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História Dr. Pepper - Lar, doce lar


Escrita por: yookione

Notas do Autor


OIIIIIIIIIIIIIIIII
NOSSA EU TENTEI MUITO NÃO DEMORAR
SÉRIO
TENTEI MUITO TRAZER ESSE CAPÍTULO RÁPIDO, PORQUE VOCÊS, QUE LEEM ESSA FIC, merecem muito.
Muito obrigada <3
Sério.
Enfim, aí está o capítulo.
Ele é um capitúlo de transição, então não esperem muita onda. Mas não se preocupem, quero trazer o próximo logo logo.
Obrigada por tudo, e boa leitura <3

Capítulo 7 - Lar, doce lar


Fanfic / Fanfiction Dr. Pepper - Lar, doce lar

 

– Então, ele é um idiota, é isso?

Eu suspiro e tomo mais um gole do meu chocolate. Lá fora já deve ser noite à essa hora, não que eu possa saber, já que suas cortinas estão fechadas. Por minha causa, claro, já que não suportaria nem imaginar a que altura estamos.

Eu e Kyungsoo estamos sentados em seu sofá, com canecas de chocolate quente na mão. A TV está falando sozinha, e ele tem me ouvido falar sobre Chanyeol e nossa pequena discussão desde que cheguei.

Temos um cobertor protegendo nossas pernas, e eu tento me aliviar ao seu lado, apoiando a cabeça no braço do sofá. Suas muletas, que estão sendo usadas agora apenas porque eu o obriguei, descansam ao seu lado.

– Não exatamente – respondo. - É só que... eu estou decepcionado comigo mesmo, que dizer, não era nem para eu ter aberto a boca.

Kyungsoo bufa com um sorriso na boca. Eu, indignado, franzo as sobrancelhas e lhe lanço um tapa na costa.

– Porque está rindo?!

Ele apenas toma mais um gole de seu chocolate quente e ergue os ombros. E eu odeio esse seu olhar, de quem acha que sabe de tudo.

– Você sabe que está errado falando isso.

Levo alguns segundos pensar.

– Não sei, não.

– Ah, sabe sim. Você, lá dentro dessa sua cabecinha besta de adolescente dramático que você ainda carrega – ele cutuca a minha testa e eu o olho como se fosse morder seu dedo –, você sabe que não tem que se desculpar com ninguém. É ele que tem que se desculpar com você por ter discutido por uma coisa tão besta.

Eu suspiro. Kyungsoo nunca é bom para consolar, mas é sempre ótimo para jogar coisas na minha cara que, muitas das vezes, eu não quero ouvir.

– Ta bom – digo, e levo minha caneca até a boca. Nós passamos algum tempo em silencio antes de eu falar novamente. Estreito os olhos.  – Aquilo ali sou eu?

– O que?

Aponto para a foto no canto da sua prateleira, em cima da TV. Há alguns livros nela e, do lado, porta-retratos. Em um deles, com uma moldura transparente de vidro, eu tenho quase certeza que sou eu o cara, ao lado de Kyungsoo, erguendo um copo de uísque para a câmera. Tempos de faculdade, quando nos conhecemos e íamos às festas animadas, cheias de gente, música alta, e bebida.

Eu me levanto do sofá e pego a foto.

– Meu deus, sou eu! – Eu rio balançando a cabeça, Kyungsoo pega suas muletas e manca para meu lado. Ele sorri fraco, e se apoia em meu ombro. – Não sabia que você tinha essa foto.

– A câmera era minha, tenho muitas outras. Eu estou revelando esses dias, para colocar em um álbum – ele ergue os ombros. – Eram tempos legais, e eu gostaria de ter uma lembrança física.

Meu sorriso vai de orelha a orelha. Só Deus sabe o quanto sinto falta daqueles dias. O quanto tenho saudade das pessoas, dos estudos, de tudo.

