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História Drowning Lessons - O dossiê


Escrita por: littlezackary

Capítulo 15 - O dossiê


Uma semana depois eu fui presenteado com o dossiê completo dos Warren em PDF.

Imprimi e fui até minha sala.

Coloquei o óculo, um tanto excitado pela leitura.

Era realmente curioso eu estar interessado neles, afinal, até então eles haviam se mostado apenas estranhos e discretos.

Mas quando a história deles, se choca violentamente com a de Gerard, minha curiosidade e interesse, me toma em um todo.

E covenhamos...

Coincidências, nunca são apenas coincidências.

No momento em que eu iria abrir o documento, uma ligação me chama a atenção.

-Alô?

-Alô?! - A voz falou exaltada do outro lado da linha.

-Watson?!

-É sou eu... Esse telefone é novo, detesto touch screen...

-Que bom que largou o querty... - Falei, relaxando no sofá e afagando um de meus joelhos com a mão.

-Bem, o juiz não autorizou a reabertura do caso do desaparecimento do Sr. Green, mas autorizou a liberação do relatório do inquérito e das investigações.

-Ah... Sério?!- Exclamei inconformado.

Claro que eu esperava um sim. Claro que eu esperava uma reabertura do caso.

Mas claro que não seria fácil.

-Sim. Mas me diga Frank, o que pretende? Afinal, a essa altura do campeonato, solicitar a reabertura de um caso é sem nexo, até porque você anda meio burro ultimamente...

-Tente usar mais eufemismos quando se referir ao meu BLOQUEIO. Mas respondendo à sua pergunta: é um fato isolado. Tem trinta por cento de chance de ligação com os outros crimes, mas estou vendo que vou ter que fazer hora extra... - Revirei os olhos, me referindo à falta de colaboração do juiz.

-Onde entra a operação GP?

-Eu suspeito que haja dedos de Angelina Green no desaparecimento. Se caso for provado, ela entra no meu top três de suspeitos.

-Se caso fosse comprovado, em que colocação ela ficaria?

-Segundo lugar.

-Quem está no primeiro? - Watson indagou.

-Gerard Way.

-Alguma influência física de provas?

-Não. A principal evidência é seu perfil psicológico.

...

...

...

As coisas andavam frustradas ultimamente.

Não se sabe de quem é os dedos encontrados presos ao cano da pia do meu apartamento, o Estado pressionava cada vez mais a Polícia e eu estava travado em meus quesitos de investigação.

As coisas andavam cada vez mais peculiares no GP.

A música clássica que ecoava todo dia às dezesseis horas; os jogos na sala de interação; os olhares de Kelly e as investidas de Gerard.

Eu já não conseguia me manter longe.

Eu sei...

Eu disse que estava decidido a não mais voltar e bla blá...

Mas vocês tem uma vasta ideia de como é difícil escapar da genialidade estranha que ele tem.

No final das contas, gastava horas e noites ao lado dele. Às vezes dialogando de uma maneira nunca antes vista; às vezes um silêncio ensurdecedor. E tudo isso mesmo estranho e cansativo que fosse, valia inexplicavelmente, apenas por está ali...

Antes de ir à uma reunião com Watson na Delegacia, eu e Jamia tínhamos que assinar algumas papeladas a parte para que eu as levasse.

-Fiquei sabendo que Watson está saindo com uma garota de dezenove anos... - Ela comentou assinando uma folha com muita cautela.

Aquele óculo de armação preta, e aquele roupão felpudo cor de rosa, a deixava parecendo uma dona de casa frustrada.

Ou um coelho da Páscoa míope.

-Watson se inspira em Lolita, creio eu, para investir em seus supostos relacionamentos.

-É uma pena que ele gaste seu tempo com as pessoas erradas.- Ela largou a caneta e o papel me olhando sério, como se sua fala fosse uma repreensão e um desabafo ao mesmo tempo.

Era difícil lidar com Jamia. Logo, ela era mulher, e aquilo tornava as coisas mais complicadas.

Eu percebi que algo a incomodava.

- O que quis dizer?

-Não se faça de bobo... - Voltou sua atenção novamente à papelada. -Você sabe mais das pessoas do que o próprio Deus, por que não saberia o que falo?

Suspirei tirando meu óculo.

-Você saí todas as noites... -Ela afirmou olhando a janela, ignorando as folhas completamente.- Sequer diz "tchau"...

Tudo bem...

Eu trabalhava e "morava" com ela, por minha ideia de ética, eu tinha direito em informar meus destinos, ela tinha razão em reclamar...

-Você sabe o quanto é difícil trabalhar aqui, sozinha...

-Sei...

Aquele ser estranho dentro de mim... Mau, egoísta e individualista, se remexia.

Incomodava...

Ele estava incomodado... Queria se sobressair... Mas eu não queria deixar...

Eu estava melhorando nas últimas semanas...

Eu deveria continuar melhorando...

-Você está saindo com Kelly? -Ela finalmente me olhou, apreensiva e rubra.

Mas...

