História Dream girl - Sacrifices

Meu corpo estava acordado, mas eu não tinha forças nem vontade de abrir meus olhos.

Cada parte minha doía, como se estivessem me queimando viva. Os machucados e cortes profundos estavam quase todos inflamados.

Algo em mim sabia que eu não sairia desta com vida, não de novo.

O chão duro só piorava a dor nas minhas costas, e eu tremia de frio.

Duas semanas.

Duas semanas vivendo no inferno

Nos primeiros dias eu tentei lutar, tentei resistir. Pensava em minha mãe, minha avó, em Justin... 

Mas então, a dor física e emocional virou mais do que eu poderia suportar.

Então eu desisti.

Desisti de tentar revidar, de tentar brigar, de tentar achar uma saída deste lugar.

Eu deixava que eles me arrastassem para o lugar que fosse e me cortassem, me queimassem, me amarassem, me chutassem, me dessem tapas, socos... nada mais parecia me fazer sentir nada.

Eles não me faziam perguntas. Eles não me pediam nenhuma resposta, nem falavam nada.

E eu parei de fazer perguntas no segundo dia.

-Chegou o almoço, princesa. -O guarda gritou, e eu ouvi um barulho de metal batendo contra o chão de concreto.

Me obriguei a me sentar, gemendo de dor, encarando os cortes em minhas pernas. 

Me arrastei até o prato, encontrando uma sopa nojenta e um pedaço de pão velho e um tanto mofado.

Eu estava tão magra que todos os ossos em meu corpo apareciam. No início, fiquei vários dias sem comer. Mas isto só piorava a dor.

Molhei o pão na sopa, me obrigando a engolir um pouco da sopa, com nojo.

Dei um pulo quando a porta foi aberta, e um dos homem que tem me torturado entrou por ela.

-Hoje teremos algo especial, querida. -Falou, me lançando um sorriso diabólico, me fazendo estremecer.

...
Justin Bieber p.o.v:

Joguei tudo que estava em cima da minha mesa no chão com raiva.

-Eu não me importo! Revirem o estado inteiro. -Gritei, fazendo com que todos estremecessem.

-Mas, senhor, já fazem duas semanas... -Um dos comparsas murmurou.

-E você espera o que? Que eu desista? -Gritei, e ele apenas negou com a cabeça, saindo da sala com pressa atras dos outros homens.

-Bieber, acho que deveríamos começar a olhar outros estados... -Chaz falou, quando Bella entrou na sala, branca como um papel.

-O que ouve? -Perguntei, e ela engoliu em seco.

-Chegou... uma coisa. -Murmurou, me entregando um envelope.

Ela parecia apavorada, o que fez com que meu coração acelerasse muito.

Dei passos firmes até ela, pegando o grande envelope de sua mão e o rasgando de uma vez só, antes que perdesse a coragem.

Joguei o papei do chão, retirando uma peça de roupa de dentro do mesmo.

Um vestido da Brooklyn. Que ela usava no dia em que sumiu.

O analisei, sentindo meu corpo todo gelar.

Uma grande mancha de sangue.

Gritei com raiva, não sabendo ao certo se minha vontade era atirar aquela peça de roupa na parede, ou abraçá-la.

Eu tinha prometido que a protegeria desta vez, e tinha falhado.

De novo.

Larguei o vestido em cima da mesa, me sentindo incapaz de olhar para ele outra vez.

-Tem mais um coisa. -Chaz murmurou, pegando um pen drive que tinha caído no chão.

Fechei meus olhos com força, enquanto Bella abria o notebook na mesa apressadamente, conectando o pen drive o mesmo.

Não tive coragem de me juntar a Chaz e Bella, que assistiam a algo no computador com uma cara horrorizada.

-Mano... -Chaz murmurou, e eu respirei fundo.
Fechei meus punhos com força, andando até o lado deles e me obrigando a encarar a tela.

A imagem do vídeo era escura, tão escura que mal conseguia ver algo. Consegui ver ser uma sala.

Então uma fraca luz foi acesa, e eu precisei controlar minhas pernas para me manter em pé. 

No início nem reconheci a garota. Algo em mim não queria admitir que aquela era a minha Brooklyn.

Ela vestia apenas sua lingerie preta, e seu corpo estava coberto de hematomas e machucados.

