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História Drowning Lessons - O clube dos poetas loucos


Escrita por: littlezackary

Capítulo 17 - O clube dos poetas loucos


Não foram poucas as vezes em que flagrei Gerard em plena madrugada vagando nos corredores do Green Palace.

Havia dois lados meus intrigado, o pessoal e o profissional.

O Modos operanti do Gerard era muito suspeito. Digno de um assassino.

Haviam fortes probabilidades de ele ser o assassino do vinho tinto, baseado no seu perfil psicológico.

Mas a grande questão em pauta, em toda investigação era:

Como ele matava?

Nenhuma digital, ou pegada nas cenas dos crimes.

Nenhum fio de cabelo, nenhum rastro de DNA.

O crime quase perfeito... E eu apenas precisava achar a falha desse crime...

Precisava achar o quase...

Watson deu a entender que queria chamar mais investigadores para ajudar no caso, sendo que ele tem plena consciência de que eu não lidava nada bem com trabalho em grupo e de cooperação.

Claro que quando a cooperação era inteligente e dava andamento às investigações sempre era bem vindo.

Eu havia me comunicado com a inteligência para verificarem essa atividade suspeita do morador do 20.

Dentre descobertas inúteis, achamos três fatos curiosos:

1-Ele tinha extrema cautela para não ser visto.

2-Saía sempre à meia noite.

3-Sempre carregava uma capa negra.

Você apenas tem a sabedoria, através da dúvida, a dúvida gera respostas, e eu queria encontrá-las.

Eu dividi esses atos em três camadas, atitude suspeita, evidência e fato isolado.

Sem sombra de dúvidas, não querer ser visto se caracteriza por atitude suspeita.

Dúvida 1: porque?

Duvida 1.1: O que aconteceria se fosse visto?

Ponto de número dois: evidência.

Andar com uma capa era uma evidência complicada de se interpretar.

Em Portugal, alunos de certas Universidades, usam capa negra, nunca as lavam... Uma série de tradições desnecessárias para o nosso raciocínio...

Há cultos religiosos que ainda fazem uso da capa negra.

Clubes de conspiração, clubinhos absoletos e excentricos de leitura... Argh... Há uma vasta possibilidade...!

Dúvida 2: Porque o traje é essencial?

Dúvida 2.1: Há uma insígnia no traje?

Dúvida 2.2: que tipo de organização ele está frequentando que exige uma capa?

Ponto de número três: fato isolado.

O horário marcado. Meia noite.

Os fatos considerados isolados, são os mais importantes para um quebra cabeça.

Quantas vezes não assistiram filmes clássicos policiais em que ao longo do filme a suspeita gira em torno dos donos da casa, quando no final se descobre que quem matou foi o mordomo, que mal aparecia e estava sempre pelos cantos?

Dúvida 3: Qual a necessidade de ser tão tarde?

Dúvida 3.1: então a hora marcada indicia que é um grupo organizado?

Duvida 4: o que Gerard iria fazer lá?

Dúvida 5: quais os objetivos das reuniões?

Eu estava muito concentrado em resolver isso, e enquanto eu não conseguisse, não descansaria.

Gerard sugava todas as minhas energias, e eu estava com muita vontade de dar-lhe alguma dor de cabeça.

Depois de ter os fatos e organizar as camadas, recebi mais informações.

A Inteligência sempre me surpreendeu com sua eficácia, e daquela vez eu queria dar para eles um prêmio Nobel por terem me fornecido o tal endereço.

Como?

Eles mandaram um agente seguir Gerard duas noites depois que tomamos conhecimento das primeiras informações. Ele usava um sobretudo com uma câmera na aba esquerda de sua gola, o que deu muito certo.

O endereço era: Rua P 890, A.

Sabe o que mais chama a atenção?

Isso é em um bairro pobre, onde moram no máximo doze famílias. Era um bairro próspero no começo dos anos vinte, mas depois do Crack na Bolsa de Valores de 1929 aquele lugar nunca mais fora o mesmo.

Gerard era rico, porque iria para lá?

Deve acontecer algo de muito errado naquele lugar...

Então decidi ir.

Jamia iria comigo no carro, eu ficaria com escutas. Uma delas fazia conexão com Alex, que estava no GP.

Obviamente não seria tão fácil entrar lá. Talvez houvesse segurança... Talvez...

