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História Dr. Pepper - Rosie's Diner


Escrita por: yookione

Notas do Autor


ADIVINHEM
eu quero que vocês ADIVINHEM

QUEM FOI QUE CONSEGUIU SAIR DAS TREVAS COM ESSA FIC E AINDA POR CIMA TRAZER LINDISSIMAS CAPAS DE CAPITULOS COMO O PROMETIDO????

é, foi só eu mesmo, n era ninguém importante não.

Mas enfim, sei que eu demorei. Mas, como disse, estou brotando das trevas e irei seguir com essa fic sim. Espero que tenham gostado das imagens de capitulo, passei o dia todo fazendo :BB

Anyways, boa leitura e até as notas finais!

Capítulo 5 - Rosie's Diner


Fanfic / Fanfiction Dr. Pepper - Rosie's Diner

[Já to saindo de casa]

Mando a mensagem enquanto me lembro apenas de passar perfume antes de pegar a chave do carro em cima da estante da sala.

[Vou pegar o Kyungsoo]

[Ok, não esquece do presente]  

Eu fecho a porta do apartamento e chamo o elevador.

Suspiro de alívio ao me lembrar que, sim, coloquei o presente na bolsa. Não estava a fim de voltar em casa e pegá-lo se tivesse esquecido, embora saiba que teria o feito de qualquer forma.

Yooa me pediu uma bailarina de vestido vermelho, com estrelinhas amarelas, para dar a sua amiga chinesa no seu aniversário que será daqui a uma semana. Ela me pediu isso já faz um bom tempo, e apenas agora que eu acabei estou podendo de entregar.

Eu amo quando tenho encomendas assim; parece que estou realmente esculpindo para alguma finalidade e não só moldando coisas aleatórias que aparecem no meu cérebro. Mas não é como se eu anunciasse isso para Deus e o mundo: são pequenas coisinhas simples que me fazem gostar de encomendas.

O elevador chega e não passo muito tempo para chegar ao térreo; meu apartamento é no primeiro andar (assim como eu queria que tudo fosse também).

Eu tenho esse medo de altura, eu admito, mas não é algo de que me orgulhe. Me priva de muita coisa. Como, por exemplo, viajar de avião. Só deus sabe de quantas viagens eu já desisti apenas pelo fato de ter de ir naquele monstro. Apenas imaginar o mundo inteiro abaixo de meus pés já me faz estremecer.

Dirijo até o prédio de Kyungsoo. Tenho que buscá-lo porque ele não consegue dirigir com o pé torcido e, quando chego, imediatamente reparo no seu prédio tão alto que eu não consigo ver o topo pela janela do carro, nunca superei o fato de ele morar no vigésimo andar. Isso sempre me deixa impressionado.

Mando uma mensagem para ele dizendo que já estou aqui e ele senta no meu banco de carona dez minutos depois.

A cena que se segue é engraçada. No momento em que ele entra no carro, nossas expressões ficam completamente distintas; eu, olhando para a tala em seu pé e sua bengala, preocupado e esperando explicações. Já ele, me olha com uma sobrancelha levantada e um sorrisinho malicioso nos lábios, e eu provavelmente já sei no que, ou melhor, em quem, ele está pensando.

Quando percebemos que nossas ideias estão em polos totalmente diferentes, soltamos uma gargalhada. Eu apenas balanço a cabeça, arrancando com o carro e seguindo pela avenida.

–  Nem um oi, ou um como você está, credo. Que amigos horríveis que somos. – Ele reclama, olhando para a janela. E então se vira para mim novamente, determinado. – Mas eu realmente quero saber quem é esse cara aí.

Eu rio.

–  Também quero saber como está sua perna, mocinho – falo, disposto a deixar Chanyeol de lado o máximo que eu conseguir. – Ainda dói?

–  Não muda de assunto, seu idiota! – Ele empurra de leve meu ombro, rindo. – Eu tenho o direito de saber quem é, eu sou seu melhor amigo.

–  Yooa também tem, ela é minha melhor amiga.

De soslaio, eu vejo seu queixo cair.

–  Você está me dizendo que eu vou ter que esperar estarmos sentados com Yooa para você poder me contar?

Dou de ombros.

