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História Don't touch me - Acordando Part 2 - Morte.


Escrita por: ansodomitee

Capítulo 15 - Acordando Part 2 - Morte.


Fanfic / Fanfiction Don't touch me - Acordando Part 2 - Morte.

Gotham City 23:57

A camada de sangue seco que cobria meu rosto estava descascando, o cheiro deveria ser horrível, mas eu não conseguia sentir nada, à não ser uma dor incontrolável em meu ventre.

E por minhas distorcidas contas, eu estava presa aqui à aproximadamente dois dias, a única coisa que me dava certeza das horas, era a luz que vinha da fresta da porta, me indicando dia e noite.

Não havia sinal de Jerome e nenhum tipo de vida humana, era apenas eu ali.

Mas acho que me equivoquei nisso.

Olho para baixo, sentindo algo fazer cócegas em meu queixo.

Forço os olhos, para que se abram mais, observo a forma não humana à minha frente.

Era um bicho peludo e grotesco, algo parecido com um rato.

Ele lambia o sangue fresco que ainda escorria de meu nariz e descia por minha mandíbula.

Não tentei afasta - lo, ou assusta - lo.

Apenas o fitei, era minha primeira compania à dias, talvez eu não veria algum ser vivo até minha morte eminente, causada por hemorragia, fome ou desidratação.

Eu aposto em hemorragia externa.

Mas sou pega de surpresa, quando uma dor incontrolável acerta cada ponto vital de meu corpo semi - morto.

Apoio minhas mãos no chão,  tentando sentar, mas é difícil.

Cada órgão de meu corpo luta para conseguir fazer sua devida função, mas meu cérebro não manda os comandos certos.

Ele está falhando, eu estou.

Solto um grito agudo, quando a mesma dor me ataca novamente.

O rato à minha frente parece assustado,  ele corre pelas laterais do cômodo, até sumir dentro de um buraco feito na parede de cimento.

Tento dizer algo, como " Fique, não quero morrer sozinha "

Mas outra vez a dor me da um tapa no rosto, me fazendo desmoronar.

Minhas mãos inconscientemente vão de encontro a minha barriga, e algo me desperta : Meu " filho ".

Droga ! O que aconteceu ?

Me impulsiono para a frente, ficando sentada no chão sujo.

Olho para baixo, ainda com receio, admito.

E segurando a barra de meu vestido, eu subo o pano para cima, tendo a visão de algo que me despertou de toda aquela apatia de dias

Sangue.

Mas não era sangue de um ferimento ou de um machucado

Era sangue vivido, e escorria de minha intimidade até o assoalho de madeira

Pousei minha mão em cima do líquido escuro, para ter certeza de sua origem

E infelizmente, eu tive, era dali, o sangue estava jorrando, como se eu fosse um xafariz.

Dou um soco no chão quando aquela dor de antes me faz expelir mais um pouco do que eu suspeito ser um... Não!

Não podia ser, eu realmente estava grávida?  E se estava, perdi ?

Passo a palma da mão esquerda por minha barriga, tentando sentir qualquer coisa, mas era impossível.

Em todo esse tempo nessa casa, mesmo sem Jerome estar por perto de vez em quando, eu sempre me senti protegida

E agora eu entendo o porquê não sinto mais isso.

Era meu filho

Que agora está morto.


Acordo devagar, enquanto esfrego os olhos com as mãos sujas.

Estava ali, na mesma escuridão de sempre, não havia nada, à não ser dor

Não sabia direito por quanto tempo dormi

Mas haviam moscas à minha volta, assim como algumas baratas nadando em meu sangue quase coagulado.

Me levantando devagar, o que faz todos os insetos correram para seus devidos esconderijos

Olho em volta devagar, tentando encontrar algum lugar onde a sujeira não fosse tão alarmante

E encontro, a parede no outro canto da sala

Mas...Como eu chego até lá? Certo.

Bato minhas mãos no chão com força, e apoio meus pés na outra extremidade, então começo a me arrastar lentamente

Sentindo cada articulação de meu corpo protestar, pedindo para que eu cessasse.

Mas não parei.

