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História Dr. Pepper - Ele tem que me pagar


Escrita por: yookione

Notas do Autor


OOOOOIII
*foge das pedras*
então, eu tentei bastante deixar esse cap. com menos de 5mil palavras kk
*realidade dos 2 FUCKING MESES bate*
e desculpa pelos dois meses de hiatus kkkkeusoupessima

Anyway, espero que gostem dese capitulo, ele ta bem fofinho <3
Boa leitura, muito obrigada pelo apoio nos comentarios!

Capítulo 8 - Ele tem que me pagar


Fanfic / Fanfiction Dr. Pepper - Ele tem que me pagar

No carro, eu solto os cachorros em Chanyeol. E eu não me contenho em nenhuma palavra. Ele apenas fica quieto no banco de carona, olhando para a caixa de donuts – que era para ser pra mim –, os comendo enquanto falo. Olha em meus olhos de vez em quando, mas quando volto a atenção para pista, ele também os desvia.

– ... Você não tem nenhum argumento, está me ouvindo? NENHUM ARGUMENTO. – Eu bufo. – E ainda acha que uma caixa de donuts pode resolver tudo. Isso é sério?! Você fez eu pensar que eu estava errado, fez eu pensar que eu só falava besteiras. Fez eu ficar olhando para o celular o dia todo esperando uma ligação. Você tinha o dia todo! Agora, quando Baekhyun está prestes a conseguir uma bela de uma matéria, você resolve aparecer? O que é? Você tem um manual de maneiras de me foder?!

De relance, vejo um pequeno sorriso malicioso surgir em seus lábios com a última frase, mas eu apenas ignoro. Estou com zero de humor para brincar de namorar.

– Você vai ficar no carro. Não vai sair desse carro. – Digo, por fim, e respiro fundo.

– Porque? – Essa é a primeira palavra que fala desde que entrou, e mesmo assim não faz ameniza nem um pouco a minha raiva.

– Porque?! Porque eu não quero você me atrapalhando. Isso é de novo sobre o Dr. Pepper, não quero você lá me enchendo o saco. – Eu olho para ele esperando alguma compreensão, mas ele apenas revira os olhos, como uma criança. – Fora que você é famoso, e...

– Jornalistas são loucos por famosos. – Ele sorri de uma forma boba, me lembrando da frase que usou há apenas uma semana.

Minha expressão se contorce em desprezo.

– Que seja.

Estamos nos aproximando da casa azul, que na verdade de azul só tem os telhados e alguns detalhes, de resto a casa exibe suas colunas, portas e janelas grandiosas, todas brancas. A multidão da mídia já se encontra presente no gramado da casa, cheios de câmeras e microfones enormes esperando o pronunciamento do presidente.

Eu arrumo um lugar qualquer para estacionar o carro, correndo o risco de pegar uma multa, sem me preocupar com mais nada além de chegar lá e pegar essa matéria o mais rápido possível.

 Quer dizer, quase.

Enquanto arrumo minhas coisas na minha bolsa com toda a minha ansiedade e pressa que não me esforço para esconder, me lembro de Chanyeol no meu banco de carona e, infelizmente, paro no ato.

Ele me encara com um pequeno sorriso nos lábios, e não parece ter pretensões de me desobedecer e sair do carro – sequer tirou o cinto. Na verdade, algo em seus olhos negros parece até estar me... admirando.

– Eu te odeio. – Falo, antes de puxá-lo para mais um beijo que eu não consigo resistir.

Retribuindo o toque, ele sorri minimamente com minha atitude. Ele é um idiota mesmo, penso, enquanto acaricio sua bochecha, deslizando então minha mão para sua nuca, fazendo carinho em seus cabelos vermelhos.

Chanyeol é tão... Tão...

Somos interrompidos com um susto: alguém bate na janela de vidro do meu lado do carro. Eu salto no banco, e rapidamente me viro para ver quem é, e não me surpreendo nem um pouco ao ver a expressão sacana de Chen, meu querido fotógrafo.

