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História Drown Every Sense You Own - Um


Escrita por: iwsnt

Notas do Autor


Olá :3
Falo com vcs lá embaixo

Capítulo 1 - Um


Eu faria aniversário em apenas três dias e minha conversa com Spencer ainda voltava para a minha cabeça de vez em quando, me obrigando a pensar se eu queria fazer alguma coisa no fim de semana. Havia um certo tempo que eu não fazia nada no meu aniversário, e eu nem ligaria para isso se Spencer não tivesse insistido tanto para fazermos algo esse ano.  

Por meu aniversário ser tão perto do dele, ele propôs de fazermos algo no sábado para nós dois. Juntar os amigos e essa coisa toda - nós nem conhecíamos muita gente. Seria um pouco depois do dia do meu aniversário, e um pouco antes do dia do aniversário dele, mas era entre os dois e era um sábado, e esses foram os principais argumentos apresentados por Spencer para tentar me convencer a todo custo de sairmos.  

Cheguei a conclusão de que não importava e que eu poderia fingir que era só o aniversário de Spencer. E talvez sair um pouco fosse me fazer bem. Ultimamente eu só pensava em nossa banda, em escrever músicas, em ensaiar, eu queria tudo perfeito, queria tudo do meu jeito, e eu sentia que levava tudo isso muito mais a sério que Spencer e Jon.  

Eu sabia disso, que me preocupava demais e que eu era perfeccionista demais, mas lá estava eu de novo me estressando com uma música que não soava do jeito que eu queria. Jon pediu um tempo e suspirei, deixando meu violão em um canto e pegando minha garrafa de água no chão. Abri e dei um gole, andando até o banco em um canto da garagem da minha casa e de Spencer. Sentei, ainda pensando na tal música e o que eu poderia fazer para melhorá-la.  

Não que muita gente ligasse. Nossa banda não era famosa. Nós tocávamos para pequenos públicos, abríamos outros shows. Mas já era alguma coisa, e às vezes até que éramos reconhecidos aqui e ali. E eu também não estava tão preocupado com isso. Eu queria que soasse do jeito que eu queria simplesmente para me agradar.  

Spencer sentou ao meu lado. Jon se espreguiçava e parecia cansado.  

- Hm, se você quiser fazer alguma coisa no sábado, pode ser. - Eu disse.  

Ele me olhou e sorriu, parecendo uma criança recebendo permissão para fazer algo que queria muito.  

- Mas não me envolva nisso, eu não quero ligar pra convidar ninguém e nem ter que decidir as coisas. Você resolve e me avisa.  

Spencer pareceu ainda mais satisfeito.  

- Pode deixar. - Falou. - Tem um restaurante que Pete falou que era legal, estou pensando em irmos lá.  

Assenti sem dar muita importância para o que ele dizia.  

- Tomara que você relaxe um pouco e pare de ficar tão obcecado com as malditas músicas que estamos fazendo. - Jon falou.  

Revirei os olhos e ouvi Spencer rir ao meu lado. Talvez eu estivesse um pouco obcecado. Mas música era a única coisa que me animava atualmente e eu só queria fazer isso. Jon e Spencer tinham suas respectivas namoradas para ocupar seus sábados à noite e eu não tinha culpa que às vezes os ligava para dizer que queria mudar tal coisa em tal música. Não passava pela minha cabeça que aquele horário eles estavam acompanhados fazendo não sei o quê. Não era também legal da parte deles responder com um "Ryan, estou indo no cinema", "Ryan, não dá pra falar agora" e muito menos "Ryan, vá arrumar uma namorada".   

Eu especialmente perturbava Jon pelo telefone porque Spencer morava comigo e recebia uma quantidade maior de perturbação. E também porque ele sempre dizia que iria sair com Haley, e eu entendia isso como uma forma de dizer "nem pense em me ligar para falar sobre trabalho".  

Porém eu não podia reclamar, meus amigos sempre foram bastante pacientes comigo. E por mais que eu às vezes assumisse uma postura de quem manda mais que eles, eles nunca brigavam comigo, no máximo me zoavam porque eu estava enlouquecendo com alguma coisa idiota, então eu tentava ser menos exigente.  

