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História Dr. Pepper - Uma marca de refrigerante


Escrita por: yookione

Notas do Autor


alguém ainda lembra dessa história? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK NAO
-> ainda nao desisti da fic <-
mals mesmo ai pelo desanimo
não que eu tenha me animado agora
-> ainda nao desisti da fic <-
MAAAAAAAAAAAAAAAAS ainda tem uns capitulos guardados aqui no pc. Achei justo postar, para quem quisesse ler.
Obrigada pelo apoio no capitulo passado <3
boa leitura.
AH, E EU NÃO DESISTI DA FIC!!!!

Capítulo 6 - Uma marca de refrigerante


Fanfic / Fanfiction Dr. Pepper - Uma marca de refrigerante

 

Segunda feira é o único dia da semana em que eu me dou o direito de comprar meu café.

Sinceramente, eu não suporto a sensação de começar a trabalhar depois do final de semana. É um saco, e eu confesso ficar irritado com isso. Bastante.

Deste modo, eu vou (quase) toda segunda para um café perto de meu trabalho e fico ali em uma mesa colada à janela de vidro, comendo meu croissant e tomando chocolate quente, vendo as pessoas e carros passarem pela rua, seguindo para a escola, trabalho, ou para cafés como esse.

Algo que realmente me é inconveniente nessas horas é a minha falta de bom senso ao ouvir a conversa dos outros. Eu quase não percebo acontecendo, mas quando percebo, é quase como se fosse me bater de tanta raiva de mim mesmo. Apenas por curiosidade, é como se eu até fosse capaz de perguntar para a mesa ao lado “mas então, como era o nome dela mesmo?”, enquanto estivesse em meu transe.

Eu coloco a culpa no Jornalismo. Apenas depois que comecei minhas primeiras experiências no ramo, e vi como era esse mundo, que comecei com essa mania; tinha que estar sempre ligado, sempre atento a novas informações. Se perdesse alguma, de uma duas: ou eu perderia meu emprego, ou eu ficaria muito aborrecido comigo mesmo.

Ainda bem que em todas as vezes foram a segunda opção.

Hoje, a mesa à minha frente é possui duas mulheres. Uma loira de terninho executivo preto, e outra de coque, vestida do mesmo modo. Elas provavelmente também trabalham em algum prédio próximo, e conversam distraidamente enquanto folheiam um jornal.

 – Minha prima estava lá perto quando aconteceu, ela disse que foi horrível. Ela até viu o avião chegando – diz a loira.

Reviro os olhos suavemente. Novamente aquele ataque no Times, qual ninguém fala de outra coisa.

 – Nossa, jura? Ela deve ter ficado muito assustada – percebo a de coque dar um gole em seu café.

 – É, quem poderia fazer uma coisa dessas, né? Destruir um prédio todo... – a loira balança a cabeça. – Ouvi dizer que o governo vai divulgar o ID dele hoje.

Eu engasgo com meu chocolate quente, mas tento disfarçar, apenas engolindo o liquido, enquanto meus olhos ardem. As mulheres olham para mim por um segundo, mas depois desviam o olhar.

O ID?!

 – Você esta falando de como ele se apresentou ao governo? – A de coque continua a conversa.

 – Na verdade ele não se apresentou ao governo, pelo o que eu ouvi falar, os hackers de lá que acharam esse disfarce enquanto tentavam descobrir sua localização na internet. Têm quase certeza absoluta que é ele. Vão revelar agora de manhã, pra ver se alguém reconhece o nome, ou algo assim, pra ajudar na busca.

 – Ah, sim...

Eu arranco dinheiro da minha carteira e jogo na mesa, tomo meu chocolate quente em apenas um gole e deixo o croissant ali mesmo, não me importo mais com meu tradicional café da manhã de segunda-feira.

Só consigo pensar no quão sonso fui de me deixar distrair ontem ao ponto de ter me esquecido desse ataque, me esquecido de que eu deveria estar ligado, me esquecido que eu deveria continuar com meu trabalho 24 horas por dia. 24/7.