– Está com a câmera aí? Podemos ver mais? – Olho para si, cheio de expectativa.

– Sim, eu vou pegar. Já vi que vai ser uma noite longa – ele ri. Eu espero ele sair da sala, para poder sentar no tapete; um lugar tão alto como o apartamento de Kyungsoo me dá náuseas sentado, pior ainda em pé. Ele grita de dentro do corredor: – Vai dormir aqui?

Faço uma careta e não respondo. Ele volta segundos depois com uma câmera no pescoço e uma cara de poucos amigos. Ele odeia quando é ignorado.

– Perguntei se vai dormir aqui.

– Kyungsoo, eu não sei se eu... – olho para o chão, nervoso, minhas mãos começam a tremer e eu aperto mais o porta-retratos. – Não sei se eu consigo.

Quando volto meus olhos para si, suas sobrancelhas se inclinam minimamente, em compreensão.

– Já conseguiu outras vezes.

– Nas outras vezes, eu não tinha brigado com Chanyeol. – Engulo em seco. – Ele me lembra muito ele, sabe? As ideias malucas, a forma sarcástica de ver as coisas. E hoje, hoje ele me lembrou mais que nunca. Me lembrou quando eu tentava segurá-lo para não surtar, quando eu tentava controla-lo e... e não conseguia.

– Baekhyun, isso foi há dez anos. Você vai sair dessa, vai parar com esse medo. Mas... – Ele se senta com dificuldade ao meu lado no tapete, jogando suas muletas para o lado. Coloca a mão em meu joelho. – Tem que se esforçar pra isso, entende? Tem que erguer a cabeça.

Eu suspiro e fixo o olhar no par de muletas desprezado. Eu não suporto lugares altos, não suporto o ar ficando mais difícil de respirar, não suporto o mundo começando a rodar na minha frente. Não suporto as lembranças dele, seu sorriso que eu não sabia o que significava, suas loucuras, sua voz.

- Kyungsoo... – minha voz sai fraca e trêmula, mas eu me seguro para continuar firme. – A gente pode ver essas fotos lá em baixo, na recepção? Eu não estou me sentindo bem. Quando acabarmos, vou embora.

Ele me olha com pena, seus olhos pedindo para que eu fique, para que eu aguente essa. Eu aposto que sei o que está pensando: “Baekhyun, você tem que tentar”. Entretanto, eu estou tentando, mas, quanto mais eu tento, mais parece não funcionar, mais lembranças me vêm na cabeça e mais tonto eu fico.

Enfim, ele cede.

– Ok, vamos descer.

...

No final, foi Kyungsoo que dormiu em meu apartamento.

Conversando, percebemos que eu precisava de um tempo para relaxar a cabeça. E, como uma Noitada estava fora de cogitação já que Yooa estava bem ocupada com trabalho acumulado para segunda, Kyungsoo deu a ideia de eu visitar minha cidade natal, com minha família, e foi essa que ficou.

Nós acordamos às oito horas da manhã de um sábado, e às nove estamos prontos para sair de casa. Kyungsoo tem uma pequena mochila, que está cheia de vídeo games que ele já zerou e/ou não joga mais. Todos para dar ao meu primo que, assim como ele, é viciado.

Eu, por outro lado, trago várias caixinhas na minha mochila, todas com lembrancinhas, cada um para meus tios ou primos que prometeram estar neste almoço onde “Baekhyun vem nos visitar! Uau!”

– Não estamos esquecendo de nada? – Checo com Kyungsoo atrás de mim apenas por segurança quando estamos saindo do meu apartamento. Seu pé ainda pende de sua perna enquanto se apoia nas muletas.

– Acho que nã... – ele é interrompido pelo meu toque de celular. E novamente, os run, run, run corta uma conversa.

Por favor, Chanyeol.

Não, Baekhyun! Está fazendo errado! Estou pensando em coisas que não devem ser pensadas, e alimentando ideias bobas. Não é Chanyeol. Não é.