Dividir uma casa com Spencer foi uma decisão muito repentina. Quando começamos a ganhar certo dinheiro com nossa banda, resolvemos que precisávamos nos dedicar um pouco mais e termos um lugar onde poderíamos tocar uma da manhã se quiséssemos, e talvez os pais de Spencer já queriam nos matar quando estávamos lá em uma tarde de domingo, imagine se começássemos a abusar. Ele era meu amigo de infância, era melhor ter alguém para dividir as despesas, e ainda tínhamos aquela sensação de liberdade que quase todo mundo quer ter quando começa a passar dos vinte e ainda mora com os pais. No meu caso, só com o pai.  

Jon parecia não ligar muito para isso, sempre achei que ele preferia guardar o dinheiro para fazer alguma outra coisa no futuro. Ele deveria ter uma família feliz, eu pensava, e assim devia ser fácil aturá-los.  

  

Talvez eu devesse mesmo fazer alguma coisa esse ano. Eu podia beber agora que eu tinha feito 21 anos. Eu podia legalmente beber, porque eu já bebia antes. Na verdade, eu continuaria fazendo tudo que sempre fiz, mas agora a sociedade me consideraria um adulto. Não fazia sentido para mim.  

Eu passei o meu aniversário ensaiando com Jon e Spencer. Nós demos um tempo de dois dias e voltamos naquela quinta-feira. Nós só parávamos de vez em quando e no fim do dia eu estava exausto, mas era o tipo de exaustão que me deixava satisfeito, porque eu estava fazendo algo que eu gostava.  

Pete me ligou para me dar parabéns, e Spencer e Jon me deram presentes. Esse é o tipo de coisa que você pensa que não tem importância, mas que se os outros esquecessem você se sentiria mal. E diz que não foi nada, é só um dia como qualquer outro, mas no fundo faz você se sentir esquecido. Ainda bem que meus amigos não falhavam nunca.   

  

A primeira vez que eu o vi, uns quinze minutos atrás, ele estava cantando parabéns tão alto que eu tomei um susto. Olhei para trás e o vi. Ele cantava, sorria e batia palmas na frente de uma mesa, onde uma multidão o acompanhava mas sua voz se destacava e parecia ser tudo que eu conseguia ouvir. A garçonete ao seu lado trazia um bolo e colocava na mesa, na frente do aniversariante, que assoprou as velas enquanto todos ainda gritavam e aplaudiam.  

Eu disfarcei quando ele se virou e passou perto da nossa mesa. E eu não o vi mais até o momento que Spencer chamou um garçom para pedir qualquer coisa. Estávamos conversando desde que havíamos chegado no restaurante e ninguém havia decidido ainda o que pedir. Eu não tinha decidido até agora.  

Ele veio até nossa mesa e li a plaquinha pendurada em sua camiseta. Brendon. Ele sorria o tempo todo e perguntou se estávamos prontos para pedir. Eu olhei em volta e agradeci por ter tanta gente ali, então eu não tinha que disfarçar o fato de eu não saber o que pedir e estar um pouco confuso com aquele garoto parado diante de mim.  

Todos pediram algo. Todos mesmo. Spencer, Haley, Jon, Cassie, Pete, e agora o garçom olhava para mim. Ele poderia provavelmente ganhar o título de funcionário do mês se ele fosse sempre alegre assim ao tirar pedidos. Seus olhos castanhos me fitavam e eu deveria dizer algo, mas eu examinava seu rosto como se eu não pudesse ser visto.  

Senti alguém chutar minha perna e só podia ser Pete sentado na minha frente. Eu o olhei confuso e ele me repreendia com o olhar. Vendo que eu estava perdido, Pete olhou para o garçom.  

- Hm, nosso amigo Ryan acabou de completar 21 anos, qual drink você o recomendaria para ele comemorar? - Pete disse e eu o olhei querendo morrer.  

Brendon olhava para mim ainda e pareceu demorar um segundo para processar que Pete havia falado com ele. Olhou para meu amigo e olhou para mim de novo.  

