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História Drowning Lessons - O crime das onze e meia


Escrita por: littlezackary

Notas do Autor


Eu iria postar apenas semana que vem, masss decidi postar agora.
Obrigada aos novos favoritos!

Capítulo 3 - O crime das onze e meia


Havia vários preservativos espalhados pela casa. Lubrificantes, algemas de uso erótico... Além de um bastão de poli dance no meio do quarto da vítima. Uma vasta coleção de lingeries tomava conta de maior parte de seu guarda-roupa.

O que se podia ver era que a vítima gostava de Madonna, pelos quadros pop espalhados pelos compartimentos.

Não era organizada, provavelmente isso seria causado pela sua profissão, que a obrigava a ficar acordada durante a noite, e dormir durante o dia, limitando-a a hábitos de organização e limpeza com o ambiente em que vivia.

Mas então decidi listar minhas idéias.

Havia várias possibilidades de alguém querer matar alguém nos Estados Unidos:

 Passionalidade: crimes de caráter “sentimental”, onde jaz ciúme, insegurança, desejo de posse e individualidade. Geralmente entre casais, triângulos amorosos.

Dívidas: isso geralmente acontece em bairros pobres, mas está começando a emergir dentre a burguesia americana. Geralmente são dívidas de drogas, empréstimos com traficantes, ou pessoas poderosas que não suportam calote, ou dividas com máfias.

Havia vários outros como, suspeita terrorista, latrocínio, vingança e outra infinidade de motivos.

Nenhum desses se encaixava com essa vitima. Nenhum.

Poderia ser um crime passional, por conta de evidências como o vinho, mas era pouco provável. Talvez algum homem no bar Desire, nutria certa obsessão por ela... Talvez...

Era tudo muito vago, e coisas vagas me irritam.

-Acha que ela tinha um namorado secreto, que obrigou ela a fazer isso? – Jamia me perguntou, enquanto eu raciocinava.

-É uma possibilidade... – Me aproximei da janela do quarto, afastando assim a cortina, para ver se aquele homem me olhava.

Mas ele havia sumido, como um fantasma.

-A perícia por acaso constatou que os cortes eram exatamente da faca? – Perguntei distraído, colocando as luvas, me preparando para tocar nos objetos.

-Sim. Usaram luz ultravioleta na casa inteira, e não encontraram uma só pegada. Nem as dela.

-Mais um motivo de ser um assassinato. – Abri as gavetas, e não encontrei nada demais. Apenas cadernetas, com anotações sobre compras, gastos e somas.

-Uh... – Jamia falou segurando um riso.

Virei para saber o que era, e senti vergonha alheia.

-Parece que a vítima gostava de se divertir sozinha... – Ela soltou a risada, segurando dois consolos de borracha nas duas mãos.

-Jamia, por favor, respeite a morta... – Adverti, me voltando para debaixo da cama.

Era engraçado como eu não conseguia rir.

Vasculhando por ali, achei um caderno de desenhos, com vários homens nus desenhados. Vários deles eram em formas gregas. Túnicas brancas; coroas de folhas de louro e oliveiras adornando as cabeças, tudo muito lírico.

-Olhe só... Será que foi ela que desenhou tudo isso? – Jamia se aproximou por trás, tendo quase a mesma visão que eu.

-Não tem assinatura. Não acha um tanto estranho? Uma pessoa faz um desenho destes, e deixa em qualquer lugar, sem assinatura. Aliás, em qualquer lugar não... Se não era nada demais, por que esconder debaixo da cama?

Às vezes, o fato de eu questionar demais, me apavorava. As suposições vinham em minha cabeça, como uma bola de neve aumenta ao rolar montanha abaixo. Vez ou outra eu tinha crises de desconfiança de tudo e de todos, supondo tudo que ousava chegar perto de mim.

Mas logo isso começou a diminuir ao que comecei uma terapia.

A tempestade havia voltado novamente do lado de fora, provocando trovoadas violentas. Passamos ao todo duas horas dentro do apartamento da vítima, vasculhando, acrescentando evidências ao dossiê e fazendo várias teorias sobre o motivo do crime.

Tivemos que passar mais uma hora na recepção, esperando a tempestade passar, escutando mais piadinhas dos seguranças, que logo seriam levados para delegacia por desacato à autoridades policiais.

-Podemos ir a um bar o que acha? – Jamia sugeriu me mandando uma piscadela.

-Não. Tenho que trabalhar. – Atravessei a rua, enfiando as mãos nos bolsos do meu casaco de couro.

-Frank...! Você trabalha demais, todos no departamento percebem isso...! – Ela falou, na tentativa de me convencer.

