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História Dragões sabem amar - Capítulo quinze


Escrita por: Cookiezin

Notas do Autor


LEIAM AS NOTAS FINAIS. AISH, PRA QUE ESSA PEDRA? EU SEI QUE DEMOREI, DESCULPA!

Capítulo 17 - Capítulo quinze



  Muito vento entrava pela janela do outro lado do quarto. Estava tão frio que logo começaria a nevar, mas a mulher sentada na poltrona amarela não ligava para o vento. Estava horrorizada com as coisas que acabara de ouvir; estática, não sabia o que fazer, falar ou pensar.  Assim também estava o homem, que fora horas torturado pelo lorde das trevas.
    Tremia com o vento, mas não estava disposto a se levantar da ponta da cama onde sentara. As olheiras em baixo de seus olhos indicavam horas a fio pensando em uma solução qualquer para salvar o seu bem mais precioso -- que, na verdade, já perdera.
    -- Não pode ser verdade -- disse a mulher, negando qualquer coisa do que ouvira. Mas ela sabia que tudo aquilo era sim real: afinal, quando aquele-que-não-deve-ser-nomeado tortura alguém, ele deixa a pessoa quase morta. 
    E assim ela encontrara o ex-marido: ensanguentado, na soleira da porta da casa da irmã. Lúcius passou dois dias trancado no quarto antes de tomar coragem e ir contar a sua ex-mulher sobre que destino estava guardado para o filho.
    -- Você sabe que é, Narcisa. Você viu com seus próprios olhos o que ele fez comigo ao descobrir o segredo. Ele vai usá-lo, assim que seus planos estiverem prontos. Irá treiná-lo para matar; e pior: no final irá matá-lo, para deixar apenas a sua carcaça. 
    Narcisa levou as mãos à boca, segurando suas lágrimas. 
    -- O que podemos fazer?
    Lúcius sorriu fraco ao se levantar, tonto pela falta de sono e dolorido pela recém tortura. 
    -- Nada. Não podemos fazer nada.
    Andou até a janela do quarto, espiando lá fora. Era um dia muito bonito, de fato. O céu estava azul e havia algumas poucas nuvens brancas e fofas... o mar não estava quieto, mas sua agitação tornava a paisagem mais bela.
    -- Não quero perdê-lo -- sussurrou, engasgada por um soluço -- ele é tudo o que eu tenho.
    -- Eu acho... que há um jeito de salvá-lo.
    -- Mas você mesmo acabou de dizer que não havia!
    -- Eu disse que nós não podemos fazer nada -- corrigiu o loiro, ainda sem olhar para a mulher -- é diferente. 
    E fechou a janela. 

OoOoO
  Harry sorria feliz para a mulher a sua frente. Os cabelos, longos cabelos, caiam levemente pelas costas dela e balançavam suavemente com o vento. Ela sorria docemente também e parecia genuinamente feliz. 
    O garoto não entendia aquela imagem; não saberia dizer o motivo da mulher estar tão contente e também não entendia o motivo dele estar feliz ao vê-la; mas estava e, assim sendo, não queria desviar os olhos dos dela: tão verdes quanto os seus. 
    Trajando um vestido branco e longo, de tecido leve, abriu os braços convidando-o para um abraço. Abraço esse que logo foi concedido. O coração dela batia calmo no peito e era tão familiar ao moreno como se um dia ele tivesse dormido ali, com a cabeça apoiada e o corpo embalado pelas gentis mãos da ruiva... 
    Era sua mãe, descobriu. E ela estava ali, tão linda quanto via nas fotos que possuía de seus pais. E continuava a sorrir.
    -- Meu querido Harry -- falou, embora sua voz parecesse distante. E sua imagem, de repente, foi desaparecendo, causando certo desespero no moreno -- estou feliz que esteja bem agora. Me desculpe. 
    -- Não... não vá embora. Fique comigo, por favor mãe, eu preciso de você comigo!
    -- Eu estou com você querido. Acredite nisso. Mesmo que não possa me ver, ouvir ou sentir a textura de minha pele, eu estou com você. É só acreditar.
