/. Coisas da vida.
Crush, se você estiver lendo, vem ser o Baek do meu Chan, sem frescura, ahn?! Só amor... Te faço cafuné até tu dormir :)

Declarações a parte, vão lá ler <3

Capítulo 1 - Não vou mais atrás de você...


ChanYeol encarou seu reflexo cansado no espelho. As grandes olheiras roxas em seus olhos juntamente com a vermelhidão - por conta de ter passado a noite inteira chorando – o deixava com uma expressão completamente desanimada. Nem a melhor maquiadora do mundo conseguiria retirar a dor transparente pela face que antigamente era tão sorridente. Perguntava-se por onde andaria toda aquela alegria que antes sentia. Provavelmente com aquele que a tirou. Byun BaekHyun. Só de lembrar o nome do suposto “amigo” ele já estremecia. A causa de tanta felicidade, hoje não passava de uma tristeza.

Em poucas horas ele subiria ao altar, uma caixinha de veludo em seu paletó, um sorriso forçado em sua cara, os cabelos perfeitamente alinhados em um topete – tão falso quanto o sorriso já mencionado. Olharia para alguns rostos conhecidos, outros nem tanto. Alguns serão completamente novos para si. Focaria então no altar. A sua espera estaria o cara mais incrível que já conheceu em toda sua vida – isso, claro, em sua humilde opinião. BaekHyun estaria impecável, como sempre, em seu terno branco nem um pouco amassado, os olhos quase se fechando por conta do sorriso, os fios lisos e castanhos presos em gel, e ao seu lado, ela.

Fechou os olhos com força sentindo outra vez a inundação começar. Sentia-se como no filme de Alice, onde seu choro causava uma maré. Encostou as mãos na pia, suas pernas bambeavam um pouco e ele precisava de algum apoio. Apesar de que, naquele momento, qualquer tipo de apoio ainda seria insuficiente. Poxa, ele tinha sido um cara bom, doava sangue regularmente, era voluntário em um hospital que lutava contra o câncer infantil, sempre dava suas roupas usadas – mas conservadas – para os necessitados e sempre procurava ajudar o próximo, mesmo quando mentia para si mesmo, como era aquele caso. Perguntava-se repetidamente o porquê dele tê-la escolhido.  Não conseguia aceitar que o “melhor amigo” estava apaixonado por uma garota tão mesquinha quanto aquela. Tudo o que ela tinha era a beleza e dinheiro. E desde quando isso é felicidade? Ouviu a campainha tocar e passou um pouco de água no rosto, tentando sem sucesso retirar a vermelhidão. Abriu a porta e sentiu seu coração sufocar, seu cérebro parar e suas pernas cambalearem. Era um bêbado em completa abstinência, e então BaekHyun aparecia, com seu cheiro de whisky e o tentando a ter uma recaída. Uma recaída que ChanYeol saberia que se arrependeria depois.

Deu espaço para o menor passar e quis bater com sua cabeça na parede quando o perfume tão inebriante entrou em suas narinas. Porra, BaekHyun, você faz isso de propósito? Observou por um tempo o baixinho falando sem parar, não dando a mínima para as palavras que saía de sua boca rosada e pequena. Tudo nele era tão perfeitamente encaixado, nada fora do lugar, como não se apaixonar, não é mesmo? O quão sortuda TaeYeon era por poder acordar com beijos sendo depositados por aquela boca. Afastou seus pensamentos quando percebeu a mão gordinha balançando freneticamente em sua direção, perguntando-o se estava bem. Bom, bem ele não estava, mas ninguém precisava saber.

Tendo o mais velho ali, sentado em sua cama enquanto suspirava por outra, ChanYeol começou a se recordar de várias coisas. Era como se os flashbacks invadissem sua mente sem sua permissão. E isso com certeza o fazia sofrer ainda mais. Ah, se ele não tivesse conhecido o maldito LuHan, não teria entrado no caminho de BaekHyun, e hoje não estaria sofrendo por um cara que nunca seria seu. 

“– Ele é legal, um pouco doido, vocês vão dar certo juntos. – LuHan disse, rindo da cara de desconfiado do maior. – Acredite em mim, ahn?”