-Então quer dizer que eles comentam sobre minha vida, inclusive você? – Parei no meio do asfalto molhado da Rua 11, olhando-a questionador.

-... Não... Apenas... Preocupamos-nos com você... Você é o melhor investigador do departamento de Jersey, e nós nos consideramos uma família...

-Eu não considero vocês minha família.

-Você deveria ser menos amargo. Todos te admiram ali, todos querem amizade com você.

-Eu não quero amizade com eles.

-Você construiu um muro enorme em torno de si mesmo...

-Você mal me conhece e já está opinando sobre o que eu sou e faço?!

Ela se calou, e eu agradeci a mim mesmo por isso.

Como eu disse, Jamia é muito perspicaz. E ali atribui mais duas características à Jamia: atrevimento e sinceridade.

Departamento de policia de New Jersey, 19h32min

Passamos pelo elevador, e logo, todos do departamento nos olhavam.

Geralmente isso só acontecia, quando eu resolvia algum caso complexo, e meu nome saía no jornal local. Não sei se eles se incomodavam, ou admiravam. Mas isso sempre tanto fez quanto tanto faz para mim, afinal, eu apenas queria fazer um bom trabalho.

-Investigador Iero? – Uma voz feminina, que não era de Jamia, falou atrás de mim.

-Sim... – Vir-me-ei para ela, e logo a encontrei, com seu grande óculo de armação preta, e sua cintura bem marcada pela camisa social.

Savanna era uma das assistentes mais bonitas que o delegado Watson já teve. Ruiva alaranjada, e natural. Pele branca, e dentes bem alinhados. Todos os policiais babavam por ela, exceto eu.  

-O delegado Watson quer falar com o senhor... E com ela... – Savanna se referiu a Jamia com um desdém maquiado de formalidade.

Como se algum ser humano na face da terra conseguisse tapear minha habilidade de percepção.

Nervosismo, frieza, paixão... Tudo isso era perceptível aos meus olhos. Nada passava despercebido.

Era claro que havia uma espécie de rixa dentre as duas. Mas como eu já disse: mulheres são as criaturinhas que eu mais quero distância na terra.

Caminhamos e fomos até a sala de nossa autoridade policial.

Abri sem bater, afinal, eu era “intimo” de Watson.

-Sentem-se. – Watson falou, e quando ele falava isso... – Eu recebi duas notificações. Uma de uma moradora de um edifício ao lado do Atlântida, que por acaso é o que vocês foram averiguar... A outra notificação era de dois seguranças que havia desacatado o... – Watson falou sugestivo, checando meu nome numa folha. – Policial Investigador Frank Anthony Thomas Iero Jr. Segundo ele... – Ele continuou lendo. – Teria sido chamado de “baixinho” e “Pigmeu”. Mas, no depoimento dos seguranças, o tal investigador, usou força desferindo um golpe no queixo de um dos acusados. Além de terem sido covardemente ameaçados por uma arma empunhada pela investigadora Jamia Nestor.

Jamia estava nervosa. Provavelmente com medo de perder o emprego. E eu... Bem... O máximo que poderia acontecer era eu ser mandado para outro departamento.

-Vocês chamaram atenção. Um dos índices essenciais da nossa investigação era não provocar alarde, e foi exatamente isso que vocês fizeram. O que eu já falei sobre ações truculentas?!

Abaixamos a cabeça, e eu me conscientizei de que tinha agido de maneira errada.

Eu sempre agia por impulso, nunca fui muito calculista.

-Frank... Frank... Logo no seu primeiro dia de trabalho depois daquele “aliviozinho” que eu te dei...

-Alívio? – Jamia perguntou duvidosa.

-Assuntos confidenciais Srta. Nestor... – Watson falou largando o papel e juntando as mãos. – Este Serial, está matando à quase quatro meses, e não temos nada. Nenhum suspeito, nenhuma evidência concreta. Nada. Mas sabe o que temos? Nossa imagem suja mediante a sociedade. Eles acham que nós nos sentimos melhores e temos regalias a mais só pelo fato de sermos policiais. E não é isso que eu quero. Eu não quero o declínio de meu departamento. Eu o quero em pé, e eu quero esse assassino na cadeia, antes que as coisas fujam no nosso controle!

Eu realmente, até hoje, não entendi, nem vi, o tal controle que ele tanto fala. O Serial, ou a Serial, estava matando adoidado (a), sem nenhum motivo aparente, e nós só sabíamos disso por que o (a) assassino (a) queria nos mostrar que todas aquelas vítimas eram dele (a). A evidência principal era o vinho tinto, e agora, eram os cadernos de desenhos...