Ela estava muito magra.

Ela tremia muito, não saberia dizer se de medo, frio ou fraqueza.

O vídeo era silencioso.

Então um homem deu alguns passos para perto dela, e a chutou.

Fechei meus punhos com força, me obrigando a continuar olhando para a cena. Agora eu escutava seus gritos aterrorizados enquanto o homem a atingia em todas as partes de seu corpo.

Derrepente ele parou. Então eu percebi que ela tinha caído no chão, desmaiada.

-Desgraçado! -Gritei, dando um soco forte na mesa, sentindo lágrimas quentes caindo pelo meu rosto.

Normalmente eu não choraria na frente de ninguém, mas eu não aguentava mais. 

Bella soluçava, abraçada em Chaz, que acariciava seus cabelos.

Então o homem do vídeo se virou, encarando a câmera, dando um sorriso diabólico. 

-Ainda tem uma maneira de salvar sua amada, Bieber. -Falou. -Talvez você não tenha procurado pela pessoa certa. De quem você tem escondido coisas?

Então o vídeo acabou.

Dei mais alguns socos na mesa de madeira, vendo Chaz se afastar com Bella em seus braços.

Eu deveria estar lá, no lugar dela. Ela é boa demais para tudo isso.

O que esse filho da puta quer dizer com isso? Eu não tenho ideia.

De quem eu venho escondendo coisas?

...

Brooklyn p.o.v:

Fui jogada com força de volta em meu "quarto". Me encolhi na parede, tentando aquecer meu corpo de alguma forma, mas era impossível.

Eu sabia que ele estava filmando. E algo em mim sabia para quem ele mandaria aquele vídeo. 

Se eu só pudesse acabar com tudo isso e o poupar de toda essa dor...

Não existe um dia em que eu não pense nele. Em como ele deve estar enlouquecido atras de mim.

Minha mãe e minha avó provavelmente nem sabem sobre o que está acontecendo.

Me pergunto como ele está as enrolando por tanto tempo.

Ou talvez elas já saibam.

A dor em meu corpo tinha aumentado após a última surra que eu tinha levado, mas eu tentava ignora-lá. Não é nada com o que eu já não estivesse acostumada.

Eu estou enlouquecendo, tenho plena certeza disto. 

Eu sei que as coisas só irão piorar. É só uma questão de tempo. Eu não tenho mais saída.

O que me preocupa é quem eles vão fazer tentar me salvar. Quem vai ser enterrado comigo.

Abracei meu corpo com força, encostando minha cabeça na parede com suavidade, tentando relaxar minimamente.

Era impossível.

Todos os sentidos do meu corpo estava aguçados.

...

Justin Bieber p.o.v:

-Se eles quisessem alguma coisa, já teriam entrado em contato. -Chris murmurou.

Eu andava de um lado para o outro na enorme sala, vendo todos me encararem do sofá.

-Tem que ter alguma coisa... algo que estejamos deixando passar. -Falei, tentando me manter calmo.

-Nós não vamos parar, cara. -Nolan falou, se levantando do sofá e vindo até mim. -Vamos trazer ela de volta para casa.

Concordei com a cabeça levemente.

Eu sabia que Nolan sentia que devia uma para Brooklyn, afinal, foi ela quem nos fez fazer as pazes.

-Você devia tentar dormir. -Gigi murmurou. -Toma um remédio, fuma um, sei lá.

Neguei com a cabeça. Eu não dormia a dias, rastreando mapas e tentando achar qualquer pista, mas não parecia o suficiente.

Eu não conseguiria descansar até achá-la.

Minha cabeça ficava me trazendo visões dela. Vozes murmuravam para mim que eu era o culpado.

Eu amei somente uma mulher a minha vida toda, e não tive a capacidade de protegê-la.

Não tenho mais medo de parecer um idiota. Essas duas semanas me mudaram completamente.

Os comparsas não pareceram acreditar no início. Que eu estava enlouquecido por que uma garota tinha sumido.

Os únicos que não me questionaram, nem uma vez, foram Chaz, Ryan, Chris, Nolan, Gigi e Bella.

Eles sabiam o que nos dois tínhamos. O quanto era real.

E eles não pararam nem um minuto também.