Meu celular vibra enquanto eu procuro meu carro estacionado e eu sinto meu coração pular só de pensar que seja algum colega de trabalho dizendo “CADE O BAEKHYUN COM O FURO DO TIMES?”. Mas eu olho no horário do celular e vejo que não estou nenhum minuto atrasado, 10 minutos adiantado até.

A segunda coisa que visualizo é a mensagem de Chanyeol.

[Oie XD]

[Está indo trabalhar agora?]

Enfio o celular no bolso novamente sem nem me importar de que eu tenha beijado aquele homem até cansar ontem à noite, que eu tenha pensado nele até dormir, que eu tenha sonhado com seus cabelos vermelhos... E mesmo assim esteja o ignorando.

A única merda com que eu consigo me importar agora é chegar no trabalho e estacionar a bunda na frente do computador.

...

Eu saio do elevador e percebo uma de minhas conhecidas, Im Nayeon, folheando alguns papéis na recepção do meu andar, sentada no sofá com as pernas cruzadas. Com a minha pressa para chegar ao meu escritório, eu tento ser ignorado por ela, com toda a cautela do mundo.

Entretanto, para meu infortúnio, ela me nota mesmo assim.

 – Ei, Baekhyun.

Ela se levanta do sofá e vem em minha direção. Está com a sua pior cara de poucos amigos que pode fazer. Na verdade, eu nunca vi ela muito simpática. Muito menos comigo. Ela nunca me pediu ajuda nenhuma, nem dica, nem nada. Por algum tempo, eu achava que era porque ela era boa o bastante para dar conta de tudo, mas depois Junmyeon me contou que ela realmente não ia com a minha cara. Então tudo fez sentido.

 – Você está sabendo o que vai acontecer hoje, não é? – Ela fala com a cabeça inclinada para o lado, à minha frente.

Seus olhos me desafiam, parece que vão me engolir de tanto ódio.

 – Sim... – minha voz sai fraca, então eu limpo a garganta e tento de novo. – Sei, sim, vão anunciar o ID do terrorista. Vou escrever o artigo quando falarem, não precisa se preocupar.

 – Escrever o artigo? Você simplesmente não fez nada quando anunciaram isso ontem, e olha que nem era tarde da noite – ela me olha com um misto de nojo e raiva, como se eu tivesse errado terrivelmente. – Não estava nem no grupo da equipe, nem se pronunciou no portal. Sabe quem teve que fazer isso por você?

Puta merda.

 – ...Você?

 – Eu, Baekhyun! E você sabe que eu queria esse furo no dia em que aquele prédio caiu, e ele tinha realmente que ser meu, porque EU sou da área policial, e você da política. Você tinha que ficar na sua área, e não tocar na minha. Mas nãããããão – ela balança as mãos, dramatizando – o Baekhyun é bom, o Baekhyun fica com tudo, o Baekhyun vai cuidar do assunto... Então, porra, cadê esse Baekhyun agora?

Ela está começando a se exaltar de verdade quando um funcionário sai do elevador; é o cara da sala ao lado da minha. Ele segue pela gente olhando o celular, dá bom dia, e adentra o corredor. Isso a faz se acalmar mais um pouco, depois de um tempo em silencio.

 – Enfim, eu vou ficar com essa matéria. O chefe concordou com isso.

 – O que? – Eu franzo as sobrancelhas, desesperado. – Você vai ficar com o ataque no Times? Mas isso era meu, Nayeon...

Percebo que começo a protestar como uma criancinha, e me surpreendo com isso. Realmente, não queria esse caso antes, mas, pensando agora, que estou dando todo meu sangue e suor por ele, gostaria de ficar com ele até o fim. E é simplesmente um absurdo Nayeon vir a minha frente e tomar isso de mim só por causa de um errinho.

Fora que eu nem fico com todas as matérias, como ela está falando, muita coisa são deles, da área policial. É só que são matérias menos importantes.