    Harry observou mais uma vez os olhos, já distantes, de sua mãe e deixou que algumas lágrimas caíssem. Não, ela não estava com ele. Estava indo embora, novamente, abandonando-o. E ele nada podia fazer além de chorar. 
    -- Harry, está tudo bem, eu estou aqui -- disse outra voz. Harry olhou para os lados mas não encontrou o dono dela. Não conseguia identificar quem era que lhe falava -- Harry, acorde, por favor -- era estranhamente familiar a ele, aquela voz. 
    -- Harry!
    O garoto abriu os olhos. Seu rosto estava molhado, ele tinha a respiração rasa e acima dele um rosto preocupado o encarava.
Era Draco. Os olhos analisavam, seu rosto e as mãos seguravam do lado, limpando as lágrimas insistentes com seus polegares. Parecia assustado.
    -- O que... -- Harry começou a falar quando percebeu o seu estado. Ele estava numa sala estranha, deitado numa cama que não era a sua, nu. E... Malfoy estava com ele, também nu. 
    Como um raio, a memória das horas passadas atravessou a sua mente: ele e Draco tinham transado. 
    Arregalou os olhos e corou até o último fio de cabelo, tentando, em vão, cobrir o seu corpo. O loiro riu de seu desconforto e o beijou.
    -- Não tem nada aí que eu não tenha visto, Harry. Não precisa ficar com vergonha. Agora, me fala. Porque estava chorando?
    -- Eu... -- começou o outro, ainda muito envergonhado pela situação em que se encontrava -- eu tive um sonho. Ele foi bom, quer dizer... é como se tivesse sido real. Mas é que... 
    -- Você não queria acordar. 
    O moreno assentiu com a cabeça, abraçando-o.
    -- Era com minha mãe -- disparou. Sentiu os ombros do loiro ficarem tensos e ele prender, por um segundo, sua respiração. Sabia que a mãe e o pai era um assunto delicado para o moreno e como ele ficava sensível quando tocavam no assunto. Não queria vê-lo chorar -- foi muito real, foi como se ela realmente estivesse viva. E ela me abraçou e disse coisas bonitas. Mas aí ela foi embora, porque era só um sonho. Ela disse que está comigo, é só eu acreditar, mas eu... não acredito nisso, Draco. Ela está distante de mim. 
    -- Shhhh -- pediu o loiro, apertando mais o abraço. Sentiu suas costas molharem com as lágrimas de Harry e suspirou. Precisava dizer as palavras certas para ele se acalmar -- está tudo bem, eu estou aqui. E sabe o que mais? Eu acho que é verdade.
    -- O qu...
    -- Talvez ela não esteja aqui do jeito que está imaginando, Harry.
    -- E como ela estaria?
    -- Eu não sei. Só você pode saber -- e sorriu docemente para ele -- agora, limpe suas lágrimas e levante o rosto que eu odeio vê-lo assim. Lembre-se da noite maravilhosa que tivemos -- e sorriu malicioso vendo o rosto de Potter corando gradativamente -- e é melhor irmos. O que seus amigos vão pensar de você?
    E gargalhou mais uma vez ao ver a cara de desespero do menor. 
    -- Não tem graça!
    Mas tinha. E Harry sabia disso. 

OoOoO
    Os amigos de Harry, assim como o loiro previra, pensaram muitas coisas sobre o desaparecimento do garoto. Hermione e Rony não tocaram muito no assunto em prol da sanidade do amigo, mas Fred, George e Gina Weasley tiraram sarro dele pelo resto do dia. 
    Ao final da tarde, depois de mais uma aula irritante de DCAT, Rony, um tanto curioso, resolveu finalmente fazer suas perguntas a respeito do ocorrido.
    -- Você foi o passivo ou o ativo?
    -- RONY! -- ralhou Hermione e Harry apenas corou, não respondendo a pergunta.
    -- Doeu muito?
    -- Você está assumindo que eu fui o passivo? -- indignou-se o moreno. Rony sorriu sem graça e coçou a nuca.
    -- É que se eu fosse te pegar você seria o passivo e...