Eu baixo a janela de vidro com a melhor cara de poucos amigos que consigo fazer. Chanyeol, junto a Chen, também solta uma risadinha ao meu lado, e infelizmente parece que todos estão rindo, menos eu.

Limpo a garganta.

– Eu achei que íamos nos encontrar no campo.

– Reconheci sua placa, só resolvi adiantar a situação. – Ele se explica ainda sorrindo. Reparo em seu material; tudo guardado em uma maleta que, sem dúvida, pesa muito em sua mão, fora a câmera no pescoço, mas ele mal parece se importar. Vejo seu sorriso diminuindo, enquanto ele olha para meu par atrás de mim, se transformando em uma expressão de surpresa. – Uau.

Por um pequeno momento, não faço a mínima ideia do porquê de ele estar tão impressionado. Até então eu olhar para o de cabelos vermelhos e me dar conta, arregalando os olhos.

Puta merda. É Park Chanyeol.

Me viro rapidamente para Chen. O coração quase saindo pela boca.

– Conta isso pra alguém do trabalho e eu te mato, entendeu? Te mato.

Chen apenas ergue as sobrancelhas e balança a mão no ar, desdenhando, como se tivesse medo de mim.

– Vamos logo, namoradeiro, está todo mundo no campo menos a gente. Tem coisa menos profissional que isso?

– Ta. – Concordo, colocando minha bolsa no ombro. Olho para Chanyeol por um segundo antes de sair, como se me assegurando que está tudo bem.

Ele apenas faz um gesto para eu ir, como se não precisasse me preocupar.

Sendo assim, eu saio do carro e me lanço para uma matéria que, no mínimo, promete estar na capa do jornal de amanhã.

...

Segunda-feira novamente, e aqui estou eu, mordiscando meu croissant e vez ou outra tomando um pequeno gole do meu chocolate quente. Seguro o jornal que publicaram na manhã de hoje, relendo a matéria que eu mesmo fiquei até tarde da noite escrevendo ontem.

Tecnicamente, o presidente não resolveu fazer muito. Houve uma reunião, junto com as autoridades do Korea Times, para discutir sobre reutilizar a área destruída para um novo prédio ou não, e o jornal concordou que não queria isso para seus funcionários: o lugar poderia não ser propício para um recomeço. Então, foi decidido que um monumento seria erguido ali, em memória a esse ataque e que ele nunca mais se repetiria. O monumento já está sendo arquitetado, embora não se saiba muito sobre o que ele vai ser.

Fora isso, o presidente também mandou suas sinceras desculpas aos funcionários do Korea Times, junto com um cheque bem alto para ajudar na construção, ou compra, de um novo prédio.

De resto, apenas um dramático discurso sobre patriotismo e proteção que ocupou boa parte da matéria.

Entretanto, uma coisa que não me sai da cabeça, e não me deixa prestar atenção em mais nada à minha volta, não tem nada a ver com Dr. Pepper.

Tem a ver com Chanyeol.

Eu posso não ter reparado ontem à noite, porque eu estava nervoso e com muita, muita, raiva. Mas hoje, mais calmo e observando uma bela rua de Seul pela janela, eu vejo que algo estava diferente nele.

Ele não me contrariou em nada. Parecia quieto. Demais.

Ele falou muito pouco, e ele não é disso. Quer dizer, eu acho que não. Na verdade, pensando agora, eu acho que estava esperando que ele me interrompesse naquele raivoso monólogo no carro e me desse mais alguma de suas filosofias que me fizessem calar a boca e refletir. Mas ele não fez isso.

Tampouco quando chegou em minha casa e eu, ainda com os nervos à flor da pele, o mandei ficar quieto no sofá e não fazer mais nada além de respirar. Ele ficou. Não ligou a televisão, nem pegou um livro para ler. O máximo que fez foi um chocolate quente para mim a fim de acompanhar os donuts que restaram de sua comilança no carro.

Assim, apenas deitou ali no sofá da sala e ficou me olhando trabalhar, até que ele disse que tinha que ir para casa resolver seus assuntos. Me beijou na boca, e foi embora.

