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História Dr. Pepper - Persistência


Escrita por: yookione

Notas do Autor


OIE

Eu sei, demorei de novo. E, eu sei, o capítulo ta enorme.
Esse capitulo é importantíssimo e ele ta enorme assim mesmo pq a vida da dessas. Nem todos os capítulos vão ser grandes desse jeito, é só hoje... E talvez outros dias também, veremos.

Como q para compensar esse capítulo enorme, tava pensando em fazer umas edits bem supimpa pra colocar nas imagens de capítulo. Eu já to com um molde pronto, só falta a coragem sjdalskdjlk

Muito obrigada aos que estão acompanhando e dando amor a Dr. Pepper <3

Até as notas finaaaaais

Capítulo 3 - Persistência


Fanfic / Fanfiction Dr. Pepper - Persistência

Quando eu abro a porta do meu apartamento, estou imundo. Fecho a porta atrás de mim e começo a desabotoar a camisa impregnada de poeira e lama e, devido ao meu corte no braço, também sangue. Quanto ao corte, o sangue já se estagnou. Mas a fenda, que tem o comprimento de uma colher, precisa urgentemente de uma limpeza.

Apenas por segurança, olho o celular mais uma vez. É válido citar que na volta para casa eu já o chequei mais de vinte vezes e nada, literalmente nada, sobre Yooa e Kyungsoo. As mensagens que aparecem na tela em sua maioria são de colegas de trabalho, que sabiam que eu estava no local do acidente, perguntando o que aconteceu, dizendo que preciso dar informações urgentemente, que terei que ir para o trabalho amanhã escrever a melhor manchete da minha vida, e etecetera.

A outra pequena parte é de familiares, como meu pai e minha mãe e meus mais queridos primos e tios, se preocupando e querendo notícias, pois eles sabem que era lá que meus amigos trabalhavam. 

Até meu avô ousou pegar seu celular e me mandar mensagem.

Mais de quinze ligações só da minha mãe.

Obviamente, os respondo primeiro. Ligo de volta para meus pais. “Sim, estou bem”. “Foi só um corte, juro”. “Eu sei limpá-lo, pai”. “Eu só preciso descansar”.

Mesmo tendo alegado essa última frase, descansar é a última coisa que faço. Primeiro, eu tenho que me dar par da situação com todos os meus colegas, falar algumas informações que eles não sabem, e prometer que estou preparando o artigo para amanhã.

Mentir faz parte do trabalho de não enlouquecer com seus maravilhosos colegas de trabalho.

Depois, tomo banho. Limpo o machucado com um algodão molhado em água oxigenada, o que faz meus olhos lacrimejarem por causa da ardência. E, por fim, visto alguma roupa folgada. Demoro muito em cada ação, pois minha mente está em outro lugar.

Está em Kyungsoo e Yooa e em como fui bobo em deixá-los sumirem do meu radar. Eu ainda não consigo acreditar que consegui os deixar para trás; eles estavam bem atrás de mim!

Esfrego as mãos no rosto tentando me acalmar, ficar me repreendendo não irá fazer com que eles apareçam bem aqui, batendo à minha porta. Eu preciso comer.

Meu apartamento não é grande, não há necessidade já que não o divido com ninguém. Há uma bancada de madeira clara que separa a cozinha da sala. Já na sala, há um tapete felpudo (que me dá um enorme trabalho para limpá-lo) cobrindo a maioria do chão. Em cima dele estão encostadas num canto da parede um sofá branco e uma televisão, que raramente é ligada. Em outro canto, está a minha mesa.

Minha mesa está sempre desarrumada, não importa o quão meticulosamente organizada esteja o resto da casa. Sempre haverá um laptop, vários papeis e pastas espalhados por toda sua superfície e cabos e pen-drives também emaranhados por ali e, principalmente, milhares de canetas que somem quando que eu mais preciso delas.

Mesmo que ela esteja toda encoberta por minha bagunça, traduzida da minha vida que tem estado totalmente corrida, eu sempre acho um jeito de arredar a zona um pouco, deixando uma superfície de vidro livre para eu fazer minhas figuras de biscuit.

Eu cubro o espaço com um pano, pego as massinhas na estante do meu quarto, e começo a modelar qualquer coisa.