    -- RONY WEASLEY! -- berrou Hermione, assustando um grupo de primeiranistas que passavam pelo corredor -- não é coisa que se fale para o Harry. Desculpe, Harry -- disse um tanto envergonhada.
    -- T-tudo bem -- murmurou ele e pediu que fossem na frente porque ele precisava passar na biblioteca.
    O fato era que não precisava passar na biblioteca, só queria um momento de sossego longe de todos. O que não conseguiu, obviamente, mas ele não reclamaria depois. Era Angelina. 
    Chegou que nem um fantasma, causando um certo susto em Potter, e despejou de uma vez, extremamente constrangida.
    -- Harry, você está de volta no time.
    Por um momento o garoto não acreditou no que estava sendo dito. Depois de um minuto de silêncio, entretanto, arregalou os olhos e sorriu, feliz.
    -- Escute, eu espero que não haja ressentimento entre nós e as outras meninas. Eu nunca quis tirá-lo do time.
    -- Então porque...
    -- Isso não vem ao caso agora -- e sorriu, mais leve do que antes -- fico feliz que esteja de volta. Temos um treino esse sábado, por isso, evite detenções. Sei como anda aprontando com a cara de sapo.
    O garoto assentiu prontamente, fazendo uma nota mental para se segurar na próxima aula de Defesa. 
    A morena se afastou depois disso e Harry correu até a torre da grifinória para contar as novidades aos amigos. Todos comemoraram e, naquela noite, Harry dormiu mais feliz. 
Acordou atrasado no dia seguinte. Rony o chacoalhava, chamando seu nome, já pronto para o café. Harry arregalou os olhos e saiu correndo para ajeitar as suas coisas: a primeira aula era de poções. Ele não queria começar o dia com o pé errado. Engasgou-se enquanto escovava os dentes e rapidamente "penteou" o cabelo. Saiu da torre e verificou no relógio que não teria tempo para comer. Deu de ombros e desceu até as masmorras, quase trombando com o prórpio Snape na porta de sua sala de aula. 
    -- Entre -- disse ríspido e o garoto prontamente o fez. Viu Rony rir de sua desgraça e Hermione lançar a ele um olhar raivoso. Sabia que devia ter comprado um despertador, mas como ultimamente não precisava porque sempre acordava cheio de pesadelos, simplesmente se esqueceu do fato. 
    Procurou por um lugar vazio e esperou muito haver um na parte sonserina da sala -- especialmente ao lado de um certo loiro que também encarava com ar de riso -- e apenas achou ao lado de um garoto em quem nunca realmente reparara. Era um grifinório, bem alto e musculoso. Atraente, poderia dizer. Como caralhos ele nunca reparou naquele garoto antes?!
    Sentiu o olhar dele pesar e tentou ao máxinmo ignorá-lo. A aula começou e Harry achou-a interessante e proveitosa. Estava começando a gostar um pouco mais de poções e isso era um avanço. 
    O problema mesmo começou no meio da aula, quando Snape, milagrosamente, ralhou vom Malfoy quando o garoto, distraído, derrubou seu caldeirão inteiro no chão. O professor, irritado, limpou toda a sujeira e mandou-o fazer tudo de novo.
    Mas Draco não fez nada, porque simplesmente não desviava o olhar da mesa em que Harry estava. O moreno o encarou de volta, com a dúvida estampada na face, mas o loiro negou com a cabeça, vermelho de raiva.
    Só então que o outro se deu conta. O garoto que estava sentado ao seu lado ainda o encarava. E despudoradamente passava os olhos dos olhos do moreno para sua boca e então descia até chegar... Harry ficou tão vermelho quanto os cabelos de Rony e desviou o olhar, se sentindo desconfortável. Queria pedir para o outro parar de encará-lo, mas simplesmente estava envergonhado demais para isso. 
    A coisa toda piorou quando, mais atrevido ainda, o garoto colocou sua pesada mão em sua coxa e foi subindo lentamente. Harry tentou ir ao máximo para o lado, tentando escapar dos toques do outro, quase caindo da cadeira. 