 – Não, idiota – ela me interrompe. – Eu vou ficar com esse artigo, não com todo o caso. Mas se eu fosse você, tomava cuidado, porque se você vacilar de novo o chefe não vai nem hesitar em dar todo o caso pra mim.

Respiro fundo, boa parte por alívio de eu não ter perdido esse trabalho, outra parte para conter a vontade de jogar ela pela janela por estar sendo tão ignorante e estúpida.

 – Bom dia – ela revira os olhos e, com suas folhas de papel, quais eu não faço a mínima ideia sobre o que são - provavelmente vários rabiscos do meu nome com um x em cima -, sai em direção ao elevador para seu devido andar.

Eu não acredito que ela realmente estava aqui apenas para me dar essa bronca. Era o que eu estava precisando mesmo.

Meu celular vibra de novo no bolso.

[Baekhyun? Está tudo bem?]

É Chanyeol.

Eu sorrio de leve e suspiro por ter ele agora. O mundo está caindo, e eu estou apreensivo e ansioso, e com raiva e cheio de ódio, mas Chanyeol está aqui de alguma forma, e ele surpreendentemente me faz sorrir. Eu sigo o corredor escrevendo de volta para ele, caminhando para meu escritório.

[Está tudo bem, sim. Desculpa a demora, alguns problemas no trabalho.]

[E você, dormiu bem?]

...

Dr. Pepper.

Então... é Dr. Pepper.

O codinome que o terrorista, que destruiu todo um prédio comercial e matou um monte de gente importante, escolheu para seu disfarce foi Dr. Pepper.

Algo como uma risada coletiva emana pelo corredor de meu andar. Eu não consigo acreditar que isso seja verdade, entretanto, sem dúvidas, isso saiu da boca de um dos hackers oficiais que estão cuidando do caso.

A marca de um refrigerante, sem números e sem underline, é o que temos hoje.

Quero ver como Nayeon irá fazer isso ficar profissional e maduro em uma matéria. Tanta confusão ela fez, para no final acabar com uma piada dessas... É realmente humilhante.

Entretanto, com essa revelação, a última coisa com que quero pensar é Naeyeon.

Quem esse cara é? Um infantil que se acha muito engraçado, provavelmente, para ter escolhido um nome tão bobo. Uma pessoa que não vê a dor que está causando nas pessoas, apenas centrada em seus próprios objetivos que ela acha serem muito mais importante do que vidas, laços de família e lembranças. Alguém que se acha muito superior. Por algum motivo.

Eu só queria muito saber qual motivo seria. O que faria uma pessoa ser tão ignorante ao ponto de trazer tamanha devastação à tona? Mais do que raiva, eu tenho curiosidade. Há de haver uma razão para tal ato, e eu preciso muito saber qual. Disseram ser o governo norte-coreano, e depois disseram ser um terrorista de nosso pais, de outro pais.

Mesmo que fosse qualquer uma dessas opções, porque alguém seguiria tão fundo nesse plano? Porque alguém o idealizaria, e, pior, o executaria?

Passo um bom tempo pensando nisso, até que meu telefone toca e uma pequena matéria me chama para ser escrita sobre novos benefícios a servidores públicos. E então eu apenas aproximo minha cadeira ao computador e ataco o teclado.

...

Minha semana se passa com dias repetitivos. Depois do anuncio do ID de Dr. Pepper, nada além de crianças bobas e adolescentes falam sobre isso. Aparentemente, isso não ajudou em nada nas buscas mesmo depois do hacker que está cuidando do caso ter dito “Precisamos de alguém que entenda essa referência, toda a possibilidade é requerida e nós estaremos aceitando vocês seja por e-mail, ou por qualquer outra rede social.”

Eles não se pronunciaram mais sobre isso e eu fico confuso sobre o porquê. Na minha opinião, talvez eles mesmos pesquisem os nomes que estão lhe sendo dados como suspeitos, pesquisem a vida dessas pessoas, e então concluam se esse pode ser ou não um suspeito. Isso tudo sem informar nenhum jornal, ninguém.