Foi embora. E eu não me importei, porque tinha muito trabalho a fazer, então não me importei.

Engulo meu chocolate e quase deixo a caneca cair na mesa.

Algo em sua expressão... ia muito além de arrependimento.

É como se ele fosse morrer. Se despedindo.

 

Balanço a cabeça e tento tirar esse pensamento besta da mente. Devo estar louco. Completamente doido.

Ele só devia estar cansado. Ele parecia cansado.

Não parecia?

Apenas por desencargo de consciência, eu alcanço meu celular em meu bolso e procuro seu contato. Vejo o nome e o número e por alguma razão isso me alivia. Ele está ali. Baekhyun, ele está ali.

Pare de ser aquele Baekhyun de 13 anos.

Pare.

Ele está ali. Está tudo bem. Ele não é como o outro.

Engulo em seco e acabo tocando no ícone de telefone, colocando rapidamente no ouvido. Chama uma, duas, três, quatro vezes.

Ele não atende.

...

Quando chego no trabalho, ando com passos rápidos até meu escritório, e as pessoas me olham de maneira estranha enquanto passo. Apenas uma pergunta é comum entre todas elas.

“O que ele vai fazer?”

A verdade é que nem eu sei. Minha mão treme demais, e meus pensamentos estão muito desordenados para eu saber.

Percebi o que aconteceu assim que saí da ligação de Chanyeol e, bum!, meu celular explodiu em informações. Mensagens, e-mails, notificações do Facebook, e diversas ligações.

Mesmo sem ler nenhum, eu soube. Ele tinha agido de novo.

Eu rapidamente me sento na minha mesa do escritório e ligo o computador. Eu não acredito, eu não acredito!

Aparentemente, de acordo com uma ligação que recebo de um policial, que já conheço de tempos atrás quando trabalhava com essa editoria, o que aconteceu foi mais um ataque. Dessa vez, entretanto, uma bomba de verdade no Instituto de Pesquisa Militar da Coreia do Sul.

Agora sim, eu acredito naquele papo da Coreia do Norte estar se rebelando contra o desenvolvimento da coreia do sul. Mas essa possibilidade já foi descartada há muito: agora temos Dr. Pepper.

A dúvida é: porque está acontecendo de novo? O governo já não tinha prometido que nada disso iria acontecer de novo?

Chen está lá registrando tudo com sua câmera, e eu vou passando as fotos que ele me envia com, novamente, aquela já treinada expressão imóvel no rosto.

A bomba destruiu tudo. Da estrutura, sobraram apenas algumas paredes, e carcaças de pessoas estão espalhadas por toda a terra, misturados com cacos de vidro. É difícil reconhecer algo naquele monte de ruinas, mas com esforço vejo pedaços de tecido branco que um dia podiam ter sido jalecos, e pedaços aleatórios de computadores: uma CPU estraçalhada, um monitor quebrado. Pesquisas, esforços... Vidas perdidas.

Meu celular toca e eu novamente me assusto, tendo um sobressalto na cadeira. Olho a tela, e quando eu vejo o nome de Chanyeol, todo o meu nervosismo parece dispersar-se em um suspiro. Eu atendo e levanto da cadeira, caminhando pelo escritório e ficando bem longe da minha janela – altura não ajuda no nervosismo -, mesmo que ela esteja com as cortinas bem fechadas.

– Onde você estava?! Porque não em atendeu?!

– Calma, mamãe. – Ele responde com seu tom desdenhoso. – Eu estava dormindo, só não escutei meu celular tocar.

Expiro em mais um alívio, embora um pouco incerto.

– Tem certeza? Você está bem?

Um silencio paira na linha, e eu não entendo o porquê.

– Por que não estaria? – Ele replica.

Algo em sua voz está diferente, mas eu não consigo distinguir exatamente pelo telefone. Talvez ela esteja mais rouca, ou ele esteja respirando com dificuldade...

Ou apenas esteja com voz de sono.

– Eu não sei, estava preocupado. – Falo com a voz trêmula. – Desculpe.