Preciso fazer mais da cor vermelha.

Modelar é algo que realmente me tranquiliza e eu procuro fazer sempre que me sinto estressado demais. Amassar a massa entre os polegares como se estivesse descontando toda minha angústia ali. É sempre revigorante. Às vezes, eu ainda pego minha varinha e desenho mais detalhes na massa, mas nesse momento eu só quero ver algo se formando enquanto extravaso minha ansiedade.

Estou enrolando uma pequena bolinha preta, do tamanho de um grão, para fazer um olho de mais algum bonequinho, quando meu celular toca. Eu praticamente pulo na cadeira e amasso a bolinha que eu estava fazendo, mas não tem problema, porque quando pego o celular de cima da mesa e olho a tela, é Kyungsoo que está ligando.

Eu atendo, e vou disparando perguntas como uma metralhadora.

– Kuyungsoo, onde você está? O que aconteceu? Você está bem? Cadê a Yooa? PORQUE VOCÊ SAIU DE TRAS DE MIM?! – Eu desconto toda a minha angústia no microfone do meu celular, querendo desesperadamente notícias.

– Calma. – Ele fala tranquilo, e eu suspiro de tanto alívio que chega a doer. Ele continua falando sereno. – Acabei de chegar em casa, e finalmente consegui carregar meu celular. Aconteceu que, no meio da correria de sair do prédio, eu fui empurrado contra parede e acabei caindo no meio da escada. As pessoas começaram a passar por cima de mim para conseguir sair do prédio e, bem, salvar suas vidas. No meio de todo o processo de Yooa me tirar do chão e eu conseguir levantar, eu torci meu tornozelo. Tinha muita gente saindo.

Ai, não.

–  Continua – eu respiro fundo, fazendo uma careta, sem certeza se quero ouvir. Meu peito dói em uma mistura de alívio e raiva.

– Depois que conseguimos nos levantar, nós só corremos para a saída. E corremos mais ainda depois que saímos, sem previsão para pararmos. Quando Yooa escutou meus gemidos de dor atrás de si, ela pela primeira vez notou como eu estava andando. Nem eu tinha percebido a dor que estava sentindo. Ela ficou apavorada, e me guiou para o hospital mais próximo, mas era para onde todos os outros estavam indo também. Demorou muito para eu conseguir uma radiografia, mas, ainda bem, não tinha nenhum osso quebrado.

Eu persisto em silêncio, então ele continua:

– Não pudemos ligar para você porque Yooa perdeu o celular dela no prédio, e o meu não tinha bateria. Eu pedi para todo mundo que eu vi que podia ajudar, pedindo algum carregador, ou até um celular para ligar para você. Mas estava todo mundo ocupado demais.

Como resposta, eu dou um suspiro profundo. Meus olhos marejam involuntariamente.

Em nenhum momento de sua fala Kyungsoo oscilou ou ameaçou chorar, acho que isso sequer passou em sua cabeça. Essa é uma das coisas que aprecio nele: ele é forte. Muito mais forte que eu. Às vezes enquanto o conhecia, eu achava que ele estava fazendo pouco de situações que pareciam importantes para mim, quando na verdade ele só estava tentando achar uma maneira lógica para resolver tudo, sendo assim importantes para ele também.

– Baekhyun, não tinha como você voltar para buscar a gente – ele tenta me consolar. – Você só iria atrapalhar mais a passagem das outras pessoas.

Eu sei. Eu sei.

– Eu sei. Mas eu não estou triste por causa disso. Eu estou irritado porque eu não quero que vocês sintam dor, eu quero que vocês fiquem bem, os dois.

Eu ouço uma risada triste do outro lado da linha.

– Você, sempre se preocupando com os outros, mal percebendo que o pior já passou. Estamos bem, Baek.

Por um momento bem curto eu acredito em suas palavras e permito aliviar-me. De fato, talvez o pior tenha passado. Nada mais vai acontecer e nós poderemos reconstruir nossa vida depois disso, com muito esforço e persistência, mas conseguiremos. Afinal, o pior já passou.

Mas então eu me lembro das palavras do policial e sinto um arrepio passando como uma agulha por minhas costas.