- Hm, o que pedem muito é a margarita. - Ele disse, apontando o drink no cardápio que estava na minha frente e eu nem lembrava.  

- Eu, hm... - Olhei o cardápio e olhei Brendon. Ele sorria para mim e eu não me lembrava de ter visto alguém tão lindo na minha frente antes. - Pode ser.  

Ele anotou e piscou para mim antes de virar as costas e sair. Olhei para baixo com um pouco de vergonha e ainda nervoso por ter me confundido tanto por causa de um maldito garoto bonito.  

Pete sorria maliciosamente quando eu levantei meu olhar, então revirei os olhos e olhei para o lado para ver a reação das outras pessoas, mas ninguém pareceu ter notado.  

- Cale a boca. - Eu disse e Pete riu.  

- Eu não disse nada!  

Brendon voltou logo com nossas bebidas e eu estava em outro mundo enquanto eles decidiam o sabor das pizzas. Ele sorriu para mim novamente quando deixou minha bebida na minha frente e eu agradeci, tentando devolver o sorriso, mas sem saber se eu tinha conseguido.  

Spencer perguntou se eu concordava com os sabores das pizzas e eu disse que sim pois não tinha escutado nada. Observei Brendon enquanto ele anotava o que meu amigo dizia e então ele saiu e eu tentei disfarçar, sentindo novamente o olhar de Pete em meu rosto. Eu queria confrontar ele, mas achei melhor ficar quieto.  

Outro garçom nos trouxe as pizzas e me obriguei a não olhar para os lados para ver onde Brendon estava. Eu comi e conversei com meus amigos normalmente, porque afinal eu estava ali para isso, e não para vigiar garçons bonitos.  

Spencer, sentado ao meu lado, cutucou meu braço depois que terminamos de comer e eu o olhei.  

- Você sabia que ganhamos bolo de graça, por fazermos nosso aniversário aqui? - Falou.  

- Que? Spencer, eu não quero que cantem parabéns para mim. Vai ser constrangedor.  

- Ryan, como se nunca tivessem feito isso antes!  

- Não é a mesma coisa, estamos no meio de um restaurante!  

- Ele está com vergonha porque ele sabe que quem vem cantar parabéns para ele vai ser o garçom que ele estava secando. - Pete falou e Spencer abriu a boca em surpresa.  

- Pete! - Eu o olhei como quem gostaria de matá-lo naquele momento.  

- Não acredito! O garoto que trouxe nossas bebidas? Você tem uns trocos para dar pra ele? Parece que ele canta para ganhar comissões por aqui, porque só se ouve a voz dele e, bom, ele canta bem, parece.  

- Spencer eu...  

- Você trate de dar uns trocos para ele quando ele vier aqui, Ryan, aproveita e passa seu número.   

- Spencer, cala a boca! Eu nem mesmo disse nada, Pete está exagerando. E eu não vou passar meu telefone para ele. 

- Ry, você pode escrever seu telefone no dinheiro, imagina que romântico? - Spencer empurrou meu ombro e eu devolvi o gesto, inconformado. 

- Diz como isso é romântico. 

- O que é romântico? - Haley perguntou. 

- Ryan está a fim do garçom. - Pete disse e todos na nossa mesa olharam para mim. 

- Garçom, que garçom? - Perguntou Jon olhando ao redor. 

- Nenhum! Pete, cala a boca! 

- Vocês precisavam ver como Ryan olhava para ele... - Pete começou e eu chutei forte sua canela por debaixo da mesa. 

- Ai! - Ele protestou. 

Nossa discussão foi interrompida por alguém cantando parabéns e eu novamente me assustei. Olhei para o lado e Brendon estava lá, batendo palmas e cantando. Logo toda a nossa mesa se juntou a ele, e a garçonete do lado de Brendon colocou o bolo entre eu e Spencer. Eu não sabia o que fazer então fiquei olhando o bolo como se eu tivesse profundamente interessado nele. Glacê, realmente muito interessante. Eu sentia o olhar de Brendon em meu rosto e até que ele cantava bem mesmo. Eu o olhei rapidamente e ele sorriu, então todos terminaram de cantar e eu vi Spencer puxar meu braço. Olhei-o e ele assoprou as velas, mas não reagi. Ouvi ele reclamar sobre como eu tinha que ter assoprado junto, mas eu apenas olhava para Pete, pois ele estava dando uns trocos para Brendon e dizendo que eu tinha gostado de sua voz mas estava com vergonha de dizer.   

