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História Drowning Lessons - A obsessão do senhor Way


Escrita por: littlezackary

Capítulo 19 - A obsessão do senhor Way


Domingo, 16:37.

Caminhávamos pela Avenida do Centro.

Decidimos relaxar um pouco, já que Watson jogou para cima da minha equipe, uma série de assassinatos não relacionados à nossa investigação.Segundo ele "para distrair"

A nossa operação estava calma, o trabalho maior era para a aprovação do juiz para a investigação sobre as possíveis fraudes administrativas dos Warren.

Eu odiava essa parte burocrática da Justiça.

Por mim seria prove e prenda e não essa enrolação toda.

Apesar de ser o centro, havia muitas árvores carregadas de frutos. Isso se dava porque Jersey era muito poluída, e o Governo, por conta dos acordos sobre o meio ambiente, decidiu implantar árvores em locais estratégicos, fazer vários parques e etc.

Continuamos nossa andança em busca de alguma loja de roupa, enquanto tomávamos milk shake.

Jamia estava animada, e Alex parecia comer com os olhos cada mulher que passava.

-Você é muito descarado...-Jamia comentou revirando os olhos.

-Você deveria disfarçar quando paquera alguém. Tem isqueiro? -Falei.

-Tenho que ser descarado mesmo. Porque você quer um isqueiro?

-Para acender meu cigarro.

-Desde quando você fuma?-Jamia perguntou.

-Desde que eu voltei de férias e me jogaram um caso sem modos operanti.

-Você não fumava há quase dez anos...-Alex falou.

-O estresse colabora muito.

Depois de algum tempo, decidimos mudar nosso destino. As roupas ficariam para depois.

Andamos mais um pouco, e finalmente estávamos chegando ao lugar que queríamos. Em contraponto havia um aviso enorme grudado na vidraça do estabelecimento:

"Proibido fumar"

Observei mais um pouco postado na frente do estabelecimento. Pessoas comiam hambúrgueres de modo apressado. Algumas falavam de boca cheia, outras mordiam os canudos como se fossem asinhas de frango...

E eu? Estava faminto e com o maldito cigarro.

-Parece que alguém vai ter que ficar do lado de fora...-Cantarolou Alex.

O fuzilei, querendo queimar a testa dele com aquele cigarro.

-Tudo bem... Eu fico...

Tirei vinte dólares da carteira, e dei à Jamia. Ela aceitou, e quando pegou a cédula, senti o frio nas pontas de seus dedos.

-Hambúrguer com bastante cheedar?-Ela perguntou, apenas para confirmar o que já sabia.

-E picles.-Complementei.

Os dois entraram animados, enquanto eu fiquei la fora.

Havia tantas pessoas naquela rua, que mesmo eu, encolhido do lado da entrada, ainda era alvo de empurrões, pisadas e uma avalanche de "desculpa senhor..."

O que mais me incomodava era os olhares do segurança do fastfood.

Ele era negro, alto. Amedrontador e forte, e toda vez que dava uma voltinha perto da vidraça, passava a mão na coronha de sua arma Teaser, provavelmente uma clara ameaça.

Não gosto de ser confundido com bandidos.

Para não me aborrecer mais, decidi olhar para outro lugar enquanto fumava.

Lojas de roupa, restaurantes, agência de advocacia... Naquela rua tinha de tudo.

Me lembrava Nova Iorque, com aqueles becos escuros e úmidos cheios de ratos dentro das latas de lixo...

Me aventurando por todo aquele vai e vem de rostos, eu senti algo me observar.

Um arrepio tomou conta da minha espinha, começei a olhar para os lados sentindo aquela desconfiança queimar meus neurônios e me trazer aquele sentimento maluco de curiosidade.

Joguei o cigarro no chão e pisei. Um vento frio passou, e eu acabei enfiando as mãos nos bolsos do casaco.

Meus lábios começaram a ressecar(o que me era muito comum em climas frios) e eu olhei para a minha diagonal esquerda.

Um beco estilo Novaiorquino, e uma silhueta.