    -- Ah, mas isso não é possível -- disse Draco, se levantando abruptamente da cadeira e indo até a mesa do moreno. Sanpe rugiu um "Malfoy!" que foi prontamente ignorado. Todos ficaram em silêncio, sem entender direito o que estava acontecendo -- caralho, Potter, será possível que virou mudo? -- Harry abriu a boca para retrucar, mas o loiro passou a falar com o garoto -- escuta aqui, seu brutamontes, encoste nele outra vez e eu arranco suas mãos, entendeu? -- e agarrou o braço do garoto, o torcendo. Snape estava furioso, gritando com Draco, que ainda o ignorava -- ele é MEU! É só meu! Ouviram? -- Harry abriu a boca e arregalou os olhos. Corou, dando-se conta do que estava acontecendo. Antes que pudesse falar qualquer coisa, Malfoy o pegou pelo pulso e o arrastou para fora da sala, ainda em fúria. 
    Harry chamava-o, mas ele parecia absorto demais em seus pensamentos de morte contra o grandalhão. Depois de uns cincos corredores o loiro finalmente parou, ofegante. O moreno viu os nós de seus dedos brancos e percebeu o quanto aquilo fora sério. 
    -- Draco -- Harry chamou -- você percebe o que acabou de fazer? Acabou de declarar para escola inteira que... estamos... 
    Mas calou-se. Não estavam nada. 
    -- Vão falar de nós mais ainda. O que te deu na cabeça?
    Draco, repentinamente, o empurrou com força contra a parede e atacou seus lábios num beijo apressado. 
    Harry tentou empurrá-lo sem muito sucesso e logo desistiu, se rendendo ao mais alto. Se separaram apenas quando o ar já faltava.
    -- Harry, me desculpe. Eu fiquei com... ciúmes.
    O moreno não pôde evitar de sorrir um pouco. Ainda estava bravo com ele por ter colocado os dois nessa enrrascada, 
    -- E eu não ligo que as pessoas saibam que estamos juntos. É até bom que saibam. Vai ver assim elas param de ser tão atrevidas com você. E é bom que parem, porque eu cometeria uma loucura se algo assim acontecesse de novo. 
    O moreno ficou alguns minutos em silêncio, apenas encarando os olhos cinzas do loiro. Oh, céus, como o amava.
    -- Draco... mas nós... estamos namorando?
    Malfoy arqueou uma sobrancelha e riu.
    -- Esperava o que? Um convite formal? Agora é uma menininha, Potter?
    Harry corou e abaixou a cabeça. Ele só esperava um pouco de... romance? Alguma coisa bonita vinda do loiro, talvez. 
    -- Ei -- Draco chamou
Harry olhou para o loiro, com os olhos marejados. Não sabia como mudara tão rapidamente de sentimentos, mas acontecera; e a vergonha de antes passou a ser tristeza ao ver nos olhos de Malfoy nada mais que nada. 
    -- Potter, porque está chorando?
    -- Não é nada -- mentiu ele. É verdade, não devia ser nada. O moreno sabia como Draco era e, embora tivesse mudado muito desde o início do ano, ainda era uma cobra fria. 
    -- Eu não... -- mas não completou o que quer que fosse dizer. A aula acabou e uma multidão de alunos passou pelo corredor em que estavam, todos cochichando e olhando para os dois. Snape caminhava pesado, vindo na direção do garotos, com um olhar mortal.
    -- Na minha sala, agora.
    E virou-se, a capa negra farfalhando como de costume. Harry abaixou a cabeça e seguiu o professor de volta para a sala de aula. No caminho viu seus amigos com suas coisas, que lhe lançavam um olhar de pena. 
    Também viu o garoto atrevido, tendo que segurar na mão de Draco para impedi-lo de fazer alguma coisa idiota. 
    Assim que chegaram na sala do professor a porta foi fechada e Snape massageou as têmporas, irritado.