– Você se preocupa demais, Baekhyun. Demais. – Ele fala, com uma pequena risada no final. – Está tudo bem, não está?

– Acho que sim... – digo, ainda apreensivo, talvez apenas pelo novo ataque. Por um segundo, penso em falar isso para ele, mas me lembro como da última vez não deu muito certo, então mudo de rota. – Tenho que trabalhar... Tchau, Chanyeol.

– Tchau, Baekhyun.

...

Acordo dos meus pensamentos com o choque da bandeja de Kyungsoo na mesa, e ele ri do meu sobressalto.

– Você está lindo Baekhyun. – Diz ele se sentando, desencapando o canudinho de seu refrigerante – Sério, sua aparência está ótima.

Queria ser hábil de me comunicar mesmo sem abrir a boca, nesse caso seria mil vezes mais fácil, e Kyungsoo me entenderia com apenas um gemido de cansaço e a minha queda em cima da mesa. Escondo os olhos nas mangas da minha jaqueta e fico assim por um tempo, apenas ouvindo os murmurinhos embaralhados da praça de alimentação shopping, sem forças para me levantar.

Quando acho que já estou dormindo, Kyungsoo me dá um peteleco na cabeça, e eu acordo de novo.

– Você se acha muito engraçado, né?! – Me obrigo a falar, irritado demais até para o cansaço me conter.

– Você precisa pentear seu cabelo, Baek. Sua mãe não lhe ensinou isso? – Ele continua a brincar, pegando uma mecha do meu cabelo nos dedos e encarando-a como se fosse um objeto desconhecido. Tenho vontade de morder sua mão, mas ele muda de assunto antes que eu tente. – Olha, eu sabia que você não ia levantar para comprar nada, então comprei para você.

Ele coloca um copo de refrigerante e uma caixa de hambúrguer na minha frente.

– Sem... molho? – Balbucio, esfregando os olhos.

– Sem molho. – ele concorda, só então eu tomo coragem para tirar o hamburguer da caixa. – Agora, me fala, porque, em plena terça-feira, Byun Baekhyun está nesse estado?

Eu apenas suspiro. Sequer me lembro de ter me olhado no espelho hoje. Ontem fiquei muito tempo acordado trabalhando; organizando matérias, organizando imagens, e pesquisando muito em todas as fontes que eu poderia achar na madrugada.

Mesmo quando me deitei na cama, não consegui dormir. Comecei a pensar no perigo, nos riscos, na insegurança imensa que esse caso do Dr. Pepper está causando não só para mim, mas para toda a cidade. Fiquei acordado e rolando nos lençóis por muito mais tempo do que deveria.

Cheguei a ligar para Chanyeol. Só assim consegui dormir. Eu não falei que estava assim por causa do trabalho, é claro, mas acho que no final das contas ficou implícito. Mesmo assim, ele cantou uma música, para me ajudar a cair no sono.

 Era calma, e tinha uma letra muito bonita, sobre uma pessoa que também estava tendo insônia como eu, mas não por causa de trabalho, e sim por uma pessoa, que era tão bonita que parecia um anjo.

Sua voz, grave e áspera, me acalmou. E aos poucos o sono começou a me puxar.

Lembro vagamente de ter dito: “sabe, Chanyeol, sua voz é muito bonita”.

E ele riu e respondeu: “Você também é, anjo”.

Ao lembrar disso, algo tão simples quanto uma palavra saindo do alto falante do meu celular, meu corpo encontra energias que eu nem sabia que tinha, e eu consigo sorrir. Eu sorrio escancaradamente.

Porque?

– Ele me chamou de anjo.

O rosto de Kyungsoo de contorce num misto de desprezo e escárnio.

– Como é que é? – ele solta uma gargalhada, entretanto não fico nem um pouco envergonhado. – E eu pensando que era alguma coisa importante.

Pelo canto do olho, vejo cabelos laranjas se aproximando de nossa mesa. Então eu percebo Yooa, chegando com toda a pressa, com uma bandeja em mãos.