Brendon sorriu, me olhou, agradeceu - de forma extremamente adorável, preciso admitir - e foi embora. Apesar de ele ser tão absurdamente lindo, eu senti que eu gostaria de desaparecer naquele momento. A garçonete cortou o bolo e nos serviu, em seguida indo embora também.  

Eu não vi mais Brendon aquela noite, apenas de relance, e depois de implorar para que Pete parasse de insistir que eu deveria ir falar com ele, nós pagamos a conta e fomos embora. Minha vontade de matar Pete iria passar em breve, como sempre acontecia.  

  

Então ele era apenas um cara bonito e simpático que cantava bem. Por que eu pensava tanto nele? Por que eu passei quase uma semana pensando em um cara que eu tinha visto uma vez e trocado algumas palavras? Mesmo me sentindo um pouco patético e confuso, eu queria sentir de novo aquilo que tinha sentido no sábado quando eu vi Brendon sorrir para mim, falar comigo ou simplesmente qualquer hora que eu o olhava.  

Essa vontade de vê-lo de novo estava ainda maior naquela sexta-feira à noite, sozinho em minha casa. Eu tomei um banho e andei em direção ao restaurante, sem saber se Brendon estaria lá. Mas eu precisava tentar. Já estava praticamente de madrugada e eu tinha medo do lugar estar fechado, mas pensei positivo, afinal era sexta-feira e as pessoas ficavam até tarde nos lugares.  

Quando cheguei na porta do restaurante vi que a porta estava de fato fechada, mas notei uma luz acesa. Olhei direito e vi Brendon tirando alguma coisa de uma das mesas. Bati na porta de vidro e ele pareceu se assustar, mas sorriu quando me viu. Andou até a porta e abriu.  

- Oi... Ryan, certo? - Ele disse e eu sorri porque, bem, ele lembrava do meu nome.  

- Sim.  

- Desculpe, nós já fechamos. - Ele disse pesarosamente. 

- É, eu notei. Na verdade eu esperava te encontrar aqui. Queria saber se de repente você não queria... Fazer alguma coisa?  

Brendon mudou a feição na hora, parecendo um pouco surpreso. 

- Hm, eu...   

- Eu sei que está tarde, se preferir eu posso ir embora e...  

- Não, é só que... Eu não posso sair agora. Tenho que limpar aqui, sabe, antes de fechar.  

- Ah. - Eu não soube o que dizer e muito menos o que fazer, já estava me arrependendo de ter ido até lá. Sem graça, desviei o olhar de seu rosto e tentei pensar na forma menos idiota de sair daquela situação. 

- Mas se você quiser pode me esperar. Não vou demorar muito.  

- Ah... Tudo bem.

Brendon deu um passo atrás, me dando passagem, e gesticulou para que eu entrasse. Eu obedeci e ele voltou a fechar a porta.  

- Pode sentar onde quiser, eu só preciso limpar as mesas e varrer o chão. - Ele disse.  

- Você quer ajuda?  

- Não, não se preocupe.  

- Eu não me importo.  

- É o meu trabalho. Mas obrigado. - Ele disse e sorriu de lado. 

Eu sentei em uma cadeira qualquer e observei enquanto Brendon tirava algumas coisas das mesas e limpava.  

- Eu pensei que você namorasse com ele garoto que estava sentado com você. - Ele disse de repente e eu o olhei confuso.  

- Que garoto?  

- Que estava na sua frente. Todos pareciam estar acompanhados e achei que você e ele...  

- Pete? Ah, não, não. Pete é só meu amigo.  