    -- Olha, eu sei que vocês estão num relacionamento e que o senhor Malfoy pode ser um tanto quanto ciumento, mas realmente precisava dessa cena? Vocês sabem o que vai acontecer de agora em diante? Sabe o quão perigoso isso vai ser... -- nenhum dos dois se atreveram a falar nada. Snape bufou e se jogou na sua cadeira, a face um tanto pálida -- bem, não há como ser mudado. De agora em diante terão que lidar com as consequências. Mas vocês... -- e de repente, pareceu muito cansado. 
    Parou de falar por um segundo, seus olhos mirando o nada. Como se estivesse se lembrando de alguma coisa, como se... estivesse chorando por dentro. Isso não durou muito, é claro, e logo a pose fria de Snape voltou.
    -- Vocês vão me prometer que não vão fazer mais nada desse tipo. Agora todos sabem de seu relacionamento, por isso peço que sejam discretos. As pessoas podem ser...
    -- Entendi -- disse Draco, impaciente -- e não me importo com o que as pessoas vão dizer. Faria tudo o que fiz de novo. 
    Snape bufou e se levantou da cadeira. Pensou um pouco, caminhou até um armário escondido e retirou de lá um frasquinho com conteúdo amarelo.
    -- Potter, antes que eu me esqueça... você vai substituir as poções que está tomando por essa. Ela é mais forte e tem menos efeitos colaterais. Demorou muito para fazê-la, espero que não quebre o frasco assim que sair da sala. É uma dose por semana. Não mais que isso. Se exagerar na dose algumas coisas... indesejadas podem acontecer. Entendido?
    Harry assentiu com a cabeça e pegou, com o maior cuidado, o frasco.
    -- Certo. Você está liberado, Potter. Preciso ter mais uma palavra com o senhor Malfoy.
    Harry ficou curioso, mas saiu antes que levasse mais uma bronca. Andou até a sala comunal, percebendo que mais uma vez perdera o horário e, consequentemente, uma aula. 
    Irritado por isso decidiu, depois de guardar a nova poção, caminhar até a cozinha para comer alguma coisa. Estava com muita fome, passara a aula inteira ignorando o ronco insistente de seu estômago. 
    Na cozinha encontrou com Dobby, o antigo elfo dos Malfoy. Foi até que bom reencontrar com o amigo, que lhe serviu um monte de comida. 
    Só não esperava que, a certa altura da sua refeição, entrasse mais uma pessoa no lugar; não era um elfo, não era um professor e não era Draco. Era... o garoto. 
    Harry sentiu suas costas ficarem tensas por um momento. Percebeu dele um sentimento estranho, como se ele estivesse se sentindo culpado mas ao mesmo tempo não se arrependesse de todo. E sua aura era estranha também. Assim como a de Malfoy, ela atraía Harry.
    -- Ah, achei que... Potter. Hmm, oi. Achei que a cozinha estaria vazia já que... o que faz aqui?
    -- Perdi o horário de manhã e pulei o café -- disse, rígido. O garoto o avaliou e suspirou, se sentando na cadeira ao lado de Harry. 
    -- Me desculpe por mais cedo, sim? Eu não sabia que você era... comprometido -- e sorriu irônico. 
    -- Mesmo que eu não fosse, seu comportamento ainda estaria errado. Tenho que ir -- disse, irritado pela fala do outro. Se levantou com a intenção de se afastar o mais rápido possível dali, mas teve seu pulso segurado pelo garoto.
    -- Por favor, me faça companhia um pouco. Desculpe pelo meu comportamento. As vezes eu não percebo que passo do limite.
    -- Porque eu deveria fazer companhia para você? Me solte.
    -- Que mal educado, Potter. Por favor, não vou demorar muito.
    E sorriu, depois de tantos irônicos e sarcásticos, um sorriso gentil. Harry odiou-se por admitir aquilo, mas o sorriso do garoto era muito bonito quando verdadeiro. E não conseguiu desviar o olhar até que observou-o sumir.
    -- Tudo bem -- disse Harry. Se sentou de novo, vendo o garoto voltar a sorrir e começar a comer um pedaço de bolo. 
    -- Sou Henry. 
    -- Hmm -- murmurou. Henry? Havia um Henry na grifinória? Como ele nunca tinha notado isso? Ele era enorme e extremamente atraente também. Como nunca sequer reparara nele?