– O que é importante? – Ela se senta sorridente, tirando o casaco e o pendurando na cadeira, junto com a sua bolsa. Coloca os cabelos atrás da orelha e parece ter acabado de correr uma maratona. – Desculpa o atraso, eu tinha que terminar umas coisas.

– Finalmente você chegou. Pensava que iria ter que aguentar esse apaixonadinho durante todo o horário de almoço! – Kyungsoo reclama, e empurra meu ombro de leve antes de se encostar na sua cadeira novamente. – Todo seu.

– Só me atrasei porque você deixou metade do seu trabalho pra mim! – Ela exclama indignada, entretanto Kyungsoo apenas ri vitorioso. Yooa o mostra o dedo do meio e, então, se volta para mim. – Enfim, você já voltou a ser o apaixonadinho de novo, Baekhyun?

Ergo os ombros, ainda rindo um pouco da cara de pau de Kyungsoo de continuar deixando trabalho para os outros.

– Acho que sim. – Ergo ombros, brincando com o canudinho do refrigerante. – Ele me chamou de anjo.

– Meu deus! Que fofo!

Kyungsoo finge que vai vomitar, mas Yooa apenas ignora.

– Sério, vocês são tão fofos juntos. – Ela sorri, abanando a cabeça – Tem que me chama para ser a madrinha quando for o casamento.

– Provavelmente você vai ser a daminha de honra, de tão criança que é – brinco, e ela ameaça me bater.

– Ok, chega! Vocês estão me enjoando. – Kyungsoo implora. – Por obséquio, podemos ir logo para o motivo de estarmos aqui, Yoo Shi Ah?

– Você é um chato, sabia? – ela fala, com uma expressão chateada.

– Eu nasci chato.

Ela revira os olhos.

– Ok, o motivo de estarmos aqui é... – Ela rufa os tambores na mesa para dar suspense, mas parece que apenas eu estou interessado, já que Kyungsoo parece estar morto na cadeira ao lado. – A peça anual para crianças carentes está marcada para sábado!

– Meu Deus! – Eu exclamo. – Sério?

A Peça Anual Para Crianças Carentes é a iniciativa de um de um dos irmãos de Yooa, Seunghyun, que é empreendedor, dono de um teatro, e quis levar cultura e imaginação para órfãos da melhor maneira possível: com peças. Já faz pelo menos cinco anos que essa iniciativa vem dando certo e desde que Yooa conheceu a mim e a Kyungsoo, ela nos chama para ajudar. E na verdade é um prazer cuidar da maquiagem, do figurino, e tudo que estiver ao nosso alcance.

– E qual vai ser a peça? – O resmungo sai de Kyungsoo, que vai logo ao ponto como sempre.

Em resposta, Yooa apenas levanta uma sobrancelha e dá uma mordida em seu hambúrguer. Seja lá qual for a peça, ela parece estar bem animada.

...

A sensação de nervosismo é como um choque que passa por todas as minhas veias e deixa todos os meus membros trêmulos, incapazes de fazer qualquer coisa realmente útil. Mas é fato que eu sempre fico assim quando se trata das Peças Anuais. Só consigo morder o lábio e olhar para a rua a minha frente, enquanto dirijo nervoso em direção ao teatro do irmão de Yooa.

Kyungsoo, ao meu lado, está escolhendo despreocupadamente cada música que toca no rádio do meu carro como se isso fosse uma atividade muito mais interessante do que a extravagante peça na qual nos metemos. Sinceramente, quando estou com ele, parece que qualquer drama meu, sobre qualquer coisa, é pura, simples, e infantilmente, invenção da minha cabeça.

 É por isso que ele é meu melhor amigo.

No entanto, enquanto ele apenas se mexe para trocar de Adele para Beyoncé, minhas pernas tremem nos pedais, e minha mão tamborila os dedos desesperadamente na marcha do carro. Mesmo assim, meu querido amigo, no banco de carona, ignora totalmente o fato de que estou pirando.