Respirei fundo.

Virei o rosto, fingi que não vi.

Eu queria surpreender o estranho, então de supetão, virei a cabeça em sua direção e tive a resposta que estava desejando.

Ele, vendo que o percebi, se espremeu contra a parede para se esconder de meus olhos.

Apenas para provar minha hipótese de que ele estava me observando.

Segunda, 8:45

Decidi ir sozinho ao barbeiro, já que Alex estava atolado em dossiês e investigações de campo e problemas com garotas.

Eu coloquei meus óculos escuros pela claridade da manhã e decidi colocar um chapéu de um time de baseball da Dakota do Sul.

Entrei na barbearia, falei o que queria.

Só havia eu como cliente, então o velhinho que iria me atender não teria muito trabalho.

O telefone antigo começou a tocar.

-Oh, só um instantinho...-O velhinho magro e grisalho falou com a voz rouca e trêmula, porém dócil.

-Alô...

Enquanto ele falava ao telefone, eu continuei sentado na cadeira, olhando para cima.

No meu lado esquerdo havia uma grande vidraça com o nome da barbearia colado do lado de fora, e qualquer pessoa que passasse, daria para ver tudo.

-Oh sim, deixei as chaves sobre a mesinha querida...

Com minha visão periférica, pude ver aquele vulto preto passando rapidamente na calçada.

Aquilo me assustou, e tive um sobressalto na cadeira, que fez um barulho fino e arrastado. Quase sofrido.

-Você está bem meu jovem?-O velho perguntou estranhando o meu rosto desconfiado.

-...É... Está sim...

***

Os dias foram se passando, até que eu chegasse a conclusão de que estava sendo perseguido.

Quando eu contei isso a Alex, ele disse que era coisa da minha cabeça. Que eu estava muito estressado com a investigação e que se eu não controlasse minha paranóia, poderia ficar psicótico.

-Você acha que estou ficando maluco quando falo que estou sendo perseguido?- Perguntei, enquando pegava alguns dados no notebook, em pleno Jardim.

-Toda ameaça deve ser considerada tendo em vista que somos investigadores em pleno trabalho de campo. Indereço?

-Crossroads 490. Eu disse para Alex e ele falou, resumidamente que eram coisas da minha cabeça.

-Hora da morte...-Ela escrevia no dossiê.- O importante é denunciar a partir do momento que se sente ameaçado.

-3 e 25 da manhã. Você acha que devo fazer um boletim?

-Se ocorrer mais uma vez, você vai... Causa da morte?-Ela falou sacudindo a caneta quase sem tinta.

-Hipoxia aguda, decorrente a estrangulamento.

-Que horror... Quantos anos tinha a vítima?

-Quatorze.-Falei em tom de lamento. -Traços de violência sexual, ferimentos de defesa... Hematomas...

-Ele deve ter lutado até morrer...

Nós dois paramos para pensar na vitima. Nos seus últimos instantes angustiantes.

Jam respirou fundo.

-Bem, vamos investigar isso!-Jamia decretou, tomando as rédeas.

***

-E por fim, segundo as digitais no pescoço do garoto, colhidos pela perícia, baseado no banco de dados americano, quem matou o garoto foi o padrasto.-Falei.

-Quais eram as outras evidências?-Watson perguntou.

-Como eles moram perto de um parque, e o crime fora no final do verão, por conta das fortes chuvas decorrentes da mudança de estação, o padrasto não pensou realmente em nada. As marcas da sola da bota dele estavam por toda casa. Algumas rasuradas pela tentativa de limpá-las, mas a luz ultravioleta revelou tudo.

-Ele está sob prisão preventiva, agora vamos levar o caso à Justiça para que ele possa ser julgado. -Jamia falou.

-Há alguma hipótese de ele ter matado o enteado?

-Crime de ódio. Segundo familiares o garoto era homossexual, e o padrasto completamente conservador.

Eu nunca havia parado para pensar nos tabus da sociedade. Incesto, alcoolismo, homossexualismo... Eu fui criado, em uma mentalidade neutra.