Kyungsoo percebe a minha confusão momentânea e, com dificuldade, pega o celular da minha mão.

– É só a Yooa, cara – ele revira os olhos para mim e eu suspiro, meio aliviado, meio decepcionado comigo mesmo.

Me pergunto porque ainda ouso pensar nele.

Kyungsoo atende a ligação e coloca no viva-voz.

– Fala, Yooa.

– Vocês tem lugar pra mais um? – ouço a voz animada de Yooa soar pelo auto falante e eu troco um olhar com Kyungsoo. Aparentemente, Yooa terminou suas tarefas mais cedo do que esperávamos.

– Para você, sempre.

...

Como hoje seria um dia de visitar o meu avô, nós também achamos justo trazê-lo conosco. Tudo à base de uma cadeira de rodas, uma maleta de remédios que devem ser tomados no almoço, e mais algumas precauções que devem ser tomadas caso ocorra algum imprevisto.

A enfermeira só me dá tudo que ele precisa. À essa altura, não preciso mais de explicações.

E então nós colocamos a cara em uma viagem de uma hora. Kyungsoo ao meu lado, sendo o DJ do carro. Yooa atrás de meu banco, conversando sem parar e levemente irritando Kyungsoo. Meu avô atrás na outra janela, apreciando a paisagem de arvores, e às vezes montanhas, com seu sorriso no rosto, que de vez em quando eu vejo pelo retrovisor.

No som, toca a música uma música boa, que Kyungsoo cantarola baixinho. Eu ouço a história de Yooa com bom gosto enquanto dirijo – mesmo que seja provavelmente a milésima vez que esteja contando uma história nesse carro. Dessa vez, ela está falando de uma festa de natal, quando era criança, em que derramou refrigerante na roupa de sua mãe. Ela ri enquanto conta.

– E aí eu não sabia o que fazer. Minha mãe ia me brigar, me colocar de castigo, porque eu sabia os perrengues que ela tinha passado para comprar aquele vestido, eu estava com ela no processo. E eu estava com tanto, tanto medo... que eu acabei colocando a culpa no meu primo.

Eu balanço a cabeça, enquanto Kyungsoo apenas bufa.

– E eu achando que essa chatice sua era só de agora. – Kyungsoo comenta.

– Eu não tinha culpa. – Ouço a risada de Yooa. – Eu estava com medo.

– Provavelmente seu primo também, quantos anos ele tinha?

– Verdade – Decido entrar. – Ele devia ser tão novo que talvez isso tenha virado um trauma. Yooa destruindo vidas.

– Ah, vocês dois... – ela fala com um tom de repreensão. E então vira para meu avô. – Eu não tenho culpa, né, Senhor Byun? Fale pro seu neto que não tenho culpa.

Olho pelo retrovisor quando meu avô ri da pergunta.

– Eu costumava ouvir que ninguém entende como é levar um sermão da mãe do outro se não for o próprio filho – ele diz. – Não, não tem culpa, Shi Ah.

Yooa solta uma risada vitoriosa.

– Viram só? Aprendam a ser como o senhor Byun e vocês terão sucesso na vida.

Balanço a cabeça. Que coisa boba.

O pior é que ela tem razão.

– Chegamoooos! – Anuncio aos meus passageiros ao passamos pela placa escrita “Bem-vinda a Pocheon!”

Não demoramos muito para chegar na casa de minha mãe. Uma casa modesta, pequena, e que para mim reserva muitas memorias de minha infância. Cada rua, cada esquina dessa pequena cidade, me relembra a minha juventude, meus bons tempos.

Talvez por isso eu não goste muito dessas visitas.

Minha mãe nos espera na porta de casa, e acena para mim ao me ver dentro do carro.

Eu o estaciono em frente à casa e desço para abraçá-la. Eu a levanto do chão rindo contra seu pequeno corpo maternal. Eu gosto de fazer isso, sempre a levanto desde que eu me tornei maior que ela.