–  Estou dizendo que talvez eu não conte para nenhum dos dois.

Ele me empurra de novo e eu apenas rio. Com sua desistência em saber sobre Chanyeol, eu persisto em seu tornozelo. Não dói tanto assim, ele me conta, mas ele ainda tem que ir no médico mais duas vezes antes de poder retirar a tala, duas semanas - de tentativas - de repouso. Eu lamento por si, dizendo que devia descansar, mas ele ignora, pois, eu sei, ele mal suporta ficar tão debilitado, imagine então ficar inativo.

Ele me conta como está sendo no trabalho, bem pior do que no meu; todas as áreas tem que arrumar uma maneira de falar sobre o Ataque em uma de suas matérias, e todos estão extremamente focados no assunto, qual está deixando praticamente todos os jornais loucos com tanta informação. Eu já desconfiava que o Korea Times não deixaria barato e persistiria no ataque tanto quanto pudesse; aconteceu com eles, no final de contas.

O problema é que, com essa mistura louca de informações, tem sido um inferno para eles. Todo mundo está discutindo, assim como no nosso jornal, Herald. E Kyunsoo tem dado cada resposta ignorante que ele poderia fazer um livro das frases tranquilizadoras de Yooa, que são consequências desses surtos. “Não seja assim” ele exemplifica, imitando a voz manhosa de Yooa “seja gentil com as pessoas, elas só estão estressadas. Pense em coisas serenas, tudo vai ficar bem”.

Ela ajuda, ele fala, mas também o dá nos nervos.

Finalmente, chegamos no Rosie’s Diner e, mesmo no estacionamento, as luzes de neon do seu nome nos iluminam com um vermelho forte.  Olho para o lado e vejo Kyungsoo sorrindo ao ver o restaurante, animado. Nós saímos do carro, Kyungsoo com suas muletas, e eu travando as portas.

Esse restaurante é um dos lugares em que vamos bastante, os três, pois é uma das poucas comidas que concordamos em comer juntos: gordurosa, frita, e com gosto de juventude. Quando não nos encontramos aqui, também pode ser na praça de alimentação do shopping onde tem todo o tipo de comida.

Pessoas de todas idades vem aqui. Até idosos, graças a sua principal atração: a exposição de velhos carros dos anos 40, feita às quintas. Fora isso, o restaurante também é todo decorado para dar a sensação de volta no tempo. Eu acho interessante, embora não seja do meu tempo, especificamente.

Yooa está sentada em uma ótima mesa, encostada em uma das largas janelas no final do estabelecimento. Seu olhar distraído na escuridão da noite, enquanto vez por outra toma o milk-shake de morango em sua mão. Me pergunto quem ela teve que persuadir para sentar ali.

Quando chegamos na mesa, ela me abraça forte, como sempre, me balando de um lado para ao outro como se fosse minha tia quando me vê, extremamente feliz. Afastada de mim, ela tenta oferecer ajuda a Kyungsoo para se sentar no sofá.

–  Quer que eu segure as muletas? – Ela pergunta com seus olhos arregalados, preocupadíssima.

Como o previsto vindo de Kyungsoo, sua preocupação é descartada de primeira.

–  Acho que eu sei me sentar em um sofá Yooa, mas se ainda estiver com pena, me deixe sentar na janela.

–  Que? – ela faz um bico, como uma criança, mas quando vê que Kyungsoo não arreda o pé, ela aceita e o deixa passar para ficar com a janela.

  Eu rio dos dois, satisfeito por não terem me pedido a janela. Nós nos sentamos nos sofás de couro da mesa e eu pego o cardápio, começando a escolher entre o hambúrguer de carne, queijo e fritas, e o de carne, queijo, bacon e fritas, realmente dividido entre as duas opções. Por um momento levanto os olhos e me assusto quando percebo que os dois estão me encarando, esperando.

Eu reviro os olhos e bato o cardápio contra a mesa, eles começam a rir.

–  Parem com isso, vocês parecem dois psicopatas, seus retardados! – Eu levo a mão aos cabelos e deslizo até cobrir a boca, em um único movimento, como se estivesse indignado. – Sério, até parece que eu sou uma celebridade ou coisa assim.

–  Mas pra gente, você é – Yooa encolhe os ombros.