Desde quando uma dançarina de bar tinha dotes de desenhista? Ela sequer arrumava sua casa. Era tudo um nojo.

-Eu quero este assassino preso, antes que ele mate mais alguém...

-Mas para pegarmos ele, ele precisa matar mais alguém... – Eu falei, pegando um piloto pousado sobre a mesa do delegado, e indo em direção a lousa branca perto da janela da sala do delegado. – Observem. A cada crime, pelo o que vi, ele deixa uma evidência nova. Jamia mostre o caderno de desenhos para Watson... – Escutei o barulho do saco plástico sendo remexido por Jamia – Vamos mandá-lo para análise daqui a pouco no sexto andar. Bem, não fomos até as outras residências, mas este assassino ou assassina... – Comecei a fazer desenhos na lousa – Deixa um pequeno traço de sua personalidade... Uma espécie de pista...

-Como tem tanta certeza? – Watson perguntou concentrado em analisar os desenhos.

-Intuição... – Olhei através da janela, e lembrei-me do homem assombroso da janela do Green Palace.

Não digo assombroso em relação a feio, mas algo de natureza mortal. Como uma aparição.

Eu nunca creditei em nada sobrenatural, mas aquele homem, se não for de carne e osso, eu diria que sim, ele era um fantasma.

-Ele já perpetuou o vinho. Sua marca principal. Age num bairro nobre, então ele mora La? – Anotei “ele mora lá?” na lousa. – Porque ele mata? Qual o seu objetivo?

Continuei a anotar na lousa:

“Porque ele mata? Qual o seu objetivo? Quem é ele?”

-Frank, nós precisamos estar na frente. E nós não estamos na frente dele.

-Não, nós estamos na mesma velocidade que ele. Só pelo fato de termos sacado que ele deixa pistas. Ele quer que nós saibamos quem ele é. – Falei empolgado. Eu adorava aquilo, amava de verdade. 

-Bem uma das incógnitas é: Por qual motivo ele mata? A única semelhança entre as vítimas era o bairro e a conta bancária. Fora isso, nada. – Jamia falou.

-Apenas temos que esperar. Temos que esperar a resposta dele, para termos certeza, de que ele está sacando que nós estamos no mesmo ritmo que ele...

00h10min

Watson e Jamia conversavam sobre aleatoriedades nenhum pouco importante para mim, enquanto eu checava casos antigos semelhantes a esse em New Jersey.

Este assassino me lembra o Jeff, o Estripador, que sempre matava mulheres, e nunca fora pego. Muitos acham que ele foi um mito, mas meus caros, vocês estão completamente enganados.

Eu folheava, e me lembrei de um caso muito peculiar. O assassino do origami.

Havia um cara, viciado em um jogo que um dos personagens era o “assassino do origami”. Este personagem matava em dias de tempestade, e deixava sempre um origami no local do crime. Resultado? O cara incorporou o personagem, e começou a fazer a mesma coisa. Mas ele não se tornou um assassino por instinto, ele apenas surtou, criou uma pseudopersonalidade, mas não tinha a perfeita inteligência de um Seria Killer. Logo foi pego, e condenado a prisão perpétua.

Mas o “meu” assassino, não era nenhum pouco burro. Gostava de vinhos, e provavelmente desenhava muito bem.

Escutamos um bater insistente na porta. Watson autorizou a entrada e era Savanna, sua assistente.

-Senhor... – Ela parecia ofegante. – Uma moça foi encontrada morta, no banheiro... No Green Palace...

Levantamos-nos apressados, correndo até o elevador.

Claro que era um caso de urgência, talvez, o assassino ainda estivesse nas redondezas do bairro.

Entramos na viatura disfarçada. Era um carro americano comum, apenas com o jogo de luzes vermelhas e azuis, no teto que giravam sem nenhum tipo de alarde. No caminho, logo atrás de nós, vinham os reforços. Uma soma de quase sete viaturas, para averiguar o perímetro do bairro.

Logo, depois de alguns minutos, comecei a reconhecer as redondezas do bairro mais nobre de Newark. Os edifícios estavam algumas de suas luzes ligadas, e quando chegamos è Rua 12, havia um grande aglomerado de pessoas fronte ao Green Palace, o que eu particularmente odeio.

O ser humano é bem estranho, ele busca visualizar a desgraça; o nojento. E não importa o quão bárbaro um crime for, eles sempre estão lá, filmando e batendo fotos, com seus aparelhos celulares.

-Frank, é o seguinte. Você e Jamia ficam no carro...

-O quê?! Por quê?! – Eu perguntei inconformado.

-Eu estou tendo uma ideia.

-Qual? – Jamia perguntou se aproximando do banco da frente.