Se não me afeta, tudo bem...

Mas eu também tinha ciência de que cada um poderia fazer o que quiser, ser o que quiser.

Claro que o homossexualismo era algo estranho para mim. Distante. Eu não achava normal, mas isso não me provocava ódio algum.

Apesar de tudo, os homossexuais aparentam ser mais felizes que qualquer heterossexual por aí.

E eu admirava isso secretamente.

-Então é isso pessoal... -Watson falou, dando a entender para que todos saíssem.

Esperei todos saírem para conversar em particular com ele.

-Watson...-Falei com a mão no bolso.

Cocei a nuca com a outra.

-Sim... ?-Ele falou afrouxando a gravata e me olhando com aqueles olhos verdes que mais pareciam duas esmeraldas encravadas em seu rosto.

-É que... Tem alguém me perseguindo e eu queria saber se você conhece um detetive eficiente para que eu possa me sentir seguro e saber quem é...

-Perseguido? Detetive? Porque está tão amedrontado? Pelos céus você é um agente treinado da lei. Esqueceu as aulas de defesa pessoal?

-Acontece que eu não tenho tempo para ficar bancando o Jack Chan, muito menos ficar atrás de um observador!-Falei, perdendo um pouco o controle da voz.

Watson encheu o peito e cruzou os braços.

Testosterona demais no ambiente.

-Tudo bem... -Suspirou derrotado- Vou olhar na minha lista de contatos e te indico um...

-Obrigado Watson...

Mais tarde, recebi o telefonema de um número desconhecido. Aquilo sempre me deixava nervoso, não sei a razão. Atendi hesitante, até porque quase ninguém me ligava.

Era uma mistura de surpresa e inquietação.

Quem falava do outro lado da linha, era o detetive Christopher Stefano, tinha um sotaque estranho e era bem direto.

Eu o informei de tudo que havia acontecido. Desde o dia do centro, ao da barbearia. Houveram outras situações em que me senti observado, mas não tive certeza se era real ou apenas impressão. Ele me perguntara se eu tinha algum desafeto... Por Deus... Eu era um policial, claro que tinha vários inimigos!

No final das contas, ele falou que isso era fácil de resolver. Mandaria um amigo ficar por perto quando eu saisse, bater fotos do ambiente e tentar achar algum rosto conhecido. Ele me instigou à sair mais, se eu realmente estivesse sendo perseguido, iria dar um trabalho para o observador.

Terminamos a ligação com a combinação do orçamento, e um "boa noite" para variar.

-Pegue seu chá... -Jamia falou, me estendendo uma xícara grande e branca, que exalava o aroma de camomila.

-Obrigado...-Falei, aceitando e inalando um pouco da fumaça.

-Com quem estava falando, sua mãe?-Ela se sentou ao meu lado, dobrando o meu casaco que estava jogado sobre o braço do sofá.

-Não... -Falei rindo um pouco-Estava falando com o detetive. O nome dele é Christopher Stefano.

-Que nome estranho...

-Acho que ele não é daqui. Deve ser de algum desses países europeus...

-...Ah... Sei...

-Nós vamos sair amanhã.

-Vamos?-Ela estranhou.

-Sim. Preciso sair mais, para provocar o observador. Vamos ao parque, não sei...

-É... Pode ser... Bem, vou deitar... Boa noite...

-Boa noite...

-Durma com dois cobertores, para não ficar com congestão nasal quando acordar...

-Sim mamãe...

Revirei os olhos.

Duas semanas depois...

Stefano me convidou para uma reunião. Combinamos de nos encontrar em uma cafeteria de luxo, que tinha perto do edifício.

Ele disse que tinha notícias interessantes, e que eu iria gostar de saber.

Nesse meio tempo, saí bastante e diversas vezes tive a sensação de estar sendo perseguido.

...

Já no café, eu tamborilava os dedos na mesa, apoiando o rosto com a outra mão no queixo.