–  Fora que você não tem nenhum direito de reclamar – Kyungsoo aponta o dedo pra mim – Foi ainda pior quando Yooa falou que tinha sido pedida em namoro, você lembra? Quase largou seu emprego apenas para ouvir isso da boca dela.

Eu desvio o olhar. Quase perdi o emprego naquele dia.

–  Fala logo, Baekhyun. Para de enrolar... – Yooa pede, daquele jeito manhoso que ela sempre tem quando quer nos persuadir a fazer alguma coisa.

E então eu cedo.

–  Park Chanyeol – eu suspiro e volto a olhar o cardápio.

–  Park Chanyeol? A porra do Park Chanyeol?! – Yooa grita, e, na mesa ao lado, alguns adolescentes nos olham.

–  Puta que pariu, Baekhyun! Como você só veio contar isso agora?! Tá brincando com a gente?! – Kyungsoo tira o cardápio de mim e eu olho para o objeto se esvaindo da minha mão como se fosse um filho, e também minha única maneira de sobreviver a essa conversa.

Reviro os olhos.

–  Pois é, a gente se conheceu no dia do Ataque. Ele foi um puta babaca comigo, e eu o odiei, juro, queria explodir a sua cabeça. Mas só que ele me chamou para sair, e eu não deveria ter aceitado, mas eu acabei aceitando porque não tinha visto outra coisa para fazer na folga. Eu não tinha nenhuma esperança naquela noite, só queria comer e relaxar um pouco, mas – eu abaixo o olhar para as minhas mãos sobre a mesa - Chanyeol realmente foi legal no final das contas.

Eles ficam boquiabertos, os dois, sem saber o que falar.

–  Podem me dar o cardápio agora? – Tento de novo.

Kyungsoo bate na mesa, impressionado com o que acabei de contar.

–  Você não bateu nenhuma foto? Nadinha? Você sabe, acho que nós três somos os maiores fãs de Park Chanyeol que essa Coréia tem.

–  Só se forem vocês – rebato.

Yooa ri, uma risada fina, como se eu tivesse contado uma piada.

–  Claro, porque ter todos os livros dele na sua estante, exibindo como se fossem troféus, não são nada, não é?

Abano a cabeça. Ela tem razão, eu os exibo como se fossem bens preciosíssimos, afinal eles significam muito na vida. Mas isso não quer dizer que eu seja fã do escritor, o próprio. Apenas dos livros.

–  De qualquer maneira, tem gente pior – falo, na defensiva. – Como vocês, que estão pirando bem mais que eu.

Kyungsoo vai perguntar mais alguma coisa, provavelmente, pela cara de curioso que ele me faz quando abre a boca. Mas meu celular toca, sem estar no silencioso, cantando em alto e bom som os “run, run, run” do Bangtan Boys.

Tiro o celular do meu bolso e olho a tela.

Era só o que me faltava.

Não deixo Kyungsoo nem Yooa olharem a tela do meu celular e me retiro da mesa, mesmo que eu saiba que eles estão cochichando que é Chanyeol e... infelizmente acertando.

–  Alô...

–  Oi, Byun! – Eu ouço buzinas ao fundo de sua voz grossa, como se ele estivesse em um engarrafamento, ou estivesse fazendo muita besteira enquanto dirige. – Eu estou na rua, será que a gente podia ir a algum lugar?

Eu suspiro, discretamente. Tenho o forte desejo de dizer “eu, na verdade, estou trabalhando” apenas para poder curtir minha noite com meus amigos sozinho. O problema é quando percebo que eu, verdade seja dita, quero muito que ele venha. Quero que ele fale sobre coisas estranhas de novo, filosofe em plena mesa enquanto comemos, e que meus amigos vejam o quanto ele é inteligente.

Acabo por aceitar.

–  Conhece o Rosie’s?

...

Bons quinze minutos se passam, e nós já estamos no meio de nossos hambúrgueres. No entanto, Kyungsoo continua me perturbando.

–  Será que ele já está chegando? Vai demorar muito?

Ele não para de falar sobre Chanyeol, de verdade. Não para de perguntar como ele é, sobre o que ele falava quando saímos, sobre o que ele estava comendo. Eu sinceramente, estou começando a me arrepender de deixar o de cabelos vermelhos vir.

