História Drama Adolescente - Curto-Circuito

É como gritar, mas ninguém pode ouvir;

É como morrer, mas você sabe que vai precisar abrir os olhos;

É como se você desligasse, mas ainda estivesse conectado à bateria.

Não sinto meu corpo, não vejo o que meus olhos vêem.

Perdi a conta de quantas vezes, ao meu olhar no espelho, tive que desviar o olhar. É estranho ser encarada por um estranho tanto tempo.

A luz faz meu rosto brilhar, eu sinto medo daqueles olhos brilhantes.

As pessoas não são mais tão interessantes, perdi os argumentos enquanto as encarava e me perguntava se elas sabiam o quão previsíveis eram. Um filme.

Não acredito que isso é minha vida.

Parece distante, ao mesmo tempo que preciso me manter perto porque sei que se eu me afastar, nem que seja mais um milímetro, eu vou cair. Desligar.

As vezes quero muito desligar, ignorar o importante, e quando consigo, as pessoas me questionam porque eu fiquei encarando o nada por tanto tempo.

Mas não fui eu.

Não sou essa pessoa.

Esse corpo não é meu.

Esses sonhos não são meus.

Essa voz não é minha.

Esses instintos, esses pensamentos, essa personalidade não é minha.

Perdi o saber ou a consciência da felicidade, e quando sou questionada sobre algo, há um branco gigantesco como resposta.

Perdi a opinião.

Perdi a vontade de responder.

Sou um robô com defeito que assiste o filme rolando enquanto todos os outros agem como se a "vida" fosse imprevisível.

Perdi meu eu.

Sinto que vou dar um curto-circuito a qualquer instante, sinto que meu corpo está se preparando para desligar.

Afinal, ninguém quer um robô com defeito.