    -- Mas é sério. Me desculpe por antes. E diga a Malfoy que sinto muito... ele pegou de jeito o meu braço -- riu, mostrando uma marca roxa. Harry se sentiu um pouco feliz por isso, mas também um pouco envergonhado -- será que pode me perdoar?
    O mais baixo pensou um pouco, analisando o rosto de Henry. Embora sentisse que o outro não era completamente sincero, tinha algo lá... que simplesmente não deixou Harry dizer não.
    -- Tudo bem. Eu perdoo. Mas nunca mais volte a fazer algo assim, certo? Primeiro porque não sou um objeto e segundo porque eu sou... 
    -- Comprometido?
    Harry assentiu com a cabeça. Henry sorriu rápido e voltou a comer. O rosto dele era másculo. Ele tinha o nariz reto e o maxilar quadrado, formando um perfeito quadro. O lábios eram finos e os olhos, castanhos bem escuros, pareciam também observar seu rosto e cada mínimo detalhe. 
    Ele não era o tipo de Harry -- que se surpreendeu ao perceber que tinha um tipo (Malfoy) -- mas algo nele fazia-o arrepiar. 
    Henry bagunçou o cabelo castanho e sorriu malicioso para o moreno.
    -- Se você continuar me encarando assim vou repetir o que aconteceu na sala, sabe -- e riu ao ver o rosto corado de Harry. 
    -- Só... você me lembra alguém -- mentiu -- e eu não consigo me lembrar quem é. 
    O garoto pareceu convencido e o moreno voltou a respirar tranquilo. Esticou a mão para pegar um pedaço de bolo -- que ficou com vontade de comer ao ver Henry comendo -- e levou-o a boca, saboreando o doce. 
    Os doces tinham se tornado muito melhores depois de toda a transformação.
    -- O que... é isso na sua mão?
    Harry arregalou os olhos e rapidamente escondeu sua mão. Droga! Fora tão cuidadoso escondendo a cicatriz dos amigos e Draco e agora a deixa amostra para um garoto qualquer ver! Idiota!
    -- Não é nada -- e à cara de descrença do outro, completou -- é sério. Foi um acidente.
    -- Então porque não retirou a cicatriz com um feitiço?
    Cogitou se devia contar a verdade, ou só meia. No final, Harry sentia que mentir para ele era tão difícil quanto mentir para o próprio Draco. E isso estava assustando-o. 
    -- É que... para manter uma memória viva. É isso -- disse, por fim. Era verdade. Tinha se agarrado aquela cicatriz como um meio para se lembrar, entre tanta confusão e Draco Malfoy, o que estava vivendo. 
    Henry finalmente terminou de comer o bolo. Não se levantou, entretanto. 
    -- Sabe, tenho um tio meu que... ele tem algumas informações  sobre você que nenhum livro tem. Digo, não você, mas sobre a sua natureza. Eu sei que deve ser difícil lidar com as coisas que não entende, por isso, se quiser saber de qualquer coisa, pode me falar e que peço para ele o livro -- ao término da fala, se levantou. Retirou algumas migalhas de sua roupa e deu mais um sorriso a Harry.
    -- Obrigado pela companhia.
    E saiu. O moreno ainda ficou sentado na cadeira, pensando. Quem era aquele garoto que de repente surgiu? O que ele queria de Harry?
    Suspirou e encarou a cicatriz.
    Não devia contar mentiras para as pessoas. Essa era a sensação que tinha quando estava perto de Henry e Draco. Não podia mentir para eles, mas não sabia porque. 
    Escondeu a mão, pensando seriamente em pedir um par de luvas para Rony -- que tinha dúzias -- e decidiu finalmente sair da cozinha. 
    No corredor encontrou-se sozinho. 
    Mas sentiu, ao virar a esquina, o peso de um olhar sobre ele. Não virou para trás. Não precisava temer. 
    
OoOoO
    -- Você entende? As pessoas se interessam mais por pessoas compromissadas. E agora os sonserinos não vão te deixar em paz. Olha, minha função como padrinho é te proteger de tudo. Mas no momento, eu preciso proteger Potter.