Eu pego uma das minhas batatas fritas, melo no Ketchup e passo no nariz dele antes que ele consiga desviar.

–  Porra, Baek!! – Ele pega desesperadamente guardanapos da mesa e começa a limpar o nariz. Eu apenas rio.

–  Vocês dois brigam demais. – Yooa fala com a boca cheia, com um biquinho que me faz rir mais ainda. – Kyungsoo, deixa o Baek em paz, senão é provável que ele pegue o Chanyeol, vá embora e deixe a gente só.

Eu ergo as sobrancelhas.

–  É uma boa ideia – rio.

–  O que é uma boa ideia? – De repente ouço a voz grossa atrás de mim, e me enrijeço completamente. Mesmo sem olhar, já sei que é Chanyeol, com seu sorriso de lado e cachinhos vermelhos.

Observo Kyungsoo e Yooa se levantarem admirados.

–  Ah, meu deus, eu não acredito! – Yooa tampa a boca com as mãos.

–  É uma honra conhecer você pessoalmente. – Kyungsoo começa a se curvar e eu tampo os olhos com a mão, querendo abafar a vergonha alheia que estou sentindo.

Após os dois se curvarem diversas vezes e conseguirem autógrafos (graças a uma caneta que, por sorte, Chanyeol tinha no bolso) nas suas capas de celular e na contracapa de suas agendas, finalmente eu me arrasto para o lado no sofá a fim de que Chanyeol se sente. Seu perfume invade minhas narinas como se me levasse para outro mundo.

Enquanto os dois piram juntos com os autógrafos que receberam, Chanyeol murmura discretamente pra mim:

–  Não sabia que você tinha amigos que eram meus fãs.

Eu rio de leve e tampo a boca com a mão, falando baixinho.

–  Desse jeito, nem eu sabia.

Chanyeol está mais despojado agora do que da outra vez em que sentamos juntos em uma mesa: seus cachinhos estão mais desgrenhados, e parecem muito mais naturais. Está com uma camisa preta, com finas listras brancas, e uma jaqueta de couro por cima, o que também, sinceramente, o deixa muito mais másculo.

Ok, ele ainda parece um cara rico e famoso.

Mas com certeza não parece um escritor tão filosófico vestido assim. Poderia até se passar por um adolescente rebelde qualquer.

–  Ah, aqui tem batata frita?! – Ele olha para meu prato, levando a mão para pegar uma de minhas batatas, mas eu bato nela antes que consiga.

–  Claro que tem. Nunca veio aqui?

Ele relaxa as costas na cadeira, como uma criança, frustrado por eu não ter lhe dado batata.

–  Na verdade, não. Eu meio que tenho uma dieta, e quando eu fujo dela eu vou pro Mc Donalds, ou algo assim...

–  Meu deus, ele faz dieta! – Yooa suspira baixinho junto a Kyungsoo, os dois nos olham como se fossemos duas estrelas.

Eu reviro os olhos e Chanyeol abre mais um de seus sorrisos marotos, fingindo não ouvir.

–  É pra fazer o pedido no caixa? – Ele pergunta.

–  Não, você pode fazer com uma garçonete mesmo. Olhe, tem uma atrás de você.

 

–  ...e então, apenas aquilo, aquele singelo olhar do meu melhor amigo, era o que estava faltando para eu completar aquela cena, e portanto, o livro. – Chanyeol continua falando, enquanto toma seu suco de laranja, já tendo acabado seu hambúrguer. A cada palavra, ele encanta meus amigos cada vez mais.

E meio que me encanta também.

Em alguns momentos eu chego a rir quieto, porque eu percebo que ele quer impressionar meus amigos e por isso fala tão dramaticamente. Quer contar o quanto ele é demais, e o quanto ele é genial por ter escrito todos aqueles livros, e o quanto sua mente é cheia de ideias que não acabam mais.

E é realmente impressionante, eu admito, quando ele fala de como ele tira as ideias para fazer suas cenas.

–  E quando Laurel morreu? Foi difícil para você escrever a cena? – Yooa pergunta, curiosa.