Continuei aquele ritmo, até ver que a parede estava parecendo mais próxima

E ainda apoiando minhas mãos ali, consegui me sentar, encostei minhas costas ao cimento, sentindo meu corpo relaxar por um segundo

Quem dera

A horrível sensação de dor e angústia voltou assim que conseguir me ajeitar, ficando sentada

Eu estava isolada de qualquer tipo de esperança

Presa em um cubo preto

Não conseguia sair de lá

Não conseguia pedir ajuda.

Mas não era o que me importava, o que realmente importava era um bebê provavelmente morto dentro de mim.

A quanto tempo dormi ?

Dois dias ? Talvez três?

Corro meu olhos por todo o cômodo, observando cada centímetro

E paro meu olhar em uma caixa ao meu lado, e em cima dela..

Um tipo de metal, ou arame, algo parecido com um pé de cabra fino, segurava um sobretudo amarelo, aqueles que lixeiros usam para limpar foças.

Eu sabia que o que estava pensando podia me matar por dentro,  para sempre.

Mas a sensação de morte em meu útero me fazia desistir de tudo.

Então com esforço me apoio no cimento da parede

Alcanço a manga do sobretudo e o jogo no chão,  puxando.

Mas não era ele que eu queria, não.

Alcanço depois o arame que dava apoio a roupa, e assim, o puxo também, o desprendendo da parede.

Volto a posição de antes, ofegante.

Seguro o objeto com as duas mãos, tentando tomar coragem para fazer aquilo.

Então me enclino um pouco para trás, e abro minhas pernas devagar, sentindo a parede de minha intimidade descolar, por conta do sangue que estava ali à provavelmente uma semana.

Subo um pouco o vestido, e fecho os olhos com força

Ok, eu estou pronta, eu vou fazer isso !

Repetia para mim mesma, tentando tomar uma dose boa de coragem repentina,

E consigo.

Abaixo o objeto pontiagudo até ele ficar na altura de meus olhos, com a outra mão, eu forço a ponta dele, fazendo uma volta, agora sim parecia um pé de cabra.

Suspiro, sentindo o suor descer por minha testa.

Faça, Anna.

Uma voz ecoa em minha mente, e me sinto firme para fazê - lo.

Então abaixo o arame até a altura da entrada de minha intimidade

Suspiro mais uma vez, enquanto forço meus olhos para ficarem fechados.

E introduzo o objeto em mim, levando ele o mais longe que posso, até sentir ele alcançar um ponto onde eu achei ser suficiente

Reviro os olhos, e desço o olhar para baixo em seguida, observando aquela cena.

Mas não paro, algo me encoraja a continuar, sinto algo prender no arame quando tento o puxar para fora, era ali, eu tinha achado.

Então, em um impulso só, eu puxo o objeto para fora com força, soltando um grito alto, de que eu me julgaria Imcapaz.

Tento não desmaiar, para continuar.

Mas o que vejo me faz ter uma ânsia incontrolável.

Era algo parecido com uma pequena cabeça.

Não aguento, as lágrimas escorrem por minhas bochechas, manchando ainda mais meu rosto

O cheiro era insuportável, o que faz minha ânsia piorar

Viro a cabeça para o lado depressa, sentindo algo subir por minha garganta, então vômito algo branco, o gosto era horrendo, provavelmente suco gástrico, já que eu não comia a muito tempo

Mas isso não seria distração, eu tinha que terminar aquilo, por mim e por...É, eu não tinha mais ninguém

A minha última esperança, estava saindo de mim aos pedaços.

Enfiei o arame lá dentro novamente, me segurando para não gritar de novo, Jerome podia ouvir, ou seja lá quem estava na casa

E o puxei mais uma vez, sentindo minha intimidade se alargar com o toque

Dessa vez, eu pude reconhecer braços e pernas minúsculos, como de brinquedos.

Segurei a enorme vontade de chorar ou até me matar e continuei o serviço sujo.

Então mais uma vez aquele arame entrou em mim, e saiu também

Me trazendo o corpinho deformado de meu filho(a)

Muito sangue saia junto, muito, mais muito sangue.

Mas aquilo não importava

Eu tinha apostado mesmo em hemorragia, não é?

De repente, minha visão fica escura, minha mão solta o arame involuntariamente

E minha cabeça pende para o lado, minhas pernas se abaixam

E eu fecho os olhos,  provavelmente, aquela seria minha última visão

Meu filho aos pedaços em meio a sangue e vômito.