“Haverão mais atos.”

Eu engulo em seco.

- É, talvez sim, pinguinzinho.

~~~

No trabalho, eu não paro de pensar em como esse ataque terrorista não faz sentido.

A informação que me foi passada é que eu tenho que escrever essa matéria, mesmo que ela não seja muito de minha área. Meus colegas me imploram para escrevê-la, e o chefe simplesmente me deu o caso. Mas, quanto mais eu pesquiso sobre ele, menos faz sentido na minha cabeça.

A Polícia afirmou que é um ataque terrorista contra o desenvolvimento da Coréia do Sul, e que o governo está investigando entradas invasivas em seu sistema, vindas da Coréia do Norte. Mas ainda assim, eu não consigo engolir.

Faz tempo que a Coréia do Norte nem trisca em nosso nome, e há poucas 2 semanas fizemos uma reportagem sobre isso. E, pensando no jeito que aquele pais age quando quer algo, não chego à conclusão de que atacariam o maior prédio de comunicação e informação da coreia, deixar um bom bocado de pessoas escapar, não se pronunciar sobre o caso, e nem dizer sua intenção com isso.

Porque, claramente, todas as informações que eu recebi até agora vieram da própria Coréia do Sul, que alega que foi um ataque surpresa e que talvez haverá mais. “Mas nós estamos atentos”, disse o presidente, “Não queremos começar uma guerra, apenas nos defender, e estamos trabalhando duro para fazer isso da melhor forma possível. Estamos infiltrados no sistema deles, e prometemos prever os atos e fazer o possível para proteger o nossos cidadãos caso eles voltem a acontecer. Enquanto isso, estaremos negociando com a Coréia do Norte, em busca de satisfazer seus interesses, sem ser necessário um conflito armado.”

Não faz sentido, pois ele não falou quais são os interesses, o que está em jogo afinal, e eu tive que simplesmente omitir isso e continuar a escrever. Isso me irrita.

Mas, ainda assim, eu escrevi a matéria, a editei e já estou mandando para a gráfica.

Enquanto o arquivo é  enviado, continuo vasculhando notícias sobre o acidente. As informações passando rapidamente pelos meus olhos.

“Mais de 150 pessoas feridas e 90 mortes confirmadas”

“Senhora Lee Seunghee procura sua filha desaparecida desde o ataque ao Korea Times, Lee Junyeon, de 21 anos”

“Bombeiros dizem que ainda podem haver cerca de 70 corpos desaparecidos de baixo dos escombros”

Meu coração dói a cada notícia, se apertando cada vez mais e mais, entretanto eu já aprendi a lidar com essas coisas no trabalho. Um dos melhores conselhos que Yooa deu a mim e Kyungsoo quando começamos a trabalhar no Korea Times é fingir que foi há muito tempo atrás, ou que foi muito longe desse país. Como se fosse uma realidade distante.

No começo era difícil, eu simplesmente não conseguia. A gente via cada coisa...

Cada foto passava por nós antes de ser censurada e, pronto, estar no jornal. Era uma tortura. Era sangue, mais sangue, e mais sangue.

Hoje em dia, quase não dá para perceber a minha dor. Meus olhos estão tão opacos quanto os de qualquer jornalista experiente, como se estivéssemos apenas revirando a timeline do Facebook.

Eu não trabalho mais com notícias policiais, então não tenho que lidar tanto com elas, mas às vezes quando não há quem escreva essas notícias, ou quando preferem a escrita do “Byun” acima de alguma outra, eu tenho que lidar com elas.

Tanto aqui quanto no Korea Times, eu sempre fui um dos melhores jornalistas. É uma pena que eu não tenha tido muito proveito deste fato no Times. Ou talvez eu tenha tido demais, e por isso aconteceu o que aconteceu.

Minha cabeça dói e está confusa à essa altura do campeonato. Não só pelas notícias ou pela altura do meu escritório em relação ao chão lá em baixo, que já são bem cruéis, mas sim porque minha noite de sono hoje foi horrível. Só consegui dormir às três horas da manhã, e, como resultado, minha cabeça gira agora.

Quase suspiro de alívio quando olho no meu relógio e percebo que já é horário do almoço. Ou seja, hora de ligar para Yooa e Kyungsoo e falar com meus, às vezes simpáticos, colegas de trabalho.