A morte de Laurel, a personagem principal do seu livro mais dramático, foi uma das mais emocionantes que já li. Todo mundo que eu conheço já se emocionou com essa cena, pois ela basicamente ocupa dez páginas com o progresso de uma jovem adolescente, de dezessete anos, se matando.

Deitada em uma banheira, ela cortava os seus pulsos de forma vertical, sem mais nenhuma esperança em sua própria vida, mas mesmo assim tentando se lembrar de alguma coisa que fez em toda a sua existência que realmente tivesse algum valor.

Aquela cena, que foi o desfecho do livro, me deixou pensando por dias. Eu já havia conhecido uma pessoa que não via mais nada de bom para se aproveitar em sua própria vida, e eu não conseguia parar de pensar nele e em como ele se foi cedo demais de minha vida, me deixando arrasado e sem nenhuma despedida sequer decente.

Por dias eu fiquei pensando “suicidas são puros babacas egocêntricos”.

Por outros dias fiquei pensando “eu só queria tê-lo feito ver o bom lado de si mesmo, estou com tantas saudades”.

–  Se foi difícil? – Chanyeol ri de leve. – Foi desolador... Pra mim, era como se eu mesmo estivesse me matando a medida que eu escrevia, entretanto eu realmente não via mais motivo para Laurel viver... A vida dela estava uma merda, e ela estava uma merda, seria muito melhor se ela fosse para outro mundo. Um mundo que ela merecesse de verdade, e não o inferno que estava passando. Quando finalmente acabei de escrever, eu fui tomar um café e pensar em todas as coisas boas que eu tinha na minha vida e que eu deveria dar valor.

Eu assinto com a cabeça, mesmo que não concordando de fato.

Laurel não deveria ter morrido.

Laurel deveria ter sobrevivido a todo aquele inferno. Alguém deveria tê-la salvo antes que ela conseguisse se matar. E então ela superaria todos os seus problemas e viveria como uma pessoa nova, renascida.

Entretanto, eu não discuto com Chanyeol, porque meus amigos estão muito interessados e porque eu não quero cortar o clima. Chanyeol se vira para mim, provavelmente procurando uma reação parecida com a de meus amigos, por isso eu também sorrio como se dissesse “é, você é realmente genial”.

Quando seu sorriso some um pouco, eu me pergunto se ele realmente acreditou.

Yooa e Kyungsoo já estão bocejando quando decidem ir pra casa. São onze e meia, Kyungsoo vê em seu relógio. Yooa diz para eu não me preocupar: ela levará Kyungsoo. Franzo as sobrancelhas por isso, pois a casa dela e de Kyungsoo ficam em lados totalmente opostos da cidade. Mas eu apenas concordo apenas para evitar a vergonha, sabendo que se eu discordasse ela iria protestar e olhar maliciosamente para mim e Chanyeol com um sussurro “fique com ele”, ou algo parecido.

Quase saindo do estabelecimento, após ter deixado dinheiro em cima da mesa, ela se lembra da bailarina que eu deveria dar a ela e eu arregalo os olhos, vasculhando minha bolsa e achando a caixinha branca no meio de tantos papeis.

Ela abre a caixinha e retira dali a bailarina, delicada como vidro. Yooa sorri, satisfeita, e eu fico aliviado de que ela tenha gostado.

–  Eu adorei, Baekhyun, eu aposto que ela também vai gostar! Obrigada – ela me abraça com a bailarina nas mãos, me dando vários beijos na bochecha, que eu começo a limpar quando nos afastamos.

Ela faz bico quando me vê limpando.

– Fico feliz que tenha gostado, Rainha Yooa.

–  Espera aí – Chanyeol interrompe a cena com as mãos erguidas, como se estivesse perdido. - Além de bonito e um monstro como jornalista, você também esculpe? – Ele me olha com os olhos arregalados, impressionado comigo.

Eu desvio o olhar, corando quando ele fala isso, sem resposta para tal elogio.

Kyungsoo me salva.

Ele bate três vezes no ombro de Chanyeol de uma forma engraçada, que eu me seguro para não rir, eu não sei se de nervosismo ou de alívio.

–  Ele é ótimo – ele fala rápido, então se despede. – Vemos vocês depois, foi um prazer, Park Chanyeol!