Pov. Jerome Valeska

_Gotham City 02:46_

_Acabo de chegar em casa. Fecho a porta atrás de mim e tiro meu casaco, jogando o mesmo no chão. Coloco meu guarda- chuva encostado na parede do corredor. A chuva lá fora estava descontrolada.

Solto um riso baixo com a observação

Mas continuo o caminho pelo corredor estreito.

Já havia se passado uma semana e dois dias que Anna estava presa no porão, nos últimos tempos acho que pude ouvir a garota gritar, provavelmente encontrou algum inseto.

Dou uma risada nasal quando a cena me vem à mente.

Passo mão por meus cabelos que insistiam em cair soltos por minha testa, e logo avisto a porta para o porão no final do corredor verde musgo, verde, que cor linda !

- Vamos lá... Chave... cadê. - Sussurro, enquanto revisto meus bolsos frontais e traseiros.

Logo acho o molho de pequenas chaves dourados, abro a porta devagar, era estranho. Não havia nenhum barulho, diferente dos outros dias, apenas uma escuridão vazia.

Mas continuo o trajeto sem dar muita bola para isso, enquanto meus sapatos sujos de lama tocam a escada de madeira velha.

Desço devagar

Até chegar ao térreo do porão, estava realmente muito escuro, difícil de ver qualquer coisa.

Alcanço meu celular no bolso de trás da Jeans e ligo a lanterna do mesmo, enquanto me aproximo do fundo do cômodo em passos curtos.

A luz ajudava bastante

Corro meu olhar pelo chão a procura da menina, provavelmente ela estava escondida esperando para tentar me matar, mas quem nunca tentou me matar, não é mesmo ?

Vou me aproximando das paredes, enquanto surge á minha frente uma trilha de sangue

Faço uma careta para aquilo, porém não paro o caminho, até que chego na origem do líquido.

Mas o que vejo...Me tira o ar.

Eu já havia visto muitos corpos na vida, principalmente mortos, mas aquilo...

Se eu tivesse um coração, agora, ele estaria partido.

A garota estava jogada, nua, em volta de muitos insetos e ratos.

Mas enquanto eu me aproximava os bichos fugiam

Abaixo em frente ao seu corpo, ficando a altura de sues olhos fechados e borrados.

A sua volta havia o que parecia ser vômito e muito sangue, sangue em uma proporção exorbitante.

Aquilo era....

Feses e urina surgiam as suas costas, e em volta de seus pés.

Ela não parecia respirar.

Aquela cena era grotesca até mesmo para uma pessoa louca.

Me jogo para trás quando Anna abre os olhos

Pego meu celular que havia caido depressa e miro a luz na garota, ok, levei um susto e tanto

Mas...Essa não é ela

Seu olhar era vazio e perdido

Ela fitava algo por cima de meus ombros

Como se não pudesse me ver ali, como se estivesse perdida em algum lugar onde eu não podia chegar

O corpo da garota lutou até o último segundo para ficar aqui sozinha, e não morreu.

Porém, ela não fez o mesmo.

O corpo dela podia estar vivo, mas algo me fazia acreditar que a Anna que eu conheci estava morta.

Me levanto devagar e, para minha surpresa a menina me acompanha.

Ela se ergue a minha frente, ainda meio trôpega e sem jeito

Eu queria poder fazer alguma coisa, mas não sabia o quê

Ela ainda não me olhava, estava de cabeça baixa e suas mãos estavam coladas à seu corpo.

- Anna ? - pergunto, com a voz baixa, enquanto aproximo minha mão da garota.

Porém eu paro no caminho quando ela ergue o olhar para mim.

Minha mão recua sozinha, voltando a ficar parada ao meu lado.

O olhar da garota parecia me fuzilar

Mas ela não falou nada

Ela não moveu um músculo

Não tentou me matar nem ao menos me xingar

Ela não se mexia

Então o que era uma suspeita, se tornou certeza

Anna tinha morrido por dentro, e a culpa é minha


Notas Finais


Oii amorzinhos, sei que ficou um pouco Dark, mas...
Espero que tenham gostado


And remember : There's nothing more contagious than laughter.


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