E assim ChanYeol o fez, e o que sobrou para ele? Ser trouxa. O garoto acreditava tanto em clichês de filmes, que acabou acreditando que a vida ocorreria de acordo com um romance digno de Hollywood, onde BaekHyun voltaria para seus braços após tentar vários outros e diria que pertenceria somente a ele. Grande criador de ilusões, não é? Parabéns, ChanYeol, já pode se inscrever num circo como ilusionista. Ou palhaço, dá quase no mesmo. Até porque na vida, podemos ter nossas trilhas sonoras (por exemplo, a playlist fossa que sempre ouve, com várias do Ed Sheeran), mas quase nunca teremos AQUELES amores. Teria que se lembrar de algum dia de dar um soco bem dado na cara pálida do LuHan.

“ChanYeol encontrava-se na beira de um precipício, na verdade, na beira de um prédio – no último andar. Ele não queria acabar com a vida, apenas com a dor dilacerante (era o que ele achava na época). As pessoas sempre o pressionaram, e ele sempre quis bater expectativas que elas criavam pra si, e sentia os ácidos que seu próprio corpo produzia o reduzindo a pó. Seu corpo se encontrava mais magro que o normal e sentia que, se o vento batesse em suas costas, não seria um grande esforço pular. Ao seu lado, viu de soslaio alguém sentando. Fechou os olhos com força, não ousando abri-los e desistir de toda a coragem que tinha reunido.

- Acho bom você estar apenas tomando um ar, Park ChanYeol, e não pensando em virar purpurina. – A voz adocicada ao seu lado o fez tremer.

Quem teria coragem de se matar com um anjo daquele observando tudo? O maior não respondeu, apenas respirando fundo.

- Sai daqui, BaekHyun, não tô a fim dos seus papos de há mais na vida e blá, blá, blá. – Resmungou, indo um pouco para trás, começando a desistir daquele ideal todo.

- Tudo bem, mas, já que vai fazer isso – retirou a jaqueta e jogou em algum lugar do terraço – vou junto com você.

Sentiu seu coração acelerar.

- Ah, não vai não, vaza daqui. Eu não iria conseguir ir em paz sabendo que fui a causa da sua morte. Me deixa morrer sossegado.

BaekHyun riu e o abraçou de lado.

- Eu nunca vou te deixar em paz, ChanYeol, nem que eu tenha que ir pro inferno junto com você.

O maior suspirou e se afastou da beirada, puxando o corpo pequeno junto. Impossível seria ver Byun BaekHyun no inferno, afinal, anjos vão para o céu, não é mesmo?”

Há tantas coisas que viveram juntos, o primeiro pedaço de bacon do ChanYeol, a primeira catuaba do baixinho, a primeira DP juntos, conversas trocadas, telefones no viva-voz, tentativas de suicídio impedidas, risadas verdadeiras, risadas por mensagem, boa noite com carinho, suspiros depois do durma bem. Sem contar quando o pequeno quase carbonizou a casa após tentar fazer um bolo de aniversário para o amigo. A confidência sobre sua sexualidade , e até aquela festa que ChanYeol custa a esquecer e BaekHyun finge que nunca aconteceu.

-God damn – o menor cantou, tentando sua melhor imitação de Joe Jonas. - See you licking frosting from your own hands…

O álcool já começava a fazer efeito e ele dançava – pulava, na verdade – conforme o ritmo da música. Todos os outros já estavam em algum canto se agarrando com alguém, menos ChanYeol, que permanecia ali, apenas balançando a cabeça e rindo do pequeno enquanto o mesmo reclamava de estar tonto.

Sentaram em uma mesa, um pouco longe da pista, mas não longe o suficiente para não observarem as pessoas dançando. Um rapaz bonito se aproximou, puxando logo vários assuntos com o maior, e, quando menos esperava, estavam aos beijos desesperados, como se não vissem uma boca há muito tempo, o que, no caso de ChanYeol, era a mais pura verdade. BaekHyun apenas observava com a cabeça tombada de lado, vendo as mãos grandes do amigo puxando os cabelos do desconhecido e apertando o corpo que se movimentava em seu colo. Não sabia como, ou o porquê, mas aquilo estava despertando sua curiosidade. E Byun nunca foi curioso.

Quando se separaram e o rapaz se despediu de ambos, não sem antes dar seu número para o maior, BaekHyun não perdeu a oportunidade e logo subiu no colo do melhor amigo, encarando os olhos assustados.