-Vou fazer um teste na sua escuta, ok? -Alex falou, e depois correu para o quarto.

-Está me ouvindo?

-Perfeitamente...

Jamia colocava as munições nas pistolas.

Estávamos todos ansiosos e nervosos. Eu estava além disso, muito tenso. Jamia ficaria no carro, e eu? Teria que invadir aquele lugar e descobri o que acontecia lá dentro.

-Olha aqui Frank... -Alex falou se aproximando, ajeitou minha gola.-Não vá fazer merda, está me ouvindo? Siga o script, e não faça besteiras...

-Tudo bem Alex... Tudo bem... -Falei revirando os olhos.

-Pegue sua pistola. -Jamia falou, me alcançando a arma.-Pegue algumas munições extras no porta luvas, lá tem um cartucho.

-Tudo bem. Me deseje boa sorte Alex! -Falei animado.

-Só não volte morto. -Ele falou.

Me virei para sair e ele me chamou atenção sem tons de brincadeira:

-Se você não encontrar uma brecha para entrar, é abortar missão entendeu?- Ele falou tenso e sério.

-Claro.

-Já são dez e meia, temos que sair antes do Gerard.-Jamia falou olhando o relógio impaciente.

-Ele sai às onze e quinze, melhor se apressarem, peguem a via expressa e sigam pelo atalho que para detrás do endereço.-Alex falou.

-Até mais Alex!

-Volta vivo seu maluco!

A cidade estava escura e úmida. Com o final do verão, as chuvas voltaram a ser notícia na boca dos homens do tempo dos jornais locais, e com isso o tempo esfriava durante o dia, e a noite era congelante.

E eu estava começando a me sentir afetado pela poluição de Jersey... Nariz entupido, coceira na garganta...

Jamia estava calada demais. E isso é horrível quando se está tenso.

-O que você tem? -Perguntei a olhando de canto.

-TPM, cólica e um colete à prova de balas de vinte e cinco quilos grudado no meu corpo que me deixa parecendo uma baleia enrolada em tecido. Fora isso, nada.

Eu não deveria ter lhe dirigido a palavra...

Ah mulheres...

Bip...

-Onde vocês estão?

-Via expressa, quilômetro oito. -Jamia falou.

-Na volta vocês podem me trazer um Mclanche Feliz?

-Vá à merda Alex.-Jamia respondeu.

Bip.

Minutos depois chegamos ao nosso destino.

O lugar era mal iluminado, havia casebres e casarões abandonados. Poucas eram as casas com luzes indicando moradores.

É importante destacar que todas as casas eram feitas de madeira maciça, e quando podres e velhas, dão um aspecto monstruoso, cadavérico e dramático a elas.

O carro andava devagar, sem chamar muita atenção. Íamos em direção à parte comercial do bairro, onde se concentravam alguns edifícios e lojas.

...

...

...

Jamia estacionou detrás do lugar onde Gerard frequentava. Eu saí de fininho, a procura de um lugar escuro o suficiente para não me acharem.

Estava com a mão na coronha da arma, pronto para agir mediante qualquer provável ameaça.

Estávamos lidando com o desconhecido, e essa era a margem de erro da nossa porcentagem.

Poderia dar tudo certo.

Ou não.

Bip...

-Frank, está na escuta?

-Sim, estou nos fundos do estabelecimento.

Bip bip...

-Frank, alguma passagem? - Jamia fez o terceiro contato.

-Há uma porta muito rústica, selada por um pedaço de madeira. Mesmo se estivesse livre, eu não teria tanta certeza assim em entrar... Não sei onde vai dar...-Falei baixo.

-Estou à uma quadra do beco onde fica o edifício. Infelizmente não tenho visibilidade da entrada, mas a rua está repleto de carros estacionados...-Jamia falou, também baixo.

O silêncio ali parecia estrangular os ouvidos, e o ranger das casas provocavam um arrepio seguido de um frio estranho nas costas...

-Que tipo de carros?

-A maioria de luxo. Mercedes, alguns modelos da Ferrari...

-For-mi-dá-vel...! -Exclamei como um gênio louco.

-O que isso tem a ver... Ah! Isso significa que todos os frequentadores são ricos...

-Mar de peixe grande... -Comentei pensativo.

