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História Drowning Lessons - Angelia carmesin, e seus tons de veneno.


Escrita por: littlezackary

Notas do Autor


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Capítulo 8 - Angelia carmesin, e seus tons de veneno.


Um botão;

Dois botões.

E assim a ordem se seguia, conforme eu observava Jamia abotoar minha camisa social. Eu observava o traço na pálpebra que ela tinha feito naquele dia... Delicado, perfeito e notável.

O batom vermelho também lhe caia bem nos dias de inverno, mas naquele dia, e naquele verão, uma tempestade inesperada se formava no céu.

Eu não conseguia imaginar nada além de um sorriso satisfeito no rosto de Gerard, ao que as primeiras gotículas pesadas de chuva, começaram a se chocar contra a minha janela.

Logo no dia do lançamento de seu livro, acontecia a coisa que ele mais parecia apreciar: a chuva.

Confesso que os últimos dois minutos que passei no térreo naquele dia, foram de profundo pânico. Senti-me derrotado em minha investigação, e aquela frase, rebobinava na minha mente toda vez que eu ousava me distrair...

-E ah, você pode enganar a eles Frank, mas a mim, você não engana

Eu primeiramente pensei, em meio ao pavor: como ele sabe que meu nome é Frank? Porque tanto sarcasmo e ameaça em sua voz?

Depois, mais calmo eu me dei conta de que, mesmo sendo investigador, eu indiretamente havia me tornado uma figura publica. Sempre aparecia na televisão quando os repórteres, como ratos invadiam as cenas do crime.

Mas até então ninguém me reconhecera, pois não estão preocupados em ler a folha policial, até mesmo Jack Warren...

Então me surgiu a dúvida: Gerard se interessa por programas policiais?

Ele passava quase o dia todo no seu apartamento; não trabalhava; nem mesmo saía para fazer compras...

O que ele tanto fazia ali dentro?!

Mas, será que Gerard não estava me controlando?

Eu tinha que ser profissional, convenha... Eu estava convicto de que, eu era a única pessoa pelo qual ele não manuseava com as mãos, mas ali estava eu, obcecado em saber de sua vida, cada passo que ele dava.

Ele me acorrentara no seu mistério.

Enquanto eu deveria observar todos, Gerard parecia tomar toda a minha atenção...

Pois, eu não lido muito bem com o desconhecido, eu tinha que descobrir; satisfazer minha sede por soluções.

Jamia agia como se, estar no Green Palace, fosse estar num resort. Tomava banho de sol no jardim transcrito com Genna, comia frutas silvestres e bebia espumante como se fosse um deles; como se sua conta bancária fosse semelhante a deles...

Dizem que o Green Palace tem uma maldição. Quem entra lá, nunca mais sai, a não ser morto.

“As paredes vermelhas, os carpetes, tudo gruda em você, como um vicio sem cura. O luxo, o comodismo... Tudo é por causa da mansão maldita... O palácio verde é obscuro, cheio de almas acorrentadas...”

E eu começava a acreditar nisso. Começava a acreditar nas correntes, na maldição.

Eu estava enlouquecendo.

Eu fechava os olhos e via Gerard banhado de sangue e rindo para mim... Mas eu não tinha certeza, não tinha certeza se era ele...

Em todo lugar existia pessoas exóticas, estranhas, e eu tinha que levar isso em conta.

Mas nada bastava, absolutamente nada.

Eu estava perturbado, perturbado por um homem que sequer se moveu um centímetro para que isso acontecesse.

-Frank? – Jamia me despertou. – Está pronto... Você está bem? Está pálido e seus olhos estão cheios de lágrimas...

-Estou... Estou bem sim Jam... Apenas estou... Cansado...

 -Se quiser eu os observo esta noite, faz três dias que não dorme...

-Não, tudo bem. Vamos? – Reergui os ânimos, me espreguiçando e rindo convidativo.

Eu não tinha percebido o quanto Jamia era adorável. E ali dentro, ela era minha referência de realidade; aquela pelo qual eu ainda me mantinha na órbita do racional e correto.

 

Descemos as escadas conversando animados. Mas a chuva do lado de fora, nos faria atrasar.

-Frank, veja se elas estão ainda aí, e aproveite, para disfarçar, e pegue uma dose de uísque...

-Tudo bem.

Segui em direção ao salão e dei de cara com a sala da cozinha entre aberta.

-Eu andei reparando neles semana passada, eles mal se tocam...  – A voz de Genna ecoava baixa, quase sussurrada pela cozinha.

Eu parei e tive medo de até mesmo respirar, para não causar barulho e ver o desenrolar da conversa.

-Parece que eles estão numa crise horrenda, acho que para eles sequer andarem de mãos dadas, a tal de Jamia deve ter traído ele... – Angelina falou, dando uma risadinha nojenta e cheia de sarcasmo.