- Você o beijou com vontade, Channie. – Sussurrou no ouvido alheio. – Fiquei curioso em saber se você é tão bom nos pegas quanto diz.

O maior tentou desviar o olhar, mas não conseguindo tirar os olhos da boca rosada.

- Pensei que era hétero, Baekkie.

-Shh – o menor encostou os lábios de leve, fazendo a cabeça de ChanYeol dar umas mil voltas em torno da Terra. – Não vamos definir minha sexualidade agora, digamos que, no momento, prefiro ser Chanyeolssexual.

Não esperou mais nada ser dito, e não recuou antes de capturar os lábios pequenos com os seus em um beijo lento. Queria aproveitar como era a sensação de ter aquela boca que tanto almejava todos os dias, explorando cada canto e sugando a língua. Mordeu e chupou o inferior do mais velho, sentindo-o rebolar em seu colo e sua ereção começando a dar o famoso “hello, it’s me” da Adele. Passou as mãos entre as nádegas e deu um leve aperto ali. Ah, qual é, não podemos perder as oportunidades únicas da vida, não é? Separaram apenas para respirar, mas logo voltavam com a “dança das línguas”, mesmo que não admitissem ambos estavam aproveitando o momento. ChanYeol passou a dar pequenos selares e mordidas de leves no pescoço alvo do baixinho, enquanto este gemia sôfrego. Puxou os cabelos coloridos do Byun da época e selou novamente as bocas. Separaram encostando as testas, com as respirações ofegantes e os olhos fechados.

BaekHyun foi o primeiro a abri-los e encarar um ChanYeol sorridente para si, logo tendo os brilhos dos olhos sumindo pela face séria que o mais velho lhe dirigia.

- O que aconteceu aqui, morreu aqui – disse saindo do colo alheio e virando o resto da garrafinha de Askov na sua frente. – Entendeu?”

E o maior tinha entendido. E entendeu ainda mais o que BaekHyun tinha dito quando, três dias depois, ele chegou com uma namorada nova, Kim TaeYeon. A loira era extremamente bonita, e, não querendo admitir (nunca), mas eles formavam um belo casal. Daqueles casais que posam para o Calvin Klein no dia dos namorados. E o que sobrara para o ChanYeol? Apenas a lembrança dos dias que tinha o melhor amigo para si e uma enxurrada de filmes românticos, como 10 Coisas que eu odeio em você. Perguntava-se se existiria uma lista de coisas que odiava em Byun BaekHyun. Até chegou a anotar em algum lugar.

1°: odiava o jeito que ele largava os chinelos virados;

2°: odiava o jeito que o garoto o chamava pelo seu apelido, todo manhoso, como um gatinho;

3°: odiava quando ele ficava distante;

4°: odiava o fato de ele esquecê-lo rapidamente, quando o maior não conseguia tirá-lo por um segundo da cabeça;

5°: odiava o fato de ele ser imperfeito ao ponto de ser o encaixe perfeito para seus defeitos;

6°: odiava o fato de ele trocar sua companhia pela namorada;

7°: odiava o fato de ele sempre o observar de longe e não ter coragem de conversar pessoalmente;

8°: odiava o fato de que o travesseiro dele em sua casa ainda continha o seu cheiro – algo que acarreta um grandão todo encolhido chorando e cheirando o perfume do Byun;

9°: odiava as escolhas que o menor fazia;

10° (e o mais importante): odiava o fato de amar incondicionalmente Byun BaekHyun.

Depois de muito tempo lendo e relendo essa listinha – que, cá entre nós, parece uma lista de compras – o maior a jogou fora, queimando junto com a fronha do travesseiro do baixinho. Mas isso só foi, literalmente, uma faísca para seus problemas, pois seu apartamento acabou pegando fogo. Ainda bem que os bombeiros foram rápidos e apenas 30% das suas coisas foram carbonizadas. E, dentre essa pequena porcentagem, estava as folhas com os prints de suas conversas com BaekHyun. Sim, ele era um trouxa, e sabia disso.

De volta a sua realidade, percebeu que o baixinho ainda permanecia em sua casa, deitado em sua cama, só que dessa vez calado e com os olhos fechados. Um sorriso simples acompanhava seu rosto perfeito. Ele era o verdadeiro Dorian Gray do novo século.