Andei alguns metros procurando alguma passagem. Nas rachaduras do prédio quase imponente, dava-se para ver as luzes aparentemente de velas e murmúrios de vozes masculinas.

Na lateral, havia uma portinhola. Para eu atravessá-la, teria de me inclinar, mas não havia problema, pois especialmente naquele ponto, não havia iluminação.

-Encontrei uma passagem pessoal... -Falei empurrando a porta e me inclinando.

-Cuidado-Alex advertiu.

Liguei a lanterna do celular, pois nada enxergava.

Aquela passagem consistia em um corredor baixo, úmido e fedorento. A madeira podre exalava muito mal cheiro. Depois de uns dois metros de reta, havia um desvio à esquerda, onde eu poderia ver a iluminação.

Desliguei a lanterna.

-Tem uma passagem por dentro da parede... É bizarro. Mais bizarro ainda isso ser feito de madeira e ainda está em pé...!

- logo ao que interessa Frank!-Jamia brigou.

-Droga não tem como eu entrar lá...! Apenas enxergo debaixo do piso para cima....

Peguei outro atalho à direita, o que parecia ser o fim do pequeno corredor.

No ponto final, acima de mim, havia uma cortina vermelha.

Empurrei a madeira para cima, e o piso levantou. Permaneci debaixo da saia da cortina, tendo agora visão de tudo.

Apesar das paredes velhas, o salão era impecável. Decorado com estátuas, quadros e estantes enormes com livros inúmeros.

Muitos homens de idade, trajando smoking, e segurando um livro.

Todos bebiam algo em uma xícara.

O que acontecia ali?!

-Tem gente velha e rica aqui... Eles estão tomando alguma coisa, estão sentados em fileiras, na frente tem um tapete e uma poltrona...

-Que estranho...-Jamia falou.

-Por acaso é algum clube do livro macabro?!- Alex dramatizou.

-Bem, pelos indícios... É o que parece...

Então, aquela figura pálida surgiu da escuridão trajando seu manto negro. Foi até o meio, e todos se levantaram.

Aquilo dava impressão de poder...

Gerard...

O que iria fazer ali?

Gerard pegou o livro...

-Estão autorizados ao traje. -Ele falou firme.

Aquilo provocou uma coisa estranha no meu estômago.

-Acho que ele vai começar a ler...

-Ele quem caramba!?-Jamia perguntou nervosa.

-Gerard está recitando Boudelaire para os velhos...

-Num cemitério já sepulcro, meu coração, tambor oculto, percute acordes dolorosos...!-Gerard proclamava com dor... Eu conseguia sentir o sofrer do que suas palavras representavam.

Era estranho vê- lo transmitindo tanta dor, afinal, ele sempre pareceu um cubo de gelo.

Gerard continuava sua atuação, enquanto os telespectadores começaram a ficar inquietos.

-Eles estão agitados... Nossa... Tem um cheio de floresta muito forte exalando aqui...

Eu comecei a me incomodar com aquilo.

Eles deveriam estar tomando algum chá desconhecido.

Gerard também começara a ficar agitado. Ele batia o pé constantemente no chão e mexia o pescoço como que para tirar a tensão.

Tudo começava a ficar muito estranho ali.

A cada estofre de poemas que ele recitava, todos pareciam entrar em alguma sintonia bizarra.

De repente, um homem vomitou.

Todos permaneceram em seu estado alternativo, e eu começei a sentir náusea daquela pasta verde e fedorenta.

-Pegue a micro câmera e comece a gravar-Lembrou-me Alex.

Peguei o pequeno objeto, que passou pelas grandes rachaduras e apertei um botão para que gravasse.

-O sinal ao vivo está bom? -Perguntei.

-Sim, mas vire mais para a direita...-Alex pediu. -Jam daqui a pouco o sinal vai para o seu celular...

-Tudo bem...

Então todos entraram em um êxtase... Como se nada ao redor existisse...

E não, dessa vez não era o chá que estava provocando esse estado catatônico.

Era Gerard.

Eu estava começando a me sentir afetado pela magnitude de seus sentidos.

Que poder é esse que ele tem em mãos, capaz de levar uma multidão ao êxtase?

Como ele consegue...?

O que ele é?

...

...

-Frank está tudo bem?-Uma voz feminina longe falava.

-Frank, você está bem?

-Frank?!

-Porque não responde?! Fala alguma coisa, droga!



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