    -- O que...
    -- Não entende? Não percebe o que ele é? Já salvei a vida dele desde que o ano começou umas cinco vezes e ele nem sabe! Você está colocando ele em risco ao assumir essa relação. 
    Draco Malfoy ficou em silêncio, encarando os olhos frios do padrinho. Assentiu com a cabeça.
    -- Fique de olho nele. Mais do que já fica. Ele está em perigo agora.
    -- Não vou deixar que nada aconteça a ele, Snape, você sabe disso. Eu o amo!
    -- Não, você não o ama. Não sabe o que é amor, é apenas um jovem apaixonado e cheio de hormônios. Mas acredito que gosta o suficiente dele para protegê-lo. 
    Draco respirou pesado, irritado. 
    -- Pode ir agora. Preciso preparar minha próxima aula.
    O loiro assentiu com a cabeça e caminhou até a porta. Parou, um pouco antes de sair, ao ouvir a voz do professor de novo.
    -- Mais uma coisa. Esse garoto, Henry. Sempre me deu problemas. Mas tem uma coisa nele... fique de olho. Não deixe que ele chegue muito perto de Potter.
    Draco sorriu maldoso. Queria fazer o garoto, o tal de Henry, sofrer por ousar colocar as mãos em Harry.
    -- Vou ficar de olho, Snape, acredite. 
    Vou matá-lo.
    Snape não viu o olhar maníaco, o loiro estava de costas. Saiu, ainda sorrindo como um psicopata. As sobrancelhas levemente arqueadas, os olhos esbugalhados e aquela monstruosa coloração vermelha manchando o cinza.
    Em outro corredor, longe dali, Harry sentiu raiva. Mas ele sabia: não era sua. 
 


Notas Finais


SO, explicações.
No último capítulo eu disse que não ia demorar para postar... éeee... me enganei. Desculpem ;-; é que eu já tinha tudo planejado e pá, aí na hora de escrever não consegui merda nenhuma. E o bloqueio durou até agora, pq eu acho que esse capítulo não tá legal. Mas eu fiz alguma coisa e mesmo que tenha ficado pequeno e não muito bom, eu postei.
Agora... essa provavelmente vai ser a última atualização que vocês verão em trinta dias. Pois é, vou ficar um mês provavelmente sem postar,
O que acontece é que as aulas vão começar segunda. Já na primeira semana tenho prova e é preciso que eu vá bem nas matérias de exatas - e gramática. Esse bimestre eu preciso tirar nota, por isso vou me dedicar bastante a escola e não sei se vou conseguir escrever com eficiência e rapidez. Por isso decidi fazer um mini hiatus - que não é hiatus, lembrem-se disso, posso ter um surto de criatividade e sair jogando capítulo na cara de vocês por hora. Resumindo: não me comprometo escrever nesse mês de agosto.
Também tem um trabalho muito importante que eu to fazendo para ganhar nota. Ele vai ser muito grande e difícil de fazer e vou ter apenas duas semanas para terminá-lo. Ou seja, maior parte dos dias vou estar com minhas amigas fazendo esse trabalho, o que implica, novamente, em falta de tempo - até para ver a minha série ;-; que eu viciei nela semana passada e to na terceira temporada e ;-; ta acabando ;-;
Mas não é só esse trabalho, que é um extra. Tem os obrigatórios de biologia e português.
Krlh, to fodida esse mês. Enfim, as provas são no começo de setembro, aí eu guardei duas semanas para estudar pra elas a ponto de ir tão bem que não ficarei de recuperação. Será que vai acontecer??? Espero que sim.
Bom, não vou enrolar mais. Daqui a onze dias é meu aniversário o/// e eu não vou ganhar nada ;-; mas tudo bem auhauhau e por isso vou ver se posto pelo menos um capítulo curtinho e fofo, ou... e.e se vocês quiserem, um lemon. Vamos ver, não me comprometo uahauhua
Espero que compreendam e que gostem dessa capítulo -- eu não gostei, particularmente. E desculpem pelo hiatuzinho.
Beijinhos e torçam por mim e minhas notas e.e


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