- Eu a amo, Channie. – Sussurrou baixinho.

E pela milésima vez que ChanYeol ouvia isso, era a milésima facada que ele levava em seu coração. Quem era 50 cents que levou nove tiros na fila do pão? A situação do maior era muito mais perturbadora. E não, não é um humor negro, apenas a dura verdade. Como sempre. Se algum ninja aparecesse dando um soco no maior cada vez que Byun falasse isso, doeria bem menos do que escutar as palavras que ele tanto almejava sendo dirigida para outra pessoa.

- Você deveria ir, Baekkie. – Disse, torcendo para que o menor não reconhecesse a dor em sua voz. – Em menos de duas horas você estará se casando, não quer ficar perto de um solteirão como eu.

BaekHyun riu. Ele andava rindo bastante nos últimos dias, e ChanYeol sabia que não era mais por sua causa.

- Está me enxotando, Park? – Levantou e ergueu uma sobrancelha em deboche, cruzando os braços no peito e sorrindo. – E que mané solteirão, você vai achar um cara legal para te fazer feliz, assim como eu sou com a Tae.

Tá, ele estava passando dos limites. Qual é, ChanYeol é um poço de paciência, mas ouvir isso de quem você ama dói demais. Nem qualquer santo teria tanto autocontrole quanto o maior tinha de não tacar o baixinho na parede e beijá-lo até o mesmo esquecer seu próprio nome.

- Rala daqui, antes que eu te jogue da janela. – Resmungou e abriu a porta, indicando para o outro sair.

O pequeno recolheu suas coisas fazendo uma careta e, antes de sair, deu um beijo no rosto do grandão, que sentiu a parada LGBT+ em seu estômago, com trio elétrico e fogos de artifício. Golpe baixo. Literalmente.

Após o mais velho deixar o apartamento, ChanYeol calculou quantos minutos tinha para chorar mais um pouco antes de ter que tomar banho, se arrumar e ir para a Igreja. Meia hora pode parecer muito tempo, mas não para um coração apaixonado que fica ouvindo If You do BigBang. Entrou no chuveiro e deixou a água quente levar do seu corpo toda a sujeira e relaxar a tensão que nem sabia que estava carregando. Credo! Odiava ficar com sua áurea tão suja, então tentou pensar em coisas fofas, tipo quando BaekHyun comprou um pijama de esquilo e ficava cantando Mr. Chu pela casa. E então ele ficou triste de novo. Até porque, todas as lembranças boas que conseguia pensar no momento tinha o pequeno Byun envolvido. E novamente aquela sensação de querer se jogar da janela do 8° andar que morava, voltava com força. Deveria ter pulado quando teve a chance. Agora sua luz partiu, o deixando na escuridão. É um túnel sem fim. Às vezes achava que estava tão no fundo do poço que poderia brincar de manicure com a Samara. Quem sabe fazer trancinhas um no cabelo do outro, uma verdadeira festa do pijama. E então ChanYeol desabaria e choraria enquanto era consolado por um personagem fictício que, em visões cinematográficas, era para matá-lo.

Secou seu corpo e saiu do banheiro, assustando-se com a presença de LuHan sentado em sua cama, segurando o terno que ele deveria vestir. Pegou a vestimenta da mão do menor e trancou-se no banheiro novamente, dessa vez, trocando-se de roupa. Seu rosto ainda estava inchado e amassado, mas ele não dava à mínima. BaekHyun tinha visto e sequer notou, não há como os outros notarem também, certo?

Apertou o nó da gravata e saiu do espaço que estava, indo de encontro ao amigo, que ajeitou a gravata alheia e o fez sentar para passar maquiagem e arrumar os cabelos desgrenhados, que apontava para todos os lados.

- Porra, ChanYeol, nem com reboque eu vou conseguir tampar essas olheiras. – Reclamou irritado, olhando o relógio no pulso. – E nós já estamos quase atrasados. Ou você o esquece logo, ou você se confessa e acaba com esse casamento.

