História Don't Walk Away (HIATUS) - Flirts

Roseanne McCain – Rose.

O ar quente e abafado daquele apartamento mofado e velho me revigorava. A nevasca já tinha começado a cair e enquanto Selena bisbilhotava minhas coisas no quarto eu a obsevarva pensativa, questionando a mim mesma se Brooke iria embora ou iria inventar uma desculpa esfarrapada pra ficar se oferecendo pra o Michael a noite toda sobre o meu teto. Eu não sei Selena, mas eu notei tudo em Brooke e sei de suas intenções. Só torço pra que Michael não caía na lábia dela.

– Tá pensativa, hein? Nem ouviu o que eu disse. – Selena tirou-me dos devaneios sentando-se ao meu lado na cama de solteiro. – Deixa eu adivinhar... Você deve tá pensando na Brooke e no Michael, certo?

A olhei nos olhos e sorri. Selena parecia me conhecer a anos falando daquele jeito. 

– É. E me desculpa por não prestar atenção no que disse... 

– Relaxa. – ela interrompeu antes que eu terminasse de falar. – Parece que alguém vai ficar de vela hoje... – ironizou rindo. Ela não estava errada. 

– Engraçada você, né? – disse rindo fraco e olhando pra minhas mãos. – É, parece que sim. – suspirei pesadamente totalmente frustada. 

– Ah, não fica assim... – Selena passou a mão nos meus cabelos. – Olha, se você quiser... Pode vir dormir na minha casa hoje. – sorriu passando-me confiança. Era uma boa, mas eu não perderia o show da Brooke se oferecendo pra ele por nada nesse mundo.

– Ah não. Eu vou ficar bem, prometo. – sorri firme e a fitei. Queria passar o máximo de segurança naquele momento pra Selena.

– Se você quer assim... – ela deu com os ombros. – Tudo bem.

– Meninas... – a voz de Brooke preencheu o silêncio do quarto. Selena e eu olhamos em direção a porta contemplando a imagem magra e escultural de Brooke escorada na porta.   – Michael quer saber se querem alguma coisa. – ela disse e ao final sorriu amarelo para nós.

– Não. – respondemos em coro. Senti uma enorme vontade de rir naquela hora mas consegui segurar. Não queria que a tal Brooke achasse que eu estava rindo dela.

– Então tudo bem. – ela disse cruzando os braços – Michael disse que... Eu vou ficar aqui por uma noite por causa da nevasca lá fora. Tudo bem pra você, Rose?

– Claro. – respondi com um sorriso amarelo. Selena suspirou.

– Então... qualquer coisa que precisarem, já sabem né? É só me chamar... Ou chamar o Mike. – ela disse dando uma piscadela se virando e indo embora. 

Revirei os olhos. Aquela mulher era detestável. O que ela tem de bonita tem de falsa, nem sei porque os homens babam tanto por ela. 

Homens. As vezes eu me questionava interiormente se Michael era um deles, porque não parecia. Ele é tão inocente, puro, sensato, inteligente. Não é como babar por uma magricela loira sem sal... Ou mesmo pensar coisas indecentes com ela e se tocar no banheiro durante o banho. Sinceramente, eu não vejo ele fazendo isso em minha mente. Não creio que faça, mesmo pertencendo a o sexo oposto. Michael é diferente, e é por isso que eu o amo tanto.

– Quer saber? – perguntou Selena, me tirando do transe. Ficar em transe pra mim é normal e bastante frequente.  – Eu vou ficar! Não vou te deixar sozinha, sofrendo, vendo aquela loira de farmácia dando em cima do seu amigo com você aqui sozinha. 

Sorri. Ah, Selena, nem nos conhecíamos direito e ela já estava fazendo isso por mim. 

– Sério? Faria isso por mim? – perguntei, incrédula. Ninguém nunca tinha feito isso por mim. Minhas "amigas" do colégio nunca fariam isso por mim. – Claro! A nevasca já tá caindo, então... Tá perigoso lá fora. Michael jamais me deixaria ir nessas circunstâncias, baby. Vamos dizer pra ele, quero ver a cara que a sonsa vai fazer. – Selena disse com um sorriso maléfico, me puxando para sair do quarto com ela.

