História Dream of Me - I watched it begin again

Mel

Tudo parecia muito louco.

Nick foi de extrema ajuda na situação com Aly. Ele me atualizou de praticamente tudo que viu e ouviu de nós duas e esteve ao meu lado enquanto Aly e eu nos encontramos, me dando suporte quando eu encontrava uma dificuldade ou outra. Felizmente, Aly não se interessou muito em reviver momentos antigos.

Aly nos contou que ficariam em Los Angeles de vez, mamãe se sentiria culpada em me deixar… Conhecendo-a como conheço, ela já estava se remoendo, se culpando pelo que aconteceu. Não podia deixar de confortá-la de alguma forma.

Adam veio mais tarde. Falou sobre o que acreditava ter acontecido comigo. Segundo ele, eu estava com um quadro de amnésia dissociativa. Devido a um trauma ou grande estresse, meu cérebro havia apagado as memórias que eu tinha do período em que vivi em Los Angeles. Talvez fosse um mecanismo de defesa, talvez meu subconsciente soubesse que eu ficaria melhor sem lembrar de nada, mas isso era péssimo. Não queria ser protegida, queria minhas lembranças de volta. Felizmente, Adam também disse que era muito provável que minhas memórias voltassem, mas eu precisaria de paciência.

Os primeiros dias foram relativamente tranquilos… Meus pais haviam decidido que eu iria com eles para a casa de Nick. Eu não estava muito contente com a ideia, Nick parecia tentar falar em meu favor, mas meus pais se saíram muito bem em convencê-lo que esse era o melhor pra todos. Embora fosse uma situação desconfortável, não quis confrontá-los… Achei melhor dar aos dois um certo conforto, depois de tudo que passaram até ali.

Não vou mentir, Nick estava se saindo uma bela surpresa até ali. Ele não era nada como eu imaginava. Foi atencioso e solícito em todos os momentos. Gentil, carinhoso e extremamente paciente, Aly o adorava e eu ficava boba em ver a interação dos dois, mas ainda era estranho tê-lo por perto. A ideia de tê-lo como ex namorado ainda não fazia sentido pra mim e apesar dele tentar me fazer ficar à vontade, seu olhar me dava sensações que eu não sabia explicar, muito menos sabia de onde vinham. Ele manteve sua promessa, me contou fatos sobre os meus primeiros dias em Los Angeles, reviveu aquelas memórias e, pela primeira vez, eu realmente acreditei que aquilo funcionaria.

Estávamos passando uma grande parte do tempo, juntos, ele mantinha uma certa distância, tentando me fazer sentir menos desconfortável, mas a sensação continuava intensa. Eu gostava de tê-lo por perto, mas sentia vontade de sair correndo toda vez que o via. Ao mesmo tempo que queria evitá-lo, algo muito mais forte me atraía pra ele.

A cada nova coisa que ele me contava, minha mente trabalhava furiosamente, empenhada em resgatar aquelas lembranças… Eu não conseguia visualizar os acontecimentos, mas a sensação de estar familiarizada com os momentos era constante. Ele parecia animado com tudo aquilo e bastante feliz por poder me ajudar, mas percebia que ele se controlava pra não explodir quando Nathan estava por perto.

E Nathan estava por perto com certa frequência…

-Então, vocês não se gostam? – perguntei sentada no balanço do jardim, Nick me olhou desconcertado

-Não – ele falou com um suspiro enquanto sentava ao meu lado

-Por minha causa? – perguntei com uma careta

-Ele tem os motivos dele… Eu tenho os meus… Mas, sim, digamos que seja por você – ele falou me olhando e eu ri

-Não duvido nada que seja uma grande idiotice – falei rolando os olhos e ele me olhou pensativo

-Talvez… Antes dele aparecer, eu nunca tinha me sentindo inseguro a respeito de nós dois – ele desabafou – E aí ele apareceu e vocês ficaram super próximos e eu não conseguia controlar o meu ciume..

-Nós brigamos? – perguntei olhando pra ele

-Por causa dele? Uma vez – ele falou me olhando também – Encontrei vocês dois na rua e você estava…

-Dando sorvete na boca dele – completei naturalmente, recebendo um olhar surpreso de Nick.

-Você lembra disso? – ele perguntou atônito

-Não sei explicar – falei com uma careta – Desde que começamos a remexer certas lembranças, algumas coisas parecem voltar aos poucos.

-Isso é ótimo! – ele falou empolgado, sorrindo abertamente pra mim e eu não pude não sorrir junto.

-Eu sei que você quer começar aos poucos, mas acho que você poderia falar mais sobre coisas mais… interessantes – falei tentando escolher as melhores palavras – Acho que poderia focar mais em nós dois. No nosso relacionamento...

-Achei que isso te deixaria desconfortável – ele falou encolhendo os ombros

-Deve deixar – falei sem me importar com isso – Isso é bom, Nick. Seja lá o que me faz sentir assim, é forte o suficiente… Você e Nathan são os únicos de quem eu não tenho lembrança alguma, mas por algum motivo, me fazem sentir algo.

-E você pediu isso pra ele? – ele perguntou pensativo

-Não – respondi – É mais fácil tê-lo por perto, não vou mentir. Me sinto relaxada, mas o fato de você me perturbar tanto assim, me faz crer que a conexão entre nós seja mais forte.

-Sabe que não precisa fazer isso, né? – ele falou me encarando

-Sei, mas eu não aguento mais! – reclamei impaciente – Por pior que fosse viver com lembranças ruins, é muito pior viver sem lembrança nenhuma! – falei olhando pra ele com o meu melhor olhar de cachorro que caiu do caminhão de mudança.

-Melannie, você não precisa fazer essa cara pra mim... – ele reclamou enquanto me olhava

-E então… Você topa? – perguntei olhando pra ele animada. Ele me olhou enquanto pensava no que eu havia pedido. Depois de alguns longos minutos, ele soltou um suspiro e, vencido, disse:

-Acho que posso fazer isso – ele disse dando de ombros, mas parecia incerto – Mas foi você quem quis apressar isso tudo, não adianta me culpar depois!

-Não vou – prometi enquanto me aproximava dele – Obrigada… Obrigada pelo seu esforço, sei que também não é fácil pra você. Obrigada por me ajudar, Nick. – falei e por fim, dei-lhe um abraço. Senti seu corpo se retesar quando eu o abracei, mas ele me abraçou de volta, sem jeito. Separei-me dele e sorri agradecida.

Eu não iria deixar que essas férias das minhas memórias se prolongasse por mais muito tempo. Eu faria o que fosse necessário pra tê-las de volta.