Fiz uma careta com o que Brendon tinha feito eu pensar. Eu e Pete? Apenas não. Eu o olhei e ele sorria.  

- Então, você mora perto daqui?  

- Sim. Vou e volto a pé. E você?  

- Minha casa é bem perto também.  

- Você já tinha vindo aqui antes?  

- Não... Foi ideia do meu amigo, na verdade.  

- Ah. Sabia que nunca tinha visto você antes.  

Brendon pegou uma vassoura e começou a varrer o chão. Senti-me desconfortável de estar sentado ali sem fazer nada. Mas me concentrei no que ele havia me falado.  

- Por que diz isso?  

- Porque eu acho que me lembraria de você.  

Eu sorri. Ele não me olhou, apenas continuou o que estava fazendo.   

- Então você canta para ganhar gorjeta?   

Brendon me olhou e sorriu sem graça.  

- Eu sei que é estúpido, mas...  

- Ei, claro que não. - Interrompi. - Eu acho que você canta bem. Deveria estar em um lugar bem melhor.  

Ele ainda sorria e não disse mais nada. Juntou o lixo e olhou ao redor, aparentemente checando se tinha feito tudo que precisava.   

- Bom, eu vou me trocar e pegar minhas coisas, já volto.  

Eu assenti e esperei onde eu estava. Quando Brendon voltou, ele havia trocado a camiseta vermelha do restaurante por uma azul escura, com uma jaqueta preta por cima. Ele agora não era mais o garçom bonito que eu estava secando, apenas Brendon, minha companhia daquela noite. Ele estava muito bem daquele jeito, ele estava muito bem até quando estava de uniforme. Talvez ele ficasse muito bem em tudo. E melhor ainda em nada.  

Ele sentou em uma cadeira na frente da minha e suspirou, fazendo uma careta em seguida.  

- Está cansado? - Perguntei.  

- Sim. Eu não paro a semana inteira, quando chega no fim dela meus pés doem.   

Olhei para os seus pés por impulso e notei seu all star preto.  

- Você deveria comprar um tênis com aqueles amortecedores, sabe? Você fica aqui andando para lá e para cá... 

- É, se não fossem tão caros. Não estou podendo gastar dinheiro a mais nesse momento.  

Eu ergui os lábios em um minúsculo sorriso, pois realmente não tinha o que dizer para aquilo. 

- Você mora sozinho? - Perguntei.  

- Sim... Eu saí da casa dos meus pais ano passado e estou me virando sozinho desde então. E você?  

- Também saí da casa do meu pai há pouco tempo. Moro com meu melhor amigo, Spencer.  

Brendon assentiu e mexia seus pés como se tivesse incomodado. Pensei em como eu poderia fazê-lo se sentir melhor, já que eu tinha uma pequena experiência em fazer massagem em pés. Em algum momento da minha vida eu decidi aprender a fazer massagem direito e Spencer não se incomodou em ser minha cobaia. Mas eu comecei pelos pés e nunca saí deles. Larguei a ideia tão rapidamente quanto havia a tido. Mas eu ainda era bom em massagem em pés, pelo menos.  

- Onde você queria ir, Ryan?  

Eu o olhei, desviando a atenção de seus pés.  

- Hm, eu realmente não sei. - Eu ri. - Vim até aqui muito impulsivamente.  

Brendon sorriu.  

- Você se importa se ficarmos aqui uns minutos? Meus pés estão de fato doendo agora que eu parei.  

- Tudo bem.  

Eu só pensava se seria estranho fazer massagem em alguém que eu tinha acabado de conhecer. Mas ele era tão adorável, e eu queria tanto ficar mais próximo dele. Eu queria tanto fazer isso. Eu sabia que os motivos eram um pouco egoístas. Por um lado, eu queria fazê-lo se sentir melhor, mas por outro, eu sabia que isso o faria gostar mais de mim, e a ideia me agradava muito.  

Brendon tirou os tênis e esticou as pernas. Começou a girar os pés. Eu faria isso. Não ligava mais se podia ser estranho. Ele podia achar estranho também, mas quando eu começasse a fazer ele mudaria de ideia.  

