História Don't say anything - Markson - Obra Prima Para Uma Perfeição

Eu sempre fui orgulhoso o suficiente para negar que eu precisava de alguém pra me fazer feliz. Todas as minhas tentativas, falhas, de encontrar alguém me levavam ao mesmo fim. Tardes e noites perdidas tentando esquecer quem virou parte do meu cotidiano.

E isso não para de acontecer de novo, já que eu continuo alimentando mais uma de Grandes mentiras. “Eu volto para aquela praça somente para tomar um ar fresco, estou cansado.”

Besteira, eu sei que não é isso. No fundo eu vou até aquele mesmo local a procura daqueles olhos desafiadores e tão contraditoriamente doces. Eu volto lá para ver aqueles lábios chamativos mesmo que eles não profiram uma sequer palavra. Isso já virou meu cotidiano e eu não consigo admitir.

Cá estou eu, sentado novamente à esse banco tão conhecido por mim, esperando por aquela pessoa que eu adoraria conhecer com tanta fidelidade. O tempo passa e eu fico cada vez mais impaciente, percebo o quanto sou idiota por estar esperando por algo que não virá. 

Abaixo a cabeça ao notar que a brisa já ficou mais densa e gelada. Nesse meio tempo, as pessoas e crianças que ali brincavam já foram embora e não muito depois levantei a cabeça.

 Admito que meu coração cogitou parar de bater quando eu pude finalmente ver aquela face, que dessa vez estava perigosamente perto. Chamar aquela pessoa de obra prima chegaria a ser uma ofensa para tamanha perfeição.   

– Esperando por alguém?– Eu adoraria responder que era por ele mas minha covardia foi alimentada pela minha insegurança.  

–Não, na verdade eu já estava saindo, está tarde e talvez você devesse fazer o mesmo– Cuspi aquelas palavras sem nem mesmo pensar, as coisas não acontecem como eu planejo. 

    –Não é como de eu tivesse realmente um lugar para ir e então deve ser por isso que, talvez, você devesse me ajudar. - Ele ditou mas foi como se nem mesmo eu conseguisse ouvir, sua voz era melodiosa demais para ser intrigada e, pela primeira vez, eu admito que não tive as palavras corretas para um momento tão certo. – Jackson? – me vi em um transe que logo foi quebrado quando eu notei que ele tinha dito meu nome. 

– Como sabe o meu nome? Nós já nos conhecemos? – minha face era tão confusa quanto a dele era de surpresa. Ele olhou nos meus olhos como se pudesse ver todos os meus pensamentos e sua expressão de “eu não sei o que dizer” não sumiu.