~~~

– E então, Byun, o que está achando de tudo isso? – Fala Junmyeon, enchendo sua caneca que muda de cor a medida que o café a preenche.

Estamos no que chamo de um “intervalo para o café”, para encher nossas canecas de droga liquida, e tivemos a sorte de vir à mesa de bebidas juntos. Na mesa, encontram-se garrafas de chá e café e um potinho do lado com açúcar. E também há, apenas por minha causa, uma garrafa só de chocolate quente.

Normalmente isso se dá em uma conversa.

Junmyeon, em suma, é legal, e é uma das poucas pessoas com quem simpatizo nesse prédio. Entretanto, não tirar os olhos do celular é uma das coisas que me tira do sério em si.

– Bom... – balanço o chocolate quente na minha caneca, tentando ignorar o fato de que ele não olha para mim quando falo – Não paro de pensar no número de pessoas feridas e mortas, e nas pessoas que estão sofrendo a dor das perdas. Sinceramente, como isso pode acontecer em um dia tão comum, do nada? É tão estranho, parecia um dia normal.

– Eu sei como é – ele encosta na parede e deixa a caneca de lado na bancada para poder digitar mais um pouco. Eu seguro um revirar de olhos. – Você estava lá, não é? Por isso não veio para o trabalho?

- Sim... foi horrível. – Balanço a cabeça, me lembrando do prédio e da sensação de ele estar desabando acima de nossas cabeças.

– Você deveria pedir para o chefe o resto do dia de folga... – Ele toma um gole do café e o deixa de novo na bancada. Ele continua a não olhar para mim, e parece que suas palavras são jogadas no ar. – Aposto que isso seria mais que justo. O que temos para você aproveitar? Quatro horas? É, dá para ir no cinema e voltar. Deveria relaxar a mente.

Franzo as sobrancelhas.

– Deveria? A última vez que tirei folga parece que faz mais de séculos...

– Claro que sim. – Diz ele olhando para o celular e pegando sua caneca. – Vamos, eu te levo a sala do chefe.

Ele finalmente coloca o celular no bolso. Em seguida, porém, segura no meu ombro, me empurrando junto consigo em direção a sala do gerente.

– Não, não... – começo a negar. – Acho que não tem necessidade, Jun...

Quando percebo, lá estou eu em frente a porta do meu chefe, com a maior cara de bobo e uma caneca de chocolate quente escrito “I love my grandpa”.

Jungmyeon olha no meus olhos para dizer “descanse” antes de voltar para sua sala.