Eu puxei minha cadeira mais perto e Brendon me olhava curioso. Eu fiz sinal para ele me dar o pé e ele pareceu confuso.  

- Meu pé?  

- Sim.  

- Ah não, não se preocupe.  

- Confia em mim.  

Eu poderia ter escolhido melhor as minhas palavras, afinal, por que Brendon confiaria em mim? Mas ele pareceu não ligar que eu era um completo estranho e cedeu, apoiando um de seus pés em meu colo.  

- Posso tirar sua meia? - Perguntei.  

- Olha, eu acho que você devia pelo menos me levar para jantar antes de querer tirar minha meia assim.  

Ele sorria, então eu sorri também e ignorei o fato de não ter exatamente recebido uma resposta. Tirei sua meia e a deixei em cima da minha perna. Eu sentia seu olhar em mim, mas eu sabia que ficaria com vergonha de olhar em seu rosto, então apenas comecei a massagear seu pé. Ele grunhiu assim que o toquei, então finalmente o olhei. Ele havia jogado a cabeça para trás e não me olhava mais. Sorri comigo mesmo e continuei.  

- Você é massagista, então? - Perguntou.  

- Não. - Eu ri. - Eu só sei fazer massagem em pés.  

- Você é muito bom. Sério, Ryan, estou no céu agora.  

Eu sorri satisfeito e ele voltou a olhar para mim.  

- Você gosta de cantar ou só faz isso por aqui porque você é bom? - Perguntei, mudando de assunto.  

- Eu adoro cantar, tocar, qualquer coisa que tenha a ver com música. - Ele disse e voltei a atenção para seu pé em minha mão. - Você toca algum instrumento?  

- Sim, na verdade eu meio que tenho uma banda.  

- Você tem uma banda? - Brendon pareceu empolgado. - E vocês são famosos?  

Eu ri.  

- Não, não. Somos relativamente conhecidos aqui na cidade. Mas só isso.  

- Adoraria ver vocês tocando um dia.  

- Claro, eu o aviso.  

Brendon sorriu e eu retribuí.  

- Você se sente melhor? - Perguntei agora que já fazia um certo tempo que eu massageava seu pé.  

- Sim, muito melhor.   

Eu coloquei sua meia de volta e pedi para que ele me desse o outro pé. Ele tirou um de meu colo e apoiou o outro. Tirei sua meia e comecei a massagear agora seu pé esquerdo.  

- Ai, acho que eu te amo. - Brendon disse e eu ri. Ele riu também e me olhou, até que ficamos sérios. - Você é sempre legal assim com as pessoas?  

- Não... - Eu sorri de lado. - A única pessoa que eu já fiz massagem foi Spencer, porque eu estava usando ele para aprender.   

- E por que está fazendo isso para mim?  

- Porque você está com dor, não é óbvio?  

Brendon revirou os olhos.  

- Eu sei, mas vai dizer que você faria em qualquer outra pessoa que estivesse com dor?  

- Claro que não. Eu estou... Interessado em você. Vai dizer que você não tenha sacado isso quando eu vim até aqui de madrugada procurar você sem saber se te encontraria?  

Ele sorriu como fazia o tempo todo, e conseguia me deixar bobo todas as vezes.  

- Eu vi seu amigo zoando você. - Brendon disse.  

- Hm?  

- Seu amigo... Pete, certo? Eu tava olhando vocês quando atendia a mesa ao lado e notei que ele tava te zoando. Era por causa de mim?  

- Achei que você pensou que namorávamos.  

- Sim, mas isso foi antes de eu chegar na mesa de vocês. Eu te vi desde que você entrou.  

- Pete queria que eu te desse meu telefone. - Eu disse e sorri de lado.  

- Pete é um cara de boas ideias, eu diria.  

- Você teria me ligado?  

- Certamente. Se eu soubesse como você é um bom massagista de pés, então... Ligaria no dia seguinte.  

Nós rimos e nossos olhares se encontraram.   

- Você quer sair pra beber alguma coisa? - Perguntou.  

- Pode ser.  