Afinal, eles não precisam mais de ajuda de ninguém. Já conseguiram o que queriam do público.

Isso é revoltante e, mesmo quando a sexta-feira chega, eu ainda tenho alguma esperança de que eles deem alguma notícia, alguma informação sobre o que está acontecendo e que nós não podemos ver. Entretanto, agora, no final de meu expediente, eu já estou praticamente descartando a ideia.

Estou recolhendo minhas coisas do escritório quando meu celular vibra em cima de mesa. Mesmo aí, eu já sei que é Chanyeol.

Ele não me deixou em paz desde aquele domingo, em que conseguiu me conquistar, de todas as formas. Ele tem me ligado, me mandado mensagem. Entretanto, não me viu a semana inteira, já que, tanto pra mim, quanto pra ele, os segundos são contados.

[Ei, você está saindo uma hora mais cedo do trabalho, né? Hoje é sexta u.u]

[ A gente pode ir no Seoul Forest? Eu acho aquele lugar tão bonito.]

Eu sorrio, alegre por ele se importar tanto, por nós podermos, sim, sair juntos agora, e por apenas imaginar estar com ele novamente, envolto em seus braços, beijando o seu sorriso, ouvindo suas baboseiras...

Meu deus, eu estou realmente perdido.

Por fim, eu finalmente o respondo, dizendo que estarei lá em menos de uma hora, e que espero que ele não se importe de eu estar com as roupas do trabalho

[está brincando?! Você já ouviu falar na minha tara por jornalistas? Aposto que não, eu escondo muito bem...]

Eu solto uma gargalhada enquanto guardo o celular no bolso novamente e caminho para o chamar o elevador.

...

 – Aqui, de chocolate, como você pediu. – Cumprimenta-me a voz de Chanyeol, me acordando de meus devaneios no celular. Quando olho para ele, me beija sem hesitar. – É tão bom ver você de novo.

 – Você também – eu sorrio mordendo os lábios e pegando o sorvete de suas mãos.

Chanyeol se senta ao meu lado de baixo de uma árvore no parque; uma grama verde se estende abaixo de nós e alguns raios de sol escapam pelos galhos da árvore, iluminando nossos rostos.

Seus cabelos estão desgrenhados como uma fogueira hoje, e seus braços são cobertos por uma blusa quadriculada. Vermelha, da mesma cor de seu cabelo. Seu sorriso está enorme, como sempre, e ele me olha como se eu fosse algo muito precioso.

Meu celular vibra em minhas mãos e eu perco meu sorriso por um momento e cometo a atrocidade de olhar a notificação. É do trabalho, e estou acompanhando como as coisas estão no site, e se alguém precisa de mim. Kim Namjoon, do setor policial, acaba de me pedir ajuda com algumas informações em um bairro perto daqui.

 – O que é isso? – Chanyeol se inclina para mim, olhando para meu celular.

 – Am... – Umedeço os lábios, enquanto digito para Namjoon dizendo que poderia ver essas informações, mas apenas em duas horas, no mínimo. – Trabalho – bloqueio a tela do celular e tomo um pouco do meu sorvete, que começou a derreter. Indico com o nariz a casquinha branca em sua mão. – Do que é o seu?

Ele olha para meu bolso, onde meu celular acaba de vibrar novamente.

 – Oreo, quer provar? – Ele sorri antes de eu voltar meus olhos para o celular. Namjoon disse que não tem esse tempo e que vai arrumar outra pessoa. – Baekhyun, o que você tá fazendo?

 – Eu... – ele pega o celular da minha mão antes que eu termine. Bloqueia, e coloca no bolso. – Chanyeol!

 – Está de castigo. – Ele me olha desafiador. Seus olhos trocando faíscas com os meus. – Vai ficar no meu bolso até irmos embora, fechado?

Eu olho para ele, que está cheio daquela confiança que eu achava arrogante e egocêntrica, esperando sentir o mesmo agora, mas, em vez disso, eu me vejo admirando essa confiança. Admirando o modo como sua sobrancelha se levanta, duvidando que eu faça algo. A sua postura insistente. Eu admiro o modo como ele fala.

