História Dream girl - Traitor

Eu achava que já tinha me sentido nervosa na vida, mas eu estava completamente errada.

Eu usava o vestido que a revista tinha mandado, preto e longo, todo coberto de pedras prateadas, e uma máscara preta.

Eu encontraria o resto do pessoal no lugar da festa, faria as fotos promocionais para a revista, e depois trocaria de roupa com Kylie.

Respirei fundo mais uma vez antes de sair do elevador, indo até a frente do prédio.

O motorista que me levaria até a festa já me esperava com a porta da limousine aberta. O agradeço e entrei no enorme veículo.

Abri a janela enquanto o carro acelerava, pena do no quanto isso tudo pode dar errado. 

Mas a vida de uma pessoa está em jogo. Não posso dar para trás agora.

As pessoas na rua me encaravam dentro da limousine, então acabei fechando o vidro e tentando ao máximo relaxar no banco de couro.

Chegamos rapidamente até o local da festa. Várias pessoas se dirigiam a entrada do evento, algumas respondendo questões dos entrevistadores e posando para fotos.

Só de pensar que eu serei seguida por fotógrafos pela metade da noite já me dá calafrios.

-Brooklyn! -Um paparazzi gritou assim que desci do carro, e todos outros que estavam na volta vieram para cima de mim, causando um enorme tumulto.

Alguns seguranças os afastaram e eu posei para algumas fotos, forçando meu melhor sorriso.

-Responda algumas perguntas! -Uma entrevistadora falou, mas eu a ignorei, seguindo pelo caminho que os seguranças abriam no meio da multidão.

Quando entrei na festa a organizadora da revista veio falar comigo, me apresentando os fotógrafos que ficariam comigo até a meia noite.

-Você está sozinha? Tem uma mesa com modelos na esquerda...

-Na verdade alguns amigos meus estão chegando. -Respondi, dando meu melhor sorriso, e ela murmurou um "certo", se afastando com suas planilhas.

-Roubando a cena de novo, pequena Brooklyn. -Alguém falou atras de mim, fazendo eu me virar.

Era Khloe, a modelo do ensaio da coleção da minha vó.

Ela usava um vestido vermelho decotado e seus olhos brilhavam com raiva.

-Bom te ver também, Khloe. -Falei, dando um sorriso falso.

-Aproveite enquanto dura, querida. -Falou, se virando e se afastando. 

Quem me dera eu ter cabeça para me preocupar com ela agora.

Bufei.

-Tudo pronto para começarmos. -Um fotógrafo falou e eu sorri, enquanto eles começava a disparar flashes em meu rosto.

...

As horas até a meia noite se arrastaram. Eu me sentia exausta de tanto andar pelo salão, falando com pessoas que eu nunca tinha visto ainda.

Quando era meia noite os fotógrafos se despediram de mim, e eu fui até a entrada, para esperar todos.

Essa merda de plano precisa dar certo.

Logo avistei todos subindo as escadas. Os meninos e Kylie pareciam estar confiantes, mas Bella e Gigi estavam claramente aflitas.

Bella segurou minha mão com força.

-Vai dar tudo certo, estamos com você. -Ela disse, e eu a abracei.

Por favor, esteja certa.

Segui Kylie até o banheiro, onde trocamos de roupa rapidamente.

-Você vai ficar segura, Brooke. Não se preocupe. -Ela disse, seria, e eu apenas concordei com a cabeça.

Honestamente, não aguento mais pessoas me falando que eu vou ficar bem quando eu sei que não vou.

-Você pode me esperar lá fora? -Perguntei, e ela concordou com a cabeça, saindo.

Peguei meu celular na minha pequena bolsa, ligando para minha mãe. Desde o dia em que falei aquele monte de coisas para ela, não nos falamos mais.

Eu não posso me meter em uma situação perigosa assim sem estar em paz ao menos com isso.

-Brooke? -Ela atendeu. 

-Oi, mãe. -Falei.

-Esta tudo bem? Você parece aflita. -Ela disse, e eu respirei fundo.

-Está sim. Escuta... me desculpa por aquele dia, de verdade. Eu não queria ter falado aquilo. -Disse.

-Esta tudo bem. -Ela disse.

-Não, eu fui muito injusta. Eu estava irritada e descontei em você. Devia ter percebi que você estavam se esforçando. 

-Me desculpe por tudo querida. Eu queria ser uma mãe melhor. -Ela disse, respirando fundo.

-Você é uma boa mãe. Quando eu voltar vamos fazer mais coisas juntas. -Falei, rezando internamente para que um dia eu voltasse a vê-la.

-Vamos sim, eu prometo.

-Eu preciso ir, mãe. Amo você.

-Tambem te amo. -Ela disse, e eu desliguei a ligação antes que começasse a chorar.

Repairei fundo, me encarando no espelho um última vez.

Kylie me esperava do lado de fora do banheiro.

-O que fazemos agora? -Perguntei.

-Esperamos eles entrarem em contato. -Ela disse, se apoiando na parede.

Os minutos mais longos da minha vida se passaram antes que meu telefone começasse a tocar.

Minhas pernas amoleceram e eu encarei Kylie.

-Atende! -Ela disse.

Atendi o telefone rapidamente.

-Olá, querida. -A voz do homem falou.

-Onde você está? -Falei, sem me importar em soar irritada.