–  Foi um prazer! – Yooa concorda, enquanto é puxada por Kyungsoo para fora do estabelecimento.

Eu suspiro com um sorriso no rosto quando eles se vão e eu e Chanyeol ficamos parados em pé em frente a nossa mesa. Eu começo a caminhar para a saída também e ele vem atrás de mim. Está sorrindo, exultante.

– Eu adorei eles – ele fala, animado.

Eu rio.

– Provavelmente eles te adoraram também.

Nós saímos do restaurante no frio da noite de Seul, e eu involuntariamente envolvo meu tronco, que está coberto apenas por um moletom, com os braços. Quando Chanyeol nota tal ato, ele imediatamente tira sua jaqueta. E eu começo a negar com a cabeça, “meu deus, eu já entendi que você é emotivo e tudo, mas não precisa”, e a afastá-lo, mas no final eu acabo aceitando a proteção extra.

Ele oferece o braço para me guiar pelo estacionamento e me esquentar, e eu também aceito porque eu de fato sou muito friento e porque Chanyeol está se fazendo um cavalheiro aqui, no final das contas, e tudo bem por mim.

Eu o indico onde está o meu carro e nós vamos a passos lentos para lá, eu me agarrando ao seu braço, com esperanças de o frio parar de me fazer tremer.

Eu me encosto na porta do meu carro quando chegamos, me virando para ele.

– Obrigado por ter vindo. Foi legal, e eles adoraram te conhecer.

Então começo a retirar a jaqueta emprestada, agradecido e com um sorriso no rosto. Mas ele interrompe meu movimento com uma mão em meu braço, me fazendo o encarar nos olhos. Por um instante, posso olhar bem fundo nos seus olhos negros e sentir a pressão do que é estar sendo observado tão de perto, e tão meticulosamente, por uma pessoa.

É como se ele fosse me engolir para dentro de sua cabeça, todo os meus defeitos, as minhas manias, tudo vai ser sugado pelos buracos negros de Chanyeol.

Mas então, eu não sou sugado, e ele me surpreende com uma frase que eu realmente não estava esperando a essa altura.

– Sabe, Baekhyun, eu realmente gostei de você.

De repente, então, ele parece estar muito próximo. Uma mão apoiada na janela do meu carro, e outra no meu braço, que está metade descoberto pelo casaco. Eu solto uma risada tênue quando percebo a cena.

– Lá vem você, tentando ser romântico, como se fosse uma cena de seus livros... – digo balançando a cabeça, pensando que estou cortando seu barato, mas aparentemente ele já estava preparado para isso.

– Ah, qual é, Baekhyun? – Ele me olha com seu sorriso persistente. Parece que ele nunca para de sorrir. – O que tenho que fazer para te convencer? Recitar a declaração de amor de Jung ChungHo para Kim JunHo, ou a de Cadence para Laurel?

Rio, desviando o olhar para baixo, para seus coturnos negros, que parecem tão persistentes quanto seu olhar ou seu sorriso. Ele poderia facilmente recitar as fofas e esplendidamente românticas declarações de amor que ele já escreveu, de casais que derreteram o coração de alguns fãs, e quebraram o de outros, assim como recitaria para qualquer outra pessoa.

– Onde está a declaração de amor de Park Chanyeol para Byun Baekhyun? – Eu lhe lanço um olhar vitorioso e ele finalmente aquiesce, suspirando e olhando para seus próprios sapatos, como se declarasse sua derrota nessa.

Mas não totalmente.

Porque Chanyeol nunca perde totalmente.

Ele pensa por alguns segundos, ainda olhando para o chão, antes de se voltar de novo para mim e me encarar. Seu sorriso malicioso também retorna, e eu sinto meu coração palpitar com isso, pois, do jeito que me olha, parece que ele realmente vai falar algo agora.

– Byun Baekhyun, desde o primeiro dia que te vi, nunca consegui tirar os meus pensamentos de você. Sei que teve ideias erradas ao meu respeito, mas eu fico aliviado que você as mudou, porque eu não sei o que seria de mim se eu não o visse de novo. Será que é possível uma pessoa se apaixonar tão fácil assim? – Enquanto ele fala, suas expressões mudam, sua sobrancelha se levanta, seu sorriso se torna mais leve, seus olhos divagam por pedaços de meu rosto. – Há um tempo atrás eu não sabia, mas agora eu sei que Baekhyun encanta todos os lugares por onde passa, com suas pequenas coisas simples, como seu biquinho e sua doce risada. E quem não vê sua beleza é um bobo. Um bobo cego e perdido no mundo.