Ela ri para mim quando eu a coloco de volta no chão.

– Ah, meu filho, é tão bom lhe ver de novo. – Ela pousa a mão em minhas bochechas, como se estivesse estudando o quanto mudei nesses dois meses que não nos vemos.

– Você também... – digo, e então me lembro que tenho ajudar o vovô no carro. – Vovô está no carro, você me ajuda com ele?

Ela sorri pra mim, com a sua beleza sem idade. Sua beleza em seus olhos, sua doçura, sua bondade. Tudo isso que eu sei que nunca irá envelhecer, e muito menos morrer. Sei que sempre vão estar comigo.

- Claro.

...

Quando entro em casa, lá está todo mundo. Minha tia, minha prima, meus tios, meus primos... cada um em um canto da casa.

Assim que me notam, meus tios se levantam do sofá  para apertar a minha mão e me abraçar. Esses são os gêmeos, Kwangmin e Youngmin, e, na verdade, é bem difícil os ver separados. É quase como se eles fossem uma pessoa só; um complementa o outro: Kwangmin é cheio de bom humor, e nunca perde a chance de uma piada. Já Youngmin é bem mais sério e só fala sobre trabalho e política, embora não seja desprovido de um sorriso feliz quando me vê.

– Baekhyun, menino, a cada vez que eu te vejo parece que diminui mais! – Kwangmin me aperta forte e me levanta do chão, me fazendo soltar um palavrão. Porque ele sempre me aperta tanto?! Eu sou muito mais delicado com a minha mãe.

– Muito engraçado, tio – digo já quando ele me coloca de volta no chão. Por um segundo, vejo meu tio ofegar e colocar a mão no peito; talvez já não esteja mais tão em forma para continuar repetindo o ato com um garoto de mais de 20 anos.

Entretanto, não tenho muito tempo para pensar nisso, porque em míseros segundos de desatenção, minha tia Soojin aparece ao meu lado, soltando um flash de celular na minha cara. Isso me faz ficar cego por alguns momentos.

– Consegui! – Ela comemora.

– O que?! – Eu franzo as sobrancelhas, sem raciocinar muito bem, até que eu percebo... – MEU BICO!

– Ficou tão fofinho! – ela me mostra a foto e eu bufo de frustração. Ela conseguiu pegar o bico perfeitamente. E eu sei bem que ela vai enviar essa foto para toda a família.

Que legal, não posso nem aparecer em casa que já sou maltratado por meus parentes.

Depois da bagunça que são meu tio Kwangmin e minha tia Soojin, Youngmin também me cumprimenta, com um aperto de mão e um abraço famíliar e confortável. Esse também é um tio que eu aprecio muito (talvez bem mais que os dois anteriores que não respeitam nem um pouco minha dignidade), talvez porque ele fale sobre assuntos que eu sei, e aja de um jeito que, bem, eu entenda.

Quando chega a vez de meus primos, eles correm para me abraçar, parecendo três formiguinhas no meu sapato. Talvez alguém aqui não seja tão baixo assim. E, além de carinho e amor que, claro, eu sou a melhor pessoa para oferecê-los, eles também estão à procura de presentes.

É, eu pareço o papai Noel da família, que sempre traz presentes pra todos mesmo que não seja natal. Não sei exatamente quando esse costume começou, só sei que, depois de eu ter saído da casa de minha mãe, a fim de estudar, eu sempre tentava trazer presentes para ela se lembrar de mim enquanto eu tivesse fora. E então, fui começando a trazer para mais e mais parentes. Hoje em dia, é para todo mundo.

Eu começo a distribuir. Um vestido para minha tia, um colar para minha prima, brincos para minha mãe, um carregador para meu tio Kwangmin...

– Só um carregador? – Ele fala manhoso. Está fazendo um bico também, mas, é claro, como o bullying é só com o Baekhyun, ninguém tira foto do dele.

