História Don't touch me - I'm back

- Você parece triste - a ruiva observou.

Eu estava sentada na janela da sala de estar, olhando a chuva lá fora regar o enorme jardim de Hera. Os pingos batiam contra o vidro e caiam na terra, a chuva repetia esse clico incansável, e eu ? Estava tão exausta, invadia, eu diria.

- Não, estou bem. - forço um sorriso.

Hera apenas se sentou ao meu lado, em um grande sofá verde musgo de camurça. Ela parecia entender a minha tristeza e isso por alguns segundos, era reconfortante. Mas, depois de chegar aqui, tudo o que fiz foi me sentar e observar a chuva, ainda não tínhamos tido uma conversa decente, acho que mais uma vez eu estava em choque.

- Me colocaram no mesmo quarto que você hoje. Eu havia roubado uma joalheria com a Seline e nos pegaram, eu fui atingida - ela explicou, no mesmo momento em que levou uma das mãos até a barra de sua calça, a levantando e mostrando um ferimento que ao meu ver parecia bem feio. - Então, quando eu acordei, você estava dormindo, mas sussurrava nomes e coisas sem sentido.

Seline ? E essa, quem é ? Sai de cima da janela em um pulo,  andando até Hera e me sentando ao seu lado com cuidado. Afinal, eu não sabia nada sobre sua vida.

- O que eu dizia ? - perguntei, tentando chegar à alguma conclusão com tudo aquilo.

- Você chamava por Joker.

Virei meu rosto para a ruiva. O que está acontecendo? 

- Joker ? - perguntei, ainda confusa.

- Jerome - ela explicou. - Você sabe, o príncipe palhaço do crime. Mas o que me intriga é : O que você tem haver com o Rei de Gotham?

Levei a mão à boca, tentando conter o riso. Mas foi impossível, comecei a gargalhar como se tivesse acabado de ouvir a piada mais sacana do mundo.

- Rei de Gotham?  O Jerome? - voltei a cair na gargalhada, colocando a mão na barriga, que agora doía um bocado.

- Você não faz idéia, né?  Jerome praticamente ergueu toda a Gotham. Joalherias, boates, negócios grandes, todos dele, ele é o maior aqui, Anna. É peixe grande. Mas até alguns meses, seu rosto era desconhecido, sabe ? Todos dirigiam a palavra à ele apenas como "J ". Até que o garoto foi pego por Gordon, parece que o palhaço havia sequestrado uma garota e levado para New Orleans, como a polícia de lá é sistemática com estrangeiros, não foi difícil para Jim pega - lo. - a ruiva contou, dando de ombros. - Então com o mandato seu rosto foi a público.

Minha expressão risonha foi mudada bruscamente para uma expressão incrédula e duvidosa. Hera sabia, ok. Mas aparentemente ela não sabia que eu era a menina que estava com Jerome. Droga !

- Qual sua ligação com Joker, Anna ? - ela indagou, me tirando de meus pensamentos.

- Ele me vendeu para um velho rico. - inventei na hora, seguindo conselhos das vozes em minha cabeça. - Então eu consegui fugir, Gordon achou que eu tinha algo haver com o esquema de meninas contrabandeadas, e acho que iria me prender mas depois de ver o quão machucada eu estava, ele foi forçado à me levar ao hospital, eu estava totalmente destruída.

"Uau ! Mandou bem, garota ! "

Uma das vozes debochou, sorri para a mulher que me olhava taciturna.

- Eu entendo - ela disse por fim, em um suspiro pesado. - Eu  fui prostitua dos 12 até meus 17 anos. Foi quando descobri as plantas e quão bem nós nos damos - a ruiva explicou, deixando um sorriso tristonho e fraco escapar de seus lábios vermelhos - Então, eu matei todos e fugi.

- Sinto muito - menti.

- Minha intuição sobre você estava certa, Anna. É uma boa garota, apenas não teve sorte, como eu. - virou o rosto para mim, parecendo mais vivaz. - Mas, se J está atrás de você, não importa onde va, céu ou terra. Ele encontrará você.

Me arrepiei por completo com sua última frase. Jerome estava preso, certo ? Qual o risco que ele poderia oferecer à mim?

- Ele está preso - dei de ombros.

A mulher ao meu lado parecia renovada, deixando uma risada escandalosa surgir à nossa volta.

- Preso ? - ela disse, tomando fôlego - Joker não fica preso,  Anna. Joker fica onde quer e quando quer.

Quando Hera terminou sua frase, um barulho estridente tomou conta da casa. Era a campainha? 

- Fique aqui. - ela ordenou, levantando com cuidado e andando até a grande porta de vidro da sala. Enquanto eu me encolhia no sofá. Quem será? 

Não pude ver bem a pessoa do outro lado da porta, apenas vi Hera sorrindo e pegando um grande pacote nos braços. Ela entregou algo à pessoa, como dinheiro, eu acho. Fechou a porta atrás de si e veio rebolando em seus saltos pretos até mim.

- É para você - ela observou, colocando a caixa em meu colo. - Está leve.

- Para mim ? - perguntei à mim mesma em voz baixa.

Passei as unhas pelo selo da caixa misteriosa e escancarei as abas da mesma.  Havia muito esopor e plástico, acho que a caixa estava vazia, pois eu não havia encotrado nada. Olhei confusa para Hera, ela me devolveu o mesmo olhar. Resolvi então virar o pacote, para ver se estava realmente vazio, e eu encontrei algo,  junto à embrulhos, esopor e plástico bolha, uma foto caiu. Peguei ela com cuidado, quando bati os olhos na fotografia  abri a boca estupefata, e Hera também. Na imagem eu estava nua e amarrada à uma cama, minha cama ! Da minha casa ! Jerome estava ao meu lado, com um sorriso psicotico e uma faca reluzente em sua mão esquerda. E bem no cantinho da foto, havia algo escrito, poucas palavras na verdade.

" Estou chegando.

Ass : J. "

Todo meu sangue subiu a cabeça e por um momento achei que desmaiaria, mas me mantive firme, segurando o pacote e a foto nervosamente. Hera sentou - se ao meu lado, tão incrédula quanto eu. Foi quando ouvimos a campainha tocar novamente.

- Estou indo ! - a ruiva gritou.

Mas a campainha não parou, a pessoa insistia com fúria, um toque atrás do outro. Nos olhamos por alguns segundos, e dá expressão séria da ruiva meu olhar voltou para a fotografia horrenda.  Então percebi algo crucial, no verso da foto havia uma pequena frase.

" Abra a porta. Odeio esperar "

E a campainha tocou novamente, dessa vez, um toque só.

 Apenas uma coisa passou por minha mente naquele momento :

"Ele está aqui ! "