História Dormindo com o Demônio - Capitulo 12 - Sonho

Lydia POV.

Tempo.

Perdi a noção do tempo. Não sabia como estava o tempo lá fora. As janelas com madeiras colocadas na frente das mesmas. Impedindo qualquer luz solar para dentro do quarto.

O quarto.

Cujo, lugar estava me dando repulsa e nojo. Aquelas fotos espelhadas pela parede. No primeiro segundo que ele me prendeu aqui dentro, bati com toda a minha força na porta.

Cheguei a machucar o meu punho de tanto bater, cheguei até a chutar a porta. De alguma maneira aquela madeira era incrivelmente resistente a minha força.

Força.

Uma coisa que comecei a perder com o tempo. Estava exausta por tentar arrumar uma maneira de sair desse lugar.

Fome.

Depois de um tempo comecei a sentir essa necessidade humana. Estava me consumindo por dentro. Me sentia muito fraca, qualquer movimento meu era um esforço enorme.

Chorar.

Passei esse tempo todo chorando, sentada no chão gelado. Me recusava me sentar aquela cama. Olhava para aquela parede. Fotos nossas espalhadas, fotos e reportagens sobre o Demônio.

“EU TE ODEIO” gritei arrancando as fotos da parede e rasgando todas elas. Com a minha raiva fui tirando uma por uma. Até rasguei umas bonitas nossas. Não me importava, quando ele abrisse aquela porta eu nunca mais colocaria meu pé nessa casa novamente. Não seria fraca o suficiente para voltar para ele.

Peguei a última foto da parede, me sentei no chão. Meus soluços poderiam ser ouvidos a quilômetros de distância. Passei o dedo sobre a face dele sobre a foto. Sorri.

Um sorriso sincero. Coloquei a foto sobre o peito e respirei fundo.

“Por favor, volte para mim” sussurrei e levei a foto aos meus lábios. Beijei a mesma e olhei para a parede agora vazia em minha frente.

“Por favor” Olhei para o teto “Livra esse mal dele. Traga o meu Stiles de volta” Implorei para sei lá quem esteja me vendo lá em cima. Se Deus estiver me vendo, que atenda o meu pedido.

“Lydia” Ouvi alguém me chamar, olhei para todos os lados a procura do dono da voz.

“Lydia” Novamente ouvi a pessoa me chamar. Levantei com dificuldade do chão.

“Quem está aí?” Perguntei limpando as lagrimas com o torso da mão.

“Lydia” Outra vez, procurei em todos os lados, coloquei até a orelha sobre a porta, mas o som vinda de dentro do quarto.

“Lydia” Era uma voz assustadora. Estava me dando arrepios.

“O que quer comigo?” Eu queria gritar, mas eu não conseguia. Doía a minha garganta a cada palavra. Eu estava me esforçando muito. Senti a minha visão ficar turva, me senti tonta. Me apoiei sobre a cama e acabei me deitando no lugar que eu me recusava a encostar.

Fechei os olhos e simplesmente sonhei.

“Lydia” Ouvi pela ultima vez a voz me chamar.

~~

Eu não entendia, estava dormindo e via o meu corpo relaxando normalmente sobre a cama. Minha alma conseguiu sair do meu corpo. Eu me olhava. Eu estava muito acabada.

“Lydia” Novamente aquela voz, até em sonhos ela me perturba. Olhei ao redor, diferente de quando eu estava acordada agora no quarto eu conseguia ver tudo. As fotos tinham voltado ao seu lugar anterior sem nenhum dano.

“Interessante” Disse passando a mão sobre as mesmas.

“Lydia”

A voz vinha de fora do quarto, abri lentamente a porta que por sinal estava aberta e não trancada como antes.

Caminhei lentamente pelo corredor, rezando para ouvir a voz novamente e encontrar o dono da voz. Passei pelo o meu quarto e vi Stiles sentado olhando para o horizonte. Ele chorava muito, em uma das suas mãos tinha uma faca afiada, ele brincava ela com os dedos. Resmungava algumas palavras que eu não conseguia identificar.

“Lydia” A voz vinha do andar de baixo. Deixei Stiles lá com a faca e desci as escadas. Na poltrona favorita de Stiles tinha um homem todo de preto sentado. Quando me aproximei ele virou expondo o seu sorriso branco. Eu não conseguia ver os olhos dele, estavam desfocados

“Finalmente nos conhecemos, Lydia Martin” sua voz era muito mais arrepiante do que antes.

“Quem... é... você?” Minha voz falhou ao falar, minhas pernas começaram a tremer, quando ele se inclinou o corpo para frente.

“Sou o demônio em pessoa, ops eu quis dizem em espírito.” Começou a rir da própria piada sem graça.

“Você é o responsável por ele estar daquele jeito?” Apontei para cima, ele sabia muito bem que eu falava de Stiles.

“Não” Ele limpou a garganta. “As responsáveis são as malditas vozes que dominaram o cérebro dele”

“Como faço para elas pararem?” perguntei.

“Elas não irão parar, até que ele se mate” Engoli em seco.

“Você que colocou elas na cabeça dele?” Ele começou a negar.

“Ele já nasceu com elas”

Ele se levantou e caminhou em minha direção, recuei alguns passos dele.

“Para ele se livrar delas de uma vez, as vozes precisam de um novo hospedeiro”

O homem veio em minha direção e eu comecei a gritar.

Acordei suando frio.

Olhei ao redor, havia um prato de comida fresquinho ao lado da porta com um bilhete.

“Precisa se alimentar. Quando estiver mais calma conversaremos.

p. s.: Quanta audácia sua estragar todas as nossas fotos. Se prepara a sua punição.”