Não tenho certeza do porquê fico assim. Mesmo depois de já ter feito isso três vezes, eu ainda não me acostumei com a pressão de tanta gente esperando pelo nosso resultado. E nem sou eu que atuo, já que essa parte fica com as pessoas que realmente sabem fazer isso, mesmo assim, fico totalmente nervoso.

Quer dizer, cada detalhe é importante. Cada detalhe.

Cada pedrinha no figurino de Yooa, cada arvore do cenário...

– Baekhyun...

Cada cílio da maquiagem das meninas, cada música da trilha sonora...

- Baekhyun!

Como as crianças ficarão localizadas, a qualidade do som...

- BAEKHYUN!

A voz de Kyungsoo, grossa e bruta como estou acostumado, me tira dos meus pensamentos com um susto que me faz arregalar os olhos. O volante foge da minha mão e eu quase perco a direção do carro, mas consigo retomar antes que qualquer acidente aconteça.

– O que é? O que foi? – Olho para ele, desesperado.

- Porra, o seu celular tá tocando há três séculos e você não escuta! – Ele me dá o aparelho rapidamente na mão, com a ligação já atendida. Não tenho tempo de ver quem é.

– Alô?

– Baekhyun!

Paro bruscamente no sinal vermelho. É a voz de Chanyeol.

Imediatamente, eu sorrio, não tem como esconder isso nem de mim mesmo.

– Oi... – falo com um tom que me surpreende por sair tão besta.

– Você está livre?

E é com essa frase que eu percebo: mais uma vez Chanyeol vai invadir uma parte da minha vida. E sua invasão vai ser tão bem-vinda quanto um abraço de mãe, e tão sutil quanto a entrada de um ladrão em uma casa.

...

–  Mas você já viu a entrada? – Pergunto para Chanyeol, com o telefone entre o ombro e a orelha, enquanto tento fazer a trança de Yooa ficar decente.

Minhas mãos tremem, e a cada vez que eu volto o olhar para a trança, eu volto ao pensamento de que não estou fazendo isso direito. As pessoas ao meu redor, com seus figurinos brilhosos e coloridos, andam pelos bastidores com uma correria típica de uma preparação para peça, como se fossem empresários ocupados que fossem pegar um avião. A pressa de todos só me faz ficar mais nervoso ainda.

Enquanto isso, Yooa está à minha frente mascando chiclete, tranquila em sua cadeira, sentindo o carinho em suas laranjas mechas de cabelo. Ainda bem que ela não sabe o estado em que as tranças estão, mas não duvido muito de que, quando Kyungsoo voltar de suas tarefas no palco, ela descobrirá. E não vai ser nada bonito.

– Baek, não tem entrada nenhuma aqui! – Chanyeol exclama de novo em meu ouvido, e eu apenas bufo, sofrendo por causa do torcicolo que essa posição está me dando e profundamente estressado por não estar sabendo dizer onde é a entrada nos fundos do teatro. – Já olhei pra essa parede umas três vezes, o que você quer que eu ache aqui? A plataforma 9 3/4?!

Reviro os olhos.

– Chanyeol, atrás de um caminhão branco, pelo amor de deus, tem que ter uma porta. Entra nessa porta e segue o corredor, e depois entra na porta da esquerda. – Repito a frase pela milésima vez, e bufo novamente em irritação quando percebo a trança se embaralhando na minha mão.

Desmancho um pouco e começo outra vez, com dificuldade.

– Opa, espera, acho que achei.

– Ta vendo, eu te falei! Agora é só seguir o corredor e entrar na porta da esquerda... – falo já exaurido, tentando ajeitar o celular no meu ombro. – Da esquerda, ouviu, Chanyeol?

– Ouvi. – Escuto a voz dele novamente, mas dessa vez não só no celular como também atrás de mim. Ele abre um sorriso animado quando eu viro para trás e o vejo ali, parado como um enorme poste.

Solto a leve trança de Yooa e coloco o celular no bolso para poder envolver o pescoço de Chanyeol com meus braços, ansioso.  Dou um curto beijo em seus lábios que têm gosto café doce, o único gosto de café que eu suporto, e que me passam uma sensação nova de tranquilidade. Faz o meu corpo inteiro ficar um pouco mais relaxado.