- x -

Michael e Brooke estavam sentados no sofá da sala. Michael se sentia encurralado por Brooke, desde que haviam chegado no apartamento Brooke flertava com ele. Ela era estonteante, isso nem ele e homem nenhum podiam negar, mas Michael não sentia absolutamente nada por Brooke e isso era chato. Ele não sabia dizer um "não", porque sabia que iria de certa forma ferir seus 
sentimentos e isso não era com ele. Michael apenas sorria de canto e concordava com tudo o que ela dissera com um simples "aham" naquele momento. 

– ... Eu estava ansiosa. Fui lá e disse: "Hey cara, você vai falar ou não?" todo mundo olhou pra mim e começou a rir, acredita? Eu mostrei a língua pra todo mundo! – Brooke terminara de contar uma história inusitada em um concurso de beleza no qual ela era candidata. Michael forçou um riso.

– Você é uma peste, Brooke. Não sei como não te desclassificaram. – Michael disse rindo forçadamente e Brooke mordeu os lábios inferiores.

– Eu adoro ser uma peste. Você sabe disso...

– Ah sei. Lembro quando te levei pra minha casa e você quase quebrou o vazo da minha mãe com suas "brincadeiras". – relembrou Michael com um sorrisinho de canto.

– Aquilo foi sem querer, Mike. – respondeu rindo. – Sorte que a sua mãe é um doce de pessoa e não me engoliu viva. 

– Katherine jamais faria isso. Era só um vazo, não tinha valor pra ela.  

– Disso eu sei. A sua mãe é um amor.

– Obrigado. – sorriu tímido. Aquele excesso de elogio já estava enjoando Michael. Nesse momento ele se perguntava onde estavam Rose e Selena.

E estavam bem ali, observando tudo de longe. Selena ria baixinho e Rose estava seria, mas ao mesmo tempo um tanto aliviada. Michael não estava nem um pouco na dela e isso era muito perceptível. Roseanne sentia ciúmes de Michael e não fazia questão de esconder, ela sabia que um dia ele iria se casar e isso seria um dilema para ela mas prometeu a sí mesma que respeitaria, com tanto que a moça o fizesse feliz e não fosse uma falsa como Brooke.  

– Cansei de ficar aqui. Vamos, eles estão se olhando de mais... – disse Rose puxando a amiga pela mão.

– Nossa, olha só ela tá com ciúmes. – ironizou Selena. 

– Ele é meu amigo, não quero que ele fique longe de mim por causa de qualquer uma. – Rose disse, arqueando a sombrancelhas. – Agora vamos. 

As duas caminharam em passos lentos e suaves até o "casal". Brooke de longe sentiu a presença e revirou os olhos de tédio. Michael estava distraído com a presença de Rose e Selena, que estavam paradas em frente a eles com sorrisos largos nos lábios.

– Mike – começou Rose, com tom calmo arqueando as sombrancelhas. – Selena pediu para ficar... A nevasca já tá caindo lá fora, pode ser perigoso. – Terminou, olhando para Brooke que a fuzilou com os olhos. 

– Realmente. – Michael disse, olhando para Selena e em seguida para Rose. – Já falou com sua mãe, Selena? 

– Ah não se preocupe. Falei sim. – mentiu, tentando não gagueijar e entregar tudo. Iria ficar tudo bem, já que sua mãe era uma mulher calma e relaxada e confiava na filha que tinha. 
Selena prometeu para sí mesmo que ligaria assim que pudesse para sua mãe e que jamais mentiria novamente para Michael. 

– Então tudo bem. – Rose disse animada, sempre que podia olhando para Brooke. Aquela pequena sala estava pegando fogo pelo ódio que Brooke sentia da audácia de Roseanne e Selena, de combinarem tudo apenas para atrapalhar sua noite com Michael. – Que tal um filminho? – seus olhos se desviaram para Michael. 

– Boa ideia. – Michael sorriu. Mau sábia ele que tudo aquilo era um esquema armado por Selena e Roseanne. – O que querem ver? – ele perguntou, olhando para Brooke.

Brooke sorriu maliciosamente, passando as mãos pelos grandes fios loiros.

– Ah, o que quisserem ver pra mim tá ótimo. – ao terminar deu uma risadinha, fazendo Selena e Rose quererem vomitar. 