- Falar é fácil, e você já tem quem queria ao seu lado. Agora tenta se colocar no meu lugar, que em três meses de namoro tive que ver um BaekHyun adorando, amando e gemendo o nome de outra pessoa quando deveria ser eu, e nem pude me declarar porque sabia que ia estragar nossa amizade. Ele não fala comigo nem quando eu o chamo por mensagem, acha que falaria se eu dissesse que estou perdidamente apaixonado por ele? – Respirou, engolindo a própria saliva. – Acha que tá sendo fácil continuar vivendo sem ter a melhor parte de mim? Aquela menina tem uma puta sorte de conseguir o que tem, eu venderia minha alma, tipo o Dean em Supernatural, mas eu o faria pra tê-lo do meu lado pra sempre. Ele é o meu guarda-chuva amarelo, a Rachel do meu Ross, essas paradas, sabe? Ela tá tendo TUDO o que eu mais quero, e eu? Tô chorando litros desde que ele veio todo feliz anunciar esse maldito casamento. – Passou as mãos pelos cabelos que LuHan ainda tentava desembaraçar. – É horrível, horrível saber que o motivo do riso e da alegria dele não sou mais eu e sim outra. Horrível chorar todas as noites por alguém que nunca vai ser meu. Mas tenho que continuar seguindo em frente, mesmo amando uma pessoa que não dá a mínima pra mim.

E aquele ciclo vicioso de choro não começou, para alivio de ambos os presentes do quarto. Pela primeira vez, ChanYeol se sentiu um pouco leve. Talvez ele só precisasse desabafar, mas ainda não era pra pessoa que ele gostaria. Sentiu o aperto forte de LuHan o abraçando e logo depois  o puxando para que saíssem e fossem para o carro, em direção a grande e majestosa Igreja onde o amor da sua vida se casaria, com outra.

Do lado de fora ouviu a marcha nupcial e as portas se abrindo para que um longo vestido rendado acompanhado com um véu tão comprido quanto o tal passar. Suspirou admitindo a derrota. Depois de alguns minutos, ouviu o som de um piano tocando sua música de entrada. Posicionou-se, respirando fundo. E, como o imaginado, a sua espera – e o encarando fixamente - BaekHyun estava impecável em seu terno branco nem um pouco amassado, os olhos quase se fechando por conta do sorriso, os fios lisos e castanhos presos em gel. Sorriu forçado, desviando o olhar para a garota do seu lado, que tinha seu mundo em suas mãos. Ela lançou um sorriso maldoso em sua direção. Controlou-se muito para não revirar os olhos naquele momento. Entregou a caixinha vermelha e de veludo para o melhor amigo e se posicionou atrás do mesmo e do lado de Sehun.

Olhou ao redor e quis vomitar. A decoração toda marrom não combinava muito com as pessoas sentadas e vestidas todas em tom pastel. Reconheceu sua irmã sentada na última fileira e deixou-se abaixar a cabeça para rir um pouco.  Estava espantado pelo Byun ter-se lembrado dela, e um pouco divertido por ela ter ido toda de preto, como se estivesse em um funeral. E talvez estivesse mesmo. O funeral do coração de Park ChanYeol. O pobre coitado sofreu bastante, está na hora de deixá-lo descansar em paz.

Aguentou firme, parado e em silêncio enquanto os votos eram anunciados e a cerimônia, finalmente, finalizada. Não queria ir para a porcaria de festa, mas o bico nos lábios de BaekHyun o fez mudar de ideia rapidinho. O desgraçado sabia que o tinha nas mãos e se aproveitava disso. Viu seus amigos dançando entre si em uma pequena roda enquanto ele estava sentado em uma mesa, junto com sua irmã, que fielmente ficou ao seu lado, menos quando LuHan chegou e saiu puxando os dois para a pista de dança. ChanYeol riu da cara de desgosto da mais velha e começou a seduzi-la de brincadeira e a chamá-la com o dedo. A Park riu e fingiu estar hipnotizada, entrando no jogo do irmão, que novamente riu de verdade. Era boa a sensação de rir após meses que se pareciam anos chorando.

E talvez tivesse rindo e com os olhos fechados se não tivesse sentido um corpo bem menor que a de Yoora não estivesse sendo prensado contra o seu.