Respiro fundo e bato na porta, o que diabos eu vou falar?

~~~

Há quem diga que o meu chefe é um dos melhores chefes do mundo. Depois de eu dizer que já tinha mandado o artigo para gráfica, ele nem me deixou pedir a bendita folga, ele só disse que eu deveria ir para casa e “descansar”. Agora eu tenho o resto do dia de folga e não faço a mínima ideia do que fazer. Legal.

Não é que eu seja uma pessoa desinteressante nem nada, talvez eu seja, mas é só que há mais de uns três anos meu corpo está decidido a trabalhar todo o dia, o dia todo.

Então tento pensar no que eu não faço quando estou trabalhando, normalmente.

Vovô? Não é dia de visita, não acho que seria interessante eu aparecer lá do nada.

Yooa ou Kyungsoo? Ambos dando um jeito de trabalhar em um novo escritório, em um novo prédio, extremamente apertado.

Portanto, acho que o que me sobra são minhas esculturas de biscuit em casa.

Estou vasculhando meu bolso em busca das chaves do carro quando meu celular começa a tocar no outro bolso. Respiro fundo, deve ser alguém querendo ajuda. Eu juro que não quero ser esnobe, mas 24 horas por dia funcionários de todas as áreas do jornal me procuram para ajudá-los com matérias, com dicas, e etc.

E eu meio que gosto de ajudá-los, embora seja cansativo.

Entretanto, quando eu olho a tela do celular, não é nenhum número que eu conheça que está ligando, o que me assusta um pouquinho antes de eu atender.

– Al...

– Alô, alô, senhor Byun Baekhyun! – Saúda uma voz grave de locutor de rádio. – O senhor acaba de ganhar um cupom valendo um jantar inteiramente grátis no Tavolo 24!

Eu arregalo os olhos.

– Sério??

Tavolo 24 é simplesmente um dos restaurantes mais chiques da cidade. Nunca fui lá, no entanto, apenas ouvi falar.

– Claro que sim! – E então a voz de locutor de esvai. – Juntamente com um maravilhoso e lindíssimo escritor Best-Seller. É, aquele de cabelos vermelhos.

Park Chanyeol.

E então meu sorriso some, substituído por uma feição de puro descontentamento. Tinha até esquecido desse cara.

– Isso era para ser um convite?

– Não.

– Ainda bem, porque...

– Não é um convite por que você claramente vai comigo. Te busco aí daqui a uma hora.

– Espera, o que?! – Nesse momento eu quero xingá-lo tanto quanto minha boca aguentar, mas eu me contenho. – Primeiramente, como você sabe onde eu estou?

– Seu escritório está escrito no cartão.

Ah, claro.

– Segundamente, porque eu deveria ir com você?

– Porque...? Bom, eu sou famoso, jornalistas não são loucos por pessoas famosas?

Babaca. Idiota. Filho de uma...

Mas ele está certo. Nós somos loucos por pessoas famosas, ou qualquer coisa que possa nos dar uma nova matéria, ou, no meu caso já que não trabalho com celebridades, ao menos ter a informação e trocá-la com alguém.

Não é por isso, porém, que eu penso em aceitar o convite. Mas sim porque eu realmente estou sem nada para fazer e pelo menos ter o, nada pequeno, Park Chanyeol para me distrair, já seria lucro.

Respiro fundo.

Mas nem que a vaca tussa eu vou deixa-lo ganhar tão fácil.

– Me convença a ir – desafio.

– Falar que eu sou Park Chanyeol não é bastante?

– Park-quem...?

Ouço um suspiro no telefone.

– Você não parece estar trabalhando agora, porque senão teria desligado o telefone, então deve estar procurando alguma coisa para fazer. Eu com certeza não vou deixá-lo entediado, e seria legal se eu te conhecesse melhor.

Sorrio escancaradamente, ganhei.

Talvez, talvez, a última parte tenha sido forçada a sair, pois pareceu tímida e baixa quando saiu. Estaria ele flertando comigo, ou alguma coisa assim? Quero dizer, as primeiras coisas que as pessoas pensam quando falamos em Park Chanyeol são:

1. Escritor Best-seller 

2. Cabelos extremamente vermelhos

3. Gay, e com orgulho. E ainda abraça os gays, e conversa com os gays sobre seus livros gays, e ama os gays.

Mesmo assim, sendo realista, ele não chegaria assim em uma pessoa. Não, seu ego, que eu já sei que existe, não o deixaria fazer isso. Me conhecer? Não vejo o que eu poderia ter de interessante para oferece-lo. Reconheço que sou aceitável em beleza, mas não consigo ver uma possibilidade onde ele veja mais que isso.

Mesmo achando que exista outra explicação, eu aceito.

– Te encontro lá daqui a duas horas – digo, e então desligo o telefone.

~~~

Estaciono o carro faltando um minuto para o horário marcado. Perfeito.

Embora eu não esteja tão animado para esse jantar, ou encontro, ou seja lá o que isso for, eu tive que voltar em casa para me arrumar e ficar pelo menos um grau mais refinado. Porque eu sinceramente não iria aguentar ficar cheirando a escritório no meio de um restaurante tão elegante. Apenas trocar de roupa e pentear os cabelos depois de um belo banho está ótimo.

Entro no restaurante um pouco tímido já nunca estive aqui antes. Esse é um dos melhores restaurantes da Coréia, mas também um dos mais caros. Nunca tive animo ou dinheiro o bastante para vir aqui.

Continuo não tendo dinheiro o bastante, mas trouxe o que posso gastar sem falir. O resto o senhor Park Chanyeol pode arcar já que a ligação começou com “um jantar grátis”.

– Seu nome, senhor? – A recepcionista pergunta, e eu respondo sorrindo. – Convidado de Park Chanyeol, sim? Posso guiá-lo a sua mesa?