– Que tal A espada era lei? – Selena sugeriu. – É um ótimo filme... Eu estava fuçando as coisas da Rose e achei a fita. 

Rose encarou Selena, querendo rir. 

– Por mim tudo bem. – respondeu Brooke com um sorrisinho amarelo. – E você, Michael? 

– Por mim também. Amo esse filme. – respondeu sorrindo fechado.

– Então eu vou buscar a fita. – Rose disse. – Selena faz a pipoca, certo? 

– Claro. Vou revirar tudo. – brincou rumando a cozinha.

Rose foi ao seu quarto procurar a bendita fita, deixando MJ e Brooke sozinhos novamente. Um silêncio se fez presente na sala, tanto Michael como Brooke não sabiam o que falar. 

– Então... – Brooke finalmente quebra o silêncio, com um sorrisinho de canto. – Quantas vezes já assistiu esse filme? 

– Hum... – Michael murmurou, fazendo uma pausa para pensar. – Eu não sei. – ele riu – Talvez umas trinta. 

– Trinta?! – perguntou Brooke, surpresa. – Santo Deus, já sabe das falas!

Michael riu baixinho. 

– Você sabe que eu amo ver esses filmes repetidamente. É como Peter Pan, nunca me cansarei de ler e assistir. Nunca. 

– Verdade. Eu lembro bem você comparando Taylor a Wendy...

– Achei! – exclamou Rose, impedindo Brooke terminar de falar. Brooke revira os olhos, Michael ao ver começa a rir. – Desculpe-me, interrompi algo? – perguntou com ironia em sua voz. 

– Claro que não, Rose. Estávamos falando sobre o filme. – respondeu Michael olhando para Brooke, que com muito esforço afirmou positivamente com a cabeça.

– Ah sim, continuem a conversar. Eu só vou colocar a fita cassete aqui perto do televisor. Darei play quando Selena chegar na sala e parar quieta. – disse Roseanne, colocando a fita cassete em cima do aparelho de televisão. –  E por falar nisso, vou ver se Selena não morreu na cozinha, com licença. – pediu, se retirando da sala com uma enorme vontade de rir da cara de Brooke. 

Michael estava entendendo quase tudo depois dessa ceninha. Controlou-se para não rir na frente de Brooke por saber a peste que Rose era e o que estava aprontando. 

Rose foi até a cozinha e lá encontrou Selena, sentada na mesa degustando algumas pipocas queimadas que estavam em cima da mesa. 

– Achei que tivesse morrido aqui. Nem ouvir o barulho de pipoca eu ouvi... – ela brincou, fazendo a amiga rir. 

– Então, eu estava aqui... Tentando recuperar essa catástrofe. – apontou para as pipocas queimadas na mesa – Eu realmente sou uma inútil, nem pra fazer pipoca eu sirvo... – ela riu, jogando mais algumas pipocas queimadas na boca. 

– Quanta besteira. – Rose revirou os olhos, odiava drama. Mas adorava fazer, diga-se de passagem. – O casalzinho tá  lá na sala, a tal Brooke tá quase pulando no meu pescoço, tamanho o ódio. – ela disse e Selena gargalhou, colocando as pipocas que não queimaram tanto em uma bacia. 

– Michael ainda não percebeu nada? Quanta inocência, meu Deus. 

– Ai é que você se engana, baby. – piscou pra amiga, que fez uma cara de surpresa. – Ele entendeu tudinho o que se passa. Conheço bem. E se eu convence-lo a entrar na brincadeira, essa noite será a melhor noite da minha vida. Se é que você me entende. – piscou pra amiga, que sorriu maliciosamente piscando de volta. 

– Rose, você não presta, garota. – tomou a bacia em suas mãos levando uma das pipocas a boca, fitando a amiga. 

– Eu sei, bebê. Sei disso. Quero ensinar pra ela que não se brinca com o sentimento alheio e depois quer a volta fingindo que nada aconteceu. – sorriu, pegando uma das pipocas da bacia que Selena segurava, jogando-a na boca. 

– Quero só ver, Rose. Mal posso esperar pra ver. – respondeu, empurrando levemente a amiga rumo a sala. – Vamos antes que pensem que nós morremos nessa cozinha aqui.