Eu coloquei a meia de Brendon de volta em seu pé e ele o tirou do meu colo, se ajeitando na cadeira para colocar os tênis.  

- Obrigado. - Ele disse. - Isso foi incrível.  

Eu apenas sorri de lado e o esperei terminar de colocar os tênis. Levantou-se da cadeira e eu o segui, então saímos da lanchonete. Brendon trancou a porta e ficamos uns instantes parados na calçada.  

- Você sabe onde tem algum lugar aberto essa hora? - Perguntei.  

- Eu conheço um barzinho perto daqui, mas está sempre muito cheio e barulhento, não é a melhor coisa se você quiser conversar.   

- A gente pode comprar alguma coisa pra beber e ir embora.  

Brendon assentiu e começou a andar, então eu o segui. Ele me mandou comprar alguma coisa pois ele ainda não tinha idade pra comprar bebida. Eu me senti estranho, tinha feito 21 anos há tão pouco tempo e já estava comprando bebidas para quem eu não devia. Mas Brendon já tinha 20 anos, então pensei que não era tão ruim assim.   

Nós andamos juntos por um tempo e eu não sabia onde estávamos indo. Chegamos numa praça e eu nem sabia se tinha sido intencional ou não, mas sentamos no banco e começamos a beber e conversar.  

- Você trabalha amanhã?  

- Não. - Brendon respondeu.  

- Você não trabalha todo sábado, então?  

- Não, minhas folgas variam, podem cair em dia de semana, qualquer dia.  

- E o que faz nas suas folgas?  

- Olha, pra falar a verdade, eu durmo. Muito.   

- Você não gosta de sair?  

- Sim, às vezes. Quando não estou muito cansado. Você não tem cara de quem sai muito.  

- É, eu realmente não saio muito.  

- E o que você gosta de fazer, Ryan?  

Eu o contei tudo sobre como eu gostava de compor e dedicava um tempo absurdo a isso e a banda, e que ultimamente meus amigos achavam que eu precisava relaxar um pouco porque estava indo longe demais. Eu sabia que eles estavam certos, talvez eu só precisasse de uma distração.   

Nós conversamos por horas. Brendon era adorável e divertido, e eu não sabia o que ele estava fazendo ali comigo. Eu não sabia como tinha ido parar ali com um cara assim. Ele me contou sobre sua família, seu trabalho, as coisas que ele sonhava em fazer no futuro. Nós estávamos bêbados e havíamos parado mais perto um do outro, eu não sabia como. Ficamos em silêncio de repente. Já devia estar perto de amanhecer. O cansaço estava começando a bater.  

Brendon deitou a cabeça em minhas pernas de repente, esticando as suas no banco. Eu olhei para baixo e ele estava de olhos fechados. Analisei seu rosto por vários minutos, achava até que ele podia ter dormido. Passei os dedos por seus cabelos, os penteando para cima. Eu gostava de tudo no rosto dele. Ele abriu os olhos e sorriu.  

- Eu realmente queria ficar sóbrio agora. - Ele disse. - Tá tudo girando.  

- É porque você deitou. Vamos comprar algo doce.  

- Onde você espera que a gente vá comprar algo doce essa hora?  

- Não sei.  

Ele me olhou nos olhos.  

- Você é tão bonito.  

- Você está bêbado.  

- Ei. - Ele levantou a cabeça do meu colo. - Eu achava isso quando estava sóbrio também.  

Eu sorri e ele levantou.  

- Uou. - Ele colocou a mão na cabeça e fechou os olhos.  

- Você tá bem?  

- Levantei muito rápido. - Ele disse e então voltou ao normal. - Ei vamos voltar para o restaurante, eu posso abrir e pegar uns picolés para gente.  

- Você não pode ser demitido por isso?  

- Só se você contar para alguém.  

Eu levantei também e andamos de volta para o restaurante que Brendon trabalha.


Notas Finais


Então gente resolvi aproveitar o feriado pra botar uma fanfic aqui
Só tem dois capítulos, não sei quando postarei o próximo
Digam o que vocês acharam por enquanto, por favor <3
E é isso


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