– O cabo muda de cor quando é conectado. – Ao momento em que eu falo isso, eu vejo os olhos do meu tio brilharem. Bato a mão de leve no ombro dele, o que é estranho já que ele é bem mais velho que eu. – Bom proveito.

Com isso ele vai com toda a ansiedade testar o carregador na tomada próxima e solta um grito de comemoração quando funciona, que se estende pelas crianças que também estão admiradas com o carregador enquanto ele muda para azul, verde, vermelho, amarelo....

– Minwoo, Sandeul!  – Eu chamo os dois garotos mais novos. Eles vêm animados até mim, soltando risadinhas e empurrando um ao outro, enquanto eu me abaixo até a minha mochila para pegar seus presentes.

– Caralho, você realmente tem presente pra todo mundo ai – Kyungsoo comenta atrás de mim, me lembrando da presença dele e de Yooa que até tinha esquecido.

– Sem palavrões nessa casa! – minha mãe solta, na cozinha.

Eu olho para ele, com um sorriso vitorioso no rosto.

– Sem palavrões nessa casa – repito.

Dou o presente dos dois meninos mais novos: dois Barulhentos. Na verdade, não se sabe muito bem o nome desse brinquedo, mas são duas bolas presas penduradas por dois longos fios de barbante que são amarrados em um pequeno pedaço de plástico, onde se segura o brinquedo.

– Barulhento? – Minwoo franze as sobrancelhas para seu brinquedo.

– Como funciona? – Sandeul solta, o que faz o resto da casa rir por eles serem tão novos e nem saberem como o brinquedo funciona. – Porque estão rindo?

– É porque é um brinquedo um pouco velho. – Explico, de joelhos na altura do garoto. – Ele funciona assim...

Então eu pego o brinquedo de sua mão e balanço para cima e para baixo, fazendo as duas bolas se baterem três vezes, uma em baixo, uma em cima e uma em baixo, antes de eu errar e elas escaparem da órbita.

– Só isso que você consegue? – Meu tio Kwangmin solta. – Acho que perdeu o jeito, ein, Baekhyun.

Eu mostro a língua para ele.

Sandeul pega o brinquedo de volta da minha mão e tenta diversas vezes imitar o que eu fiz, junto com Minwoo que tem menos noção ainda do que está fazendo. O nome que dei ao brinquedo realmente não é à toa: faz muito barulho, e parece furar os meus tímpanos a cada vez que eles batem a bola em cima uma vez e, pior ainda, gritam de comemoração.

– Péssima ideia ter dado isso pra eles. – Tio Kwangmin fala, e eu concordo plenamente.

Mas eles já estão brincando.

Depois disso, meus familiares se dispersam pela pequena casa de meu avô, que também se dispersa de mim, indo com minha mãe lhe empurrando a cadeira de rodas para longe, talvez passear pelo jardim lá fora. Eles conversam sobre algo que não escuto, mas talvez realmente não me interesse: minha mãe necessita de mais tempo com ele do que eu agora.

Vendo Chanwoo, o menino antissocial que ama videogame, ainda ao meu pé, impaciente depois de tanto tempo esperando o seu presente, eu propositalmente apenas afago os seus cabelos e me contento com o sofá sobressalente, onde meus tios não estão. Yooa e Kyungsoo vêm atrás.

Me jogo no sofá com a minha bolsa agora quase vazia e mil vezes mais leve do que quando veio. Yooa fica ao meu lado no braço do sofá, se ajoelhando no carpete e apoiando a cabeça nos braços, sendo fofa como sempre. Já Kyungsoo se joga ao meu lado no único lugar remanescente no sofá. Que cavalheiro, deixando Yooa ficar no chão enquanto ele aproveita do bom e velho conforto do sofá do meu avô.