Dá vontade de ficar com a cabeça acolhida em seu pescoço para sempre. Não sair mais.

Quando me solto dele, ele cumprimenta Yooa, curvando o tronco, e eles trocam sorrisos.

Vejo o de cabelos vermelhos, que agora reparo parecerem mais vivos do que nunca – talvez por tê-los retocado e não ter me contado –, olhar torto para as tranças de Yooa. Ele franze as sobrancelhas, e um minúsculo bico surge em seus lábios.

– Baekhyun, tem algo de errado com a sua mão? – Ele fala se esforçando para não rir, fazendo Yooa enfim despertar e se atentar para o cabelo embraçado.

Sinto rapidamente meu bico surgir na boca. Sei que elas estavam ficando tortas, mas ele não precisava comentar.

– Elas não estão tão ruins...

– Ruim é pouco! – Yooa exclama, olhando transtornada para os cabeços ruivos embaralhados – Eu pensava que você sabia fazer uma trança, Baek!

– E eu sei!

– To vendo! – Ela ri debochado, para então levar a mão à testa em decepção. – E agora? Eu não sei fazer uma trança!

– Eu sei. – Chanyeol ergue as sobrancelhas, tão convencido que chega a empinar o nariz. – Posso?

– Por favor, seja rápido. – Pede a ruiva, e imediatamente ela se vira de costas e suas tranças (talvez nós) começam a ser desfeitas. – Quanto tempo, Baek?

Olho no relógio, ainda com um bico por meus esforços serem completamente recusados.

- Dez minutos... – Digo nervoso, e então reparo ela mesma respirar fundo, e me lembro que não era eu que deveria estar nervoso aqui. – Vai dar tudo certo.

Ela assente. Não consigo ver seu rosto, por estar apenas com visão para seus cabelos, mas apostaria uma fortuna que ela está ansiosíssima. E sorrindo mais que uma criancinha em uma festa de aniversário. Mal pode esperar para se tornar outra pessoa, com outra personalidade e história, para entreter as muitas criancinhas que estão para chegar.

Volto o olhar para o que o de cabelos vermelho está fazendo, e vejo que está indo muito bem.

Eu, inconscientemente, envolvo seu tronco com meus braços, me aconchegando gentilmente à sua enorme costa. Apoio meu queixo em seu ombro forte, para então observar seus longos dedos trabalhando calmamente no cabelo de Yooa.

Se dispersa apenas por um segundo de seu trabalho, para virar a cabeça e me dar um beijo perto dos lábios. E então volta para a sua trança perfeita, mil vezes melhor que a de Byun Baekhyun.

Em instantes, Yooa está com suas tranças prontas, maquiagem de boneca, e seu vestido azul completamente livre de amassados.  Sapatilhas vermelhas, um pouco pesadas, que fazem um “toc toc” quando anda. Uma perfeita Dorothy.

Vejo Kyungsoo vindo do palco a passos rápidos, em direção a nós.

- Que bom que está pronta. – Diz ele, com a camisa manchada de verde em vários cantos. Quando me vê olhando, ele tenta explicar. – A grama de papel mancha bastante...

– Ainda bem que você ficou com essa parte então – sorrio sínico.

Ele revira os olhos grandes, como se fosse uma criancinha revoltada.

Nós, que não vamos atuar nem controlar o tempo da peça, somos praticamente excluídos quando as crianças chegam, pois o espetáculo tem que começar e nenhuma peça de O Magico de Oz é feita apenas com ajudantes. Somos varridos para um canto no camarim, onde podemos ver, através de um vácuo da cortina, a plateia e os apresentadores.

Seunghyun, o dono do teatro, dá as boas-vindas às crianças, e brinca um pouco com elas, com piadinhas e perguntas, para então poder apresentar a tão esperada peça, O Magico de Oz. Assim que essas palavras saem de sua boca, o teatro inteiro escurece, e Chanyeol, atrás de mim, me abraça, e eu aproveito para me aquecer em seus braços quentes e aconchegantes, expulsando o frio que o escuro gera.