Eu fico sem palavras. Minha boca abre diversas vezes como se eu fosse responder algo, mas não há resposta para isso. Está perfeito, ele de fato conseguiu.

– Está bom? – Ele me pergunta com uma sobrancelha levantada.

Eu o odeio por me forçar a fazer o que faço a seguir. O odeio mais que tudo, quero matá-lo, esganá-lo, e jogá-lo contra uma parede ou algo assim. Mas tudo isso eu irei fazer depois, porque agora estou com uma estúpida vontade de beijar Chanyeol.

Por isso o pego com as duas mãos pela mandíbula o trago para meus lábios, dos quais ele toma posse com gosto. Sem nenhum drama, sem mais enrolação, já sabíamos que acabaríamos assim mesmo.

Eu o beijo como se  estivesse punindo por ser tão idiota e legal ao mesmo tempo, como se estivesse me punindo por estar com um cara que matou Laurel, como se estivesse apenas beijando Chanyeol e nunca mais quisesse parar.

Seus lábios estão quentes e macios e me fazem desejá-lo ainda mais, de uma forma tão intensa, e tão irracional, que eu acabo ficando receoso sobre o que vai acontecer quando eu o largar.

Sua respiração ofegante contra a minha também me indica de que talvez eu não seja o único com essa ânsia tão forte. Suas mãos se cravam em minha cintura, me trazendo cada vez mais para perto de si, e seu corpo me imprensa contra o carro.

Entretanto, mesmo tão envolvido no enlace que nossas bocas formam, eu penso. Mal conheço Chanyeol, não sei quase nada sobre ele. Não sei onde mora, ou o que gosta de comer no café da manhã, ou qual seu livro preferido.

É completamente ilógico eu estar aqui, consumindo-o e sendo consumido por um cara que sequer conheço direito. E eu me culpo por isso, porque não é assim que eu pretendo me enganar, não tão erroneamente assim. Eu não sou tão burro.

Por isso, eu, lentamente, em pura relutância, me separo do seu beijo e de sua boca. Ele olha com as sobrancelhas franzidas para minha face que provavelmente se tornou desconfiada agora. Seu rosto está a milímetros do meu, e a sua respiração quente bate no meu rosto.

– Eu não sei nada sobre você, Chanyeol. Praticamente nada – admito, não desviando de seu olhar.

Ele sorri pra mim, como se tudo estivesse bem, e eu só estivesse falando besteiras, e ele fosse o papai Noel que sempre irá fazer com que tudo acabe em presentes.

– Eu sou o cara que escreveu Por Nós Dois, não sou? Acho que tudo pode acabar bem.

E eu não quero acreditar nele. Falar sobre o livro mais fofo e romântico que já escreveu não quer dizer que ele não vá me magoar, que isso que estamos fazendo vai dar certo, e que Chanyeol realmente vai fazer tudo acabar em presentes.

Entretanto, eu acabo acreditando. Porque ter os lábios de Chanyeol tão próximos é tentador demais para continuar uma conversa civilizada, e porque eu já estou tão imprensado entre Chanyeol e o carro que tenho preguiça e até repulsa de afastá-lo.

Assim, eu volto meus lábios para os seus sem nem hesitar.


Notas Finais


yaaaaaaay
temos nosso começo de relação... *solta fogos*
Ah, e só pra deixar bem claro, tudo isso de o Baek ter um problema com altura, ser emocionalmente instável, e ter conhecido um suicida (como revelado neste maravilhoso capitulo) VAI SER EXPLICADO. Não temam, na hora certa vocês vão sabe ro porque disso tudo.
Muit obrigad aa quem está me dando apoio nesta belezinha, principalmente a Taty (@Girl_Espinosa7) que foi a que me fez vir aqui e postar este lindo capitulo a esta hora da noite. Obrigada :)

Bejos, tentarei não demorar!!!


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