Meu primo caçula vem até mim com um bico no rosto que, eu apostaria o mundo, está concorrendo para roubar o lugar do meu futuramente, quando for um pouquinho mais velho.

– Baek, cadê meu presente?

Meu coração aperta.

Chanwoo é meu pequenino favorito: ele é diferente. Ele é fechado e muito difícil de conversar, mas quanto se conhece e conquista sua confiança, ele é uma ótima criança.

–  Kyungsoo trouxe alguma coisa pra você. – balanço a mão fingindo não me importar com o garoto ali e olhando para o outro lado, encontrando o olhar repreensivo de Yooa. Ela balança a cabeça para mim.

Eu vejo o menino sorrir e pular de alegria com as capas coloridas dos jogos de Play Staion que descobre na mochila de Kyungsoo. Em minha opinião, aparentam ter quinze ali, mas pode ter até mais.

Ele agradece com um sorriso a Kyungsoo que apenas assente com a cabeça, afastando um possível abraço o máximo possível. Eu rio com a cena.

Quando percebe minha risada, Chanwoo se vira para mim de novo, voltando a ficar magoado.

– Mas você não trouxe nada pra mim, Baek?

Um momento tenso paira no ar onde meu coração batendo rápido é a trilha sonora e a expectativa do meu primo é um exército batalhando contra o meu fingimento e minha atuação. Ele é tão fofo!

Yooa estala a língua ao meu lado.

–  Dá logo o presente dele, Baekhyun!

Eu rio, já pegando minha bolsa com o último presente que tem nela: Uma caixa branca do tamanho de um palmo. Eu entrego para Chanwoo, do qual o sorriso já voltou com toda a vontade. Ele pede para Kyungsoo segurar os jogos por um momento e eu o percebo balançar a cabeça; seus presentes já foram desprezados.

O menino testa o peso da caixa em sua mão, depois coloca na orelha e balança um pouco, e depois, com um sorriso malicioso, ameaça jogar no chão, me forçando a gritar de susto.

- NÃO!

- Sabia! – ele rebate, já abrindo a caixa. – É um de seus bonecos!!

Eu rio, colocando a mão na testa, aliviado. Se ele quebrasse esse boneco não haveria apenas uma morte de minha ou do garoto aqui, haveria uma morte de mais ou menos 24 horas de trabalho.

O garoto tira o boneco da caixa, revelando um Link cabeçudo e com o corpo pequenino. Tenho que dizer que as roupas verdes do personagem, seu cabelinho loiro e seus olhos azuis encaixaram de uma maneira perfeita.

– Uau!

–  Pera, esse ai é aquele Zelda, não é? – Yooa pergunta ao meu lado e eu sinto Kyungsoo revirar os olhos.

–  Zelda é só o nome do jogo, o do boneco é Link – eu sussurro para Yooa sem os dois verem enquanto conversam sobre o jogo. – Eu te entendo não saber disso, nem eu sabia.

–  Que gente estranha.

Eu olho para eles com admiração, porém. É um calor no peito que eu sinto quando vejo meus amigos interagindo com a minha família, coisa que já fizeram milhares de vezes, e eu sempre fico feliz de que eles interajam.

Mesmo que, no caso de Kyungsoo e Chanwoo, haja uma enorme diferença de mais de dez anos.

–  O almoço está pronto!! – O chamado é feito.

 

...

 

Já acordei hoje pensando no que seria de mim e meu trabalho, e pulei logo para o computador. Domingo, Domingo! Domingo e eu ainda tenho fotos a aprovar e artigos a concretizar para o jornal de amanhã. Não que eu esteja tão atrasado assim, afinal, eu realmente não me atrasei em nenhuma postagem no portal e sem dúvida estou bem ligado em tudo.

Mesmo assim, nada de Dr. Pepper por todo o final de semana.

Não que eu queria saber mais sobre tal assunto, já estou exausto!