Até que vi uma figura, menor que eu, rechonchuda e barriguda, com um bigode, um chapéu e um sobretudo marrom. Ele andava como um pinguim e carregava uma mala pasta.

Veio andando na minha direção, e quando chegou a minha mesa, estendeu a mão para um aperto.

-Prazer em vê-lo pessoalmente, senhor Iero...

-Também é um prazer detetive Stefano.-Apertei sua mão forte.

Ele se sentou e colocou a pasta na mesa.

-Sua colaboração foi de suma importância... Suas saídas nos renderam muitas evidências.-Ele falou abrindo a fivela da mala pasta de couro.

-Fico feliz por isso... Mas bem, o que conseguiu?-Perguntei curioso.

-Como você foi à muitos lugares públicos, mapeamos todos os perímetros. Tiramos várias fotos, houveram algumas coincidências... Mas não tão óbvias como estas...

Ele me arrastou as fotos sobre a mesa.

Um desfoque no fundo, e aquela figura destacada.

Roupas pretas, e gravata vermelha.

Palido e fantasmagórico.

Em todos os lugares que eu ia, ele estava me estreitando, como a morte ronda o tubérculo.

Maldito...

-Você o conhece?

-Sim... É meu vizinho...-Falei aborrecido.

A raiva tomava conta de mim. Eu queria quebrá-lo em pedacinhos, arrancar suas tripas...

Porque ele me perseguia? Ele morava do meu lado!

Levantei-me avulso da mesa.

-O senhor pode me dar licença? Vou dar um trato naquele infeliz!

Eu saí, e iria fazer uma besteira!

Peguei meu carro, e saí em alta velocidade. Eu queria chegar ao GP o mais rápido possível.

Depois de uns quatro minutos, os pneus fizeram barulho com o freio.

Saí do carro, e nem me dei o trabalho de trancar.

Subi as escadas, ignorando o bom dia de Mercedes.

Eu estava cego de ódio.

Chegando no terceiro andar, eu fui correndo até ficar de frente a entrada do apartamento dele.

Afastei, e com toda força e impulso, dei um chute.

O trinco fora arrombado, e Gerard se surpreendeu, enquanto acariciava seu gato ridículo.

-Se queria entrar era bater a porta...-Ele falou irônico, colocando o gato sem pelos no sofá. -Lúcifer, este é Frank Iero, mas chame ele de Thomas. Ele é nervoso assim mesmo...

Eu queria quebrar Gerard por inteiro.

-Você anda me perseguindo!

Ele me ignorou, e simplesmente saiu andando pelo corredor.

-NÃO ME IGNORE QUANDO FALO!-Gritei.

Ele continuou andando, e entrou naquela sala maluca dele.

-O que você quer tanto me espreitando?! Não gosto que fiquem fazendo coisas minhas costas! Você acha que eu nunca iria descobrir?! Seu maldito, você deveria ir pro inferno...

De repente, eu olhei ao redor.

Ele me olhava calmo, mas seus dedos se remexiam nervosos, como se estivesse se contendo.

-...Deus...

Quadros do meu retrato. Fotos.

Eu entrei em pânico.

Estava lidando com um maníaco?

-Frank... Você é a minha mais nova profissão. -Ele falou se aproximando.

Eu fiquei assustado, realmente. A obsessão ja matou muita gente, e eu estava muito próximo desse tipo de realidade sendo policial.

O que mais me agonizava, era não entender o tipo de sentimento que alimentava aquela obsessão exposta por todo aquele quarto.

-Você não vê que eu me dedico tanto à você?!-Ele agarrou meu rosto, falando muito perto.

Minhas mãos começaram a suar.

Ele estava perto demais...

Demais...

Mas eu ainda era racional...

Peguei meu celular devagar e cliquei o dígito quatro, o número de Alex na discagem rápida.

Gerard estava tão fora de si, que sequer me impediu de falar com ele.

-Alex, prepare o carro... Temos que levar Gerard ao hospital... Ele surtou e pode ser uma ameaça para o caso...


Notas Finais


Sinto falta de comentários...


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