 – Seu bico se transformou em um sorriso, isso é um bom sinal, não é? – ele sorri e me beija na bochecha, com seus lábios gelados pelo sorvete. – Vamos, vem cá.

E quando eu percebo, lá estou eu, com as costas entre as pernas de Chanyeol, enquanto as suas estão encostadas no tronco da árvore. Suas mãos percorrem o meu cabelo me fazendo cafuné e o gosto de chocolate preenche a minha boca. Eu não poderia estar sendo mais mimado que isso.

Uma brisa bate em seus cabelos, e daqui de baixo sua beleza se torna tão óbvia para mim. O formato de seus lábios, seus olhos de criança, seu nariz redondo, tudo isso me faz suspirar, e quando ele percebe, se inclina até mim, procurando mais um beijo, e eu lhe dou com toda a vontade.

Eu não sei o que fiz para merecer Chanyeol, se foi estar chorando naquela tragédia, se foi tê-lo questionado de forma nada simpática pelo seu interesse por mim, ou se foi por tê-lo feito perceber o quanto o odiava naquele ataque ao Times. Eu só sei que estou muito feliz por ter feito, seja o que for.

Ele se afasta e tira os cabelos dos meus olhos, acariciando minhas bochechas. Eu o vejo de cabeça para baixo.

Seu olhar se distrai para algum ponto distante nas arvores verdinhas de verão do Seul Forest e no lago de agua límpida que se estende ao nosso lado. Lambe um pouco de seu sorvete, e uma gotícula branca fica no canto da sua boca.

 – Como foi pra você?

Franzo as sobrancelhas.

 – Como foi o que?

 – A coisa de ser gay.

Eu forço uma risada, tentando não transparecer na face o que minha mente imediatamente visualiza. Não, não vai mesmo ser hoje que vou contar isso a ele. Talvez possa não ser nunca.

 – Ah... Normal. Um cara na escola, pais ficando chocados. Nada de mais.

Ele me olha com as sobrancelhas franzidas, como se eu tivesse acabado de contar a pior calúnia do mundo, a mais louca. Quando me vê dando de ombros, ele abre a boca, inconformado.

 – Bom, você é a primeira pessoa que eu vejo dizendo que se descobrir gay foi normal.

 – Então a sua história deve ter sido bem mais emocionante, hm?  – Eu sorrio de lado, meu coração quase saindo pelo peito.  –Desembucha.

Eu o ouço dar uma risada curta, em deboche.

 – Ok, já que você quer que eu fale, eu vou falar.

“Eu tinha catorze anos, e já estava pensando em ser um escritor naquela época, não parava de escrever nunca. Tudo quanto é cena dramática que me aparecesse à cabeça, eu tinha que escrevê-la. Tinha muitas histórias na minha mente, muitos personagens. Mas eu lembro que eu não conseguia escrever romance, eu não dava certo com o tema e sempre acabava me decepcionando com as minhas cenas: ou a garota ficava mimada e chata demais, ou o cara era protetor demais, e duro demais. Eu tinha muita dificuldade porque não conseguia ver as minhas cenas de romance acontecendo de verdade, eu me forçava a escreve-las.

‘ Um dia, minha turma de escola ficou sem aula porque um professor faltou, provavelmente, e ninguém veio supervisionar a gente. Era uma escola desleixada, que não se importava muito com os alunos. Então, eles começaram a fazer aquele jogo da garrafa, verdade ou desafio. Eu nunca fui de amizades, não tinha quase nenhum amigo naquela escola, apenas uns dois colegas, que vinham falar comigo de vez em quando. Um deles foi jogar, e me chamou para ir junto. Eu fui, apenas para ver como era. Eu era muito curioso.