Ela me leva à uma mesa no canto do restaurante, bem de cara com uma janela de vista para o transito iluminado de Seul. Agradeço aos céus pela vista não ser muito alta: posso lidar com dois andares.

E lá está ele, Park Chanyeol, sentado à mesa. A luz iluminando seu rosto quase que de forma calculada para o deixar mais bonito ainda.

Um babaca sem tamanho, mas que ainda consegue ser charmoso.

A recepcionista arrasta a cadeira para mim e eu me sento à frente dele. A gola alta de seu suéter preto o dá um ar completamente sério e profissional, mas eu já o vi agindo como um bobo em outras fotos e posso dizer que ele ri como uma criança em alguns vídeos.

Ele sorri para mim e eu desvio o olhar. Droga.

Não é que eu seja fã dele ou algo assim. Eu juro. Quer dizer, como todo coreano que se preze, eu li alguns livros dele, eu gostei de todos, mas, porra, não tem como negar que ele é extremamente bonito.

Porém, eu tenho que continuar martelando na minha cabeça “volte para a realidade, ele é só um babaca”.

– Você está atrasado – ele diz, egoísta como o esperado.

Egoísta como na hora em que me tirou do meu estado de desespero apenas para perguntar meu número.

É, ele é um babaca.

– Não, não estou, senhor perfeitinho – digo, franzindo as sobrancelhas. – Eu disse duas horas, e aqui estou eu exatamente no horário.

– Mas eu disse uma hora primeiro, portanto o senhor está certamente uma hora atrasado no meu relógio – ele sorri vitorioso, e chama o garçom.

– O que?! Gostaria de lembra-lo que não é só sua palavra que vale sempre... – continuo falando irritado enquanto ele pede o cardápio ao homem de gravata borboleta. Mas ele sorri quando o garçom se vai, o que me faz ficar mais furioso ainda. – Você é estúpido assim mesmo ou só se faz?

Ele fala algo ininteligível.

– Que? – Eu pergunto. – Fala mais alto, eu não tenho uma super-audição, sabe?

– Você faz biquinho quando fica bravo. – Ele repete, e os cardápios chegam.

Eu estreito os olhos e minhas bochechas ardem de vergonha e raiva.

Chanyeol realmente não tem limites.

Ele me dá um cardápio com um riso fraco, e, com isso, eu decido ignorar sua petulância. Ele obviamente está só brincando comigo. Uma brincadeira infantil e extremamente irritante, mas ainda uma brincadeira.

Convenço-me de que tenho que relaxar; não posso deixar que ele me irrite tão facilmente. Estou cansado e estressado por tudo o que aconteceu, mas eu tenho agora a oportunidade de descansar a mente. Não posso estragá-la.

Quão menos Chanyeol.

Eu acabo por rir também, pois a situação é realmente embaraçosa.

– Você não é o primeiro a dizer isso – digo, lembrando de toda a minha família, e de todas as fotos nos seus celulares do “biquinho do Baekhyun” de quando eu era bebê, criança e adolescente. Hoje, eu ainda me esquivo das fotos que tentam bater, mas mesmo assim eles conseguem algumas.

– Claramente não – ele sorri por trás do cardápio, escolhendo seu prato. Seu cabelo vermelho brilhando por causa da luz.

Nós pedimos os nossos pratos, depois de eu ficar um bom tempo escolhendo, e então ele apoia a cabeça na mão e olha para mim. Exatamente para mim.

E ele fica um tempo assim, como se estivesse me estudando, e eu penso seriamente na possibilidade de bater na sua cara para poder parar de me deixar constrangido, mas, antes que eu possa fazer algo, ele fala:

– E então, Baekhyun, me fale sobre você.

Eu o levanto uma sobrancelha.

– O que eu devo falar? Provavelmente sou uma pessoa hiper mega ultra desinteressante pra você.

Chanyeol ergue as sobrancelhas, com um sorriso estampado na boca, como se estivesse surpreso com tal afirmação.

– E porque pensa isso?