Não sei como, mas quando ele me abraça, eu realmente sinto como se estivesse em um lar. Em casa.  

A peça é linda do início ao fim, e o final me faz chorar, mesmo que não seja tocante a esse ponto. Talvez não seja a história, entretanto, que me faça ficar tão emocionado, mas sim o alívio de tudo ter dado certo, e de finalmente as crianças estarem aplaudindo.

Mas claramente eu não falo isso para Chanyeol, pois quando ele me vira para si e vê as lagrimas em meu rosto, faz a expressão mais carinhosa que eu já recebi em toda a minha vida. Ele beija a ponta do meu nariz, me fazendo relaxar completamente, para então limpar minhas lagrimas, as expulsando de me rosto. Ele me aconchega em seus braços novamente, e, para ser sincero eu não quero sair deles.

Quando olho por cima de seu ombro, consigo ver Kyungsoo nos olhando, rindo sozinho. Ele revira os olhos para mim, quando me vê, mas ainda sorrindo.

Continuamos a assistir o palco, esperando as crianças tirarem fotos com os personagens; é uma fila enorme, e as meninas entram em êxtase quando conseguem abraçar Yooa. Já os meninos, em geral, preferem o outro irmão dela, que faz o papel de homem de lata.

Eles parecem felizes, no meio de flashes e sorrisos na alta luz do palco do teatro.

Seunghyun vem ao nosso encontro, em determinado momento, nos convidando para a tradicional pizza depois de toda peça, mas eu olho para Chanyeol assim que o convite é feito e ele pisca para mim, me fazendo derreter como manteiga ao sol. E logo percebo que não estou apto para esse tipo de programa hoje, o que me faz um chato, posso confirmar pelo olhar de Kyungsoo.

Entretanto Kyungsoo aceita o convite com gosto, e ele consegue carona rapidamente com Seunghyun para voltar para casa. Ele não parece estar mais cansado, e tem a animação de um touro para ficar acordado a noite inteira.

As crianças vão embora e eu me despeço de todos, dando os parabéns à Yooa pela atuação maravilhosa, e ela agradece curvando-se, como sempre, em modéstia.

E, finalmente, eu puxo Chanyeol noite afora, não aguentando mais um minuto.

Rapidamente encontro o meu carro na parte de trás do teatro, e não hesito nem uma vez sequer em empurrar o meu ruivo contra ele, mesmo que ele seja muito maior do que eu. Até porque ele deixa, ele se deixa ser manuseado por mim.

Dessa vez, sou que eu o imprenso contra o carro, e não o contrário, eu o consumo e queimo. Minha boca o devora, e ele não se deixa perder espaço dentro dela, nossas línguas travam uma batalha quente. Minhas mãos passam por todas as partes que querem passar; por sua nuca, sua larga e robusta costa, a curva antes das nádegas. Minhas mãos entram em seus bolsos.

Ele, bem maior que eu, bem mais forte que eu, separa minimamente os nossos lábios para estreitar os olhos e me fazer uma pergunta cochichada:

– O que deu em você, Baekhyun?

Eu não o respondo, e volto rapidamente para sua boca. Eu não consigo resistir.

O que deu em mim? Eu vou dizer o que deu em mim: Chanyeol. Ele veio até a minha vida, a invadiu, se emaranhou nela sem nenhuma autorização. E ele é simplesmente tão lindo e perfeito em tudo, tão sexy e exuberante, que não há como aguentar.

É desse jeito que ele tem que me pagar, ao menos.

Uma mão aperta mais seu corpo contra o meu, enquanto a outra puxa os cabelos da nuca fortemente.

Ao menos assim... Ele precisa me pagar. 


Notas Finais


yeeep, é isso skdjlsak
novamente desculpa por todo esse tempo <\3
e muito obrigada meeeesmo pelos comentarios e favoritos <3 eles me dão algum motivo para continuar a postar.

bejos e vou tentar não demorar muito no proximoooooo~


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