‘O fato é que... os outros meninos sempre ficavam me zoando por eu ser tímido demais e sozinho demais. Então, quando aquela bendita garrafa parou entre mim e meu amigo, eu já sabia o que viria em seguida. Eles iam faze a gente se beijar, no mínimo, porque eles amavam rir da cara dos outros, não importava o motivo. Então mandaram, e eu o beijei. E ele também me beijou. Foi melhor do que eu esperava, e sabe o que? Depois disso, minhas cenas de romance melhoraram um pouco, até eu perceber que só queria escrever com dois garotos, não mais com um garoto e uma garota. Eu escrevia desesperadamente essas histórias, sem parar. E, falando em meu amigo, nós continuamos amigos depois disso. Mas só isso, já que ele considerou tudo uma brincadeira”

Quando ele acaba de falar, estou sorrindo, imaginando a história, já comendo o biscoito da minha casquinha do sorvete.

 – E agora você está aqui.

 – Exatamente. Escrevendo histórias gays, com fãs gays, e, melhor ainda, um namorado gay.

Claro.

Suspiro, pensando em meu primeiro amor. Parece até clichê, ou exagerado, ou brega, chama-lo assim. Mas eu nunca o vi de outra forma. Ele sempre foi o clichê da minha vida, algo que poderia muito, muito, dar certo, mas acabou dramaticamente. Como um filme.

De repente, sinto que não estou mais no clima para falar sobre coisas bonitinhas e cor de rosa. Por isso, falo do assunto que tem me assolado a todo o segundo durante os últimos dias.

 – O que você acha sobre essa situação do Dr. Pepper?

Sinto o peito de Chanyeol subir e descer devagar às minhas costas, e eu faço uma careta. Não era para eu ter tocado nesse assunto em um pleno encontro. O que eu estava pensando?

 – Eu estraguei tudo, né? – Mordo os lábios. - Desculpa falar sobre isso, é... É que eu sou responsável sobre esse caso, no trabalho, aí minha cabeça é cheia desse cara.

Ele ri, e seu peito treme.

 – Não, não estragou tudo. É só que é um assunto complicado. Mas, já que você quer falar sobre ele, vamos falar sobre ele.  – Ele ri e come o que parece ser o ultimo pedaço da sua casquinha. – Nome criativo, não?

Eu sorrio. Brincando com a minha casquinha entre os dedos.

 – Parece com você. Um nome sarcástico e bobo. – Como mais um pedaço da minha casquinha e sinto o peito dele tremer novamente quando ri. – Mas, eu estava falando sobre ter matado tanta gente, sabe... O que pode fazer uma pessoa fazer algo assim? Causar tanto dano?

Ele fica um tempo em silencio, talvez absorvendo as minhas palavras. Eu sei que eu não deveria estar falando sobre isso, colocando todas essas ideias que vem me perturbando à tona, mas já que vamos ter uma relação aqui, eu gostaria de falar sobre isso com ele também. Não acho que deveria esconder o quanto a minha mente está conectada com esse caso e o quanto quero saber o que ele acha sobre isso.

Talvez ele me traga alguma resposta, já que é tão inteligente.

 – Bem... – ele limpa a garganta. – Eu não sei. Mas eu acho que deve ser importante mesmo, para ele estar fazendo tudo isso, não é?

 – É, mas... – balanço a cabeça, me erguendo de seu colo para olhar sentado em seus olhos. – Você não acha isso idiotice? Quer dizer, qualquer ideia que fosse, qualquer motivo, acho que nada justificaria o ato de destruir um prédio inteiro, matar tantas pessoas, e prejudicar a vida de tanta gente.

Ele abaixa os olhos, comprimindo os lábios. Suas sobrancelhas arqueadas. Ele está pensando, parece que está formulando uma resposta, mas eu estranho o fato de estar fazendo isso. Ele não era Chanyeol? Pensava que teria uma opinião para tudo.

 – É... você tá certo.

Eu franzo as sobrancelhas, rindo. Ele realmente hesitou sobre isso?