-Nós precisamos focar no que o homem disse. -Bella falou, e eu concordei com a cabeça.

-E se for uma armadilha? -Gigi disse. -Quero dizer, para nos desviar.

-Não acho que ele teria motivos para fazer isso. Por que ele a sequestraria se não fosse pedir nada ou ninguém em troca? -Falei, e Gigi franziu a testa, cruzando lentamente a cabeça.

-Como está a mãe e a vó dela? -Bella perguntou com um tom preocupado, e todos olhamos para Chaz.

-Elas não estão mais engolindo esta de ferias em Las Vegas com o Justin. -Ele disse, suspirando e passando a mão pelos cabelos. -Elas sabem como ela é. Ela não ficaria duas semanas sem dar notícias.

Encarei o chão, tentando me controlar para não ter outro surto.

Duas semanas, e eu não tinha conseguido fazer merda nenhuma.

-Os comparsas estão revistando os lugares abandonados que nos rastreamos? -Perguntei, mudando de assunto.

Chris concordou com a cabeça.

-Eles estão meio receosos. Acham que você está fazendo muito caso. -Murmurou.

Fechei meus punhos com força, sentindo meu sangue ferver.

-Da próxima vez que alguém disser isso, mande para o meu escritório. -Falei. -Acho que eles estão precisando reaprender quem manda nessa porra.

Sai pela porta da sala, andando pelo longo corredor até me quarto. Me sentei na minha cama, abrindo a cômoda e retirando uma embalagem com cocaína.

Ela ficaria tão puta comigo se soubesse que eu estava cheirando.

Mas eu não conseguia. As imagens dela de lingerie sendo espancada voltavam a minha cabeça o tempo todo, como flashbacks.

Se antes eu já não tinha paz mental, agora estava pior ainda. 

Cheirei duas linhas, me deitando na cama e respirando fundo, encarando o teto.

Logo senti meu corpo relaxar e fiz algo que não fazia a dias: dormi.

...

Acordei com o barulho infernal do meu celular tocando ao lado da minha cabeça, me fazendo xingar alto.

Peguei o mesmo na minha mão, dando um pulo quando vi que a chamada vinha de um número desconhecido.

-Boa noite, Bieber. -Uma voz masculina falou.

-Onde está a Brooklyn? -Falei rapidamente, fazendo o homem rir.

-Alguém é apressadinho. -Falou sarcasticamente.

-Eu sei o que você quer. Dinheiro, drogas, que eu fique no lugar dela... -Falei. -O que você precisar.

Eu me odiava por estar praticamente implorando para o homem, mas eu estava desesperado.

-Pensei que fosse mais esperto. -O homem disse. -Mas parece que minha pista não abriu seus olhos, e duvido que isso aconteça. Queria ir mais longe com isso, acredite, mas a garota não vai resistir muito. Caso queira se juntar a sua amada, o endereço está na mensagem.

Então ele desligou antes que eu pudesse falar qualquer outra coisa, me fazendo querer jogar o telefone na parede.

Eu estava suando frio por conta do que ele tunha falado. Ela não sobreviveria mais muito tempo?

Deus, eu não vejo a hora de espancar este desgracado até matá-lo com a sua minhas próprias mãos.

Recebi uma mensagem, contendo um endereço, e no final um aviso, digamos, muito importante.

Venha sozinho ou ela morre. Acredite, estaremos te vigiando.

Respirei fundo, sem pensar duas vezes antes de sair pela porta de meu quarto, descendo as escadas, indo até a garagem e entrando em meu carro.

Eu não me importo que isso acabe mal, o que provavelmente vai acontecer. 

Dirigi em alta velocidade pelas ruas vazias até o endereço, que ficava em uma área industrial.

Pensei em mandar mensagem para alguém, mas eu sabia que eles viriam atras de mim. E eu não podia arriscar ferrar com tudo, não desta vez.

Assim que cheguei no endereço, um velho e abandonado prédio, desliguei meu carro, descendo do mesmo.

-Eu estou aqui, me deixem vê-la. -Falei alto.
Escutei uma risada alta vindo da entrada do prédio e o homem, do vídeo e da ligação, apareceu.

-Você vai. -Murmurou, então senti três pessoas me segurando, enquanto alguém colocava um pano em minha boca.