-Vocês podem até entrar, mas não pela porta da frente. A ideia que eu estou tendo, depende de quem mora lá. Use este bigode, e Jamia, use esta peruca...

-Mas está na cara que é uma peruca...

Jamia segurava a peruca loira com desdém.

-Vou deixar vocês no fundo, não deixem que ninguém lá de dentro os veja.

-Watson, mande evacuar o prédio... – Falei o óbvio, revirando os olhos.

-Oh... Sim... Certo... – Ele falou empunhando seu rádio transmissor. – Evacuem o edifício e o isolem. Meus dois investigadores vão entrar pelos fundos.

 

Assim que demos a volta, até a outra rua, o prédio já estava completamente isolado, cheio de faixas amarelas e viaturas.

Entramos pela área de serviço, e Jamia logo se livrou da peruca loira e eu de meu bigode ridículo.

Disfarces não era o ponto forte de Watson.

Subimos os lances de escadas. Todas eram cobertas por um carpete aveludado vermelho, que dava até pena de pisar. Os corrimões eram de mármore e bem esculpidos, e os lustres no teto davam um ar bem luxuoso ao lugar.

-É o terceiro andar? – Jamia perguntou pegando seu aparelho celular e checando as informações.

-Sim. Terceiro andar, apartamento 18.

Passamos pelo segundo andar, e logo chegamos ao terceiro.

Tudo estava pacato, diferente do segundo. Estava um caos, cheio de portas escancaradas e sapatos espalhados.

As pessoas não sabem manter a calma, por Deus...

O apartamento da vítima era o 18, e já havia agentes e socorristas na frente do apartamento.

-Boa noite... – Falei me aproximando e mostrando meu distintivo, Jamia fez o mesmo.

A Policia em casos de assassinato tinha protocolos muito inúteis. Por exemplo: chamam uma ambulância, para constatar a morte de uma pessoa que qualquer leigo só de olhar saberia que está morto, enquanto essa mesma ambulância poderia estar salvando uma vida. Tudo isso, apenas para cumprir um “protocolo”.

Entramos no apartamento, e estava tudo incrivelmente normal. A sala bem organizada, um piano de parede num canto, um livro na mesa de centro do ambiente luxuoso... Tudo absolutamente normal.

-Agente Iero... – Era assim que Watson me chamava na frente de outros departamentos. – A vítima está na banheira...

-Agente Iero, é um prazer vê-lo...! – O fotógrafo da perícia forense veio me cumprimentar, com seus olhos cor oliva, que pareciam duas ameixas grades por conta do grau de seu óculo.

-Igualmente... – Falei um tanto incomodado com o homem.

Eu estava trabalhando oras.

Fui em direção ao banheiro, e esperava algo mais... “Jeff, O estripador”. Mas não havia algo tão horripilante na cena do crime...

Havia uma moça, afundada no fundo de uma banheira pela metade de água. Sua mão esquerda estava para fora da mesma, apoiada na borda. No chão, no ângulo de sua mão, havia uma taça vazia, e o mais curioso de tudo: havia um corte, em formato de “v” no meio de sua clavícula, e no meio de seu tórax, logo abaixo do “v” havia outro corte paralelo, formando assim um “y”.

-Onde está o sangue do corte?

-Não se sabe... É recente o tal corte, mas não há nenhum sinal de sangue da ferida na água... – O agente da forense falou me dando luvas de plástico.

-Colham esse material... – Falei apontando para a água.

-Mas isso é só agua...

-Isso mesmo. Só água. Quem entra numa banheira cheia de água, sem nem mesmo colocar sais de banho? Ou ela queria virar uma uva passa, ou, não, sei... – Falei sarcástico. – Colham a água, verifiquem se tem alguma substância diferente, ou é apenas água. Usaram o ultravioleta?

-Sim agente Iero. Pela casa toda. Apenas as pegadas dela.

-Certo... – Falei pensativo...

Um socorrista se aproximou, e checou o pulso esquerdo da vítima.

-Está morta.  Já bateram as fotos da posição do corpo? – O socorrista perguntou ao agente da pericia forense.

-Sim. Pode constatar a morte da vítima.

-Qual o nome dela?

-Piper Rey...

-Piper Rey? – Jamia perguntou, se aproximando.

-O que tem? Você a conhece? – Perguntei, analisando o corpo mais profundamente, me agachando.

-Todo mundo conhece ela. Ela é cantora de Jazz, foi para a final de um concurso nacional...

-É uma pena... – O forense falou, com aceitação.

-A mídia inteira deve estar lá fora... – Falei, averiguando o banheiro. – Qual a hora da morte? – Perguntei me aproximando.

-Onze... Onze e meia.



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