 – É claro que eu estou! Porque você duvidaria disso? O cara deve ser um babaca, deve achar que sua vida é mais importante do que a dos outros, ou, pior ainda, deve estar apenas brincando com a vida dos outros. Tem gente que faz isso por diversão. Tanta gente morta, tanta gente machucada...

 – Olha – ele me interrompe com uma voz amedrontadoramente grossa. – Você já pensou que as motivações dele podem ser importantes? Já pensou se tudo isso fosse sacrifícios para mudar o mundo de alguma forma? Talvez ele tenha bons interesses, não acho que devamos julgar uma pessoa assim.

Eu balanço a cabeça. Então era isso que ele tinha em mente?

 – Você fala isso porque você não estava lá no prédio, naquele monte de gente, achando que a vida ia acabar. Chanyeol, não importa se esse cara acha que vai salvar o mundo com o que quer que esteja na sua cabeça, ele está errado, completamente errado, de achar que pode decidir quando acabar com a vida de alguém.

Isso parece o irritar três vezes mais, e ele se mantém na defensiva, com uma expressão tremendamente séria. Fico sem chão por estar em uma situação assim, e não sei bem o que fazer.

 – Não, Baekhyun, não. Sabe, eu acho que esse cara quer fazer alguma coisa boa. Acho que ele tem alguma estratégia. Se não, porque você acha que ele teria atacado um prédio comercial, e não qualquer outro lugar público onde ele pudesse matar um monte de gente? Ele não quer matar as pessoas. Você não pode dizer quando uma pessoa está errada ou não apenas pelos seus atos que, pior ainda, você está vendo de fora. Você está errado, Baekhyun.

Quando acaba, ele está me olhando com os olhos faiscando de raiva. Suas sobrancelhas franzidas, seus lábios quase em um bico como o meu, se não fossem bem menos infantis. Eu realmente toquei em algum ponto que não deveria ter tocado com Chanyeol, e estou percebendo isso apenas agora.

Ele já tinha uma opinião formada sobre isso, é claro, só não queria me contrariar.

Nossas opiniões são muito diferentes nesse caso.

E, por mim, pensando bem, tudo bem. Tudo bem mesmo. Eu posso conviver com isso, sei que não vou mudar sua ideia agora. Nem é algo tão importante assim.

Eu só preciso dar um jeito de acalmá-lo. Não quero brigar com ele, embora eu ache que ele já esteja fazendo isso.

 – Tudo bem, eu, am... Desculpe, Chanyeol. Não precisamos mais falar sobre isso, tá bom? – eu sorrio docilmente para si e coloco minha mão em sua bochecha, para chamá-lo para um beijo, mas ele desvia e tira minha mão.

 – Não, Baekhyun, não tá bom, sabe porque? – Ele se levanta, me deixando sozinho na grama. – Porque você é a mesma pessoa que me julgou, naquela noite, lembra? Você me julgou como arrogante, metido a besta, sendo que nem me conhecia. Você continua sendo essa pessoa, e só agora que eu estou percebendo. Sinceramente... – ele balança a cabeça para mim, em desprezo. – Toma esse seu celular idiota. Você não consegue tirar sua cabeça do trabalho mesmo.

Ele me joga o celular, que cai no meu colo, e vira as costas para mim. Com a visão embaçada pelas lágrimas, eu vejo sua camisa quadriculada sumir nas árvores. Balanço a cabeça. Eu me odeio! Me odeio!

Disco o número da única pessoa que pode me salvar agora. Respirando com dificuldade, coloco o celular na orelha. Eu bato na minha testa repetidamente. Burro, burro, burro!

Suspiro forte e tento recuperar o folego quando ele atende.

–  Alô? Kyungsoo?


Notas Finais


AAAAAAAAAAAAAAAA DESCULPA PELO VACILO PESSOAL
espero q tenham gostado sz
-> ainda não desisti da fic <-
ME FALEM OQ VOCES ACHARAM POR FAVOOOOR se é que alguém leu até o final kk... importa muito pra mim <3
EU JURO QUE AINDA NÃO DESISTI DA FIC


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