-God damn , see you licking frosting from your own hands…

Sentiu seu corpo travar com a voz doce cantando perto de si. Não conseguia mover um músculo sequer. Olhou para a irmã que o encarava em choque, com medo que ele fizesse algo. BaekHyun continuou dançando e sorrindo, sem perceber a tensão instalada ali. ChanYeol ficou estático até a música acabar. O pequeno Byun não tinha noção, mas a cabeça do grandão estava a mil. Ele precisava falar. Talvez nunca mais fosse ver seu baixinho novamente, e do jeito que TaeYeon era manipuladora, ele tinha alguns bons por centos de certeza disso. Pegou-o pelo pulso e o puxou para fora do salão, indo para o estacionamento. Yoora o seguia a alguma distância, apenas pra ter certeza de que o irmão não iria fazer nenhuma loucura.

- Channie, o que está acontecendo? – BaekHyun perguntou confuso, tentando livrar-se das mãos grandes que seguravam seus pulsos como se dependessem disso.

O maior encarou a irmã, que apenas deu-lhe um aceno positivo.

- Eu te amo, Byun BaekHyun, e o mundo inteiro já notou isso, menos você. Pelo menos não até agora. E eu estou completamente quebrado por dentro. Deus, você é cego? Ou burro mesmo? Eu amei você por todo esse tempo. Tantas vezes eu queria acabar com tudo, mas eu segurei por você, quantas vezes eu soltei um “te cuida” querendo que você me respondesse “vem cuidar”. Eu sou tão fodido assim, BaekHyun? O que você viu nela? – Respirou fundo. – Aquelas cantadas que você achava que era idiota e de brincadeira, eram todas verdadeiras. Eu achei que depois que te beijasse todo o encanto iria embora, ou depois que te visse casando tudo iria desaparecer, mas não. É tudo errado, Baekkie, essa merda de coração faz tudo errado. Mas, te ver assim, todo feliz e saber que o motivo não é eu me corrompe ainda mais. Eu te dava essa felicidade, e, ver que você está tão mais feliz sem mim, dói. Dói como aquela vez que eu cai na rua quando corri atrás de você pra me desculpar. E eu tô aqui, BaekHyun, tentando pedir desculpas por te amar, porque eu sei que é isso o que quer ouvir, mas eu não consigo. – Limpou as lágrimas. – Eu não consigo mais me enganar e te enganar. A verdade é que eu te amo, amo pra caralho, eu te amo na mesma intensidade que o Dean já morreu em Supernatural. E eu não me arrependo de nada.

ChanYeol achou que estava pronto para as palavras duras de BaekHyun, mas o silêncio dele era ainda mais perturbador. Inesperadamente, o menor o abraçou.

- Desculpa não corresponder seus sentimentos, mas eu não consigo vê-lo como mais que meu melhor amigo ou irmão. Aquele dia na festa, quando a gente se beijou, eu sabia o que sentia por você, mas, por ela, eu não consigo explicar. Talvez seja mais do que você sente por mim. – O menor se afastou do corpo quente do de cabelos vermelhos. – Eu sentia uma atração por você, Channie, mas, pela Tae, é amor. Eu tenho certeza disso. Desculpa.

“Talvez seja mais do que você sente por mim.” Nunca, BaekHyun, nunca. O maior respirou fundo pela quinquagésima vez naquele dia. Acenou de leve com a cabeça e percebeu Yoora no seu lado, o segurando, como garantia por saber o desastre que o irmão mais novo era.

- Tudo bem. Adeus, Byun BaekHyun, seja feliz.

Ele sorriu e fez uma reverência, voltando para sua esposa. ChanYeol não queria que aquilo fosse uma despedida, mas ele precisava se desapegar. Pelo menos ele tinha tirado algum peso de sua consciência. Deixou com que Yoora dirigisse e ficou sentado no carona. A Park mais velha começou a rir descontroladamente. Sem entender, ChanYeol a acompanhou, e percebeu que uma boa companhia, nem que seja por alguns segundos, pode curar qualquer dor. Inclusive a do coração. Afinal, um super-bonder de risada engraçada é bem melhor que um coração quebrado, não é?

 

 


Notas Finais


Gente, eu tô VICIADA nessa música que o Baek "canta" (Cake by the ocean - DNCE), como faz pra parar de ouvir??!
SCRR
Comentem se querem que eu escreva um extra na visão do Baekzinho, por favor, não me deixem no vácuo...

Eu te amo vocês <3


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