– Ah, sim, você não sabe... – reviro os olhos, como se ele estivesse brincando com a minha cara. – Começando pelas coisas mais óbvias, você mora numa casa enorme onde tem tudo o que quer, é o escritor mais famoso da Coreia, e tem praticamente qualquer pessoa aos seus pés. Agora, me diz, o que eu teria que as outras pessoas não teriam para te dar?

Chanyeol acena com a cabeça, como se eu tivesse dado bons argumentos. Mas ele ainda não está derrotado, na verdade eu duvido de que algum dia Chanyeol se sentirá verdadeiramente derrotado em uma discussão.

– Eu não sei se você notou, mas, além de famoso, eu sou escritor. Um escritor que escreveu histórias onde personagens simples eram os mais amados. Onde parágrafos enormes eram feitos apenas para descrever costumes simples, seja preferir sorvete de morango ao de chocolate, ou odiar o cheiro de café. Seja não gostar de certa menina da escola, seja ter o maior objetivo do mundo aprender a tocar violão. Porque as pessoas são únicas, tão quanto meus personagens, e eu aprecio eles mesmo sendo simples, e, para quem não conhece, sem graça. Mas só quem não conhece acha eles sem graça. Então, onde eu quero chegar com isso, Baekhyun, é que o que você tem, que as outras pessoas não têm, é você mesmo.

Quase consigo ouvir o baque do meu queixo quando ele cai. Se ele tinha intenção de me fazer ficar não só impressionado, como também constrangido, ele conseguiu.

Ele enxerga os detalhes, é claro que enxerga, eu li os livros dele, eu sei exatamente do que ele está falando. Então, como não pensei nisso?

Eu finalmente me toco do quanto eu estava sendo equivocado quanto a Chanyeol.

Que burrice...

– Desculpe – falo baixo, desviando o olhar de si. Não queria ter falado tal palavra, mas realmente me sinto mal por ter pensado tantas agulhas sobre Chanyeol quando, na verdade, ele pode não ter nenhuma.

De relance, observo um sorriso maroto em seus lábios, como se estivesse estudando uma espécie engraçada de ser vivo. Tenho vontade de jogá-lo de um prédio, ou pegar a faca que está sob minha mão, na mesa, e fazê-lo em picadinhos, mas me seguro.

– Não precisa se desculpar – ele fala sorrindo quando o champanhe que pediu chega, o garçom serve nossos dois copos. Ele ergue o seu. – Um brinde, às coisas simples.

Eu o observo por uma fração de segundo. Seus cabelos vermelhos, tão famosos por todo o país, estão brilhosos e sedosos aglomerados em cachinhos acima de sua cabeça, a iluminação acima de si contorna todos eles. Sua sobrancelha levantada me dá a impressão de que ele está brincando comigo. Então eu me lembro de uma de suas mais famosas citações de seu mais famoso livro.

“Kim JunHo não brinca com vocês porque está sempre brincando com a vida. Procurando quem ganha num mar de dúvidas, sentimentos e paixões.”

Chanyeol também está brincando com a vida, mas além disso está brincando comigo. Pelo menos é o que aparenta, e eu não sei se fico animado ou desconfiado com isso.

Seja o que for, eu também ergo meu copo e digo em voz alta “às coisas simples” triscando com o dele em seguida. Bebo um gole do conteúdo e sinto as estrelas do champanhe brilharem dentro da minha boca e descerem como purpurina pela minha garganta.

De alguma forma, eu sei. Essa noite ainda está só começando. 


Notas Finais


então o que acharaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaam?
nosso primeiro encontro chanbaek, e já tivemos um desentedimento ali opa, desvia.
ESPERO DE VERDADE QUE VOCÊS ESTEJAM GOSTANDO, mil perdões por esse capíulo ter ficado grande, mas era necessário. Sempre é necessário.

E mais, só pra deixar bem claro, ainda vão ter alguuuumas complicações quanto a esse "terrorista" que atacou o prédio do Times. Fiquem ligadinhos, porque, mesmo que vocês saibam quem é, baekhyun menino não sabe e nem vai saber tão cedo. Vai sofrer bastante com esse caso o tadinho :(
Obrigada a quem está dando apoio, e (vo pedir como coreana agora), continuem dando amor para Dr. Pepper <3~~~

bjos na bunda e fiquem com Deus


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