Mesmo sabendo que poderia desmentir a ideia de Jamia, traquilizá-la... Mas meu lado mau, o Frank Iero pós tragédia, vencera...

-Acho que minha vida pessoal... Ela não...

Eu suspirei.

-Não faz sentido eu dar satisfação dela...

O tiro fora dado.

Mesmo sendo o mais cauteloso possível, a fala havia saido rude.

-Assine tudo sozinho. - Ela largou a caneta na mesa, e saiu da sala.

Eu já estava quase fadado daquela situação.

Eu provocava a esquiva, mas no final a avalanche sempre me atingia.

Baixei a cabeça, bufando. Um claro sinal de estresse.

Sobre a mesa de centro, estava o aparelho celular de Jamia.

Ele vibrava frequentemente.

Aquilo me chamou atenção, pois os sinais se assemelhavam a uma chamada.

Mas observando corretamente, me dei conta de que estava errado.

O ritmo constante era de mensagens, onde estavam sendo notificadas na tela de bloqueio.

Infelizmente, eu não sabia a senha.

E o que mais me chamou a atenção, era que o remetente não estava em sua lista de contatos, ou desconhecido. A descrição era apenas "privado".

Aquilo me provocou curiosidade, mas eu tinha coisas maiores a me preocupar.

Departamento de Policia de New Jersey.

-Com base no dossiê requerido, vamos abrir um inquérito e enviar à vara criminal, crimes referentes à lavagem de dinheiro e fraudes, fica com os civis. -Watson falou, balançando sua caneta prateada.

Savanna estava logo a seu lado, anotando tudo.

-Achei o dossiê revelador. - Comentei, virando algumas páginas.

-Apenas falta checar a tal casa de massagem.

-Mandaremos alguns agentes para verificar. -Falei deixando a papelada um pouco de lado.

-Frank, eu esperava tudo dos Warren, menos eles serem adeptos à Cientologia.

-Também me surpreendeu. Não sei muito sobre, mas vou tirar um tempo para estudar. Isso pode nos ajudar a entender mais como a cabeça deles funciona. Afinal, religiões e ceitas influem muito no pensamento e nos atos de uma pessoa.

Watson concordou com um gesto.

Alguns segundos de silêncio depois, ele fez uma pergunta que parecia estar entalada em sua garganta:

-Por que Jamia não veio?

O que eu exatamente iria falar?

-Watson, é uma questão complicada...

Savanna, até então quase invisível e calada, se retirou ao sentir o clima de tensão que começara.

-Questão complicada? Temos reuniões semanais. Temos obrigações e responsabilidades. Estamos tentando resolver crimes e achar o assassino de pessoas inocentes! Aqui é investigação, não clube do livro! A gente não se reune para jogar conversa fora, se fosse aí sim Jamia teria que vir apenas quando quisesse, ou quando "rolasse" uma briguinha entre vocês, ela dexaria de vir...!

-Me desculpe Watson.

Watson era meu colega, mas se tratando de investigações, a camaradagem para de existir.

***

Passavam das duas da manhã, quando eu lia a centésima página de um livro antigo, na sala de interações.

Algumas pessoas têm como mecanismo de defesa o sono, eu opto por fugir da realidade com algo que faça meu cérebro funcionar e que exija de mim completa concentração.

Mas ao tempo que eu estava concentrado, também estava em alerta.

Os barulhos de passos aguçaram meus ouvidos, e logo minha atenção mudara de foco.

Levantei-me, e apalpei minha arma que estava presa na parte de trás do cós da calça.

Eu teria que ser cauteloso, afinal poderia ser algum morador.

Mas todos estavam aparentemente dormindo...

Se eu punhasse a arma para pessoa errada, ou meu disfarçe iria por água abaixo, ou seria indiciado por uso indevido de arma de fogo.

(Não se pode empunhar arma por qualquer coisa, a não ser que prove que era em legítima defesa, caso contrário, está sujeito a pagar multa e até ser preso)

Eram essas duas possibilidades, ou mais um desastre.

Subi as escadas rápido, equilibrando meu peso para não fazer muito barulho.

Estava com a mão pronta para sacar a arma.

Os passos estavam no terceiro andar...

Uma gota de suor escorreu por minha testa...

E quando cheguei ao corredor correto, me deparei com uma criatura de costas usando uma peruca cacheada de fios vermelhos.

Ok, que merda era aquela...?!

-Fique exatamente onde está... -Falei forte e em bom tom, com a arma nas mãos.

-Uau...!

Então eu reconheci a voz...

-...Argh... Gerard...! -Falei decepcionado.

Ele se virou, e além da peruca, estava usando uma maquiagem de palhaço horrenda.

-Você sempre sai desse jeito as duas da manhã?!- Indaguei icônico e gesticulando com a arma na mão.

-Cuidado com a pistola de água, vai acabar ferindo alguém.

-...Argh...! Como eu te odeio...!

-Quer um chá? -Ele sorriu mau, e aquilo revirou um pouco meu estômago.

-...Sim...

E no final, meus queridos, eu sempre me rendia.


Notas Finais


TT: @thispoolofblond

Podem me matar lá, eu mereço


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