-Siga o instinto diabólico dentro de você, querida. As luzes vermelhas... -Falou, quase sussurrando, desligando o telefone.

-O que ele disse? -Kylie falou.

-Luzes vermelhas. -Falei, correndo meus olhos pelo salão a procura de qualquer coisa vermelha que não fossem os vestidos.

-Nem tem nenhuma luz vermelha aqui. -Ela disse, e eu comecei a andar pelo salão. 

Andamos pelo salão todo, e nada das malditas luzes vermelhas.

Então vi um homem andando rapidamente, com uma bandeja de drinks vermelho brilhante. Ele parecia se apressar para que ninguém pegasse um.

-Ali! -Falei, apontando para o homem.

-Eu vou beber. -Kylie disse. 

-Não. -Falei. -Eu vou. Eles querem te chapar para te levar. Precisamos trocar sem roupa de novo. Eu bebo a bebida, depois trocamos de novo. 

Kylie concordou com a cabeça e voltamos para o banheiro, trocando os vestidos rapidamente.

Quando voltamos para o salão o homem ainda amdava rapidamente com a bebida. 

Me aproximei dele, pegando a bebida e voltando rapidamente ao lado de Kylie, bebendo de uma vez só.

Nunca tinha experimentado uma bebida tão forte. Tinha álcool, com certeza, mas com certeza tinha mais coisa.

Voltamos para o banheiro e eu usava todas minhas forças para ficar de pé. Trocar de vestido com Kylie novamente foi um enorme sacrifício.

Meu telefone tocou de novo, e eu atendi.

-Agora está melhor, querida? -O homem disse.

-Pare de me enrolar. -Falei, e minha voz soou extremante lenta e arrastada.

-Pensei que fosse mais forte para essas coisas. Quer dizer, cocaína é bem forte para uma mocinha de 17 anos... -Falou.

-Fala logo! -Gritei, perdendo minha paciência.

-Nos fundos, perto do lado.-Falou, desligando logo em seguida.

-Lago. -Murmurei para Kylie, antes de cair no chão e apagar.

...

-Me solta! -Gritei, sentindo alguém me obrigar a ficar de pé.

-Quieta, cadela. -Um homem falou, e eu percebi que atravessávamos o salão da festa.

Tentei com todas minhas forças gritar, mas minha garganta não produziu um som sequer. Em poucos segundos apaguei novamente.

Acordei com uma luz forte no meu rosto. Pisquei diversas vezes antes de conseguir ver qualquer coisa.

Um homem alto e forte me encarava.

Minha cabeça doía tanto que eu tinha vontade de batê-la contra o chão.

Onde eu estou?

O chão estava frio e eu tremia muito. Meu vestido estava todo rasgado e sujo.

O homem na minha frente riu. 

-Achou que ia nos enganar? Estamos sempre na frente, querida. -Ele disse. Era o homem das ligações.

-Como você... -Falei, mas logo parei por conta da dor de cabeça.

-Talvez nem todos estejam do seu lado, querida. -Disse, rindo com desdém e me dando um tapa forte no rosto.

Tentei me levantar para me defender, mas não tinha forças.

-Quer ver seu namoradinho? -Ele disse, me levantando com brutalidade pelo braço.

Ele abriu a porta da sala em que estávamos, me arrastando por um enorme corredor, ate chegar em outra sala.

Quando ele abriu a porta, senti menina coração parar.

Justin estava sentado em um pequeno e velho colchao, com o seu olhos fechados. Seu rosto estava coberto de ematomas, e seus braços estavam cheios de cortes profundos.

O homem riu, me empurrando com força, me fazendo cair no chão com uma força absurda, fechando a porta atras de mim.

Reuni toda a força em mim para me levantar e andar até Justin, que parecia dormir

-Justin? -Murmurei, tocando seu braço com cuidado.

Meu deus, ele está horrível.

Ele abriu seus olhos lentamente, arregalando anilhos quando me viu.

-Sua idiota! Eu te falei para não fazer isso! Vocês têm noção do que vai acontecer com você? -Ele disse, furioso.

-Justin, nós... Tínhamos um plano. Tem um traidor. -Falei, tentando me controlar, mas foi impossível.

As lágrima se começaram a descer, e eu me esforçava para não fazer barulho, parecendo ainda mais idiota.

Ele estava todo ferrado e sou eu quem choro.

-Brooke... -Ele disse, esticando uma mão para tocar meu rosto. 

Me surpreendi tanto com seu gesto quase dei um pulo, fazendo ele rir.

-Nós vamos ficar bem. Eu prometo. -Ele disse, mas não senti confiança em sua voz.

-Desculpa por ter ferrado com tudo. -Falei, me inclinando para frente e dando um abraço nele.

-Não me aperta muito, tá doendo. -Ele disse, e eu o soltei um pouco, mas não me afastando. -Obrigado por ter vindo atras de mim. Poucas pessoas fariam isso.

Fiquei em silêncio, ouvindo as batidas calmas do seu coração. Nunca imagine que teria um momento assim com esse idiota, ainda mais nesse lugar.

-Chega, pombinhos. -O homem falou, entrando nas sala, mas eu não me afastei de Justin. -Hora de conhecer quem traiu a confiança de vocês.

Ele se afastou da porta, e eu ouvi barulho de saltos se aproximando.

-Kylie? -Gritei, encontrando forças para me levantar.