É claro que ontem, na mesa, enquanto almoçávamos, alguém teria que tocar no assunto, porque era o que todo mundo estava pensando no final das contas. Começou com meu tio que não consegue segurar a língua com um assunto desses, Youngmin sempre acha que sabe de tudo.

Tivemos que esclarecer que nada daquele terrorista era visível. Será que eles não assistiam jornal? Ele é um hacker. “É, tia, tipo um cara invisível”. Um hacker que não deixa rastros por onde passa, não deixa pistas e está sendo muito bom em esconder tudo o que faz e deixando apenas aparecer aquilo que quer, inclusive o seu codinome nada engraçado.

“Tipo o refrigerante?”, Minwoo perguntou, e eu me lembro de ter suspirado. Definitivamente eles não assistiam o jornal.

– Salvando e... Enviar!

Sorrio satisfeito quando o email já está enviado, mas não tenho muito tempo para satisfação, quando meu celular começa a tocar. Quando olho, noto que é não é nenhum número que eu conheça e meu cérebro logo vizualiza o de cabelos vermelhos.

Não Baekhyun, não é ele, provavelmente é trabalho. Além do mais, você tem a porra do número dele.

Então eu respiro fundo. É trabalho. Atendo.

A voz que se segue é calma e tranquila, e, além do mais, feminina, o que realmente tira todas as minhas esperanças sobre Chanyeol.

A mulher me cumprimenta, falando seu nome que em 5 segundos já esqueci, e aparentemente eu não preciso falar o meu pois ela ligou exatamente porque sabe quem eu sou.

Ela é uma das secretárias da prefeitura e está ligando para chamar a imprensa para um pronunciamento do presidente daqui a uma hora na Casa Azul quanto ao ataque do Times, sobre o que ele pretende fazer com a área destruída.

A mulher nem precisa terminar de falar para eu já estar colocando meu casaco e pegando minha chave do carro em cima da mesa, me preparando para sair. Quando ela se despede no celular, minhas mãos tremem para ligar pra Chen, um dos meus fotógrafos. Sempre fico ansioso com coletivas assim, porque eu estou lá, eu estou pegando a notícia de primeira mão!

Chen confirma que estará lá daqui a uma hora, sem atrasos, e eu desligo a ligação, com a mão na maçaneta da porta. No mesmo momento, meu celular começa a tocar de novo, e dessa vez meu coração quase sai pela boca.

É ele.

 Ele está ligando pra mim.

Respiro fundo. Trabalho, Baekhyun.

 Trabalho.

Mas eu não resisto e acabo atendendo a ligação ao mesmo tempo em que abro a porta do meu apartamento, para sair em busca da minha matéria.

– Alô?

Entretanto, quando eu levanto a cabeça e olho para frente, arregalo os olhos.

Não pode ser.

Sua imagem me paralisa. Porque aqui está ele, com sobrancelhas inclinadas, com cara de arrependido, e eu tenho vontade de socar o seu rosto. Ele parece um cachorrinho com as orelhas baixas, e o rabo entre as pernas.

– Chanyeol? – Desligo a ligação com as sobrancelhas franzidas. O que ele está fazendo na frente do meu apartamento?

Ele só pode estar brincando comigo.

Suspira, provavelmente adivinhando o que eu estou pensando, afinal ele sabe de tudo, não é? Sabe até meu endereço, e eu nem dei!

–  Eu trouxe donuts. – Ele abre a caixa que esteva segurando. Nela, se encontram três fileiras de pequeninos pãezinhos com um buraco no meio, confeitados com os mais diversos gostos e cores.

Ele pega um dos donuts e leva até a frente do rosto, tentando se esconder com o doce e mostrando-o para mim.

Em letras cursivas, uma linha azul de cobertura escreve “sorry”.


Notas Finais


HEY YOOOO
acabou. aksdjlakdjajd
Obrigada por terem lido, e prometo tentar não demorar com o próximooooo
muito obrigada pelo apoioooo <3


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