-Thomas tem um rostinho inocente, mas será que ele é? Talvez ele tenha feito burrada... Se eu fosse mais jovem... Ah minha querida, iria para cama com ele rápido...

-Pelo amor de Deus senhora Warren... – Angelina falou rindo e embriagada. – Mas continuo com minha tese de que Jamia fez alguma coisa. Ela tem uma cara de vadia...

-Vadia e além do mais é gorda... – Genna riu alto.

Eu não sei o que sentia mais: pena ou nojo...

Jamia era bonita, eu achava isso. Mas ao que Angelina sempre se mostrava gentil e amiga, e depois falara isso, eu percebi o quanto ela era martirizada ali. Faziam dela de idiota, se divertiam com seus pequenos defeitos.

Jamia não tinha cara de vadia. Jamia não era gorda.

Jamia não era falsa...

Jamia tinha uma virtude, que a fazia de chacota: a inocência.

Algo que eu apreciava, por ter perdido há muito tempo.

Eu havia percebido que as cobras daquele ninho eram ainda mais venenosas do que pareciam, e saber que Angelina não prestava, me foi uma surpresa.

-Vejo que está se divertindo... – Um sussurro perto do meu ouvido, me faz agir na defensiva em questão de segundos.

Eu amassei toda a gola de seu terno preto, ao que o segurei com toda minha força e o empurrei.

-Sua mãe não te ensinou que ouvir detrás das portas é falta de educação?

-O que minha mãe me ensinou não lhe interessa senhor Way... – O larguei com brutalidade e sussurrei entre dentes.

-Por favor... – Ele passou seu braço pelo meu ombro e me guiou de volta a sala de jantar. – Me chame de Gerard...

-Ok, Gerard... – Falei com ironia.

-Sua esposa está glamorosa hoje... Meus olhos quase cegaram... Eu não concordo com o que as velhas falaram; Jamia, como eu já disse, é adorável.

Ele fez uma pausa dramática olhando para mim e foi em direção a mesa com vários tipos de bebidas alcoólicas.

Virou-se para mim de forma majestosa e sorriu maroto.

-Pena que você não a aproveite...

Ofendi-me profundamente com seu comentário.

-O que quer dizer com isso?

-Quero dizer que passo a noite acordado, e não escuto nenhum barulho... – Ele riu alto, enquanto Angelina e Genna tagarelavam na cozinha ao lado.

-Você fica observando a vida sexual dos seus vizinhos? Que coisa feia Gerard, isso deve ser tão deprimente quanto um quadro de crianças pestilentas correndo no campo.

-Eu não observo, eles sempre veem desabafar comigo... Jack tem ejaculação precoce, Ludovico por nunca ter dormido com uma mulher, é viciado em masturbação e quando vai para o interior estupra bodes e galinha...

-Porque está me falando isso Gerard? – Perguntei dando um riso incrédulo.

- Porque o Green Palace fede a fornicação, e você parece ser o único que não se rende a isso... – Ele começou a fumar um charuto, que eu distraído, não percebi de onde ele havia tirado.

Fiquei pensando: qual seria a falha sexual de Gerard?

-E você saí por ai falando os conflitos sexuais das pessoas que acham que você é um ouvinte confiável. – Completei me movendo um pouco, até então eu me sentia desconfortável até mesmo para respirar.

-Não. Com toda sinceridade... – Ele se movia firme elegantemente pela sala – Você é o primeiro que conto isso... Mas faço isso quase que como uma prova de caridade...

-Não entendo o que quer dizer...

-Faço isso para que esquente seu casamento de mentira com ela... – Ele se aproximou, e ficou me encarando a poucos centímetros. – Prometo ficar calado se... – Seus olhos estranhos me deram um êxtase peculiar, arrepios e sensação de sono... Parecia que eu não estava mais em mim... – Vier ao meu apartamento para lhe mostrar, o que é arte de verdade...

Casamento de mentira.

Eu busquei ficar calmo, mas meu coração batia rapidamente e eu pude sentir a adrenalina se espalhar por meu corpo.

Eu estava com medo... Eu estava com medo novamente...!

-Thomas?

A voz fez Gerard se afastar e eu pude me sentir normal. Eu conseguia me controlar.

Mas ouvir sua voz a me chamar, meu deu alivio.

Enquanto ele falava comigo daquele jeito, todo o murmurinho na cozinha sumiu... Era como se tudo ao meu redor tivesse ficado embaçado, e cheio de pequenos flertes de luzes, como num filtro fotográfico.

-Oi Jam... – Respondi desnorteado.

-Vamos, a chuva já passou...

-Se quiser, os levo... Meu carro já está lá fora.

