Pov. Jerome
- Anna ? - continuei perguntando, tentando obter uma resposta plausível - Vamos lá, responda.
Continuei, mas a garota estava imóvel, seu olhar continuava colado em minha face, como se ela observasse algo em mim.
- Vamos subir ? - sussurro, ainda sem resposta alguma
Então tomei a frente da situação, dando dois passos contra a garota. Passei meus dedos por seus braços, tentando não causar uma reação explosiva nela, e me sai bem, pois a menina não reclamou. Apenas continuava a me observar de soslaio.
- Eu vou levar você até lá em cima, e vou cuidar de você, tudo bem ? - perguntei, e por incrível que pareça, tive uma reação, a garota assentiu, começando a caminhar ao meu lado.
Ao decorrer do trajeto do fundo do porão, até as escadas, eu fico imaginando e tentando descobrir o que Anna passou aqui nos últimos dias. Será que ela ainda se lembrava de tudo ? Ou simplesmente está em choque ?
- Eu não consigo subir - a menina murmurou, o que me fez ter um pequeno susto. Ótimo, ela estava falando, é uma coisa boa, não?
- Certo, vamos lá - murmuro, parando em frente ao primeiro degrau - Vou te pegar no colo, entendeu ?
Realmente parecia que eu estava falando com uma criança, tendo que explicar o mínimo de cada ação minha. Mas foi o que fiz, peguei a garota no colo devagar, observando sua expressão de dor e possivelmente nojo.
Certo, não vou dar bola para isso.
Subimos o primeiro degrau, Anna soltou um gemido baixo
Logo o segundo, terceiro e o quarto, a menina parecia estar ficando inconsciente.
- Ei ! Fique aqui ! - exclamei, balançando a morena em meus braços.
Logo estávamos no quinto degrau, e consequentemente no andar de cima. Caminhei com ela nos braços por todo o corredor, até viraramos a sala escura e chegarmos em frente à porta do quartos de hóspedes.
Pensei eu que não seria uma boa idéia levar ela até lá em cima agora, bom, talvez ela não aguentasse o esforço de mais uma escada.
Então abri a porta com um leve empurrar de quadril, nos dando visão de um quarto simples
As paredes eram brancas e em outra metade amarelas, os moveis eram todos claros e antigos, assim como a decoração.
Adentrando o quarto, levei a menina até a cama, deitando ela com cuidado total
- Eu vou te dar um banho. - afirmei, olhando o corpo imundo da garota sobre os lençóis
- N- Não... fique comigo - ela sussurrou, abrindo os braços a procura de meu corpo, eu acho
- Tudo bem. - soltei por fim, me ajeitando na cama pequena com ela. Anna passou a cabeça por meu peito, se aconchegando em minha jaqueta, eu apenas passei meus braços em volta de sua cintura, tentando conforta - lá. Diga - se de passagem que eu não sou muito bom com essas coisas.
Mas não importou, pois aos poucos os olhos da menina foram se fechando, e quem a olhasse naquele momento, diria que ela estava bem
Eu fiquei ali, encarando a luz caquética no topo do cômodo, que piscava vez sim e vez não
Porém, logo o cansaço de Anna me abateu, e decidi seguir seus passos, adormecendo devagar.
Abro os olhos devagar, bocejando
Fito a porta branca no final do cômodo, imaginando por quantas horas eu apaguei
Me impulsiono para levantar, mas sou impedindo por algo, levanto o olhar para a minha direita, vendo meus pulsos amarrados com correntes
Mas que porr....
Viro o rosto para a esquerda depressa, confirmando minha suspeita
Meus dois braços estavam presos à cama
- Anna ! ? - gritei, e minha voz saiu mais grave do que o normal
Tento puxar as correntes com a força dos antes braços, mas é meio que inútil
Paro o que estava fazendo, quando avisto uma sombra crescer no pé da cama
- Anna ? Isso não é engraçado! - Grito novamente, tentando me soltar mais uma vez
- Ah... Agora não é engraçado, Jerome ?
Ouço uma voz feminina sussurrar em meu ouvido, viro o rosto depressa, tentando encontrar a pessoa que estava fazendo isso comigo
Mas haviam apenas sombras confusas
- Você me drogou? - murmuro, tentando evitar os borrões que inundavam minha visão turva
Dou um pulo, despertando
Sinto o peso da cama mudar, sinto o peso do meu corpo mudar
Alguém estava em cima de mim.
A..anna ?
- O quê está fazendo ? Oh ! Droga. O que é isso, Anna ? - Exclamo, ao ver uma faca de caça em sua mão pequena
- Você está sempre sorrindo da dor que me faz passar...Então assim como eu, você vai sorrir para sempre. Mesmo sabendo que está morto por dentro.
A garota sussurrou, se enclinando, suas pernas estavam em volta do meu corpo, e seu ventre estava em cima de minha virilha.
- Não faça nada de que possa se arrepender, Anna. - tento faze-la parar.
Observo a expressão da garota, sem me importar com a minha, que deveria estar no mínimo, assustada.
Ela me fitava sem com ódio, como no porão
O que ela faria com aquela faca?
- O quê vai fazer ? Me matar ? - rosno, tentando mexer as pernas.
- Não... - ela explicou, trazendo a faca para perto de meu rosto. - Por que está tão sério ? - perguntou, me lançando um olhar bizarro.
- Vamos colocar um sorriso NESSE ROSTO !
Ela explodiu, gritando
Então, do nada, senti algo perfurar a pele de meus lábios
Comecei a urrar como louco, tentando fazer a dor parar
O que ela estava fazendo?
Ela estava...cortando meu rosto?
- Anna, por favor ! - gritei, tentando chamar a atenção da menina, mas ela parecia concentrada demais para me ouvir
Foi quando senti, os cantos de minha boca serem rasgados sem piedade, Anna passava a lâmina da faca do fim de meus lábios, até o início das maçãs de meu rosto
Reviro os olhos com a dor, enquanto sinto o gosto metálico de meu próprio sangue descer por minha garganta seca
Minha vista começou a falhar, e minha respiração começou a ficar fraca aos poucos, eu já havia apanhado muito, mas aquela dor era insuportável
- Não durma ainda, querido. - a menina ordenou, tirando a faca de minhas bochechas - Porque você ainda não viu nada !