-Oh, muito obrigado Gee... – Jamia falou rindo e ele entrelaçou seu braço no dela, caminhando na minha frente.

Ela começou a tagarelar, e sem que percebesse, ele virou para mim, e deu um sorriso demoníaco, que me provocou um medo e uma submissão que eu nunca me permitira sentir antes.

 

Livraria Connaître

Eu sentia muita raiva daquele homem, mas para disfarçar, teria de ser gentil com todos – o que não era meu forte. Em suma, durante o trajeto até a livraria, ele olhava para mim e ria inocente, como se não fosse um chantageador bizarro.

Havia uma multidão dentro da livraria, e todos pareciam ser da mais alta classe de Jérsei.

Espumantes, perfumes e vestidos caros. Sorrisos falsos, gentis e murmurinhos.

Mulheres ao meu redor...

Mulheres ao redor de Gerard...

Ele me irritava cada vez mais.

-Gerard sabe. – Falei, observando a sessão de livros de poesia nacional.

Jamia fazia o mesmo.

-Sabe do que? – Ela pegou um livro, distraída.

-Que nós não somos casados de verdade! – Sussurrei para não gritar. – Você falou algo para ele Jamia?

Ela estava com os olhos arregalados, provavelmente pelo pavor de ser descoberta e a primeira investigação criminal da sua vida ir por água abaixo.

-Como ele sabe disso?!

-Talvez ele tenha amigos na policia, ou é muito atualizado em jornalismo policial local. Se bem que... Ele é pintor, tem memória fotográfica apurada e...

-Vocês não virão para a coletiva de imprensa do Gerard? – Angelina falou sugestiva. – Jam! Pelos deuses, você está linda!

Jamia sussurrou um obrigado e ficou vermelha.

Talvez ela não fosse costumada com elogios.

-Está mais magra, o que anda fazendo com ela Thomas? – Ela perguntou maliciosa.

Puxei Jamia pelo braço, para irmos logo para o teatro e acabar com aquele circo ridículo.

O local era pouco iluminado, havia apenas um feixe de luz no palco, direcionado ao lugar do meio em uma grande mesa em cima do palco. Cortinas vermelhas e paredes alaranjadas, como um bom e tradicional teatro.

-Senhoras e senhores, Gerard Way! – O apresentador anunciou sorridente o nome daquela peste amaldiçoada.

Ele surgiu ainda mais glamoroso. Estava de smoking, como a maioria dos homens ali. Eu não entendia a razão de tanta formalidade e luxo, se era um “pequeno lançamento de livro”, como constava no convite.

-A imprensa pode começar a fazer as perguntas, depois os ouvintes. – O apresentador decretou ao que Gerard se sentou.

-Senhor Way, como lida com as críticas boas e negativas a respeitos de seus livros e seu estilo de escrita? – Uma repórter de arte moderna perguntou da primeira fileira de cadeiras.

-Lido com somente o necessário. Claro que quando as críticas consideradas ruins são construtivas, eu as absorvo para que possa me aprimorar mais, é uma forma de me tornar melhor do que eu já sou.

Gerard era egocêntrico, achava que era o melhor.

A principal característica de um psicopata.

-Você fala muito sobre uma mulher no começo do livro, e no final um homem. Eles são pessoas reais?

Antes que ele respondesse, eu olhei as poesias do final do livro.

“A neve cinza em que em mim habita

Cobriu as plantas que já foi tão âmbar quanto a cor de seus olhos.

As lascas avermelhadas e protuberantes abaixo de seu nariz

Convidam-me, como a morte chama a um homem gonorréico”             

“Seus passos e seu nome não são um mistério a mim

Eu o observo como um quadro.

O observo como a chuva, que paira e destrói no ar.

Ele disse-me que sobre ele já havia domínio...

Mas com a ajuda do diabo, eu pude descobrir...

Descobri que sobre ele apenas há o meu domínio

E por assim será eternamente.

Ces’t fini

-Eles são sim pessoas reais. – Ele respondeu, olhando para a platéia.

Como se me procurasse.

Eu não tinha a menor dúvida de que Gerard se baseou em mim para aquelas poesias. Aquilo me assustava.

Se ele começou a se basear em mim até mesmo em seu trabalho, imagine em que coisas mais ele ao se baseou?

-Quando Piper Ray faleceu, você estava no meio do seu livro. Isso te abalou? – Outro repórter perguntou.

-Me afetou muito. Até hoje não consigo parar de sentir a dor de perder Piper. Mas meus ânimos foram reavivados por uma nova presença.

Não ele não faria aquilo.

-E quem foi essa pessoa?

-Thomas Iero, venha até o palco, quero lhe apresentar aos meus ouvintes! – Gerard falou do palco.



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